Saúde Ocupacional Urubatan Medeiros BDS; MSc; PhD;PDc Coordenador da Disciplina de Odontologia Preventiva Resumo de Aula SAÚDE OCUPACIONAL é um ramo da área de saúde que trata da saúde do trabalhador no ambiente de trabalho. A melhoria nas condições do ambiente e do exercício do trabalho tem como objetivo principal diminuir o custo social com os acidentes de trabalho, valorizar a autoestima e proporcionar a melhoria contínua da qualidade de vida dos trabalhadores. A Odontologia do Trabalho é uma macro especialidade que trata das relações entre a saúde bucal e geral do trabalhador, bem como da saúde integral do trabalhador e suas relações com o empregador, à luz da legislação atual. Trata, ainda, da organização, gerenciamento de planos de saúde e da auditoria de serviços de saúde próprios ou terceirizados. Relaciona-se com a Medicina do Trabalho, a Enfermagem do Trabalho e a Engenharia de Segurança do Trabalho. Seu objeto de trabalho é a saúde ocupacional e a saúde integral do trabalhador. A saúde do trabalhador é entendida como o conjunto de ações responsáveis pela promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores, abrangendo: Assistência em caso de acidente de trabalho e doença profissional ou do trabalho; Participação em estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos potenciais à saúde do trabalhador, e dos serviços de saúde a ele prestados; Avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde; Revisão periódica da listagem oficial de doenças derivadas do processo de trabalho; Direito de interdição de máquinas, quando estas forem causa de risco para a vida ou saúde do trabalhador. Com o advento da Indústria, a linha de montagem não pode parar por causa do ritmo de produção e da qualidade. Desde o início da Revolução Industrial, os trabalhadores eram menosprezados o ser humano deveria adaptarse à máquina ou à sua função sem que fossem considerados suas características individuais e fisiológicas, nem os problemas decorrentes do ambiente de trabalho.
1802 Parlamento Britânico Lei de saúde e Moral dos Aprendizes Com a globalização da economia, a administração que antes era baseada na valorização da estrutura, da tecnologia e do mercado passa a ser baseada no uso de informação e na flexibilização dos processos, levando a uma reorganização do mundo do trabalho. Valorização do Binômio Saúde/Trabalho Legislação Resolução CFO 63/2005 Artigo 67 Odontologia do Trabalho é a especialidade que tem por objetivo a busca permanente da compatibilidade entre a atividade laboral e a preservação da saúde bucal do trabalhador As áreas de competência para atuação do Especialista em Odontologia do Trabalho incluem: Identificação, avaliação e vigilância dos fatores ambientais que possam constituir risco à saúde bucal no local de trabalho, em qualquer das fases do processo de produção; Assessoramento técnico e atenção em matéria de saúde, de segurança, de ergonomia e de higiene do trabalho, assim como em matéria de equipamentos de proteção individual, entendendo-se inserido na equipe multidisciplinar de saúde do trabalho operante; Planejamento e implantação de campanhas e programas de duração permanente para educação dos trabalhadores quanto a acidentes de trabalho, doenças ocupacionais e educação em saúde; Organizar estatística de morbidade e mortalidade com causa bucal e investigar suas possíveis relações com as atividades laborais e realização de exames odontológicos para fins trabalhistas. Compete ao Dentista do Trabalho: Promover e manter o estado de saúde e bem-estar do trabalhador, sob todos os aspectos, naquilo que lhe compete; Planejar, administrar e gerenciar o serviço de saúde bucal, parte integrante do serviço de saúde do trabalhador; Observar as interferências ambientais e psico-econômico-sociais no estado de saúde/doença do trabalhador; Realizar auditorias administrativas e clínicas em Odontologia do Trabalho;
Gerenciar os recursos humanos da equipe de saúde bucal do trabalhador. Saúde Ocupacional Saúde Ocupacional é uma área que trata da saúde do trabalhador no ambiente de trabalho. A melhoria nas condições do ambiente e do exercício do trabalho tem como objetivo principal diminuir o custo social com os acidentes e as patologias do trabalho, valorizar a autoestima do trabalhador e proporcionar a melhoria contínua da qualidade de vida dos trabalhadores. A relação trabalho-doença ou trabalho-saúde e conhecida desde o início dos tempos na humanidade. O final do século XVII pode ser considerado como um divisor de águas na história do conhecimento sobre as doenças relacionadas ao trabalho. Em 1700 é publicado o clássico De Morbis Artificum Diatriba (Tratado sobre as doenças dos trabalhadores), de Bernardino Ramazzini. Esse tratado constituiu-se no primeiro livro completo sobre as doenças relacionadas ao trabalho e, permaneceu sendo referência para a área até o século XIX, quando a Revolução Industrial determinou o surgimento de novos problemas sanitários. As produções científicas de Ramazzini, relacionadas ao processo de saúde no trabalho o tornou conhecido como Pai da medicina do Trabalho. Ele estudou os riscos ocupacionais e as doenças associadas a mais de 50 profissões, inclusive as doenças da cavidade bucal associadas ao processo de trabalho. As manifestações orais e as doenças da boca decorrentes do trabalho podem ser agrupadas por origens. O documento governamental brasileiro sobre Doenças Relacionadas ao Trabalho (2001), disponível na web na página do Ministério do Trabalho, relaciona as doenças por origens em cinco grandes grupos: Doenças causadas por agentes físicos Doenças causadas por agentes químicos Doenças causadas por agentes biológicos Doenças causadas por agentes ergonômicos Doenças causadas por agentes mecânicos e de acidentes Agentes de risco físico Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibração, radiação ionizante
