ESTUDO DE CASO: FACHADA DE UMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL

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Transcrição:

ESTUDO DE CASO: FACHADA DE UMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL BURLE, Eduardo; MENDES, Aurea; LIMA, Natália; AGRA, Tiago, MONTEIRO, Eliana Universidade de Pernambuco, (81)99925-9559, eblobo@hotmail.com; UNICAP, aureamendes90@hotmail.com; UNICAP, nataliamvlima@hotmail.com; UFPE, tiagoagraengenharia@gmail.com; Universidade de Pernambuco,eliana@poli.br RESUMO O revestimento cerâmico de fachadas em edificações é projetado para garantir a proteção contra infiltrações externas, facilitar a limpeza e manutenção, garantir a durabilidade da construção e favorecer a estética do imóvel. O objetivo deste trabalho foi a realização de um estudo de caso no qual foi mostrada a solução adotada para a resolução do problema de infiltração através do revestimento cerâmico, esta pesquisa foi feita através do levantamento visual das manifestações patológicas que ocorrem na fachada em revestimentos cerâmicos de uma edificação comercial. Através deste estudo espera-se que profissionais da área da construção civil tenham ciência dos problemas gerados quando não se usa a técnica de aplicação mais adequada e quando não são feitas as manutenções cabíveis. Quando projetado estes cuidados são tomados de modo a garantir a vida útil de projeto. A manifestação patológica predominantemente encontrada no prédio em estudo foi a deterioração das juntas, em sua maioria, localizadas na região de paredes contínuas, onde cerca de 20% de todos os problemas encontrados são falhas em rejunte e esta mesma manifestação patológica quase chega aos 30%, quando muda-se a região para topo da edificação. A eflorescência também foi encontrada no imóvel em estudo, diferentemente das falhas em rejunte que foram identificadas em todas as fachadas, a eflorescência é presente apenas na região de topo dos edifícios que representa 10% da incidência de danos para esta região. Para a recuperação do revestimento será feita a substituição do rejunte existente por um mais durável e mais flexível, podendo tornar o revestimento impermeável e sanar o problema de infiltração. Palavras-chave: Rejuntamento, Patologias, Revestimento. ABSTRACT Ceramic cladding in buildings is designed to ensure protection against external leakage, ease of cleaning and maintenance, ensuring the durability of construction and favors the aesthetic of the property. This study aimed the conduction of a case study showing the solution for seepage through the ceramic cladding adopted in a commercial building. The analyses were undertaken through visual survey of the pathological manifestations that occurred in the facade. Through this study it is expected that construction professionals are aware of the problems generated when not using the most appropriate technique and when the appropriate maintenance are not made. When designing these precautions are taken to ensure the life of the project. The pathological manifestation predominantly found in the building under study was the deterioration of the joints, mostly in the region of solid walls where about 20% of all problems encountered, while on the top of the building this number raised to 30%. Efflorescence was also found in the property, unlike grout failures that were identified in all facades, efflorescence is present only in the region of the top of buildings, representing 10 % of the incidence of damage to that region. For the recovery replacement of existing grout for a more durable and more flexible will be made, which can make the waterproof coating and infiltration of rectifying the problem. Keywords: Grouting. Pathologies. Coat.

1 INTRODUÇÃO Segundo Junginger (2003), os inúmeros casos de manifestações patológicas, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, muitas vezes são corrigidos sem que se estabeleçam claramente as causas do fenômeno, tornando-os crônicos. Alguns desses defeitos estão relacionados ao rejuntamento, que é relegado a um plano de menor importância do que o assentamento das placas e é executado sem preocupação com os aspectos técnicos. A habilidade do aplicador, representada muitas vezes pela experiência prática obtida sem qualquer treinamento, acaba prevalecendo sobre a técnica correta de aplicação. O surgimento das manifestações patológicas não está relacionada a apenas um fator causador, todavia a um conjunto. Esse conjunto de fatores ao se interrelacionarem ocasionam o aparecimento das manifestações. Com isso, de acordo com Rebelo (2010), pode-se concluir que a qualidade e a durabilidade dos revestimentos cerâmicos estão fortemente ligados ao planejamento e escolha dos materiais, à qualidade do material e da construção e à manutenção do revestimento ao longo de sua vida útil. Esse trabalho tem por finalidade descrever a importância do rejuntamento cerâmico para uma edificação e mostrar a incidência de manifestação nas fachadas de edificações proveniente de sua má execução, através de um estudo de caso em uma edificação comercial, por meio do levantamento das manifestações patológicas que ocorrem nos rejuntes de revestimentos cerâmicos da mesma. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Rejunte Segundo Junginger (2003 apud Ponciano, 2011), rejunte e rejuntamento podem ser definidos como: Rejunte: composto destinado a preencher as juntas entre as placas cerâmicas, apresentando-se trabalhável durante a etapa de aplicação e endurecimento; Rejuntamento: ato ou ação de preencher as juntas entre as placas cerâmicas com um composto específico para tal função, ou seja, o rejunte. 2.2 Funções dos rejunte A NBR 13755 (ABNT, 1996) determina que ao executar o assentamento das placas cerâmicas, devem-se manter espaçamentos ou juntas entre elas, para preencher as seguintes funções: a) Compensar a variação de bitola das placas cerâmicas, facilitando o alinhamento; b) Atender a estética, harmonizando o tamanho das placas e as dimensões do pano a revestir com a largura das juntas entre as placas cerâmicas; c) Oferecer relativo poder de acomodação às movimentações da base e da placa cerâmica; d) Facilitar o perfeito preenchimento, garantindo a completa vedação da junta; e) Facilitar a troca de placas cerâmicas.

