EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL PLENO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS.

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Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL PLENO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS. O SINDICATO DOS TRABALHADORES DA JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS SINTJAM, grêmio sindical representante da categoria dos trabalhadores do Poder Judiciário Estadual, com sede nesta cidade de Manaus, na rua Luiz Antony, 977, Centro, inscrito no CNPJ sob o nº 63.694.319/0001-84, por seu advogado infrafirmado, vem perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º LXX, b, da Constituição Federal, c/c, art. 21, da lei 12.016/2009, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA, com pedido de liminar, sem a oitiva da autoridade coatora, contra ato do Exmo. Sr. Dr. JOÃO DE JESUS ABDALA SIMÕES, Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, que pode ser encontrado na sede desse Poder, na Av. André Araújo, s/n, Aleixo, pelos motivos que adiante seguem. 1

1. Do objeto. A presente ação de segurança visa obter decisão liminar, após oitiva, para suspender ato da autoridade coatora que determinou a retirada, sem prévio processo administrativo ou aviso, ou, ainda, mínimo esclarecimento, de verba de caráter salarial denominada qüinqüênio, dos contracheques de servidores e serventuários do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas. 2. Da legitimidade do impetrante. O impetrante é sindicato que representa a categoria dos servidores e serventuários da Justiça Estadual, cabendo-lhe a defesa dos interesses individuais e coletivos de tal categoria, na forma garantida pelo art. 8º, III, da Constituição Federal, a ver. Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: (...) III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; Não obstante a legitimação constitucional, a Lei nº 12.6010/2009, Lei do Mandado de Segurança, diz, no seu artigo 21: Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. Visto o dispositivo de lei acima, o impetrante não necessita de autorização expressa dos seus sindicalizados, particularmente ou em assembléia, na forma do que já decidiu o Excelso STF, por sua 1ª Turma, no julgamento do RE-AgR 348973/DF, do qual foi relator seu atual Presidente, Min. CEZAR PELUSO: 2

EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade. Sindicato. Mandado de segurança coletivo. Substituto processual. Legitimidade extraordinária. Ofensa ao art. 5º, XXI e LXX, b, da CF. Inexistência. Agravo regimental não provido. Precedentes. Na segurança coletiva, o sindicato tem legitimação extraordinária, atuando como substituto processual, sem necessidade de autorização expressa. (DJ 28-05-2004) No mesmo sentido, o STJ: RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL E CONSTITUCIONAL. AÇÃO MANDAMENTAL COLETIVA. SINDICATO. DEFESA DOS DIREITOS DE UMA PARTE DE SEUS REPRESENTADOS. DESNECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA. POSSIBILIDADE. O respectivo Sindicato, regularmente constituído e em normal funcionamento, tem legitimidade para impetrar ação de mandado de segurança coletivo, ainda que esteja visando uma parte de seus representados, sendo desnecessária, na hipótese, a autorização expressa. Recurso provido com a anulação das decisões e o retorno do feito à origem para, afastada a ilegitimidade ativa, ser julgado o mérito da controvérsia. (REsp 403041/SP, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 01/04/2003, DJ 28/04/2003, p. 238) Dada a repercussão da matéria combatida através do presente mandamus junto a parte significativa do conjunto dos sindicalizados, e, também, de servidores e serventuários não sindicalizados, é inquestionável a legitimidade do impetrante para promover a presente ação. 3. Da autoridade coatora. Para fins da presente ação de segurança, o impetrante considera autoridade coatora a responsável legal pela implementação e prática do ato tido por ilegal, que, no presente caso, é o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas. Nesse sentido, o julgado abaixo, do STJ, no REsp 403.069-DF, publicado no DJ de 10-03-03, p. 280: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. EXCLUSÃO DE VANTAGEM PECUNIÁRIA DE SERVIDORES. RECOMENDAÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS. AUTORIDADE COATORA. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM. 3

