AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE REVEGETAÇÃO PARA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DE ÁREA MINERADA PELA CRM EM CANDIOTA



Documentos relacionados
Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas: Revegetação na Mina de Carvão de Candiota da CRM".

CALAGEM, GESSAGEM E AO MANEJO DA ADUBAÇÃO (SAFRAS 2011 E

PLANTIO DIRETO. Definição JFMELO / AGRUFBA 1

PLANTIO DE MILHO COM BRAQUIÁRIA. INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA - ILP

UTILIZAÇÃO DO LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO PARA ADUBAÇÃO DO AÇAÍ (Euterpe oleracea)

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE MUDAS DE CAFEEIRO SOB DOSES DE CAMA DE FRANGO E ESTERCO BOVINO CURTIDO

Aplicação de Nitrogênio em Cobertura no Feijoeiro Irrigado*

PROGRAMA DE APOIO AOS POLOS TECNOLÓGICOS

DESEMPENHO DE MUDAS CHRYSOPOGON ZIZANIOIDES (VETIVER) EM SUBSTRATO DE ESTÉRIL E DE REJEITO DA MINERAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO

FONTES E DOSES DE RESÍDUOS ORGÂNICOS NA RECUPERAÇÃO DE SOLO DEGRADADO SOB PASTAGENS DE Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

INFLUÊNCIA DE PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO NA OCORRÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE TRIGO

Termo de Referência para Elaboração do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) TR GERAL

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA DE PLANTIO DIRETO NA CULTURA DA SOJA

Termo de Referência para Elaboração do Plano de Manejo Florestal Sustentável

RENOVAÇÃO DE PASTAGENS COM PLANTIO DIRETO

FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO

ENSAIO COMPARATIVO AVANÇADO DE ARROZ DE VÁRZEAS EM MINAS GERAIS: ANO AGRÍCOLA 2004/2005

FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO

Implantação de horto medicinal na Associação Olga Chaves Rocinha em Bambuí - MG

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

10 AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA

AVALIAÇÃO DE PROGÊNIES DE MILHO NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ADUBO

RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DE ÁREAS MINERADAS. AS EXPERIÊNCIAS RECENTES DO CETEM

Inovação Tecnológica no Uso de Minerais Industriais na Agricultura Projeto AGROMIN -CT-Mineral

Há sempre resposta à adubação de manutenção do eucalipto? Um estudo de caso em Porto Velho (RO)

3 O Panorama Social Brasileiro

DENSIDADE DE SEMEADURA DE CULTIVARES DE MAMONA EM PELOTAS, RS 1

Interpretação da análise de solo

3. AMOSTRAGEM DO SOLO

Estudo da dose de resposta de cobertura (N.K) na cultura do milho safrinha-mt Consultoria Pesquisa Agricultura de Precisão

Fertilização em Viveiros para Produção de Mudas

METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS PARA A FLORESTAIS: BIOMA CERRADO

Adubação Orgânica Adubação Orgânica e Adubação Verde. Informações sobre Adubação orgânica e Adubação Verde

AGRONOMIA. Questão 1 Padrão de resposta esperado:

O uso de pó de rocha fosfática para o desenvolvimento da agricultura familiar no Semi-Árido brasileiro.

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA PARA PRODUÇÃO DE MELANCIA E CENOURA COM FINANCIAMENTO EM ANAPOLIS GO

MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR ATRAVÉS DE BIOINDICADORES

PRODUTIVIDADE DE MILHO SILAGEM SOB ADUBAÇÃO COM DEJETO LIQUIDO DE BOVINOS E MINERAL COM PARCELAMENTO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA¹. a2es@cav.udesc.br.

Manual e Especificação Técnica

RELATÓRIO SEMESTRAL PCH JARARACA JULHO A DEZEMBRO 2013

CUIDADOS TÉCNICOS COM GRAMADOS

Esta apresentação irá mostrar passo a passo os cálculos e as decisões envolvidas no dimensionamento. O tempo de cada apresentação: 12 minutos.

