DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO: NOÇÕES GERAIS E PRINCIPIOLÓGICAS

Documentos relacionados
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO DIREITO DO TRABALHO 1. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO, PROTETOR, DA FAVORABILIDADE, DA TUTELA, TUITIVO OU CORRETOR DE DESIGUALDADES

DIREITO DO TRABALHO. Fontes e princípios do Direito do Trabalho. Prof. Hermes Cramacon

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO DIREITO DO TRABALHO

DIREITO DO TRABALHO PROF. JOSÉ GERVÁSIO ABRÃO MEIRELES

1 - CONHECIMENTO Conheço do agravo de instrumento, porquanto presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade.

CURSO INTEGRAL DE DIREITO DO TRABALHO PARA AFT Prof. Ricardo Resende Estudos Jurídicos Aplicados

Hierarquia das Normas Trabalhistas/ Relação de Trabalho e Emprego/ Empregado e Empregador

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

FONTE. Fontes materiais DIREITO DO TRABALHO 24/02/2016 FONTES E PRINCÍPIOS MATERIAL

DIREITO DO TRABALHO PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

O enquadramento sindical dos empregados e empregadores no Brasil

DIREITO DO TRABALHO. Prof. Antero Arantes Martins. On line Aula 2

DIREITO DO TRABALHO I: PRINCÍPIOS

TEORIA GERAL DO DIREITO DO TRABALHO

Pós-Graduação On-Line Tema:

FONTES DO DIREITO DIREITO DO TRABALHO FONTES FORMAIS DO DIREITO DO TRABALHO FONTES FORMAIS DO DIREITO DO TRABALHO 2

DIREITO DO TRABALHO. Fontes formais autônomas: elaboradas pelos próprios interessados em aplicá-las. (grupos sociais = sindicatos)

Presentes os pressupostos extrínsecos de admissibilidade, passo à análise dos pressupostos recursais intrínsecos.

DIREITO DO TRABALHO. Das relações laborais. Do grupo, Da sucessão e Da responsabilidade dos empregadores. Parte II. Prof.

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (6ª Turma) GMACC/rzm/m

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1. PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

DIREITO DO TRABALHO. Das relações laborais. Terceirização no Direito do Trabalho. Parte V. Prof. Cláudio Freitas

O TRT da 15ª Região, pelo acórdão de fls. 1313/1324, deu provimento parcial aos Recursos Ordinários do Reclamante e da Reclamada.

AULA 12 RECURSOS TRABALHISTAS DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROFª KILMA GALINDO DO NASCIMENTO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 7ª Turma DCABP/abp/cgel

Direito do Trabalho A Professora Simone Batista

Disciplina: Direito e Processo do Trabalho 3º Semestre Professor Donizete Aparecido Gaeta Resumo de Aula

Aplicação dos Preceitos da Lei n /2017 e da MP 808/2017

A nova redação da Súmula 277 do TST e a integração das cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas nos contratos de trabalho.

Inconformados, os reclamados interpõem recurso de revista, na forma do art. 896, a e c, da CLT.

ALMEIDA GUILHERME Advogados Associados

Os Limites da Negociação Coletiva. Cristiano Zaranza

Acórdão Inteiro Teor ORIGEM Tipo: RR Número: Ano: 1998 PROC. Nº TST-RR / A C Ó R D Ã O 5ª TURMA

1. Fontes Materiais do Direito do Trabalho:

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO

DIREITO DO TRABALHO. Direito do Trabalho. Princípios do Direito do Trabalho. Parte II. Prof. Cláudio Freitas

PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Davi Furtado Meirelles

CAPÍTULO 1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO INTRODUÇÃO

INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE INTERVALO INTRAJORNADA

BOLETIM SINDICAL 04 DE TEMA: Acordo coletivo de trabalho. ENVIADO EM 26 de maio de 2009

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (4.ª Turma) GMMAC/r4/pc/rsr/h

EQUIPE DE PROFESSORES DE TRABALHO DO DAMÁSIO CURSO DE 2ª FASE DA OAB EXAME PLANO DE ESTUDO - DIREITO DO TRABALHO

São Paulo, 03 de abril de Ao Sindicato das Indústrias do Calçado e Vestuário de Birigui. Prezados Senhores,

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (Ac. 3ª Turma) GMALB/atmr/AB/ri

DIREITO DO TRABALHO. Das relações laborais. Do grupo, Da sucessão e Da responsabilidade dos empregadores. Parte I. Prof.