Segundo nota da NBR 13755 (ABNT, 1996), a dimensão mínima das juntas de assentamento pode ser de 5 mm, desde que esta largura e a elasticidade do material de rejuntamento atendam, pelo menos, as deformações devidas à variação térmica a que está submetido o revestimento mais aquela devida à expansão por umidade das placas cerâmicas. Sabe-se que para preencher as juntas entre as placas cerâmicas deve-se usar uma argamassa especial que é a A.R., onde segundo a NBR 14992 (ABNT, 2003), A.R., referente a argamassa à base de cimento Portland para rejuntamento de placas cerâmicas, é uma mistura industrializada de cimento Portland e outros componentes homogêneos e uniformes, para aplicação nas juntas de assentamento de placas cerâmicas. 2.3 Classificação dos rejuntes De acordo com a NBR 14992 (ABNT, 2003), os rejuntes podem ser classificados da seguinte forma: Rejuntamento tipo I Argamassa à base de cimento Portland para rejuntamento de placas cerâmicas para uso em ambientes internos e externos, desde que observadas as seguintes condições: a) Aplicação restrita aos locais de trânsito de pedestres/transeuntes, não intenso; b) Aplicação restrita a placas cerâmicas com absorção de água acima de 3% (Grupos II e III - segundo a NBR 13817 (ABNT, 1997)); c) Aplicação em ambientes externos, piso ou parede, desde que não excedam 20 m 2 e 18 m 2, respectivamente, limite a partir do qual são exigidas as juntas de movimentação, segundo NBR 13753 (ABNT, 1996) e NBR 13755 (ABNT, 1996). Rejuntamento tipo II Argamassa à base de cimento Portland para rejuntamento de placas cerâmicas, para uso em ambientes internos e externos, desde que observadas as seguintes condições: a) Todas as condições do tipo I; b) Aplicação em locais de trânsito intenso de pedestres/transuentes; c) Aplicação em placas cerâmicas com absorção de água inferior a 3% (grupo I - segundo a NBR 13817 (ABNT, 1997)); d) Aplicação em ambientes externos, piso ou parede, de qualquer dimensão, ou sempre que se exijam as juntas de movimentação; e) Ambientes internos ou externos com presença de água estancada (piscinas, espelhos d água etc.). Carasek (2010) relaciona as principais propriedades e requisitos das argamassas de rejuntamento para diferentes funções. Para essas argamassas das juntas de assentamento de peças cerâmicas a autora propõe que: A função é de vedar as juntas, permitir a substituição de peças cerâmicas, ajustarem os defeitos do alinhamento e absorver pequenas deformações do sistema;

Os requisitos e propriedades são a trabalhabilidade (consistência, plasticidade e adesão inicial), baixa retração, aderência e capacidade de absorver deformações (flexibilidade) principalmente para fachadas. Gomes (2008 apud Ponciano, 2011) propõe que a recomendação para a especificação da argamassa de rejuntamento resume-se em: O tipo de aplicação, que pode ser na parede ou piso; Tipo de ambiente, que pode ser interno ou externo; Características das placas, para locais que exigem maior higiene (H); Placas que não são escorregadias (A); Aplicação em áreas externas (E); Quanto ao tipo de rejunte o mesmo poderá ser: Com mistura fraca de cimento (JC); Rejunte cimentício (J1); Rejunte cimentício com adição de polímero (J2); Com resina reativa ou rejunte epóxi (JR). O quadro 1 apresenta os aspectos para a seleção de materiais para rejuntamento com as diversas variantes no qual o rejunte poderá se submeter. Quadro 1 - Seleção de materiais para rejuntamento. Fonte: ASCER (2008) 2.4 Principais manifestações patológicas em revestimento de fachadas