VIII Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG- campus Bambuí VIII Jornada Científica

ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS PARA O TRATAMENTO DOS EFLUENTES DO TRANSPORTE HIDRÁULICO DAS CINZAS PESADAS DA USINA TERMELÉTRICA CHARQUEADAS

RELATÓRIO TÉCNICO GESOL Nº 19/2009

UTILIZAÇÃO DE GEOWEB NA ROTEÇÃO SUPERFICIAL DE TALUDE DO EDIFICIO BANCO SULAMÉRICA SEGUROS SP

Implementação de Medidas de Controle de Processos Erosivos

Disciplinas. Dinâmica de Potássio no solo e sua utilização nas culturas

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

Mobilização - construir parcerias e articulações integradas às dimensões ambientais: social, cultural e econômica.

Capítulo XV Custos e Rentabilidade

PRODUÇÃO ORGÂNICA DE HORTALIÇAS!

PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATEIRO EM DIFERENTES SUBSTRATOS À BASE DE MATERIAIS REGIONAIS SOB ADUBAÇÃO FOLIAR 1 INTRODUÇÃO

EDUCAÇAO AMBIENTAL NA ESCOLA Perspectivas de mudanças comportamentais na alimentação e convívio social.

DESEMPENHO PRODUTIVO DE MIRTILEIRO (Vaccinium corymbosum) EM FUNÇÃO DO USO DE TORTA DE MAMONA

CULTIVO AGROECOLÓGICO DE TOMATE CEREJA COM ADUBAÇÃO VERDE INTERCALAR 1

DISTRIBUIÇÃO DAS FORMAS DE FÓSFORO APÓS 15 ANOS DA ADOÇÃO DE SISTEMAS DE MANEJO

USO DO SOLO EM SISTEMAS CONSERVACIONISTAS PARA O CULTIVO DE PERENES

DESSECAÇÃO DE BRAQUIÁRIA COM GLYPHOSATE SOB DIFERENTES VOLUMES DE CALDA RESUMO

Edital PIICT / CNPq / Fucapi

Resolução SMA - 44, de Define critérios e procedimentos para a implantação de Sistemas Agroflorestais

Principais características da inovação na indústria de transformação no Brasil

Jornal Brasileiro de Indústrias da Biomassa Biomassa Florestal no Estado de Goiás

V Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

Desempenho Recente e Perspectivas para a Agricultura

Comunicado Técnico 06

A Vida no Solo. A vegetação de um local é determinada pelo solo e o clima presentes naquele local;

ADENSAMENTO DE PLANTIO: ESTRATÉGIA PARA A PRODUTIVIDADE E LUCRATIVIDADE NA CITRICULTURA.

Influência do Espaçamento de Plantio de Milho na Produtividade de Silagem.

INTEGRAÇÃO LAVOURA/ PECUÁRIA. Wilson José Rosa Coordenador Técnico Estadual de Culturas DEPARTAMENTO TÉCNICO - EMATER-MG

4 ' Pio eto. Capoei . - Í-k. -.ww' 1*r, - -' i. *¼'i' .4 -k Anais... :-. :-.,, :. - ' 2 MMA

INFORMAÇÕES SOBRE O PLANTIO DO EUCALIPTO NO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA

Estudos da Universidade Federal de Alagoas com Biomassa para o Aproveitamento Energético

Pesquisas em Andamento pelas Fundações e Embrapa sobre os Temas Indicados pelo Fórum do Ano Passado

Universidade Federal de Uberlândia

PROGRAMA DE TRABALHO INEE 2008/2009 Diretoria Executiva

ANEXO 2 MEMORIAL DE PLANTIO. Grupo de Arborização. Abril SVMA / PMSP

LIMPEZA DA ÁREA LIMPEZA DA ÁREA LIMPEZA DA ÁREA MATA CILIAR. Áreas de Preservação Permanente RESERVA LEGAL

TRATOS CULTURAIS PARA QUALIDADE DA SEMENTEIRA

193 - TRABALHOS COM HORTAS ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE DIONÍSIO CERQUEIRA, SC

PERFIL PROFISSIONAL DO EGRESSO. O IFFarroupilha, em seus cursos, prioriza a formação de profissionais que:

Propagação de Acessos de Bacurizeiro (Platonia Insignis Mart.) Através da Raiz Primária de Sementes em Início de Germinação.