I A autoridade que deve figurar como coatora na impetração é aquela que, concretamente, praticou a ação ou omissão lesiva ao direito do impetrante, bem como detém poderes para corrigir a ilegalidade. Precedentes. II Legitimidade passiva ad causam da autoridade que, em obediência à recomendação do e. Tribunal de Contas do Distrito Federal, determinou fosse excluída da folha de pagamento dos servidores determinada vantagem pecuniária, praticando, concretamente, o ato tido por abusivo e ilegal. Recurso conhecido e provido. (REsp 403069/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 10/12/2002, DJ 10/03/2003, p. 280) No caso sob comento, a autoridade indicada como coatora detém poderes para corrigir o ato, por simples determinação ao setor competente do Tribunal de Justiça, para repor, nos salários dos servidores, a verba alimentícia retirada sem prévia justificativa, bem como tinha poderes para evitar que se cometesse o atentado ao patrimônio dos prejudicados, na improvável hipótese de não ser o mandante do ato, hipótese última que caracterizaria omissão, o que o torna passível, de uma forma ou de outra, da indicação ora pronunciada. 4. Do ato ilegal. Na data de 19/06/2012, os filiados do impetrante, ao examinarem seus contracheques disponibilizados no portal eletrônico denominado Portal do Servidor - https://consultas.prodam.com.br/appweb/portalfunc/portalservidor.asp - mantido pela Empresa de Processamento de Dados do Estado do Amazonas PRODAM, depararam-se com a retirada parcial ou total, de seus ganhos, de vantagem pessoal denominada ADICIONAL DE TEMPO DE SERVIÇO (QUINQUÊNIO), na maioria dos casos, há muito incorporada aos seus ganhos habituais, representativa de direito adquirido pelo exercício dos seus respectivos cargos. Aduz o impetrante que os contracheques dos servidores do TJAM são disponibilizados exclusivamente mediante acesso à página eletrônica acima indicada, donde decorre que, o que neles estiver expresso, é fato consumado, posto ser a geração de depósitos dos salários em conta corrente dos servidores mera conversão (eletrônica) do ali lançado, não havendo hipótese de ocorrer de forma diferente. Assim, é fato consumado que o Tribunal de Justiça retirou dos servidores e serventuários admitidos antes de março/1999, os mais antigos, portanto, verba salarial que lhes é de direito. A comprovação inequívoca do ora afirmado se faz pela comparação dos contracheques de servidores onde se pode examinar os valores lançados sob a rubrica adicional por tempo de serviço até o mês de maio/2012, bem como em épocas mais recuadas, de 5 (cinco) ou mais anos. Do comparativo prefalado emerge, induvidoso, o ato coator. 4

Nos dias que antecederam à impetração desta segurança chegaram ao autor rumores de que o Presidente do Tribunal havia determinado a revisão do pagamento de qüinqüênios dos servidores e serventuários mais antigos. No entanto, nada havia de concreto. A sucessão dos fatos veio a confirmar os rumores bem como a forma sigilosa, obscura, clandestina, de como se processou a retirada, integral ou parcial, deste bem jurídico dos funcionários públicos do Tribunal de Justiça do Amazonas, forma essa inadmissível no nosso ordenamento jurídico, já que a Lei Maior assegura que NINGUÉM SERÁ PRIVADO DE SEUS BENS SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL. 5. Do direito líquido e certo. 5.1. Do adicional por tempo de serviço. Vantagem pessoal. O adicional por tempo de serviço, no âmbito estadual, era disciplinado pela Lei nº 1.762/86, artigos 90, inciso III, e 94 e parágrafo único, cuja redação original tinha o seguinte teor: Art. 90 - Poderão ser concedidas ao funcionário, na forma regulamentar, as seguintes gratificações: #### III - Por tempo de serviço; #### Art. 94 - A gratificação por tempo de serviço, devida ao funcionário efetivo, será calculada sobre o vencimento do cargo ocupado e corresponderá a cinco por cento por quinquênio de serviço público. Parágrafo único - A gratificação incorporar-se-á ao vencimento para todos os efeitos legais. Tal disposição foi revogada no bojo das chamadas reformas administrativas, pelo advento da Lei nº 2.531, de 16.04.1999, que, no seu art. 4º, dispõe: Art. 4º Fica extinto o adicional por tempo de serviço de que tratam os artigos 90, III, e 94, da Lei 1762, de 14 de novembro de 1986, e demais regras similares do ordenamento jurídico estadual, respeitadas as situações constituídas até a data desta lei. 5

