UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Documentos relacionados
Roteiro para a elaboração de uma aula significativa

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Universidade Federal de Roraima Departamento de Física Mestrado Profissional em Ensino de Física. Fundamentos Teóricos em Ensino e Aprendizagem

Mapas conceituais em aplicações educacionais. Evandro Cantú Instituto Federal do Paraná Câmpus Foz do Iguaçu

PEDAGOGIA. Aspecto Psicológico Brasileiro. Ausubel e a Aprendizagem Significativa. Professora: Nathália Bastos

+ A Teoria da Aprendizagem

VÉÅÑÉÜàtÅxÇàtÄ áåé? VÉÇáàÜâà ä áåé x [âåtç áåé

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

Aprendizagem significatica A teoria de David Ausubel. Marco Antonio Moreira Elcie F. Salzano Masini

Educação no campo seguindo os preceitos da Aprendizagem Significativa estabelecidos por David Ausubel

A Teoria da Aprendizagem Significativa (TAS) de David Ausubel

Aprendizagem Significativa no Ensino da Matemática: A Razão Áurea e a Progressão Geométrica na Música

TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE DAVID AUSUBEL

AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM DE JEROME BRUNER E DAVID AUSUBEL

Ferramentas Metacognitivas. 1 - Mapas Conceituais. David Ausubel. Aprendizagem significativa. Outra Tipologia. Exemplo

David Ausubel ( )

A TEORIA DO CAMPO COGNITIVO DE KURT LEWIN AS TEORIAS DA APRENDIZAGEM DE JEROME BRUNER E DAVID AUSUBEL

Aprendizagem significativa

PROPOSTA DE UM MAPA CONCEITUAL PARA O ENSINO DE ELETRÔNICA ANALÓGICA

MAPAS CONCEITUAIS E SUA UTILIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO

A TEORIA DE DAVID AUSUBEL E O ENSINO DE MATEMÁTICA: UMA POSSÍVEL EXPERIÊNCIA SIGNIFICATIVA. Processos Cognitivos e Linguísticos em Educação Matemática

Representação do processo de Assimilação e Retenção do conhecimento de Ausubel.

O OLHAR DISCENTE DO MOMENTO DE INÉRCIA PAUTADO EM CONHECIMENTOS PRÉVIOS

Construção de e-books com uso de Mapas Conceituais

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E MAPAS CONCEITUAIS

Construindo significativamente o ensino da ciência

Aprendizagem significativa em D. Ausubel: Contributos para uma adequada visão da sua teoria e incidências no ensino

MOREIRA, Marco Antônio. Aprendizaje Significativo: fundamentación teórica y estratégias facilitadoras. Porto Alegre: Editora UFRGS, p.

Teoria da aprendizagem significativa na prática docente

SIGNIFICADO E SENTIDO NA APRENDIZAGEM ESCOLAR: REFLEXÕES EM TORNO DO CONCEITO DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA César Coll Salvador-

Oficina de texto MAPAS CONCEITUAIS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA UEPB PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PRPGP. Proposta Para o Ensino de Ciências

A TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE DAVID PAUL AUSUBEL: UMA ALTERNATIVA DIDÁTICA PARA A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA : UMA METODOLOGIA DE ENSINO PARA A GEOMETRIA DESCRITIVA

Osman da Costa Lins- FACOL

A MUDANÇA CONCEPTUAL NA APRENDIZAGEM DA FÍSICA

A importância da aprendizagem significativa nos anos iniciais

Aprendizagem significativa e transposição didática: avaliação do conhecimento por meio de mapas conceituais.

X Encontro Nacional de Educação Matemática Educação Matemática, Cultura e Diversidade Salvador BA, 7 a 9 de Julho de 2010

MAPAS CONCEITUAIS E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA 1. Marco Antonio Moreira Instituto de Física - UFRGS Porto Alegre - RS Brasil

Teoria Aprendizagem Significativa para o Ensino

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL SUL-RIO-GRANDENSE CAMPUS PELOTAS VISCONDE DA GRAÇA

PLANO DIDÁTICO TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE BIOLOGIA

Teorias de Aprendizagem

UTILIZAÇAO DA DINÂMICA POLÍMEROS SINTÉTICOS EM IMAGENS COMO ESTRATÉGIA PARA FACILITAR APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE POLÍMEROS SINTÉTICOS

A TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E A (RE)SIGNIFICAÇÃO DE CONCEITOS QUÍMICOS

aprendizagem significativa

I Semana da Física do CAA

BIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: NOVAS PERSPECTIVAS DE ENSINO

Aula ESTRATÉGIAS INSTRUCIONAIS MAPAS CONCEITUAIS. META Apresentar mapas conceituais como estratégias instrucionais

Como facilitar a leitura de Mapas Conceituais?