PONTO 1: Fontes do Direito do Trabalho PONTO 2: Princípios 1. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO. b.1) HETERÔNOMAS dispostas pelo legislador.

A EXIGÊNCIA DE COMUM ACORDO NO DISSÍDIO COLETIVO.

EFEITOS DA REFORMA TRABALHISTA NO MUNDO SINDICAL. Brasília, Novembro de 2017

PROCESSO DO TRABALHO PROF. JOSÉ GERVÁSIO ABRÃO MEIRELES

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 3ª REGIÃO

PERÍODO DE DESLOCAMENTO EM VIAGENS TEMPO À DISPOSIÇÃO

O IMPACTO DAS MUDANÇAS NA REFORMA TRABALHISTA NO DIA A DIA DAS RELAÇÕES DE TRABALHO DOS CLUBES

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GDCMP/prg/gd

PROCESSO: RTOrd

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (Ac. 3ª Turma) GMALB/arcs/AB/lds

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS. Legislação da Comunicação e do Jornalismo. Prof. José Augusto Magni Dunck

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O 6ª Turma ACV/srm

Tribunal Superior do Trabalho

Informações de Impressão

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (6ª Turma) GMACC/amt/gsa/mrl/m

A reforma trabalhista e os servidores públicos. Cacau Pereira

PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O 4ª Turma GMFEO/BRF/CLJ/iap

DIREITO DO TRABALHO. Teoria Geral do Processo do Trabalho. Interpretação, Integração e Eficácia da norma processual no tempo e no espaço

TST não pode contrariar normas ao definir ultratividade de acordos

REFORMA TRABALHISTA RESISTIR, MUDAR E AVANÇAR. XVII CONFUP Salvador, 05 de agosto de 2017

Modernização das Leis Trabalhistas

Direito do Trabalho p/ TST Prof. Antonio Daud

TRABALHO DIREITO E PROCESSO DO TEORIA. 1ª e 2ª FASES RENATO SARAIVA RAFAEL TONASSI ARYANNA LINHARES. revista e atualizada. edição

DESPEDIDA EM MASSA NO BRASIL:

CONCLUSÃO: Recurso de revista conhecido e provido.

S u m á r i o. Capítulo 1 Direito do Trabalho Capítulo 2 Princípios de Direito do Trabalho Trabalho...1

Danielle de Mello Basso

TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Sindical A AUTONOMIA PRIVADA COLETIVA NA JUSTIÇA DO TRABALHO. Guilherme Brandão Advogado

Profa. Adriana Rodrigues

ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2016 Funcionamento do comércio e questões trabalhistas 2 7 / 0 9 /

DIREITO DO TRABALHO. Direito Coletivo do Trabalho. Prof. Hermes Cramacon

PROCESSO DO TRABALHO PROF. JOSÉ GERVÁSIO ABRÃO MEIRELES

PROCESSO Nº TST-E-RR A C Ó R D Ã O SESDI-1 GMRLP/mm/hpj

Trata -se de agravo de instrumento interposto em face do despacho mediante o qual foi denegado seguimento ao recurso de revista.

XIV JORNADA NACIONAL DE DEBATES

FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA PLANO DE ENSINO INFORMAÇÕES GERAIS 2. EMENTA 3. OBJETIVOS GERAIS 4. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Assunto: Cirurgião-Dentista/ Adicional de Insalubridade/ Adicional de Periculosidade. PARECER

TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS. Autor: Sidnei Di Bacco/Advogado da União

Direito do Trabalho. Fontes e Princípios do Direito do Trabalho. Professor Pedro Kuhn.