É, portanto, fato jurídico que os chamados qüinqüênios foram extintos em 1999, mas mantidas as situações juridicamente perfeitas já operadas. Todavia, o Tribunal de Justiça, como tantos outros órgãos integrantes da administração pública direta e indireta, continuou a efetuar a contagem do tempo de serviço para efeitos da dita gratificação, inclusive porque, durante algum tempo, não havia entendimento doutrinário e jurisprudencial que delineasse o alcance da extinção do dito adicional. A dúvida principal recaia sobre a possibilidade do servidor que, por exemplo, já iniciara período aquisitivo para incorporação de novo quinto antes da extinção do direito, se faria jus à manutenção de tal contagem até concluir a aquisição, ou, se esta contagem era interrompida em definitivo, posto a lei extintiva mandar respeitar as situações constituídas até a data de sua entrada em vigor. Os debates mais intensos acerca de tal assunto foram travados no âmbito dos tribunais federais, posto que a União alterou, seguidas vezes, a forma de contagem do Adicional Por Tempo de Serviço. Como solução, resolveu-se o imbróglio mediante a contagem de anuênios, para os grupos de servidores que não completaram um qüinqüênio, quando da extinção dessa vantagem. Vejamos um exemplo de decisão judicial dessa época: ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO. ANUÊNIOS SUBSTITUÍDOS POR QÜINQÜÊNIOS. EXTINÇÃO DA VANTAGEM. MP 1815/99. RESGUARDADA AS SITUAÇÕES AS SITUAÇÕES CONSTITUÍDAS ATÉ 08/03/1999. 1.1815O adicional por tempo de serviço era estabelecido à razão de 1% por ano de serviço público efetivo, nos termos do art. 67 da Lei nº 8.112/90, na redação original. Com o advento da Lei nº 9.527/97 (precedida pela Medida Provisória nº 1.480-19 e reedições), referida vantagem passou a ser concedida após cinco anos de efetivo tempo de serviço público, no percentual de 5% (cinco por cento). 2. O adicional por tempo de serviço foi extinto em 08.03.1999, pela Medida Provisória 1.815, a qual resguardou as situações constituídas até 08/03/1999. Assim, estando a vantagem assegurada na lei e ressalvando a regra revogadora as situações constituídas até a data da revogação, o adicional por tempo de serviço no intervalo entre 04.07.1996 e 08.03.1999 deve ser calculado sob a forma de anuênios. Precedente deste E. Tribunal. 3. O direito a incorporação já foi reconhecido pela administração, conforme Ofício assinado pelo Presidente em Exercício do Tribunal Regional Eleitoral/SE, informando que, em agosto/2003, foi concedido aos servidores do Tribunal a incorporação do adicional por tempo de serviço (anuênios), relativo ao período de 05/07/1996 a 08/03/1999. 4. Em que pese constar dos autos documento de "Atualização da folha de pagamento - suplr 02" referentes ao pagamento de valores retroativos a título do referido adicional por tempo de serviçio, não há prova de que os referidos valores foram efetivamente pagos, seja parcialmente, sejam em sua totalidade. Assim, deve ser assegurado o direito dos autores ao pagamento das parcelas retroativas do adicional por tempo de serviço referente ao período de 05/07/1996 a 08/03/1999, descontadas as quantias já pagas administrativamente. 5. Honorários advocatícios devidos pela União no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), nos termos do art. 20, parágrafo 4º do CPC. 6. Apelação do particular parcialmente provida. Apelação da União prejudicada. 6