David Ausubel. Aprendizagem significa0va. Organizadores prévios. teoria cogni0va da aprendizagem humana em sala de aula.

Principais Teorias da Aprendizagem

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ELABORAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS COMO ALTERNATIVA DE APRENDIZAGEM DO ALUNO

Eixo temático: educação e ensino de ciências exatas e tecnológicas.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Educação EUZANE MARIA CORDEIRO

Mapas Conceituais Uma ferramenta para Organização de Ideias e Resolução de Problemas

O ENSINO DE DENSIDADE À LUZ DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

PRÁTICAS EDUCATIVAS DE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA 1

Universidade Federal de Roraima Subprojeto PIBID - Matemática

Desenvolvimento de Ideias usando Mapas Conceituais

Análise da avaliação diagnóstica da estratégia de situações problemas em expressões algébricas

O MAPA CONCEITUAL COMO FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA ATRAVÉS DE MAPAS CONCEITUAIS 1 Ricardo Emanuel Mendes Gonçalves da Rocha. Graduando em Licenciatura em Matemática

JÉSSICA CRISTINA DE OLIVEIRA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: UMA POSSIBILIDADE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

UMA INVESTIGAÇÃO NO ENSINO DE FÍSICA: USO DA MODELAGEM E SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL

CONSTRUÇÃO DE UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA APLICAÇÃO DE CONHECIMENTOS ACERCA DE GEOMETRIA ESFÉRICA E HIPERBÓLICA: PRODUTO EDUCACIONAL

Palavras-chave: Mapa Conceitual, Currículo, Gastronomia

Psicologia e Currículo A Análise do Conteúdo

Glauson Francisco Chaves e Célia Maria Soares Gomes de Sousa. volume 5, anexos disponíveis clique aqui para baixar

O ENSINO DE GEOGRAFIA POR MEIO DA PRODUÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS NAS ESCOLAS DO CAMPO

Radiações e telescópios: problematização e aprendizagem de conceitos científicos

VMSIMULADOS QUESTÕES DE PROVAS DE CONCURSOS PÚBLICOS CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS CE EA FP PE PP 1

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: UM ESTUDO A PARTIR DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA EM CRIANÇAS

DESIGN AND EDUCATIONAL VIDEO CONTENTS GUIDE

PLANEJAMENTO DE ENSINO

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: PROJETO AS PEGADAS DO DINOSSAURO

em-significativa/ Aprendizagem Significativa

Uso de mapa conceitual para aprendizagem de conceitos de química na educação profissional

Para o especialista em Psicologia Educacional, o conhecimento prévio do aluno é a chave para a aprendizagem significativa

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: REVISÃO TEÓRICA E APRESENTAÇÃO DE UM INSTRUMENTO PARA APLICAÇÃO EM SALA DE AULA

TRIGONOMETRIA NA PRÁTICA. Palavras-chave: Trigonometria. Funções trigonométricas. Aprendizagem. Atividades.

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Programa de Pós-Graduação em Educação

META Apresentar o conceito de aprendizagem signifi cativa e fazer refl exões sobre a importância de sua aplicabilidade na sala de aula.

Provocando uma visão discente acerca da Física através da elaboração de vídeos dos experimentos.

Diretrizes para produção de Material Impresso

O ENSINO E APRENDIZAGEM DOS CONCEITOS TRIGONOMÉTRICOS: CONTRIBUIÇÕES DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

A aula como forma de organização do ensino.

MAPAS CONCEITUAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES DOS ENCONTROS NACIONAIS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS ENPEC S ( ).

UTILIZAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS COMO APOIO ÀS AULAS EXPOSITIVAS NA DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO A CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO

Palavras-chave: Aprendizagem Significativa; Cmap tools; Conceitos; Mapas Conceituais;; Matemáticos.

A Didática como epistemologia da aprendizagem.

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE MAPAS CONCEITUAIS NO ENSINO DE GEOMETRIA ILUMINADO PELA TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

CURSO PÓS-GRADUAÇÃO EDUCAÇÃO INFANTIL

META Apresentar a Teoria da Aprendizagem Verbal Signifi cativa ou de Ausubel e as suas contribuições ao processo de ensino e aprendizagem.

DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR

O PLANEJAMENTO DA PRÁTICA DOCENTE: PLANO DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO DA AULA

Habilidades Cognitivas. Prof (a) Responsável: Maria Francisca Vilas Boas Leffer

PLANEJAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

Transcrição:

11 UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DIRETORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA NECI IOLANDA SCHWANZ KIEFER ENSINO DA FÍSICA E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE UMA AULA DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2013

APÊNDICE 1 - ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE UMA AULA 12

13 ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DE UMA AULA Neci Iolanda Schwanz Kiefer APRESENTAÇÃO Para a elaboração de uma aula, o docente deve seguir as seguintes etapas: (i) definição do conteúdo da aula; (ii) determinação dos aspectos mais relevantes do conteúdo e dos organizadores prévios; (iii) sequenciação do conteúdo curricular; (iv) avaliação da aprendizagem; (v) estratégia e recursos instrucionais, e (vi) montagem do plano de aula. Na sequência são apresentadas as atividades a serem desenvolvidas em cada uma das etapas. Após, os principais conceitos da teoria ausubeliana são apresentados no glossário. 1ª ETAPA: DEFINIÇÃO DO CONTEÚDO DA AULA - Selecionar na ementa e/ou programa do curso ministrado o conteúdo da aula; - Identificar no currículo ou em pré-testes a existência dos pré-requisitos necessários; - Definir os resultados de aprendizagem que se pretende alcançar vinculados aos conceitos mais inclusivos; - Selecionar os conceitos mais específicos relacionados com os conceitos mais inclusivos. 2ª ETAPA: DETERMINAÇÃO DOS ASPECTOS MAIS RELEVANTES DO CONTEÚDO E DOS ORGANIZADORES PRÉVIOS - Determinar dos aspectos mais relevantes do conteúdo a ser trabalhado - Identificar os organizadores prévios. 3ª ETAPA: SEQUENCIAÇÃO DO CONTEÚDO CURRICULAR - Sequenciar os organizadores prévios para a parte introdutória da aula; - Sequenciar os aspectos relevantes do conteúdo de forma decrescente em sua amplitude; - Explicitar eventuais relações entre os diversos conceitos que serão trabalhados. 4ª ETAPA: AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM - Verificar a retenção/aprendizagem dos alunos considerando os diversos conteúdos trabalhados. 5ª ETAPA: ESTRATÉGIA E RECURSOS INSTRUCIONAIS - Definir as estratégias e recursos instrucionais utilizados para que ocorra uma aprendizagem significativa. 6ª ETAPA: MONTAGEM DO PLANO DE AULA - Elaborar o plano de aula. GLOSSÁRIO Aprendizagem: consiste no aumento da estrutura cognitiva do indivíduo através da internalização de novas ideias e novos conceitos. A estrutura cognitiva já é detentora de ideias. O tipo de relacionamento que ocorre entre as ideias pré-existentes e as ideias