COMPETÊNCIA JUSTIÇA DO TRABALHO

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 46-7 DISTRITO FEDERAL

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO. Sistema Recursal Trabalhista Embargos no TST Prof ª. Eliane Conde

FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA PLANO DE ENSINO

PARECER CONSULENTE: Federação dos Municipários do Estado do Rio Grande do Sul - FEMERGS

02/02/2016 DIREITO DO TRABALHO. Natureza do Direito do Trabalho:

IUS RESUMOS. Princípios do Direito do Trabalho. Organizado por: Samille Lima Alves

DIREITO DO TRABALHO PROFESSOR LEANDRO ANTUNES

IMPORTANTE DECISÃO DO TST NEGOCIADO NÃO PREVALECE SOBRE O LEGISLADO

FUTURO TENDÊNCIAS INOVAÇÃO PARA QUEM BUSCA SUCESSO NA CARREIRA JURÍDICA, PRATICAR É LEI. Uma instituição do grupo

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMCB/ssm/wmf

PODER JUDICIÁRIO DA UNIÃO JUSTIÇA DO TRABALHO DA 4ª REGIÃO

PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (5ª Turma) GMMHM/jca/bav/msm/nt

TWITTS - HERMES CRAMACON (Princípios do Direito do Trabalho, reclamação trabalhista e procedimentos)

Transcrição:

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO: NOÇÕES GERAIS E PRINCIPIOLÓGICAS CAPÍTULO 1 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO: NOÇÕES GERAIS E PRINCIPIOLÓGICAS QUESTÕES 1. (PGE SP 2012) Para compensar a inferioridade do empregado em relação ao empregador, o Direito do Trabalho é orientado pelo princípio protetor (tutelar ou da proteção), que prevê que o empregado deve receber um tratamento jurídico superior ao conferido ao empregador. Ao abordar o princípio protetor, a doutrina trabalhista costuma dividi-lo em três vertentes (ou subprincípios): aplicação da norma mais favorável, observância da condição mais benéfica e in dubio pro operario. No que diz respeito à identificação da norma mais favorável, indique três teorias existentes sobre o assunto, especificando suas características. ESPAÇO PARA RESPOSTA (20 LINHAS) 1 2 3 4 5 6 7 13

AUTOR 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 14

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO: NOÇÕES GERAIS E PRINCIPIOLÓGICAS QUESTÕES COMENTADAS 1. (PGE SP 2012) Para compensar a inferioridade do empregado em relação ao empregador, o Direito do Trabalho é orientado pelo princípio protetor (tutelar ou da proteção), que prevê que o empregado deve receber um tratamento jurídico superior ao conferido ao empregador. Ao abordar o princípio protetor, a doutrina trabalhista costuma dividi-lo em três vertentes (ou subprincípios): aplicação da norma mais favorável, observância da condição mais benéfica e in dubio pro operario. No que diz respeito à identificação da norma mais favorável, indique três teorias existentes sobre o assunto, especificando suas características. (Sugestão: 20 linhas) RESPOSTA A identificação da norma mais favorável ao trabalhador pode se dar por meio de três teorias: a atomista, a do conglobamento e a mista. A teoria atomista preconiza que uma situação única pode ser regulada por várias normas, pois os dispositivos serão aplicados de forma isolada conforme sejam mais favoráveis ou não ao trabalhador. Dessa forma, apenas um artigo de uma lei seria aplicável, rechaçando-se todo o seu restante que não seja mais favorável ao trabalhador. A identificação ocorre de forma isolada, atomizada. A teoria do conglobamento representa o oposto da atomista, pois, de acordo com aquela, uma lei será integralmente aplicada ou simplesmente não o será. Em outras palavras, a identificação da norma mais favorável dar-se-á pelo cotejo de diferentes leis em seu conjunto, aplicando-se a norma que de forma global atenda melhor aos interesses do trabalhador. Esta é a teoria dominante no Brasil. Já a teoria mista representa uma tentativa de conciliação entre as duas teorias acima. Pela teoria mista, deve-se separar nas leis os institutos trabalhistas (jornada de trabalho, férias e outros), para se identificar a norma mais favorável em relação a cada um desses institutos. DOUTRINA TEMÁTICA. O princípio protetor, na concepção de Américo Plá Rodriguez, projeta-se em três principais troncos, um dos quais é o princípio da norma mais favorável ao trabalhador como critério de hierarquia no caso de colisão de duas ou mais normas que dispuserem a respeito da mesma matéria. 21

