Economia e Finanças Públicas Aula T5

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Transcrição:

Economia e Finanças Públicas Aula T5 Cap. 2 - Despesas públicas: teoria e prática 2.1 Enquadramento normativo do papel do sector público 2.1.1 Os fracassos do mercado 2.1.2 As injustiças do mercado 2.2 Despesa e eficiência: bens públicos e externalidades 2.2.1 Bens públicos versus bens privados 2.2.2 A quantidade óptima de bens públicos EFP - ISEG 1 Obrigatória: Livro EFP, Cap. 3: P. 39-51 (3ª ed.) P. 41-51 (2ª ed.) Complementar: Stiglitz, J. (2002) Bibliografia Varian, H. (2003), Intermediate Microeconomics: a modern approach, Norton. (Caixa de Edgeworth) EFP - ISEG 2 Conceitos a reter Fracasso de mercado Bem público puro Definição Disposição marginal a pagar Provisão óptima (ou eficiente):condição de Samuelson Preços fiscais e de Lindahl Nota: Só se faz a análise diagramática de bens públicos (exercícios em Micro II). EFP - ISEG 3 1

Papel dos preços em mercados competitivos Oferta: Condições de produção das empresas (agregação dos custos marginais privados) Procura: Agregação das procuras individuais (preferências e preços) dos consumidores Preço de equilíbrio: igualdade entre a oferta e a procura Preços: financiam produtores, racionam consumo, veiculam informação sobre escassez relativa e sobre os custos de produção. Conclusão: verificando-se certas características, os mercados quando competitivos são um poderoso e eficiente mecanismo de afectação de recursos. EFP - ISEG 4 Contudo: Enquadramento normativo do papel do sector público Há mercados não competitivos; Há bens públicos; Há externalidades; Há informação assimétrica. Na presença de alguma destas características: Os mercados fracassam (são ineficientes) Primeira Racionalidade para a intervenção do Estado numa economia mista (cf. aulas T5 e T6). EFP - ISEG 5 Mas: Enquadramento normativo do papel do sector público (cont.) Mesmo que os mercados fossem eficientes podem não ser justos. Os níveis de bem-esta resultantes do mercado dependem da distribuição inicial de direitos de propriedade. Temos assim, uma Segunda Racionalidade para a intervenção do Estado na economia alcançar uma sociedade mais justa discussão e análise de noções de equidade (cf. aula T7) EFP - ISEG 6 2

Fracasso de mercado Conceito: Situação em que existe um bem ou serviço, que afecta o bem-estar dos indivíduos (é argumento da função utilidade) ou que afecta os custos de uma empresa (é argumento da função de produção), para o qual há pelo menos um preço ao qual certos agentes estão dispostos a vender e outros a comprar. Fracasso total: Não há mercado para esse bem. Fracasso parcial: Há mercado, mas a quantidade transaccionada (de equilíbrio) é inferior à quantidade óptima. EFP - ISEG 7 Razões: Fracasso de mercado (cont.) Ausência de mercados concorrenciais (imperfeições na concorrência: monopólio, oligopólio); Existência de bens públicos; Existência de externalidades; Situações de informação assimétrica entre os agentes económicos. EFP - ISEG 8 Fracasso de mercado (conclusão) Significado e consequências: Quando há fracassos de mercado tal significa que há ineficiências. Eles são, portanto, o primeiro fundamento para a necessidade de intervenção do Estado na economia: melhorar a eficiência na afectação de recursos. EFP - ISEG 9 3

Tipo de bens Caracterização: Distinção entre: Bens públicos Bens privados Bens mistos Definem-se em função de duas características: Rivalidade no consumo Exclusão EFP - ISEG 10 Rivalidade no consumo: Tipo de bens (cont.) O consumo é rival se o consumo de um bem (ou serviço) por parte de um indivíduo impossibilita outro de o consumir. Exemplo: um pastel de nata Se dois indivíduos (1 e 2) desejam consumir um bem rival X, o consumo conjunto será a soma do que cada um consome: X1+X2=X Nos bens privados o consumo é rival. EFP - ISEG 11 Tipo de bens (cont.) Não rivalidade no consumo: O consumo é não rival se o consumo por parte de um indivíduo em nada subtrai a quantidade disponível para os restantes indivíduos consumirem. Exemplo: um farol costeiro Se dois indivíduos consomem o bem, o consumo total é igual ao consumo de cada um: Y1=Y2=Y Nos bens públicos puros o consumo é não rival. EFP - ISEG 12 4