(TFF da 5ª Região. Apelação Cível nº 349268 SE. Proc. Nº 0002591-96.2002.4.05.8500, Relator: Desembargador Federal Francisco Barros Dias, Data de Julgamento: 08/09/2009, Segunda Turma, Data de Publicação: Fonte: Diário Eletrônico Judicial - Data: 24/09/2009 - Página: 230 - Nº: 17 - Ano: 2009) Dessa feita, não sem razão, diversos órgãos da administração pública continuaram a contagem do tempo de serviço para efeito de atribuição do qüinqüênio, o que resultou na incorporação, aos ganhos habituais dos servidores, de um ou mais quintos após a data de 16.04.1999, como é o caso ocorrido no Tribunal de Justiça do Amazonas. Esclarecida a natureza da vantagem pessoal e os fatos remotos que estão na origem do imbróglio, é certo, portanto, que o ato aqui apontado como coator, pela forma como procedeu a autoridade coatora, e pela finalidade do mesmo, atinge situações jurídicas consolidadas ao longo do tempo, favoráveis aos prejudicados, que, examinadas caso a caso, em regular processo administrativo, lhes seriam reconhecidas como de direito. 5.2. Da ilegalidade do ato coator por ausência do devido processo legal. Inegavelmente a administração tem o direito de rever seus próprios atos quando nulos ou eivados de vícios, o que, em tese, permitiria à autoridade coatora rever o pagamento do adicional por tempo de serviço. Contudo este direito da administração não pode ser operado sem garantir ao administrado que possa se defender da pretensão anulatória estatal em regular processo administrativo. Portanto, o direito de autotutela da administração não pode ser oponível ao administrado sem cautelas e sem o exercício regular do direito de defesa. No caso em tela, é imprescindível processo administrativo para que o servidor prejudicado possa demonstrar, por exemplo, que mesmo que um quinto ou mais tenham sido acrescidos em seus contracheques após a extinção do direito, o período aquisitivo deste direito se consumou antes da dita extinção. Há, ainda, outras situações que demandariam a análise de caso a caso, a exigir o necessário processo administrativo, a exemplo de servidores que trouxeram de outros órgãos da administração pública estadual tempo de serviço que, somado ao transcorrido no Tribunal de Justiça, autorizam o acréscimo dos quintos. E não são raros os casos nesta última situação, pois a averbação de tempo de serviço anterior ao ingresso no TJAM costuma ser preocupação daqueles que miram expectativa de aposentadoria, ou seja, dos servidores mais antigos. Não é só o fato de um qüinqüênio haver sido acrescentado ao contracheque do servidor após a data de 16/04/1999 que autoriza de pronto a sua retirada, como fez o Tribunal de Justiça. O que importa é realmente saber a razão da incorporação e se a retirada não infringirá situação jurídica consolidada ao longo do tempo. 7

É nesse espectro de possibilidades que o ato coator vulnera a Constituição Federal, ao se operar à revelia do devido processo legal. Não se perca de vista que para o servidor prejudicado o qüinqüênio é um bem jurídico, e, como tal, não lhe pode ser retirado sem que antes seja objeto de defesa. O que se consumou mediante o ato coator, a priori, é a perda de um bem, ou parte dele, sem o devido processo legal, o que contraria o disposto na Magna Carta: Art. 5. º Todos são iguais perante a lei: (...) LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Por ter a matéria aqui trazida sede constitucional, o impetrante traz à colação decisão do Supremo Tribunal Federal, sobre a qual se manifestou de forma tão específica que é inescapável a essa Corte de Justiça ditar decisão a respeito do tema de forma diferente. Vejamos o acórdão do RE 594.296, da lavra do Min. DIAS TOFFOLI: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. DIREITO ADMINISTRATIVO. EXERCÍCIO DO PODER DE AUTOTUTELA ESTATAL. REVISÃO DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO E DE QUINQUÊNIOS DE SERVIDORA PÚBLICA. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. 1. Ao Estado é facultada a revogação de atos que repute ilegalmente praticados; porém, se de tais atos já decorreram efeitos concretos, seu desfazimento deve ser precedido de regular processo administrativo. 2. Ordem de revisão de contagem de tempo de serviço, de cancelamento de quinquênios e de devolução de valores tidos por indevidamente recebidos apenas pode ser imposta ao servidor depois de submetida a questão ao devido processo administrativo, em que se mostra de obrigatória observância o respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa. 3. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 594296, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-030 DIVULG 10-02-2012 PUBLIC 13-02-2012) seguinte teor: Por ocasião do reconhecimento da repercussão geral, a ementa foi exarada no EMENTA DIREITO ADMINISTRATIVO. ANULAÇÃO DE ATO ADMINISTRATIVO CUJA FORMALIZAÇÃO TENHA REPERCUTIDO NO CAMPO DE INTERESSES INDIVIDUAIS. PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. NECESSIDADE DE INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO SOB O RITO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E COM OBEDIÊNCIA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 8