AUTOR Encontra suporte na Constituição da organização Internacional do Trabalho, em seu art. 19, nº 8, quando dispõe: em nenhum caso se poderá considerar que a adoção de uma convenção ou uma recomendação pela conferência, ou ratificação de uma convenção por qualquer membro, prejudicará qualquer lei, sentença, costume ou acordo que garanta aos trabalhadores condições mais favoráveis que as que figurem no convênio ou recomendação. (...) Uma observação deve ser feita para que se possa compreender a discussão no debate contemporâneo. A rigidez legal, a proteção social e as perspectivas do direito do trabalho são dimensões a ser compreendidas sem a exclusão do papel da negociação coletiva. O que se verifica é que o modelo tradicional de convenção coletiva está se transformando profundamente. A contratação coletiva já não é necessariamente um instrumento para formalização de acordos vinculantes entre as partes em mão única de melhoria da condição social do trabalhador. Deixou de ser um mecanismo unicamente de introdução de benefícios para os trabalhadores. Passou a ser um pacto cujo conteúdo também é gerencial e administrativo. Para esse fim, é um acordo concessivo ou recessivo, na conformidade de cada caso concreto, das situações pelas quais uma empresa pode passar por dificuldades e crises. Logo, é um meio jurídico de preservação de empregos. (...) Que se deve entender por norma mais favorável ao trabalhador? Há duas teorias, a da acumulação e a do conglobamento. De acordo com a primeira, o trabalhador gozará do estatuto mais benéfico, ainda que seja preciso fragmentar as suas disposições, retirando-se preceitos de normas diferentes, condições singulares contidas nos diferentes textos. Conforme a segunda, não haverá fracionamento de disposições nem cisão de conteúdos. Apenas será mais favorável o estatuto que globalmente for entendido como tal. A teoria do conglobamento mereceu substancioso estudo da professora Dânia Fiorin Longhi (Teoria do conglobamento Conflito de normas no contrato de trabalho, 2009), no qual assim se manifesta: A teoria do conglobamento pode ser conceituada como um método de interpretação utilizado na existência de conflito entre normas a serem aplicadas ao contrato individual de trabalho, no qual o princípio da norma mais favorável, que é o que solucionará a questão, é aplicado no conjunto, não permitindo o fracionamento, podendo o método abranger o instrumento como um todo ou por instituto, de acordo com a natureza jurídica do instrumento em que se situa a norma conflitiva. Pelo que foi abordado até o momento, vê-se que a teoria do conglobamento pode ser utilizada no instrumento como um todo para a averiguação da condição mais benéfica, que seria o conglobamento puro, e, por outro lado, a análise pode ser feita também por instituto, como defendem vários autores que o denominam conglobamento mitigado ou por instituto. E outras palavras, a teoria do conglobamento constitui gênero que comportaria duas espécies: o conglobamento puro e o conglobamento por instituto. (MASCARO, Amauri Nascimento. Direito Contemporâneo do Trabalho. Saraiva: São Paulo, 2011, p. 320-323). 22

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO: NOÇÕES GERAIS E PRINCIPIOLÓGICAS JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA. `` TST RECURSO DE REVISTA. BANCO SANTANDER BANESPA. CONFLITO APARENTE EN- TRE CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO E ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. NORMA MAIS BENÉFICA APENAS PARA OS EMPREGADOS DA ATIVA. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 620 DA CLT. INEXISTÊNCIA. É incontroverso nos autos o conflito aparente entre convenção coletiva de trabalho, que previa um reajuste salarial aplicável também aos aposentados e acordo coletivo de trabalho, homologado pelo TST em sede de dissídio coletivo, que expressamente suprimiu aquele reajuste em troca da garantia de emprego e salários. Nesse contexto, cinge-se a controvérsia a se saber se uma mesma norma coletiva, benéfica para uma parte da categoria (empregados da ativa), pode ser desconsiderada, nos termos do artigo 620 da CLT, se for menos benéfica para outra parte da mesma categoria. Da chamada "teoria do conglobamento" decorre não apenas a necessidade imperiosa de comparar-se os instrumentos normativos uns com os outros em sua integralidade (e não apenas suas cláusulas respectivas), mas também a impossibilidade de fracionar-se esse juízo por tantos quantos forem os integrantes dessa categoria, de forma a encontrar qual a norma mais benéfica para cada um deles. Nesse sentido, a jurisprudência majoritária da e. SBDI-1. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. (RR 144200-04.2004.5.15.0007, Relator Ministro: Horácio Raymundo de Senna Pires, Data de Julgamento: 20/04/2010, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/05/2010). AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVALÊNCIA DO ACORDO COLETIVO DE TRABALHO SOBRE A CONVENÇÃO COLETIVA DO TRABALHO POR SER MAIS BENÉFICO AO AUTOR. TEORIA DO CONGLOBAMENTO. Entendeu a Corte de origem ser o acordo coletivo de trabalho mais benéfico ao autor por estabelecer um piso salarial aos empregados da empresa superior ao previsto na convenção coletiva da categoria profissional, com reajuste salarial igualmente superior. Destaca-se que na interpretação dos ajustes coletivos prevalece o princípio do conglobamento, segundo o qual as normas coletivas devem ser observadas em sua totalidade, e não isoladamente, pois, na negociação coletiva, os empregados obtêm benefícios mediante concessões recíprocas, sendo vedado aplicar, entre as disposições acordadas, apenas o que for mais benéfico aos trabalhadores. Assim, resta indubitável ser o acordo coletivo de trabalho mais benéfico ao empregado, não havendo falar em violação dos artigos 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal e 71 da CLT. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (AIRR 78340-43.2001.5.12.0040, Relator Juiz Convocado: Roberto Pessoa, Data de Julgamento: 24/03/2010, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/05/2010) QUESTÃO OBJETIVA 01. (TRT 18 REGIÃO 2006) O art. 3º da Lei nº 7.064, de 6 de dezembro de 1982, que dispõe sobre a situação de trabalhadores contratados ou transferidos para prestar serviços no exterior, preceitua o seguinte: A empresa responsável pelo contrato de trabalho do empregado transferido assegurar-lhe-á, independentemente da observância da legislação do local da execução dos serviços: I. os direitos previstos nesta Lei; II. A aplicação da legislação brasileira de proteção ao trabalho, naquilo que não for incompatível com o disposto nesta Lei, quando mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas em relação a cada matéria. 23