novas que são internalizadas determina o tipo de aprendizado que irá ocorrer. Esse aprendizado oscila entre dois extremos, o mecânico e o significativo. Aprendizagem combinatória: forma de aprendizagem significativa na qual, dentro da estrutura cognitiva do indivíduo, hierarquicamente, a nova ideia não se encontra nem abaixo, como na aprendizagem por subordinação, nem acima, como na aprendizagem por superordenação. As proposições e/ou os conceitos são adquiridos no relacionamento ocorrido com um fundo conceitual mais amplo, pré-existente na estrutura cognitiva do indivíduo. A nova ideia não é um exemplo ou uma generalização, como na aprendizagem por subordinação ou superordenação, do que foi utilizado como âncora na estrutura cognitiva do indivíduo. Na aprendizagem combinatória são utilizados conceitos já dominados para ensinar conceitos novos e que, de alguma forma, possuem relação com os antigos já ancorados. Para a aprendizagem combinatória é imprescindível que as similitudes e diferenças entre a ideia nova e a ideia que serviu como âncora sejam progressivamente explicitadas. Isso evita que o aprendiz não descaracterize os conceitos relativos de uma ideia com os da nova aprendida. Aprendizagem mecânica: é o tipo de aprendizagem que ocorre quando uma ideia não se relaciona de forma lógica e clara com nenhuma ideia pré-existente na estrutura cognitiva do indivíduo, sendo assimilada de forma isolada. O ato implica numa armazenagem arbitrária da ideia. Esse tipo de aprendizagem produz falta de flexibilidade no uso do conceito assimilado, restringindo o conteúdo aprendido ao contexto da aprendizagem e a linguagem da aprendizagem (o aprendizado não é substantivo). A armazenagem ocorre por um período temporal curto. Na prática, verifica-se que o indivíduo que recebeu a nova ideia não aprendeu o seu significado, limitando-se a aprendizagem, em contexto isolado, à repetição da sequência de palavras que lhe foram passadas para a definição. O efeito prático é a incapacidade do aprendiz em utilizar o conteúdo aprendido em contexto distinto do existente no momento da aprendizagem. Existem conteúdos que só são aprendidos por esse tipo de aprendizagem, os quais, muitas vezes, servem de base para a aprendizagem de outros conteúdos. Aprendizagem por subordinação: a aprendizagem por subordinação ocorre com a entrada de uma ideia nova com o formato de um exemplo ou de uma especificação de algo que já se sabe. A relação pode acontecer de duas formas: subsunção diretiva e subsunção correlativa. Na forma derivativa, a nova ideia é mais um exemplo daquilo que já se sabe, não produzindo alterações para a ideia mais geral à qual está se relacionando na estrutura cognitiva. Na forma correlativa, a nova ideia aprendida é um exemplo que amplia o sentido/significado de algo já sabido, ampliando a ideia préexistente em extensão, sendo que o conhecimento permanece o mesmo. O acréscimo ocorre na amplitude, com o individuo passando a saber mais sobre aquilo que já se sabia. Nas duas formas, o novo conteúdo é hierarquicamente inferior àquilo que lhe serviu de âncora. Aprendizagem por superordenação: é o tipo de aprendizagem que ocorre quando a ideia ensinada é mais geral do que uma ou várias ideias pré-existentes, estando na hierarquia da estrutura cognitiva posicionada acima das ideias ancoradas. A relação produz um acréscimo no conhecimento em amplitude com a generalização das ideias existentes na estrutura cognitiva. Aprendizagem significativa: é a aprendizagem que ocorre quando uma nova informação ou nova ideia ancora em conceitos relevantes preexistentes, de forma não arbitrária e substantiva, na estrutura cognitiva do indivíduo que aprende, produzindo modificações. A aprendizagem significativa proporciona o armazenamento de novas 14

