Procedimentos de execução de revestimentos e normas técnicas

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1 Procedimentos de execução de revestimentos e normas técnicas Introdução Você já observou a quantidade de opções de revestimentos existentes no mercado para pisos e paredes? Basta dar uma volta em uma loja de materiais de construção para descobrir que as opções são inúmeras: cerâmica, porcelanato, madeiras, vinílicos, enfim, há opção para os mais diversos estilos e bolsos! Mas, não importa apenas conhecer as especificações técnicas de um revestimento: é preciso saber quais são os procedimentos necessários à sua execução. Nesta aula, traremos uma visão geral dos processos executivos envolvidos no assentamento de revestimentos em pisos e paredes, enfatizando as normas técnicas aplicáveis e as possíveis patologias que podem surgir após uma execução indevida. Ao final desta aula, você será capaz de: conhecer o procedimento de execução dos revestimentos e suas patologias conforme as peculiaridades de cada tipo; conhecer as normas técnicas que especificam os procedimentos de execução. Revestimentos de parede Com as camadas de base executadas (chapisco, emboço e reboco), é possível assentar o revestimento desejado, observando-se as peculiaridades do tipo de material a ser assentado. Um ponto a ser observado no assentamento das placas são as juntas (juntas de assentamento), as quais nada mais são do que os espaços (ou frestas) entre duas placas assentadas uma ao lado da outra. Veja na figura a seguir. Figura 1 - Tipos de juntas para assentamento de placas cerâmicas (juntas em diagonal paralela; juntas a prumo e juntas amarradas, respectivamente) Fonte: NBR 13754,

2 As juntas, além de ajudarem na composição arquitetônica dos ambientes, têm a função de servir como alívio para as tensões geradas entre as placas. EXEMPLO Nas juntas, costuma-se empregar materiais selantes impermeáveis e de alta elasticidade, com ampla resistência à ação dos raios solares e intempéries, a exemplo dos selantes das marcas VEDAFLEX e QUARTZOLIT. Eles podem ser utilizados tanto no preenchimentos de juntas horizontais e verticais, nas áreas internas e externas, como nas vedações de calhas e esquadrias. Além das juntas de assentamento (ou rejunte), existem também outros tipos de juntas. Conheça-os na sequência. Juntas de movimentação, que são espaços regulares deixados entre um conjunto de placas, subdividindo o revestimento, para aliviar as tensões oriundas da movimentação do revestimento ou da parede. Juntas de dessolidarização, que constituem o espaço regular criado para separar o revestimento entre áreas adjacentes (tetos e paredes, parede e pisos), geralmente em sentidos diferentes. Juntas estruturais, que representam um espaço regular que se destina a aliviar as tensões originadas na movimentação da estrutura como um todo. Figura 2 - Detalhe das juntas de movimentação Fonte: NBR 13754, Destaca-se que o material de enchimento mostrado na Figura 2 deve ser altamente deformável, podendo ser utilizada borracha alveolar

3 SAIBA MAIS Nas juntas de dilatação, aquelas que permitem a acomodação de toda a estrutura, costuma-se utilizar um tipo especial de selante, conhecido como elastômero, que possui alta resistência química e mecânica. Conheça um pouco mais sobre esse tipo de material lendo uma matéria sobre o assunto. Acesse: < No caso de assentamento de ladrilhos hidráulicos, é possível fazer o assentamento com junta seca, ou seja, com as peças colocadas umas bem próximas das outras. Revestimento de pisos Os pisos constituem a parte de uma edificação destinada ao trânsito leve (circulação de pessoas) ou pesado (circulação de veículos), podendo ser denominados também de pavimentação. Geralmente, são assentados sob uma superfície previamente preparada, podendo tanto ser um contrapiso (nas áreas internas) como no próprio solo (áreas externas). FIQUE ATENTO Quando se fala em contrapiso, estamos nos referindo a uma camada executada antes de ser assentado o piso propriamente dito, cuja função é regularizar e uniformizar as superfícies horizontais. Sua espessura média gira em torno de 3 a 5 cm, sendo executada com uma argamassa levemente seca, com traço 1:3 (cimento e areia média). Dentre as principais qualidades requeridas para os materiais utilizados como revestimento de piso, estão: resistência ao desgaste (em função do trânsito e fluxo de pessoas e veículos); atrito (indispensável ao trânsito seguro); facilidade de conservação; e inalterabilidade de características, como dimensões e cor. Os pisos em cerâmica e em concreto, geralmente, são executados sob uma camada de contrapiso, sendo muito comum o uso de argamassas industrializadas para o seu assentamento. Já os pisos em peças de concreto prémoldado são, geralmente, assentados sob uma base de areia apiloada (compactada com pilão), como em um contrapiso de concreto

4 Figura 3 - Operário executando contrapiso Fonte: Christina Richards / Shutterstock Em caso de reformas, é possível até mesmo executar piso sobre piso, desde que se tenha uma execução cuidadosa e se observe os desníveis e declividades. Patologias (defeitos da má execução): como evitá-los e como consertá-los As patologias são os defeitos ou problemas que surgem em uma determinada edificação. Em se tratando de revestimentos, esses defeitos podem ocorrer tanto em pisos como em paredes, sendo, geralmente, resultado de problemas construtivos. Os principais fatores que levam à ocorrência de patologias nos revestimentos são: baixa qualidade dos materiais empregados; deficiência com a mão de obra; problemas nas paredes e pisos que servem de suporte ao revestimento e - 4 -