AUTOR Qual teoria a respeito do princípio da norma mais favorável foi adotada pelo legislador na redação do inciso II do transcrito dispositivo legal? a) Teoria da acumulação. b) Teoria da atomização. c) Teoria da absorção da estrutura normativa. d) Teoria do conglobamento mitigado ou orgânico. e) Teoria da alteridade. ÊÊ Resposta: letra d. Observar os conceitos dados na resposta da questão subjetiva. 2. (TRT 21 R 2010) Fato determinante que reclama o princípio da proteção é a natureza conflituosa da relação capital x trabalho, enquanto persistente a desigualdade entre os protagonistas desse vínculo. A propósito da flexibilização do Direito do Trabalho, quais os limites jurídicos aplicáveis a esse fenômeno de modo a não abalar as estruturas do princípio protetor? RESPOSTA O Direito do Trabalho surge como uma intervenção estatal no âmbito de uma relação contatual específica (relação de emprego), a fim de equalizar o desnível do poder econômico verificado entre os figurantes desta relação. Dessa forma, este ramo específico do Direito fundamenta-se originalmente em uma principiologia protetiva do empregado. A proteção ao trabalhador e a extensão de seus direitos adequaram-se à proposta do modelo de produção fordista do fim do século XIX. Na filosofia deste modelo, a ideia de transformar o trabalhador em um consumidor dos produtos por ele fabricados contribuiu para uma fase de regulamentação e ampliação dos direitos trabalhistas. Contudo, a partir da década de 60 do século passado, a queda no consumo mundial atrelada a crises econômicas mundiais e à forte crítica ao Estado Social abriram espaço para um processo de desregulamentação e flexibilização das leis trabalhistas. A lógica do sistema inverteu-se. A prova dessa inversão é a ascensão do modelo de produção toyotista, com bases na redução da fábrica, terceirização de atividades e redução de custos. Sob esse cenário adverso, abre-se a discussão sobre os limites impostos à flexibilização do trabalho, à luz do princípio protetor. Tais limites, por sua vez, podem ser encontrados quer na esfera do Direito Internacional, que na esfera do Direito Nacional. No âmbito jurídico-internacional, grande é o esforço da comunidade internacional, por meio da OIT, no sentido de assegurar um padrão de dignidade mínimo a ser respeitado nas relações de trabalho. Parte-se dos pressupostos de que o trabalho humano não é mercadoria e de que a justiça social é objetivo de todos e condição para a paz mundial. Nessa perspectiva, firmaram-se princípios fundamentais a serem observados pelos Estados: fomento à negociação coletiva e à liberdade sindical; vedação do trabalho infantil e vedação a qualquer forma de tratamento discriminatório. 24