STATUS HÍDRICO DE PROGÊNIES DE CAFÉ COMO INDICADOR DE TOLERÂNCIA À SECA

MEMORIAL DESCRITIVO. 2. SERVIÇOS PRELIMINARES Limpeza, Barracão de Obra e Placa de Obra 2.1. LIMPEZA DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) de Corte da Embrapa Milho e Sorgo

Implantação de espécies nativas em área de preservação no IFMG - Câmpus Bambuí José Augusto Melo de RESENDE¹; Maria Carolina Gaspar BOTREL²;

Relatório Parcial SÃO PAULO, Av. Afrânio Peixoto, São Paulo (SP) - Brasil Tel/Fax (55) (11)

Uso de húmus sólido e diferentes concentrações de húmus líquido em características agronômicas da alface

ESPECIFICAÇÃO DE SERVIÇO

Dr. Sergius Gandolfi - LERF/LCB/ESALQ/USP

RELATÓRIO DE PLANTIO E VISTORIA

XV COBREAP - CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS - IBAPE/SP 2009

TESTANDO A EFICIÊNCIA DO HÚMUS DE MINHOCA COMO ADUBO

11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

Sistema Laminar. Ecotelhado

POPULAçÃO DE PLANTAS DE SOJA NO SISTEMA DE SEMEADURA DIRETA PARA O CENTRO-SUL DO ESTADO DO PARANÁ

Olericultura. A Cultura do Morango. Nome Cultura do Morango Produto Informação Tecnológica Data Janeiro Preço - Linha Olericultura Resenha

Balanço Energético Nacional Manual do Sistema de Coleta de Dados para o BEN 2012

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 455

Transcrição:

Centro de Tecnologia Mineral Ministério da Ciência e Tecnologia Coordenação de Inovação Tecnológica CTEC Serviço de Tecnologias Limpas - SETL AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE REVEGETAÇÃO PARA RECUPERAÇÃO AMBIENTAL DE ÁREA MINERADA PELA CRM EM CANDIOTA Ricardo Melamed Paulo Sérgio Moreira Soares Juliano Peres Barbosa Errol van Huyssteen Ney Sá Filho Rio de Janeiro dezembro/2003 CT 2003-075-00 Contribuição técnica elaborada para o Seminário Brasil-Canadá de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, Vol. 1, 219-32, Florianópolis, SC, Brasil

Avaliação de Sistemas de Revegetação para Recuperação Ambiental de Área Minerada pela CRM em Candiota Melamed, R.; Soares, P.S.M.; Barbosa, J.P.; Huyssteen, E.; Sá Filho, N. RESUMO Esse estudo consistiu na quantificação e verificação dos sistemas de plantio conduzidos no âmbito da recuperação ambiental na mina de carvão de Candiota da CRM. O crescimento das plantas utilizadas foi monitorado durante 28 meses após plantio. Os tratamentos impostos nas Unidades de Observação envolveram o uso de insumos e da aplicação da camada superficial dos solos (topsolo). Os objetivos específicos foram investigar o efeito dos consórcios no crescimento vegetal e cobertura do substrato, investigar o efeito da correção e adubação do substrato no crescimento vegetal e cobertura do substrato, investigar a necessidade de uso do topsolo para o crescimento vegetal e para a cobertura do substrato. Os resultados evidenciam a grande importância do cultivo com topsolo, o efeito benéfico do consórcio eucalipto-acácia sobre o crescimento do eucalipto. Seminário Brasil - Canadá de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, Florianópolis, dezembro 01-03, 2003