Tipo de bens (cont.) Exclusão: Um bem é passível de exclusão se é possível excluir um indivíduo do consumo do bem Nos bens privados há possibilidade de exclusão O mecanismo de exclusão é o mercado, através do sistema de preços. EFP - ISEG 13 Tipo de bens (cont.) Condições para se praticar a exclusão: Possibilidade legal (direitos de propriedade) Exemplo de impossibilidade legal: as praias portuguesas. Viabilidade tecnológica Exemplo de impossibilidade tecnológica: a iluminação pública. Razoabilidade económica Exemplo de não razoabilidade económica: uma ponte não congestionada. EFP - ISEG 14 Tipo de bens (cont.) Bem público puro (definição): Um bem público puro é aquele em que, para a totalidade dos indivíduos: não existe rivalidade no consumo a exclusão ou não é possível ou, caso seja possível, não é desejável Não havendo rivalidade no consumo, o custo adicional de se ter mais um indivíduo a consumir o bem público é nulo o racionamento de um bem não congestionado é ineficiente (Ver Fig.3.3 de EFP) EFP - ISEG 15 5

Tipo de bens (cont.) Bens públicos e fracassos de mercado Os mercados competitivos (provisão voluntária do bem): ou não conseguem fornecer nenhuma quantidade dos bens públicos; ou conseguem fornecer quantidades insuficientes desses bens. Razão principal: não rivalidade e comportamento free-rider dos agentes podem beneficiar sem contribuir/pagar. EFP - ISEG 16 Tipo de bens (conclusão) Exemplos: Defesa Nacional Bem Público Iluminação pública Bem Público Ponte não-congestionada Bem Público Porque é que a exclusão não é desejável? Porque não há benefícios da exclusão e há custos EFP - ISEG 17 Conceitos a reter: O fornecimento de bens públicos Disposição marginal a pagar pelo bem público: é quanto um indivíduo está disposto a pagar por uma unidade adicional do bem. Provisão óptima (ou eficiente): é a quantidade para a qual a soma das disposições marginais a pagar pelo bem público iguala o custo marginal da produção (condição de Samuelson). Importante: necessário saber fazer e compreender a Figura 3.4 do livro EFP. EFP - ISEG 18 6

O fornecimento de bens públicos (cont.) Problema: Revelação de preferências e borlismo (free riders) Consequência: Não há mercado (nem preços reais, nem procura, mas pode falar-se em preços fiscais ) Preços fiscais individuais (tax prices): preço definido em termos do imposto adicional a pagar por cada unidade suplementar do bem público (cf. Fig. 3.4 de EFP). Preços de Lindhal: éum caso particular de preços fiscais, em que cada individuo contribui com um montante exactamente igual à disposição marginal a pagar pelo bem público ao nível óptimo de provisão (Fig. 3.5 de EFP). EFP - ISEG 19 Análise gráfica: Figura 3-4 Fornecimento de um bem privado (X) e de um bem público (Y) Bem privado (X): Procura total resulta da soma horizontal das procuras individuais. Bem público (Y): Procura total resulta da soma vertical das (pseudo) procuras individuais. Em ambos, o equilíbrio é: D= S (Preço=Cmg) EFP - ISEG 20 Análise gráfica: Figura 3-4 Bem privado vs Bem público Px S DMPy Da+Db Da Db Da+Db 50 Da Db CMP=CMe Qa Qb Qa+Qb 20 25 40 Qx Qy EFP - ISEG 21 7

Análise gráfica: Figura 3-5 DMP D i Preços de Lindhal Dc * P Db CMP=CMe * P c * P b * P a Da Q privado Q* EFP - ISEG 22 Q 8