5 condições em que foram executados os serviços. Vejamos a seguir os principais tipos de patologias em revestimentos. Destacamento (ou descolamento) Tipo de patologia muito comum em revestimentos cerâmicos e em pisos de madeira. Ocorre quando a placa cerâmica (ou um conjunto delas) literalmente descola da parede sobre a qual está assentada. Os principais fatores que dão causa à ocorrência de descolamento são: utilização de argamassas colantes após passado muito tempo de preparo (sem observar as recomendações quanto ao tempo em aberto ); uso de ferramentas inadequadas durante a aplicação da argamassa de assentamento na parede; pouca ou muita pressão durante a colocação da placa cerâmica na parede. Para evitar a ocorrência de destacamento, é preciso tomar uma série de precauções durante sua execução, como: executar juntas de movimentação ao longo da estrutura; utilizar a argamassa colante adequada para as características de absorção da placa e local de assentamento; fazer uso de rejuntes flexíveis, permitindo o acomodamento das placas; fazer o assentamento com o ferramental adequado e com mão de obra devidamente treinada. Para sanar o problema do destacamento, é preciso seguir estes passos: fazer uma limpeza em toda a área e avaliar as condições do emboço, pois, caso ele esteja falho (emanando som oco), é preciso retirar o emboço deficiente e executar novamente essa camada antes de reassentar novamente o revestimento. Eflorescência Esse tipo de patologia é caracterizado pelo aparecimento de manchas esbranquiçadas na superfície do revestimento. O principal fator que contribui para o surgimento da eflorescência nos revestimentos é a presença de água, originada de vazamentos ou umidade. FIQUE ATENTO Na eflorescência, a água livre migra para a superfície carregando consigo sais solúveis da argamassa ou do concreto que cristalizam na superfície do revestimento. O resultado é uma parede com manchas esbranquiçadas, como uma espécie de pó de giz. Para afastar a possibilidade de ocorrência de eflorescência nas construções, é indispensável seguir estas recomendações: executar a impermeabilização de alicerces e contrapisos; evitar a ocorrência de vazamentos; fazer uso de rejuntes impermeáveis. Depois de observada sua ocorrência na edificação, o seu reparo deve ser feito mediante a correção do problema que está dando causa à eflorescência (vazamento ou umidade), impermeabilizando adequadamente a área antes de refazer os reparos no revestimento propriamente dito

6 Bolor e fungos Trata-se de camada de microrganismos que se forma na superfície dos revestimentos em razão da presença de umidade e baixa ventilação. Alguns tipos de materiais propiciam a ocorrência de bolor e fungo: revestimentos em gesso e alvenarias executadas em madeira, aglomerados e gesso acartonados também tendem a uma maior facilidade de proliferação dos microrganismos causadores do bolor e fungo. Observe a figura a seguir. Figura 4 - Ocorrência de bolor e fungo em revestimento de paredes Fonte: riopatuca / Shutterstock Para que esse tipo de patologia não ocorra nas construções, o ideal é adotar ações preventivas antes mesmo da execução, ainda na fase de projeto, dotando a edificação com as condições ideais de circulação do vento e isolamento térmico adequado. Assim, após a ocorrência do bolor e fungo, o tratamento recomendado é identificar e afastar a fonte de umidade que está causando o problema, caso contrário, o problema se repetirá. Feito isso, recomenda-se a limpeza e refazimento do revestimento e pintura do local afetado. Gretamento Patologia que consiste na formação de fissuras (estilhaçamento) na superfície esmaltada das placas cerâmicas, originadas na diferença de dilatação existente entre a placa e o esmalte. Para evitar a ocorrência do gretamento, é recomendável que sejam tomadas medidas preventivas ainda no processo de fabricação, como a adoção de uma leve curvatura na placa cerâmica, de modo a gerar uma folga na placa. Peças em que se observe a ocorrência de gretamento devem ser rejeitadas durante sua entrega

7 Riscos e desgastes Os riscos e os desgastes são patologias relacionadas à resistência à abrasão das placas. Assim, materiais com baixa resistência à abrasão não suportam adequadamente o fluxo de pessoas e trânsito, ocorrendo a patologia. Para evitar esse tipo de patologia, é preciso especificar adequadamente as placas a serem utilizadas como material de revestimento, considerando o fluxo no ambiente. Para tanto, avalia-se um índice conhecido como dureza Mohs. Portanto, revestimento com dureza Mohs igual ou superior a 7 Mohs evita a ocorrência desse tipo de problema. Fechamento Agora que você já conhece os principais procedimentos envolvidos nas etapas de execução dos revestimentos de pisos e paredes, certamente terá mais facilidade em conduzir, em um futuro breve, qualquer obra, de modo que não surja qualquer das patologias que estudamos em nossa aula. Nesta aula, você teve a oportunidade de: conhecer o procedimento de execução dos revestimentos e suas patologias conforme as peculiaridades de cada tipo; conhecer as normas técnicas que especificam os procedimentos de execução; entender o procedimento de execução dos revestimentos em paredes e pisos; saber quais são as normas técnicas que especificam os procedimentos de execução; reconhecer as patologias mais comuns, conforme as peculiaridades de cada tipo de revestimento. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). tetos de argamassas inorgânicas. Rio de Janeiro, NBR 7200: Execução de revestimentos de paredes e NBR 9457: Ladrilhos hidráulicos para pavimentação especificação e métodos de ensaio. Rio de Janeiro, NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas Especificação. Rio de Janeiro, NBR 15798: Pisos de madeira Terminologia. Rio de Janeiro, NBR 13754: Revestimento de paredes internas com placas cerâmicas e com utilização de argamassa colante - Procedimento. Rio de Janeiro, NBR 13755: Revestimentos cerâmicos de fachadas paredes externas com utilização de argamassa colante - Procedimento. Rio de Janeiro,