As manifestações patologias dos revestimentos cerâmicos de fachadas apresentam-se de diversas formas, todas elas resultando na impossibilidade de cumprimento das finalidades para as quais foram concebidos, notadamente nos aspectos estéticos, de proteção e de isolamento. 2.4.1 Descolamentos Descolamentos em revestimentos cerâmicos ocorrem devido à perda de aderência do componente cerâmico com a camada de fixação ou entre esta e o substrato, devido às tensões surgidas ultrapassarem a capacidade de aderência das ligações. Geralmente, os descolamentos ocorrem depois do primeiro ano da ocupação do edifício e podem se manifestar em pontos isolados ou em grandes painéis. Além disso, esse fenômeno ocorre com maior frequência nos primeiros e últimos pavimentos do edifício em função do maior nível de solicitação a que estes estão sujeitos. As principais causas de descolamentos em revestimentos cerâmicos são: a instabilidade do suporte devido à acomodação do conjunto da construção, à fluência da estrutura de concreto armado e às variações higrotérmicas e de temperatura (BARROS; SABBATINI, 2001 apud GROFF, 2011). 2.4.2 Gretamento O gretamento é definido como sendo a fissuração (aberturas de 0,05 a 0,1 mm) da camada de esmalte superficial da placa cerâmica (CAMPANTE, 2001 APUD GROFF, 2011). Essa fissuração ocorre devido às diferenças de capacidade de absorver deformações encontradas entre a base da placa cerâmica e a camada de esmalte. Segundo Campante (2001 apud Groff, 2011) existem dois tipos de gretamento: imediato e retardado. O imediato ocorre durante a fabricação da peça cerâmica quando ocorre diferença de retração entre a camada de material vítreo e a base da placa. O retardado, segundo Campante (2001 apud Groff, 2011): 2.4.3 Trincas e fissuras [...] está associado à dilatação sofrida pela base da placa cerâmica devido à expansão por umidade e/ou retração das argamassas de emboço ou fixação com alto teor de cimento, ocasionando tensões induzidas nas placas cerâmicas que podem romper a camada de material vítreo do esmalte, causando rupturas capilares pelo chamado efeito beliscão (pincheffect), ou seja, a argamassa induz na placa cerâmica um esforço de compressão em seu plano tangencial, [...]. As trincas são rupturas no corpo da peça cerâmica, que por esforço mecânico, causa a separação de suas partes. São caracterizadas por aberturas superiores a 1 mm. Já as fissuras são aberturas que aparecem na superfície do revestimento cerâmico e são inferiores a 1 mm (SOTANA, BAMBERG E COSTA, 2012). As causas para o aparecimento destas patologias são, de acordo com Barros; Sabbatini (2001 apud Groff, 2011):

a) Dilatação e retração do componente cerâmico: ocorre devido à variação térmica ou de umidade no corpo cerâmico gerando um estado de tensões internas; b) Deformação estrutural excessiva: que origina tensões na alvenaria e quando estas tensões ultrapassam as tensões suportáveis pelo revestimento leva ao aparecimento de trincas e fissuras ou até mesmo destacando-se do substrato; c) Ausência de detalhes construtivos, como vergas e contravergas, pingadeiras e juntas de movimentação dos revestimentos, que podem auxiliar no bom desempenho do revestimento evitando o aparecimento de trincas e fissuras. Segundo Barros; Sabbatini (2001 apud Groff, 2011), é comum patologias como trincas e fissuras serem observadas com maior frequência nos primeiros e últimos andares de um edifício devido à falta de juntas de movimentação e detalhes construtivos adequados para suportar as solicitações sofridas nestes andares. 2.4.4 Eflorescências Eflorescências em revestimento cerâmico são caracterizadas pelo depósito cristalino de cor esbranquiçada que compromete a estética do revestimento. De acordo com Franco (2008 apud Reis, 2013), eflorescência é um fenômeno causado pela movimentação da água nos vazios e canais localizados no interior da argamassa. A água sobe nestes vazios por capilaridade e/ou pressão, transportando sais solúveis presentes no substrato, fluxo este ligado relacionado diretamente às propriedades de absorção e permeabilidade das argamassas Pode-se citar como exemplo de ocorrência de eflorescência, a utilização de solução ácida no processo de limpeza do revestimento, ocasionando reações químicas formando uma série de compostos e com isso o surgimento de deposições na superfície (BAUER, 2011). 2.4.5 Deterioração do Rejuntamento A deterioração do rejuntamento não causa apenas um incomodo visual, todavia também prejudica a estanqueidade das placas cerâmicas e dos demais componentes do conjunto fachada. Essa perda da permeabilidade decorre das solicitações de uso, as quais a edificação está vulnerável. Para Rhod (2011), a perda de estanqueidade das juntas entre componentes e juntas de movimentação, inicia-se, na maioria das vezes, logo após a sua execução, em função da limpeza inadequada (pressão do jato da mangueira, por exemplo) que acaba deteriorando parte de seu material constituinte. Ataques agressivos do meio ambiente e solicitações da estrutura também são causas de deterioração do rejuntamento, podendo ocasionar além da eflorescência, a formação de trincas e descolamento da placa cerâmica.