(RE 594296 RG, Relator(a): Min. MENEZES DIREITO, julgado em 13/11/2008, DJe-030 DIVULG 12-02-2009 PUBLIC 13-02-2009 EMENT VOL-02348-06 PP- 01087 ) De se destacar que no julgamento do RE 594296, restou consignado que a Súmula 473, do Supremo Tribunal Federal, que admitia a possibilidade da administração rever seus próprios atos a qualquer tempo, em tendo sido ditada sob a égide da Constituição Federal de 1967, não foi recepcionada pela Constituição de 1988, posto confrontar com o disposto no art. 5º, incisos LIV e LV. No âmbito estadual, foi editada a Lei nº 2.794/2003, que regula o processo administrativo no âmbito estadual. Entre seus dispositivos, aplicam-se ao caso em comento os seguintes: Art. 2.º - A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, prevalência e indisponibilidade do interesse público, presunção de legitimidade, autotutela, finalidade, impessoalidade, publicidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, devido processo legal, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, boa-fé e eficiência. Exame sucinto da abrangência do dispositivo acima revela violação de vários princípios da administração pública, em especial os nele destacados por grifo pelo impetrante, a indicar o quão distante o ato coator está da legalidade o dos bons princípios da administração. Ainda, a Lei do Processo Administrativo Estadual, ao versar sobre a anulação ou invalidação de ato ou contrato administrativo, estabelece um rito que foi ignorado pela autoridade coatora. Vejamos: Art. 80 - O procedimento para invalidação será iniciado de ofício ou a requerimento, observando as seguintes regras: I - o requerimento será dirigido à autoridade dirigente do órgão ou entidade que praticou o ato ou firmou o contrato, que instaurará, presidirá e julgará o processo; II - instaurado o processo, serão intimados os contratados ou beneficiários diretos do ato administrativo, para, no prazo de quinze dias, apresentarem defesa escrita e, versando a invalidação sobre matéria de fato, indicarem as provas que pretendam produzir, justificando a sua finalidade; III - concluída a instrução, serão intimados os interessados para, em sete dias, apresentarem suas razões finais; IV - fim do o prazo de apresentação das razões finais, a consultoria jurídica do órgão ou entidade emitirá parecer conclusivo, em quinze dias, podendo propor, preliminarmente, diligências complementares, de cujo resultado serão intimados os interessados; V - a autoridade dirigente, após o parecer do órgão jurídico, decidirá em trinta dias, por decisão motivada, do qual serão intimadas as partes mediante publicação no Diário Oficial do Estado. 9

Versando a repercussão geral e o acórdão acima transcritos sobre situação idêntica à aqui tratada, bem como demonstrada a violação direta à Constituição Federal e à lei estadual, o impetrante requer a esse E. Tribunal que declare nulo o ato coator de revisão geral e indiscriminada de qüinqüênios sem o devido processo legal. 5.3. Da nulidade do ato coator. Violação de situações jurídicas consolidadas há mais de 5 (cinco) anos. A ilegalidade do ato combatido por esta ação de segurança não repousa apenas na violação do devido processo legal, mas também porque este viola situações jurídicas consolidadas pelo decurso do tempo. Para este fim invoca o impetrante disposição contida na já citada lei nº 2.794/2003, a Lei do Processo Administrativo Estadual: Art. 54 A Administração anulará seus atos inválidos, de ofício ou por provocação, salvo quando: I - forem passíveis de convalidação; II - ultrapassado o prazo de cinco (5) anos contados de sua produção, quando se tratar de ato de que decorram efeitos favoráveis aos seus destinatários, exceto comprovada má-fé. Esta disposição legal, além de limitar a atuação do poder de autotutela da administração estadual a 5 (cinco) anos, impõe-lhe o dever de comprovar a má-fé dos beneficiários de atos tidos por inválidos quando estes já contem mais de cinco anos. Examinando-se os contracheques colacionados a esta ação, constata-se que a autoridade coatora retirou ou mandou retirar todos os qüinqüênios que foram consignados aos servidores do Tribunal de Justiça após a data de 16/04/1999. Para assim agir a autoridade coatora haveria de demonstrar a má-fé do servidor beneficiário, o que só seria possível em regular processo administrativo, cujo rito a ser seguido seria o previsto no artigo 80, da lei estadual citada, transcrito no item 5.2, desta inicial. Ainda que tivesse a autoridade coatora justa razão para limitar a contagem dos qüinqüênios até a edição da Lei 2.531/99, não poderia fazê-lo prescindindo do processo administrativo onde comprovasse que aqueles servidores que obtiveram acréscimos desta vantagem pessoal há mais de cinco anos o obtiveram mediante burla e engodo à administração do Tribunal. 10

