ALTERIDADE E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UM ELO NECESSÁRIO Patrick Costa Meneghetti 1

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Transcrição:

ALTERIDADE E EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: UM ELO NECESSÁRIO Patrick Costa Meneghetti 1 1 INTRODUÇÃO O presente texto tem a intenção de contribuir, ainda que minimamente, às discussões acerca da educação em Direitos Humanos na perspectiva da alteridade. Primeiramente, propõe-se um debate sobre a afirmação histórica dos Direitos Humanos, para então chegar a um conceito destes para fins desta pesquisa. Após, por meio das contribuições de diversos autores, procura-se delimitar a área conceitual da educação nesse âmbito, buscando, em uma proposta dialética, a relação entre Direitos Humanos e educação. Para tanto, o presente estudo busca embasamento teórico em textos jurídicos, tais como: a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Lei de Diretrizes e Bases da Educação e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, numa análise contextual. Enfim, buscase elaborar uma proposta de discussão sobre a educação em Direitos Humanos na perspectiva da alteridade. Para tanto, em um primeiro momento faz-se um resgate histórico acerca da noção de tais Direitos. Em um segundo momento, aborda-se a questão da educação em Direitos Humanos. A educação para os Direitos Humanos tem um papel decisivo no desenvolvimento da cidadania, na formação da consciência da dignidade inerente a todo indivíduo. O pressuposto dessa educação é orientado na perspectiva da educação libertadora. Por fim, discute-se a questão da alteridade. O estudo dos Direitos Humanos justifica-se, pois, além de ser uma temática vinculada diretamente à implantação de regimes democráticos, revela-se fundamental tendo vista a sempre presente discussão sobre sua efetividade e eficácia. Quanto à educação e Direitos Humanos, aquela se mostra como alternativa para efetivar estes. 2 OBJETIVOS 1 Mestrando em Direitos Humanos pela Unijuí/RS. E-mail: patrickmeneghetti@hotmail.com.

Os objetivos do presente trabalho são: a) Realizar um estudo histórico sobre os Direitos Humanos, na tentativa de conceitua-los ao longo da história da civilização ocidental; b) Desenvolver um estudo crítico sobre a educação em Direitos Humanos, destacando a necessidade de associá-la a alteridade; c) Instigar a pesquisa sobre Direitos. 3 METODOLOGIA Para a realização deste estudo, valeu-se, especialmente, do método de procedimento histórico. Como técnica de pesquisa, foi utilizada a análise bibliográfica. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os Direitos Humanos foram conquistados ao longo da história, esta marcada por inúmeras lutas e conflitos sociais os quais representavam verdadeiras guerras do povo contra a dominação elitista que detinha certos privilégios em detrimento das classes sociais despossuídas de bens e riquezas que laborava em condições precárias, sem que houvesse por parte do Estado moderno proteção da sua dignidade humana. Essas lutas e as terríveis atrocidades praticadas nas duas grandes guerras mundiais, ocorridas no século 20, desencadearam, em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela qual todos os países do mundo idealizaram um referencial jurídico exponencial em Direitos Humanos. Os Direitos Humanos são aqueles que pertencem, indistintamente, a todos, correspondendo às necessidades básicas de sobrevivência e sociabilidade dos seres humanos, ou seja, é um conjunto de condições e de possibilidades associadas às características naturais dos indivíduos, bem como a capacidade natural de cada pessoa e os meios de que a pessoa pode se valer como resultado da organização social. (DALLARI, 2004). Nesse sentido, não há de se falar em distinções oriundas de regiões do globo ou de classes sociais, por exemplo. Warat (2004) observa que a consolidação legislativa dos Direitos Humanos em documentos de cunho internacional já foi realizada e que o próximo desafio é o de se transformar essa consolidação, não deixando que essa conquista histórica passe a ser uma mera promessa de cumprimento quase impossível. Então, o escopo é sair do plano teórico para se buscar construir práticas de realização efetiva, e isto se daria, prevalentemente, por intermédio da educação, porque verdadeira inquietação das discussões em torno dos Direitos