3. ESTUDO DE CASO 3.1 Descrição da Edificação A edificação comercial está localizada na Avenida General Barreto de Menezes, Prazeres, Jaboatão dos Guararapes/PE. É um imóvel térreo e que foi concluída em 2009, tendo hoje 5 anos de construído. A estrutura é em concreto armado, a alvenaria de vedação foi em tijolos cerâmicos, a fundação foi realizada sobre sapatas isoladas sendo todas as fachadas contempladas com revestimento cerâmico e rejuntadas com argamassa de rejunte cimentício, conforme figura 1. Figura 1 Vista Noroeste do edifício. Fonte: Autor (2014) 3.2 Caracterização do Ambiente De acordo com a Tabela 1 da NBR 6118 (ABNT, 2007) onde mostra as classes de agressividade ambiental, pode-se concluir que a edificação em estudo está classificada na classe de agressividade ambiental II, ou seja, agressividade moderada e apresenta um risco de deterioração da estrutura pequeno. Tabela 1 - Classe de agressividade ambiental Fonte: NBR 6118 (2007)

A deposição de cloretos advindos de névoa salina atinge valores inferiores a partir dos 700 m do mar. O imóvel encontra-se a 3,18 Km do mar, deixando-o pouco vulnerável a esse tipo de ataque. 3.3 Manifestações Patológicas Encontradas Foram realizadas visitas com o objetivo de identificar a natureza e possíveis causas das manifestações patológicas, incluindo atividades como: exame visual realizando um levantamento fotográfico detalhado; registro de todos os sintomas visuais tais como: infiltração, descolamento de revestimentos, deterioração do rejuntamento, etc. A manifestação patológica predominantemente encontrada foi a deterioração das juntas, conforme figuras 2, 3 e 4, problema esse que afeta não só a argamassa de rejuntamento mas também compromete o desempenho dos revestimentos cerâmicos de maneira geral, já que este componente é responsável pela estanqueidade, conforme pode ser observada nas figuras 5 e 6 do revestimento cerâmico e pela capacidade de absorver deformações da estrutura. Figura 2 - Deterioração na fachada leste. Fonte: Autor (2014) Figura 3 - Deterioração na fachada Oeste Figura 4 Escurecimento do rejunte. Fonte: Autor (2014) Fonte: Autor (2014)

Figura 5 - Infiltração pela fachada Leste. Figura 6 - Infiltração pela fachada Sul. Fonte: Autor (2014) Fonte: Autor (2014) Na parte superior da edificação também foi encontrada eflorescência, Figura 7, definido por Silva (2010) como o fenômeno que resulta da dissolução dos sais presentes na argamassa, ou nos componentes cerâmicos ou provenientes de contaminações externas e seu posterior transporte pela água através dos materiais porosos. Se, durante esse transporte, a concentração dos sais na solução aumentar (por perda de água ou aumento da quantidade de sais), eles poderão entrar em processo de cristalização e dar origem ao fenômeno. Ocorrendo superficialmente, essa cristalização dá origem à eflorescência mais amplamente encontrada e visível. Figura 2 - Eflorescência na parte superior da edificação. Fonte: Autor (2014) 3.4 Recuperação Em qualquer tipo de imóvel deve ser realizada inspeção visual, periodicamente, com o objetivo de identificar as condições gerais das placas cerâmicas, rejuntes, eventuais molduras, rufos, peitoris de janelas, frisos, cordões de selantes no requadramento de janelas e nas juntas de dilatação, presença de fissuras, ausência de placas, destacamentos, lascamentos, manchas de umidade ou de corrosão, eflorescências, acúmulo de água em peitoris e platibandas, formação de fungos e outras eventuais patologias. A conservação das fachadas garante o prolongamento da vida útil e evita a ocorrência de infiltrações que acabarão atingindo o interior do imóvel.