220 Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho INTRODUÇÃO A recuperação ambiental na mina de carvão de Candiota da CRM esta, atualmente, totalmente integrada ao sistema de frente de lavra que envolve um sistema de cobertura ou encapsulamento das cinzas resultantes da queima do carvão. Os experimentos de revegetação na área minerada pela CRM em Candiota consistiram na implementação de sistemas de plantio e monitoramento do crescimento das plantas utilizadas, sistematizando assim os resultados do efeito do uso de insumos e da aplicação da camada superficial dos solos (topsolo) no crescimento vegetal das plantas escolhidas e na cobertura do substrato por espécies invasoras. Tanto as plantas como os insumos utilizados foram escolhidos com base nas observações anteriormente estabelecidas pela CRM, nas suas disponibilidades e na relação custo-benefício dos mesmos. Identificou-se o período apropriado para o plantio, de acordo com o regime de chuvas na região e observando-se a necessidade de correção da acidez do substrato. Optou-se pela utilização de adubos solúveis devido à inviabilidade na utilização de esterco de curral, de acordo com o sistema extensivo de gado de corte da região. OBJETIVOS As unidades de observação implantadas tiveram, tanto para as plantas arbóreas como para as espécies forrageiras, os seguintes objetivos: Investigar o efeito dos consórcios no crescimento vegetal e cobertura do substrato Investigar o efeito da correção e adubação do substrato no crescimento vegetal e cobertura do substrato Investigar a necessidade de uso do topsolo para o crescimento vegetal e para a cobertura do substrato Brazil - Canada Seminar on Mine Rehabilitation, Florianópolis, December 01-03, 2003

Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho 221 METODOLOGIA Os trabalhos envolveram duas unidades de observação, ou seja, duas áreas separadas que consistiram na revegetação com plantas arbóreas numa área e com espécies forrageiras na outra área. Cada uma dessas duas áreas foi dividida em duas sub-áreas, para verificação da importância do uso do topsolo no crescimento vegetal e na cobertura do substrato. Além dos sistemas de plantio impostos nas duas áreas, que envolveram monoculturas e consorciação, foi investigado, em cada uma delas, a eficiência no uso dos seguintes insumos: Cinza do processamento do carvão + adubação calcário (4 ton/ha) calcário + adubação A cinza do processamento do carvão foi utilizada com o intuito de se verificar a viabilidade técnica de seu aproveitamento como corretivo alternativo ao calcário. As propriedades químicas dessas cinzas são demonstradas na Tabela 1. Tabela 1. Análise química do rejeito, da cinza volante e da cinza pesada resultantes do processamento de carvão em Candiota As plantas arbóreas utilizadas foram eucaliptos e acácias, plantadas em 3 sistemas: a) somente eucaliptos b) intercalação eucalipto + acácia c) somente acácias. Seminário Brasil - Canadá de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, Florianópolis, dezembro 01-03, 2003

222 Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho Cada unidade experimental consistiu de: Dimensões do módulo de observação: 21 m x 20 m Espaçamento: 3 m entrelinhas x 2 m entre plantas Número de linhas por módulo: 6 Número de plantas por linha: 9 Área total: 63 m x 160 m As diferentes espécies de forrageiras foram semeadas a lanço em 3 sistemas: a) pensacola b) pensacola + azevem c) mistura de forrageiras A mistura de forrageiras consistiu de: Pensacola: 10 kg/ha Azevém: 10 kg/ha Branquearia decumbens: 3 kg/ha Capim de rodes: 3 kg/ha Grama paulista: 3 kg/ha Trevo branco: 3 kg/ha Cameron: 3 kg/ha Cada unidade experimental consistiu de: Dimensões do módulo de observação: 10 m x 10 m Dimensões dos módulos sem semeadura: 20m x 10m Semeadura a lanço OBSERVAÇÕES METODOLÓGICAS Medidas para evitar a compactação do solo nas áreas revegetadas Cuidados de forma a garantir que o substrato tenha as mesmas características (uniformidade e densidade) em todos os pontos Incorporação do Calcário a 20 cm de profundidade nos módulos específicos CRONOGRAMA DE ATIVIDADES As atividades para implementação das unidades de observação tiveram início em meados de novembro de 1999 com a definição da área, cuja topografia foi finalizada em meados de dezembro, no caso da área destinada às plantas arbóreas, e em fevereiro de 2000 para as espécies forrageiras. A calagem do substrato foi realizada em março de 2000. A adubação e plantio, nas duas áreas, ocorreram em meados de maio. Brazil - Canada Seminar on Mine Rehabilitation, Florianópolis, December 01-03, 2003

Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho 223 RESULTADOS O crescimento das plantas foi monitorado após a semeadura e transplante das mudas. a) Plantas Arbóreas As Figuras 1 e 2 retratam o sistema eucalipto + acácia em consórcio plantados na sub-área com topsolo, aos 6 meses e aos 28 meses após o plantio, respectivamente. A Figura 2 mostra o relativamente alto crescimento vegetativo da acácia com utilização do topsolo. Figura 1. Sistema de consórcio eucalipto + acácia, 6 meses após o plantio.sub-área com topsolo Figura 2. Sistema de consórcio eucalipto + acácia, 28 meses após o plantio. Sub-área com topsolo Seminário Brasil - Canadá de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, Florianópolis, dezembro 01-03, 2003

224 Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho Observa-se também a importância do surgimento de camada de espécies invasoras sob a copa das plantas arbóreas na sub-área com topsolo (Figura 3). Figura 3. Vista da sub-área com topsolo, 28 meses após plantio ressaltando-se o estabelecimento de plantas invasoras sob a copa das arbóreas Na sub-área sem topsolo, ao contrário do observado na sub-área com topsolo, as plantas tiveram percentual de sobrevivência e crescimento relativamente reduzidos, com parcelas totalmente carentes de plantas, principalmente nas plantadas com Eucalipto. Adicionalmente, a invasão de plantas sob a copa das plantas arbóreas no sistema sem topsolo foi muito pobre como é mostrado nas Figuras 4 e 5. A Figura 6 retrata uma comparação da drástica diferença de estabelecimento e crescimento das plantas arbóreas nas sub-áreas com topsolo e sem topsolo, no tratamento controle (sem adição de calcário, cinza ou adubo), 6 meses após o plantio e a Figura 7 retrata uma comparação mais ampla das sub-áreas após 28 meses. As Figuras 8a e 8b quantificam os resultados de crescimento dos Eucaliptos nas sub-áreas com topsolo e sem topsolo, respectivamente, após 6 meses e após 28 meses. As Figuras 9a e 9b quantificam os resultados de crescimento das Acácias nas sub-áreas com topsolo e sem topsolo, respectivamente, após 6 meses e após 28 meses. Esses resultados evidenciam: a grande importância do cultivo com topsolo, o efeito benéfico da acácia sobre o crescimento do Eucalipto, sem Brazil - Canada Seminar on Mine Rehabilitation, Florianópolis, December 01-03, 2003

Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho 225 prejuízo no crescimento da Acácia. Nota-se que as diferenças de crescimento nas sub-áreas e nos módulos de aplicação de insumos são mínimas após 6 meses e se tornam evidentes após 28 meses. A resposta das arbóreas quanto ao uso de cinza alternativamente ao calcário foi considerada razoável, com resultados comparáveis ao calcário nas sub-áreas com topsolo. Somente na área sem topsolo, os resultados com utilização da cinza parecem não ter sido satisfatórios. Figura 4. Vista da sub-área sem topsolo, ressaltando-se a falta de estabelecimento de espécies invasoras sob a copa do Eucalipto com crescimento reduzido após 28 meses do plantio Figura 5. Vista da sub-área sem topsolo, ressaltando-se a falta de estabelecimento de espécies invasoras sob a copa das arbóreas em consórcio com crescimento reduzido após 28 meses do plantio Seminário Brasil - Canadá de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, Florianópolis, dezembro 01-03, 2003

226 Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho Figura 6. Crescimento de plantas arbóreas no CONTROLE Esquerda: unidades com topsolo. Direita: unidades sem topsolo Figura 7. Vista lateral global do crescimento das plantas arbóreas Esquerda: unidades com topsolo. Direita: unidades sem topsolo Brazil - Canada Seminar on Mine Rehabilitation, Florianópolis, December 01-03, 2003

Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho 227 Figura 8a. Altura do Eucalipto, plantado com topsolo, após 6 meses e após 2 anos, nos sistemas monocultura e em consorciação com acácia Figura 8b. Altura do Eucalipto, plantado sem topsolo, após 6 meses e após 2 anos, nos sistemas monocultura e em consorciação com acácia Seminário Brasil - Canadá de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, Florianópolis, dezembro 01-03, 2003

228 Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho Figura 9a. Altura da Acácia, plantada com topsolo, após 6 meses e após 2 anos, nos sistemas monocultura e em consorciação com Eucalipto Figura 9b. Altura da Acácia, plantada sem topsolo, após 6 meses e após 2 anos, nos sistemas monocultura e em consorciação com Eucalipto Brazil - Canada Seminar on Mine Rehabilitation, Florianópolis, December 01-03, 2003

Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho 229 b) Espécies forrageiras As Figuras 10 e 11 ilustram o desenvolvimento das forrageiras na sub-área com topsolo 6 meses após o plantio. Figura 10. Desenvolvimento das espécies de pensacola e azevem na sub-área com topsolo, após 6 meses do plantio Figura 11. Desenvolvimento de pensacola na sub-área com topsolo, após 6 meses do plantio Seminário Brasil - Canadá de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, Florianópolis, dezembro 01-03, 2003

230 Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho O percentual de cobertura de solo pelas espécies forrageiras nos módulos e sub-áreas, após 6 meses do plantio são mostradas na Tabela 2. Tabela 2. Porcentagem de cobertura de solo por espécies forrageiras A Tabela 2 indica, também para as espécies forrageiras, a grande importância da separação, preservação e reutilização do topsolo na programação de revegetação. No experimento com forrageiras a perda da semeadura na área sem topsolo foi total, o que demonstra que: a falta do topsolo para as espécies forrageiras causa uma redução de crescimento mais drástica do que para as plantas arbóreas. A Figura 12 ilustra a importância do topsolo no crescimento das espécies forrageiras. Figura 12. Crescimento vegetal nos experimentos com espécies forrageiras.esquerda: unidades com topsolo. Direita: unidades sem topsolo. Brazil - Canada Seminar on Mine Rehabilitation, Florianópolis, December 01-03, 2003

Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho 231 Ao contrário do demonstrado para o crescimento das plantas arbóreas (Figuras 8 e 9), os dados na Tabela 2 indicam ainda que, após 6 meses do plantio, houve efeito pronunciado dos corretivos aplicados na área de forrageiras sub-área com topsolo, refletindo numa mais alta porcentagem de cobertura do solo devido ao uso de corretivos + adubação, como ilustrado na Figura 13. É provável que esses resultados espelhem as diferenças fisiológicas e de ciclo entre arbóreas e forrageiras, sendo que com 6 meses de crescimento não houve tempo de se pronunciar os efeitos do uso de corretivos nas plantas arbóreas, enquanto que esse tempo foi suficiente para incrementar o desenvolvimento das forrageiras. Observa-se os bons resultados alcançados com aplicação da cinza como alternativa. Figura 13. Diferença de cobertura vegetal na área de forrageiras, sub-área com topsolo, após 6 meses do plantio CONCLUSÕES Unidades de observação foram implantadas na área minerada pela CRM para observar-se os efeitos de sistemas de plantio, do uso de insumos e da aplicação do topsolo no crescimento vegetal de arbóreas e forrageiras e na cobertura do substrato por espécies invasoras. Os resultados mostraram: Seminário Brasil - Canadá de Recuperação Ambiental de Áreas Mineradas, Florianópolis, dezembro 01-03, 2003

232 Melamed, Soares, Barbosa, Huyssteen & Sá Filho A grande importância do cultivo com topsolo, O efeito benéfico da Acácia sobre o crescimento do Eucalipto, sem prejuízo no crescimento da Acácia. Potencial para o aproveitamento de cinza como insumo, embora mais testes com delineamentos experimentais mais intensos sejam recomendados. AGRADECIMENTOS Os autores são gratos a CRM, a CIDA e a ABC pelo apoio dentro do convênio CETEM/CANMET. Endereço para Correspondência: / Mailing Address: Ricardo Melamed 1; Paulo Sergio Moreira Soares 2 ; Juliano Peres Barbosa 2 ; 3 Errol van Huyssteen; Ney Sá Filho 4 1 Coordenação de Análises Minerais 2 Serviço de Tecnologias Limpas, Coordenação de Inovação Tecnológica Centro de Tecnologia Mineral 3 CANMET 4 CRM CETEM - Av. Ipê, 900 Ilha da Cidade Universitária 21921-590 RJ Brasil Tel: 55 21 3865-7222 Fax: 55 21 2290-4286 / 2590-3047 E-mail: rmelamed@cetem.gov.br / psoares@cetem.gov.br rtrindade@cetem.gov.br Brazil - Canada Seminar on Mine Rehabilitation, Florianópolis, December 01-03, 2003