Deste aspecto do ato ilegal que se combate decorre outra faceta. É que, por outro lado, em tendo o acréscimo da vantagem pessoal sido lançado em contracheque dos servidores entre 17/04/1999 e 19/06/2007, não pode mais ser alcançado pela revisão e declaração de invalidação por parte da autoridade coatora, salvo comprovada má-fé, nos termos da lei. Todavia, sem a pretensão de antecipar fatos, dificilmente a autoridade coatora haveria de comprovar má-fé por parte dos servidores no recebimento dos acréscimos de qüinqüênio. Isto porque estes não detém a capacidade de implementar tal medida a seu favor, posto que tal é iniciativa que está sob controle direto da administração. Como se percebe dos contracheques, tendo o ato coator alcance indiscriminado, também indiscriminada era continuidade da contagem do tempo de serviço para fins de pagamento do adicional, generalidade que é bastante para afastar a idéia de má-fé. Via de conseqüência, dada a impossibilidade de se rever os acréscimos do adicional por tempo de serviço entre 17/04/1999 e 19/06/2007, é de se reconhecer que tal verba se incorporou, em definitivo, ao patrimônio jurídico dos seus beneficiários, no que ser requer a essa Corte Estadual de Justiça que assim o declare. A par do que ora se aduz, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o direito da administração de rever seus próprios atos decai em 5 (cinco) anos, quando deles decorram efeitos favoráveis aos seus beneficiários. Vejamos o acórdão: EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. ART. 71, III, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. FISCALIZAÇÃO DE EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE. IRRELEVÂNCIA DO FATO DE TEREM OU NÃO SIDO CRIADAS POR LEI. ART. 37, XIX, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. ASCENSÃO FUNCIONAL ANULADA PELO TCU APÓS DEZ ANOS. ATO COMPLEXO. INEXISTÊNCIA. DECADÊNCIA ADMINISTRATIVA. ART. 54 DA LEI N. 9.784/99. OFENSA AO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA BOA-FÉ. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. As empresas públicas e as sociedades de economia mista, entidades integrantes da administração indireta, estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante a aplicação do regime jurídico celetista aos seus funcionários. Precedente [MS n. 25.092, Relator o Ministro CARLOS VELLOSO, DJ de 17.3.06]. 2. A circunstância de a sociedade de economia mista não ter sido criada por lei não afasta a competência do Tribunal de Contas. São sociedades de economia mista, inclusive para os efeitos do art. 37, XIX, da CB/88, aquelas --- anônimas ou não - -- sob o controle da União, dos Estados-membros, do Distrito Federal ou dos Municípios, independentemente da circunstância de terem sido criadas por lei. Precedente [MS n. 24.249, de que fui Relator, DJ de 3.6.05]. 3. Não consubstancia ato administrativo complexo a anulação, pelo TCU, de atos relativos à administração de pessoal após dez anos da aprovação das contas da sociedade de economia mista pela mesma Corte de Contas. 4. A Administração decai do direito de anular atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis aos destinatários após cinco anos, contados 11

da data em que foram praticados [art. 54 da Lei n. 9.784/99]. Precedente [MS n. 26.353, Relator o Ministro MARCO AURÉLIO, DJ de 6.3.08] 5. A anulação tardia de ato administrativo, após a consolidação de situação de fato e de direito, ofende o princípio da segurança jurídica. Precedentes [RE n. 85.179, Relator o Ministro BILAC PINTO, RTJ 83/921 (1978) e MS n. 22.357, Relator o Ministro GILMAR MENDES, DJ 5.11.04]. Ordem concedida. (MS 26117, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 20/05/2009, DJe-208 DIVULG 05-11-2009 PUBLIC 06-11-2009 EMENT VOL- 02381-03 PP-00590 RIP v. 11, n. 58, 2009, p. 253-267) O caso de que cuida o acórdão acima transcrito é a anulação, pelo Tribunal de Contas da União, de ascensão funcional de funcionário de sociedade de economia mista após 10 (dez) anos do ocorrido. O STF considerou que, nesta hipótese, não cabe rever o ato, pois a administração já decaíra do direito de revê-lo ante o transcurso de 5 (cinco) anos, no que a revisão importaria em ofensa a situação de fato e de direito, que, por sua vez, ofende o princípio da segurança jurídica. Corolário disso é a incorporação do direito recebido de boa-fé. O acórdão cita a Lei do Processo Administrativo no âmbito da administração pública federal, Lei nº 9.784/99, lei essa que inspirou a edição da Lei nº 2.794/2003, no Estado do Amazonas, cujo artigo 54 é invocado em favor dos beneficiários da presente ação mandamental. Do cotejo da lei e da jurisprudência, é inegável que o ato coator afrontou o princípio da segurança jurídica, ao ignorar a decadência do direito da administração para anular seus atos aos últimos 5 (cinco) anos decorridos a partir do ato favorável ao servidor dele beneficiário. Dito isso, requer o impetrante que essa Corte de Justiça declare a nulidade do ato coator que procedeu à revisão de qüinqüênios lançados nos contracheques dos servidores do Tribunal de Justiça até o dia 19/06/2007, e, ainda, que, na eventualidade de revisão dos qüinqüênios mediante processo administrativo, faça a autoridade coatora observar o limite temporal retroindicado. 6. Da concessão da medida liminar. A concessão da medida liminar está condicionada à comprovação dos fundamentos da fumaça do bom direito e do perigo na demora: Fumaça do bom direito o impetrante funda sua pretensão mandamental nos princípios do contraditório e da ampla defesa, do devido processo legal e da segurança jurídica e no artigo 5º, incisos LIV e LV, da Magna Carta. 12