Segundo Pereira (2013) o período em que se deve fazer uma manutenção é um intervalo de tempo bastante relativo, pois há que se levar em consideração o tipo de revestimento, o grau de exposição, a orientação cardial, a posição geográfica do prédio, a idade da edificação, dentre outros fatores que interferem na conservação das fachadas. Principalmente devem ser analisados danos e reparos existentes e recorrentes. Por esses motivos é que deve se observar no manual da edificação o procedimento de manutenção do imóvel. No exemplo em estudo tem-se uma fachada relativamente nova, pois tem apenas 5 anos de executada, deveriam ter sido realizadas manutenções com lavagem e pequenos tratamentos em pontos localizados, estes cuidados deveriam ter ocorrido entre dois e três anos com execução de hidrojateamento com sabão neutro, sem utilização de ácidos em qualquer concentração. No entanto como já havia sido citado anteriormente, a edificação nunca passou por nenhum tipo de manutenção preventiva. A recuperação de rejuntes danificados é uma tarefa simples, mas exige algumas precauções, pois qualquer descuido pode danificar de modo irreversível o acabamento já instalado. 3.5 Solução de Reabilitação A solução escolhida para a recuperação da fachada foi o rejunte epóxi, pois apresenta alta resistência, é flexível, tem alta durabilidade, sua textura com acabamento liso proporciona um resultado fino e sofisticado. Comparado ao rejunte cimentício comum, o rejunte epóxi tem mais durabilidade e é mais resistente a manchas, bactérias e mofo, além de ser impermeável. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foram analisadas as características do ambiente onde está situada a edificação em estudo no qual foi mostrado que se trata de uma região que apresenta um risco de deterioração da estrutura pequeno e que pela distância com o mar a edificação é pouco vulnerável ao ataque dos íons cloreto. A manifestação patológica predominantemente encontrada no prédio em estudo foi a deterioração das juntas, problema esse que afeta não só a argamassa de rejuntamento mas também compromete o desempenho dos revestimentos cerâmicos de maneira geral, já que este componente é responsável pela estanqueidade do revestimento cerâmico e pela capacidade de absorver deformações da estrutura. As manifestações patologias encontradas na edificação em estudo estão, em sua maioria, localizadas na região de paredes contínuas, onde cerca de 20% de todos os problemas encontrados são falhas em rejunte e esta mesma manifestação patológica quase chega aos 30%, quando muda-se a região para topo da edificação. A eflorescência também foi encontrada no imóvel em estudo, porém diferentemente das falhas em rejunte que foram identificadas em todas as

fachadas, a eflorescência é presente apenas na região de topo dos edifícios que representa 10% da incidência de danos para esta região. Para a recuperação do revestimento será feita a substituição do rejunte existente por um mais durável e mais flexível, podendo tornar o revestimento impermeável e sanar o problema de infiltração. 5 REFERÊNCIAS JUNGINGER, M. Rejuntamento de revestimentos cerâmicos: influência das juntas de assentamento na estabilidade de painéis. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo. REBELO, C. D. R. Projeto e execução de revestimento cerâmico interno. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2010. POCIANO, P. P. Estudo do desempenho de rejunte fabricado com agregado de microesferas de vidro. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13755. Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e comutilização de argamassa colante -Procedimento. Rio de Janeiro, 1996. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14992 - A.R. - Argamassa à base de cimento Portland para rejuntamento de placas cerâmicas - Requisitos e métodos de ensaios. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13817. Placas cerâmicas para revestimento - Classificação. Rio de Janeiro, 1997. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13753. Revestimento de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento. Rio de Janeiro, 1996. CARASEK, H. Argamassas. In: Geraldo C. Isaia. (Org.). Materiais de Construção Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais. 2ª ed. São Paulo: Geraldo C. Isaia - IBRACON, 2010, v. 1. GROFF, C. Revestimento em fachadas: análise das manifestações patológicas nos empreendimentos de construtora em porto alegre. 2011. Monografia (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre. SOTANA, A. F.; BAMBERG, C. E.; COSTA, T. B. D. Patologia das estruturas e pisos de concreto armado e revestimentos. Santa Catarina, 2012. REIS, W. P. D. S. Revestimento cerâmico de fachada: Projeto do produto e da produção. Paraná, 2013. BAUER, L. A. F. Materiais de construção 2. Rio de Janeiro: Ltc, 2011. FRANCO, A. L. C. Revestimentos cerâmicos de fachada: composição, patologias e técnicas de aplicação. 2009. Monografia (Especialização em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte. RHOD, A. B. Manifestações patológicas em revestimentos cerâmicos: Análise da frequência de ocorrência em áreas internas de edifícios em uso em Porto Alegre. Porto Alegre, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto procedimento. Rio de Janeiro, 2007.

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