BIOÉTICA Prof. Fausto de Souza Aula 1: Introdução à Bioética Conceitos
A confusão que acontece entre os conceitos das palavras Moral e Ética existem há muitos séculos. A própria etimologia destes termos gera confusão, sendo que Ética vem do grego ethos que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de mores ou morale, significando costumes.
Definições O que é moral? Por definição, moral é o conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada
Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Alguns autores explicam Moral como a ciência dos costumes, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem caráter obrigatório. A Moral resulta de juízos de valores impostos (pela família, pela sociedade, pela religião, pelos códigos, escritos ou não) e que exclui a autonomia (crítica) do indivíduo, trazendo embutida a idéia de prêmio (pelo ato "bom") ou de castigo (pelo ato "mau"). A Moral é resultado da obediência (o oposto da autonomia), sendo representada, na pessoa, essencialmente pelo Superego. Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um sistema de normas, princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal.
O que é ética? Por definição, ética é o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.
A palavra Ética é definida como um conjunto de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social, ou seja, Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. Outro conceito de Ética situa esse ramo da filosofia a partir de uma visão tão autonômica quanto possível de cada ser humano, visando a uma situação teórica de descentramento. Isto significa a tentativa de cada ser humano posicionar-se individualmente com relação às mais variadas situações passíveis de estudo ético, como poderiam ser a pena de morte, a dependência de drogas, o aborto, a engenharia genética etc.
A palavra ética procede do vocabulário grego com duas origens possíveis; a primeira, êthos (ήθος), que significa caráter. A segunda origem, ethos (θος), com o sentido de hábito e costume, conjunto de valores e de hábitos consagrados pela tradição cultural de um povo. No latim não existe uma palavra que veio a traduzir o êthos e outra que veio a traduzir o ethos; ambas são representadas pela expressão mos, que significa exatamente os costumes e valores de uma determinada cultura. A palavra moralis foi introduzida por Marco Túlio Cícero (106-43 a.c.) para traduzir o termo ethikos. Assim, originariamente, êthos e mos, caráter e costume, assentam-se num modo de comportamento que não corresponde a uma disposição natural, mas que é adquirido ou conquistado por hábito.
O que é a falta destes valores? Amoral 1. Que é privado de qualificação moral; que se situa fora da categoria, por não se referir a fato suscetível de julgamento normativo do ponto de vista do bem e do mal. 2. Diz-se da conduta humana que, suscetível de qualificação moral, não se pauta, pelas regras morais vigentes em um dado tempo e lugar, seja por ignorância do indivíduo ou do grupo considerado, seja pela indiferença, expressa e fundamentada, aos valores morais.
O QUE É BIOÉTICA? Bioética é a parte da Ética, ramo da filosofia, que enfoca as questões referentes à vida humana (e, portanto, à saúde). A Bioética, tendo a vida como objeto de estudo, trata também da morte (inerente à vida). Matérias como a engenharia genética, a reprodução assistida, o aborto, o planejamento familiar, a disponibilidade (ou não) de órgãos para transplantes, o suicídio assistido (inadequadamente denominado eutanásia), interessam à pessoa, portanto ao cidadão, sendo que sua regulamentação, procedida democraticamente,é um coroamento dos "direitos da cidadania". Não serão mais colegiados de médicos ou de juízes (ou de qualquer outro grupamento corporativo) que haverão de decidir sobre matérias que dizem respeito aos aspectos mais íntimos da vida de cada ser humano. São eles, somos nós, todos seres humanos, atuando como sujeitos (e não como objetos) de nosso destino, que vamos nos manifestar sobre o que considerarmos adequado ou inadequado, construtivo ou destrutivo, para o nosso convívio em sociedade.
Histórico da Bioética Referência: BIOÉTICA (PESSINI, L.; BARCHIFONTAINE, C.P. Problemas atuais de Bioética, pag. 25 a 51) 1962 Em Seattle, WA, EUA, os médicos decidiam quem podia ou não fazer hemodiálise (Ética dos médicos) 1971 primeira utilização do termo bioética por Van Rensselaer Potter, oncologista. 1992 No aniversário de 30 anos do artigo, criou-se a disciplina Bioética e as primeiras comissões para tratar assuntos como a experimentação em seres humanos, transplantes, suicídio assistido (eutanásia), conceito de início da vida e conceito de morte. Os mesmos pesquisadores de 1962 continuavam atuando na área, e havia necessidade de conduzir as pesquisas científicas para evitar o que acontecia no período nazista, o desenvolvimento científico não pode ocorrer a qualquer custo, deveriam proteger os direitos e bem estar das pessoas.
Obra de Referência: Enciclopédia de Bioética (EUA) publicada em 3 edições, em 1978, 1995 e 2004. 1 Edição: aborda os valores dos profissionais de saúde, as pesquisas biomédicas e comportamentais influindo ou não na terapêutica, pesquisas com plantas e animais, controle de natalidade, saúde ocupacional; 2 Edição: novas questões como saúde mental, relação profissional da saúde-paciente, fertilidade e reprodução humana, saúde mental, sexualidade e gêneros, transplantes, genética, conceitos de morte, códigos e juramentos e diretrizes éticas de órgãos nacionais e internacionais. 3 Edição: microbioética (clonagem), bioterrorismo, imigração, seguros de saúde, bioética e as religiões (testemunhas de Jeová por exemplo), etc.
O que é Deontologia? Deontos, derivado grego - significa dever - juntamente com logus estudo - forma o termo Deontologia. É, portanto, a Deontologia um estudo dos deveres do profissional. Dentro da conceituação acima exposta, de Ética e de Moral, poderíamos chamar a Deontologia de moral da profissão, isto é, o elenco das obrigações que o profissional tem, porque assumiu, com o seu "mundo profissional": o paciente, a família do paciente, a sociedade em geral, o colega, o Estado. A Deontologia, cabendo a conceituação para o exercício profissional dentro de qualquer uma das prestações de serviços de saúde, será uma questão de "dever ser", e não de "ser", de acordo com o que definimos, e defendemos, para a postura ética individual, internamente assumida e progressivamente amadurecida.
A palavra deontologia provém da raiz grega deon, deontos e remete à necessidade, à conveniência de alguma coisa. Como o termo deontologia vem geralmente acompanhado da designação de uma determinada profissão (como por exemplo, Código de Deontologia Farmacêutica ), isto passa a significar a conveniência ou necessidade que essa determinada profissão tem, de acordo com suas características, as quais constituem as regras para o exercício dessa profissão. Portanto, a deontologia farmacêutica é um conjunto de regras que indicam o comportamento do indivíduo, na qualidade de membro da profissão farmacêutica, sendo que a essência dessas regras é a de garantir a conveniência ou a utilidade desse grupo social, a fim de que ele possa alcançar melhor as finalidades propostas ao conjunto da sociedade. O conjunto de regras da profissão farmacêutica é determinada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) por meio de Resolução específica, que determina o Código de Ética da Profissão Farmacêutica, o qual estabelece em seu preâmbulo que o farmacêutico é um profissional de saúde que tem a obrigação de salvaguardar a saúde pública e promover ações que contribuam com a promoção da saúde da comunidade (CFF, 2014).