Ainda, indica como fontes expressas do direito violado os artigos 2º, 54 e 80, da lei estadual nº 2.794/2003, que regula o processo administrativo estadual e limita o poder de autotutela da administração aos últimos 5 anos. Desse conjunto de fundamentos emerge a fumaça do bom direito, a sustentar o pleito liminar. Perigo na demora Para os servidores do Tribunal de justiça do Amazonas, o salário que recebem é a única fonte de renda que possuem, de sorte que o ato ilegal que se pretende afastar implica em redução indevida dos meios de subsistência destes, comprometendo a melhor e digna qualidade de vida que têm direito a desfrutar. Há casos em que a revisão inopinada dos qüinqüênios representa decréscimo de renda superior a R$1.000,00 (mil reais), valor bastante significativo para qualquer família, no que o ato coator não pode ser ignorado por muito tempo, posto deitar efeitos relevantes na vida dos atingidos, o que recomenda a pronta intervenção desse Poder Judiciário. Assim sendo, após a oitiva da autoridade coatora, que deve se manifestar no prazo de 72 (setenta e duas) horas acerca deste pleito liminar, consoante disposto no artigo 22, 2º, da Lei do Mandado de Segurança, requer o impetrante que seja deferida medida suspendendo os efeitos do ato inquinado de ilegal, para determinar àquela que mantenha inalterado o pagamento dos qüinqüênios nos contracheques dos servidores do TJAM, providenciando, se preciso for, folha suplementar para reparar o ato no salário do corrente mês de junho/2012. DO PEDIDO Isto posto, pede o impetrante: a) Após oitiva da autoridade coatora, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, que seja concedida medida liminar suspendendo os efeitos do ato inquinado de ilegal, para determinar àquela que mantenha inalterado o pagamento dos qüinqüênios nos contracheques dos servidores do TJAM, providenciando, se preciso for, folha suplementar para reparar o ato de depauperação do salário do corrente mês de junho/2012; b) Concedida a liminar, requer-se a intimação da autoridade coatora e da Fazenda Pública, na pessoa do Procurador-Geral do Estado para, querendo, contestarem a ação, no prazo de 10 (dez) dias; c) A intimação do Ministério Público, para opinar o que considerar de direito. d) Atendidos os pleitos acima, que, no mérito: 1) seja mantida a liminar deferida; 2) seja a ação julgada procedente para declarar a nulidade do ato coator; 13

3) seja a ação julgada procedente para determinar à autoridade coatora que observe, em eventual revisão de qüinqüênios de servidores do TJAM, além do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, a segurança jurídica, o limite temporal revisional de 5 (cinco) anos, circunscrevendo a revisão aos atos praticados após a data de 19/06/2007, na conformidade do artigo 54, da lei Estadual nº 2.794/2003; Dá-se à causa o valor de R$100,00 (cem reais) para efeitos fiscais. Pede deferimento. Manaus, 20 de junho de 2012. SAMUEL CAVALCANTE DA SILVA OAB/AM 3.260 ROL DE DOCUMENTOS: 01. Comprovante de pagamento de taxa de distribuição, 02. Procuração; 03. Estatuto sindical; 04. Inscrição do impetrante no CNPJ; 05. Cópia da carta sindical; 06. Ata de posse da atual diretoria do SINTJAM; 07. Cópia de contracheques de servidores atingidos pelo ato coator, obtidos junto ao Portal do Servidor mantido pela PRODAM, apontando a retirada parcial ou integral de qüinqüênios recebidos até o mês de maio/2012. 14