ideias por um período longo de tempo e de maneira estável, além de possibilitar para aquele que aprende o uso do novo conceito de forma inédita. Esse caráter inédito ocorre de forma independente do contexto em que esse conteúdo foi inicialmente aprendido. Aprendizagem significativa por descoberta: é o tipo de aprendizagem significativa que ocorre quando quem aprende o faz sozinho e a ideia a ser aprendida possui relação com as ideias pré-existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Os conteúdos são recebidos de modo inacabado para serem definidos ou descobertos antes de assimilados. Aprendizagem significativa por recepção: é o tipo de aprendizagem significativa que ocorre quando a informação é passada de forma acabada. O indivíduo atua ativamente no material que lhe é repassado para relacionar com as ideias relevantes existentes em sua estrutura cognitiva. Avaliação: na teoria ausubeliana, a avaliação possui dois papéis na facilitação pedagógica: avaliar a existência de pré-requisitos dos necessários para a aprendizagem significativa de um novo conteúdo por parte dos alunos, o que é condição de aprendizagem; e avaliar se um novo conteúdo ensinado durante o curso foi internalizado de forma satisfatória. Adicionalmente, é uma ferramenta que o professor dispõe para corrigir eventuais distorções ocorridas durante uma aula ou um curso. A avaliação pode, também, servir de guia/motivação para os estudantes. Diferenciação progressiva: o princípio preconiza a necessidade de uma sequência de trabalho crescente em especificidade, do geral para o específico. O suposto é que as ideias mais amplas servem para a contextualização das ideias menos amplas nas quais elas se ancorarão. Estrutura cognitiva: é uma área particular de conhecimento constituído por ideias, por conceitos e pelas relações entre eles, ou seja, traz tudo aquilo que o indivíduo já conhece. Apresenta-se como uma estrutura hierárquica de conceitos que, com alta organicidade, possibilita as ideias se encadearem de acordo com a relação estabelecida entre elas, além de aportar e reordenar conceitos adquiridos e ideias internalizadas de forma progressiva pelo indivíduo. Facilitação pedagógica: trata-se da manipulação da estrutura cognitiva do indivíduo e da adoção de técnicas que facilitem a assimilação de novos significados por parte deste. São aspectos centrais da facilitação pedagógica fatores substantivos na facilitação pedagógica, princípios programáticos para a sequenciação do conteúdo de ensino, avaliação e organizadores prévios. Fatores afetivo-sociais: por fatores afetivo-sociais entende-se o esforço consciente do indivíduo na direção de relacionar a nova ideia com a(s) ideia(s) ancorada(s) em sua estrutura cognitiva e o impulso cognitivo. O impulso cognitivo é o mais importante dos fatores afetivo-sociais por ter relação com a disposição do aluno para que ocorra uma aprendizagem significativa. Fatores cognitivos: para Ausubel, existem três fatores relativos à estrutura cognitiva do indivíduo que têm de ser considerados no processo ensino-aprendizagem, a saber: a existência de ideia(s) âncora(s), a discriminação das ideias e a estabilidade do aprendizado. A existência de ideia(s) âncora(s) serve para a conexão, por uma das três formas possíveis - subordinação, superordenação ou combinatória -, com nova ideia a ser ensinada. A discriminação das ideias refere-se ao fato de que o aprendizado impõe a necessidade de o aprendiz discriminar as novas ideias das ideias que servem de âncora. As ideias usadas como âncora para a internalização de novas ideias não podem ser misturadas, confundidas ou reduzidas uma à outra. A estabilidade do aprendizado é determinada pela clareza e pela firmeza das ideias que servirão como âncoras da nova 15