Humanos não deve estar na sua exclusiva previsão legal, nem mesmo na sua compreensão filosófica, e sim no plano fático, buscando-se implementar instrumentos capaz de pô-los em prática e assim afiançar sua legítima universalização. A educação para os Direitos Humanos tem um papel decisivo no desenvolvimento da cidadania, na formação da consciência da dignidade inerente a todo indivíduo. O pressuposto da educação em Direitos Humanos é orientado na perspectiva da educação libertadora. Sem deixar de reconhecer a contribuição dos mais diversos estudiosos sobre o assunto, continua válida a pioneira reflexão acerca do tema feita por Paulo Freire (2005). Nesse sentido, o educador não é antônimo de educando, porque a educação não é simples doação dos que julgam saber aos que se supõe que nada saibam. Segundo Carbonari (2008), a educação é um direito humano, assim como educar para os Direitos Humanos e educar com Direitos Humanos é um Direito Humano. No mesmo sentido, Zenaide (2008) afirma que o direito à educação em Direitos Humanos não destoa do reconhecimento do direito à educação, ou seja, a educação é um direito humano. Educar e educar-se em Direitos Humanos é humanizar-se e pretender humanizar as pessoas e as relações, porque os processos de educação em Direitos Humanos tomam cada ser humano desde dentro e por dentro, em relação com os outros. Enfim, educar em Direitos Humanos é promover a ampliação das condições de vivência da humanidade. Warat (2004) relaciona educação e Direitos Humanos, balizando o âmbito de atuação dessa atividade, ao afirmar que esta relação se estabelece porque a finalidade principal da educação está no escopo de fazer os sujeitos crescerem em dignidade, assim como no prestígio e na afirmação dos direitos da alteridade. Esse exercício aborda a estimulação do senso ético crítico a partir do autorreconhecimento e da sua percepção na coletividade, em outras palavras, primeiramente os indivíduos tem que identificar suas próprias diferenças, que por vez, o diferenciam dos demais para perfilhar a indispensabilidade de manutenção e proteção desse status de diferença na comunidade. Destarte, a alteridade efetiva-se neste contexto de percepção das diferenças das demais pessoas e pelo reconhecimento de que todas as diferenças são suscetíveis de proteção. Warat (2004) relaciona educação e Direitos Humanos, balizando o âmbito de atuação dessa atividade, ao afirmar que esta relação se estabelece porque a finalidade principal da

educação está no escopo de fazer os sujeitos crescerem em dignidade, assim como no prestígio e na afirmação dos direitos da alteridade. 5 CONCLUSÕES A partir das ideias expostas nas linhas anteriores, percebe-se que os Direitos Humanos, embora inerentes a todos os seres humanos, carecem de efetividade fática. Ou seja, os textos legais garantem esses direitos, apenas, no plano teórico. Nesse sentido, a educação apresenta-se como uma verdadeira alternativa para que os Direitos Humanos desvinculem-se do papel e passem a ocorrer na prática, para todos. De maneira mais pontual, somente a partir de uma educação voltada para a alteridade, é que se pode pensar, realmente, em uma realidade na qual os Direitos Humanos sejam garantidos. A sociedade moderna é complexa e se complexifica mais ainda, na medida em que novos direitos surgem e os atuais são reformulados para contemplar a nova realidade da sociedade global. Ainda é preciso reconhecer direitos que já existam e ainda não recebem tutela jurídica do Estado, enfim, o contexto dos direitos é dinâmico, o que dificultaria a busca por uma estabilização dos Direitos Humanos, mas tal tarefa a educação se incumbiria. Assim, longe da pretensão de esgotar a temática, este texto vislumbrou desenvolver a ideia de efetivação desses Direitos, abordando a concepção de educação popular, desenvolvida, dentre outros autores, por Paulo Freire, adequando-a, modernamente, às noções de alteridade apresentadas por Warat, dentre outros autores. Cabe a educação a formação sólida de consciência crítica e reflexiva que visa suprimir todas as formas de preconceito para a incorporação das diferenças, visando uma sociedade democrática mais justa. Por fim, A formação educativa em Direitos Humanos é essencial para a manutenção no lapso temporal dos conteúdos das normas a respeito dos Direitos Humanos. Ou seja, para que haja a perpetuação da ideia pelo respeito ao conteúdo das normas atinentes aos Direitos Humanos, a educação deverá incorporar a função, dentre outras, de reproduzir socialmente essa proposta. REFERÊNCIAS

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