ideia. Se a âncora não estiver suficientemente estabelecida pelo aluno, a âncora e a nova ideia ancorada podem se perder, ou pode não ocorrer uma adequada discriminação delas. Fatores externos: são elementos que o professor utiliza para produzir condições adequadas ao aprendizado significativo dos alunos. São alocadas nessa categoria as condições exteriores (aula, material instrucional etc.) do ambiente onde o estudante está inserido. Fatores internos: são fatores particulares de cada indivíduo. Na teoria ausubeliana, para que o aluno tenha condições de aprender significativamente, é necessário que ele possua disposição para aprender e ter ideias de esteio na estrutura cognitiva nas quais as novas ideias ensinadas podem se ligar de forma não arbitrária e substantiva. Os fatores internos são divididos em duas classes: fatores cognitivos e fatores afetivosociais. Fatores substantivos na facilitação pedagógica: os fatores substantivos têm relação com a seleção daquilo que é efetivamente relevante para ser trabalhado com os alunos. A seleção é determinada pelas ideias básicas que compõem o currículo de uma disciplina. Não arbitrariedade: é a relação lógica e explícita entre a ideia que está sendo incorporada e algumas outras pré-existentes na estrutura cognitiva do indivíduo. Obliteração: é uma tendência reducionista na estrutura cognitiva humana que faz com que ideias específicas sejam progressivamente assimiladas por ideias mais gerais com as quais se ligam. O feito prático é que essas ideias específicas gradativamente são esquecidas. Trata-se de um processo de redução da memória a um único conceito não possuidor de significados estáveis assimilados. Organizadores prévios: material introdutório que serve de ponte cognitiva entre aquilo que já é sabido e algo que está se aprendendo. O indivíduo pode não ter familiaridade ainda com esse material (organizador expositivo) ou se utilizar de ideias pré-existentes na estrutura cognitiva, de maneira que o novo conteúdo é trabalhado, tendo como ponto de partida as diferenças e semelhanças existentes em relação àquilo que já se sabe (organizador comparativo). Nas duas situações, o organizador possibilita estabelecer significativamente na estrutura cognitiva do indivíduo as ideias mais gerais do conteúdo ensinado, possibilitando o trabalho sequencial das mais específicas (considerando os princípios da diferenciação progressiva e da reconciliação integrativa). Reconciliação integrativa: a reconciliação integrativa acontece com a explicitação das relações entre ideias, com a distinção de semelhanças e diferenças relevantes entre elas, e de reconciliação de inconsistências reais ou aparentes. Dentro do trabalho pedagógico, a reconciliação integrativa acontece em dois contextos distintos: na preparação do material instrucional e no relacionamento das ideias contidas nesse material com a estrutura cognitiva do aluno. Sequenciação: hierarquização dos itens curriculares dos mais inclusivos para os mais específicos para serem ensinados, sempre buscando a formação de ideias de esteio para as ideias a serem ensinadas. A seleção ocorre em função daquilo que o aluno deve aprender e do contexto específico que se tem (tipo e formação dos alunos). Significado conotativo: significado de natureza pessoal. Nesse significado encontramse as relações afetivas e atitudinais, de caráter idiossincrático, capazes de produzir significados denotativos de conceitos ou proposições no indivíduo, determinados pela experiência particular deste. O incremento de emoções e sentimentos produzidos pela aquisição de uma ideia específica por parte do indivíduo determina a particularidade da aprendizagem. 16

17 Significado denotativo: refere-se aos significados atribuídos e às concepções e às proposições por parte de indivíduos diferentes, integrantes de uma cultura dada e com suficiente nível de semelhança, para propiciar a comunicação e o entendimento entre pessoas dessa cultura. São proposições com características reais do conceito/ideia e não dependem da interpretação particular do indivíduo. Substantividade: esta característica da aprendizagem ocorre quando o indivíduo tem a capacidade de explicar determinado conteúdo com linguagem própria, de forma análoga e sem distorção do significado que lhe foi transmitido. Subsunçor: é uma ideia que serve de âncora para uma nova ideia, que, além de se ligar à primeira de forma significativa, é feita por subordinação. REFERÊNCIAS UTILIZADAS NA CONSTRUÇÃO DO GLOSSÁRIO AUSUBEL, D. P. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. AUSUBEL, D. P. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 2003. AUSUBEL, D. P.; NOVAK; J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. CRUZ, C. C. Uma proposta de formação técnico-humanista aplicada ao ensino de engenharia elétrica. 2002. 231 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, UNICAMP, 2002. CRUZ, C. C. A teoria cognitivista de Ausubel. Campinas, 200-. Disponível em: <http://www.robertexxto.com/archivo3/a_teoria_ausubel.htm>. Acessado em 15 dez. 2012. FARIA, W. de. Aprendizagem e planejamento de ensino. São Paulo: Ática, 1989. MOREIRA, M. A.; MASINI, E. F. S. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

18 APÊNDICE 2 FOTOGRAFIAS DAS MAQUETES CONSTRUÍDAS POR ALUNOS 2º ANO DO CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM AGROINDÚSTRIA E MECÂNICA, NA DISCIPLINA DE FÍSICA, DO CÂMPUS PONTA GROSSA, DA UTFPR

19 Fotografia 1 Maquete 1 vista externa Fonte: autoria própria. Fotografia 2 Maquete 1 vista interna Fonte: autoria própria.

20 Fotografia 3 Maquete 2 vista externa Fonte: autoria própria. Fotografia 4 Maquete 2 vista interna Fonte: autoria própria.

21 Fotografia 5 Maquete 3 vista externa Fonte: autoria própria. Fotografia 6 Maquete 3 vista interna Fonte: autoria própria.

22