e não ionizante, temperaturas extremas, iluminação deficiente ou excessiva, umidade, pressões anormais, infra-som e ultra-som, entre outros. Carcinoma por exposição crônica à radiação ultravioleta Agentes de risco químico Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, na forma de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele, mucosas ou por ingestão. Linha azul (Burton) Chumbo Pigmentação pela prata Agentes de risco biológico Considera-se risco biológico a probabilidade da ocorrência de um evento adverso em virtude da presença de um agente biológico, tais como bactérias, fungos, parasitas, vírus, etc... A exposição ocupacional a materiais biológicos potencialmente contaminados constitui um sério risco aos profissionais da área da saúde em seus locais de trabalho. Outros trabalhadores também podem ser expostos aos riscos biológicos presentes no ambiente de trabalho. Herpes simples recorrente Úlcera tuberculosa na língua Agentes de risco ergonômico Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o ser humano e seu trabalho, equipamento e ambiente e, articuladamente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. Considera-se risco ergonômico qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde. Agentes de risco mecânico Considera-se risco de acidente qualquer fator que coloque o trabalhador em situação de perigo e possa afetar sua integridade, bem estar físico e moral. São exemplos de riscos mecânicos ou de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, iluminação inadequada, eletricidade, instrumental com defeito ou impróprio para o procedimento, improvisações de rede hidráulica e elétrica, ausência de EPI, ou outras situações que podem contribuir para o surgimento de riscos. Traumatismo dento-alveolar Protocolo de promoção de Saúde Bucal do Trabalhador I - Dados de Identificação: Nome: Sexo: Idade: Função na Empresa: Horário de trabalho: Data de Admissão: Data do último exame periódico:
II - Dados sobre Dieta e Higienização: Consumo de sacarose: Durante as refeições ( ) Entre as refeições ( ) Durante e entre as refeições ( ) Consumo de medicamentos líquidos: Sim ( ) Não ( ) Higienização Bucal: Apenas antes do café da manhã ( ) Após qualquer ingestão de alimentos ( ) Após as refeições principais ( ) Utiliza escova e creme dental ( ) Utiliza escova, creme e fio dental ( ) Utiliza creme dental fluoretado? Sim ( ) Não ( ) Utiliza soluções fluoretadas para bochecho? Sim ( ) Não ( ) Utiliza soluções com antimicrobianos? Sim ( ) Não ( ) III - Avaliação de risco: Fatores culturais favorecedores à doença Valorização da Saúde: Sim ( ) Não ( ) Conhecimento de métodos de auto aplicação: Sim ( ) Não ( ) Histórico presente de doença bucal Favorável à doença ( ) Desfavorável à doença ( ) Fatores sócio econômicos Favoráveis à saúde ( ) Desfavoráveis à saúde ( ) IV - Ambiente Físico Familiar Casa de Alvenaria: Sim ( ) Não ( ) Piso da casa pavimentado? Sim ( ) Não ( ) Água encanada: Sim ( ) Não ( ) Rede de Esgoto: Sim ( ) Não ( ) Coleta de Lixo: Sim ( ) Não ( ) Avaliação do risco às doenças: Presente ( ) Ausente ( ) V - Educação do Paciente: Identificação do problema ou dos problemas prioritários (problema-alvo); Mudança ou criação de novas percepções em saúde bucal; Utilização de forças de motivação direcionadas ao problema; Colocar em prática as novas ações AGIR; Avaliar semestralmente os resultados das estratégias de educação. VI - Utilização de Metodologia Clínica Recuperadora: Remoção de infecção cariogênica e periodontal; Tratamento de lesões cavitadas com preparos minimamente invasivos; Observação da necessidade de realização de exodontias; Observação da necessidade de tratamento periodontal, endodôntico e/ou protético; VII - Lesões de Tecidos Moles: Suspeita Diagnóstico diferencial Encaminhamento
Ensino do auto-exame para o câncer bucal Ênfase na utilização de equipamento de proteção individual - EPI VIII - Utilização de Metodologia Clínica Preventiva: Ênfase na utilização de métodos de auto-aplicação (dentifrícios e soluções fluoretadas e com antimicrobianos); Ênfase na utilização de fio/fita dental; Utilização profissional de profilaxia, remoção de cálculos e aplicação tópica de fluoretos; Utilização de antimicrobianos. Benefícios da Inserção da odontologia do Trabalho Para o trabalhador: Conscientização e motivação para a prática de métodos adequados para a manutenção da saúde bucal; Acesso aos cuidados odontológicos na própria empresa; Encaminhamento referenciado de casos complexos Para a Empresa: A inclusão do Dentista do Trabalho na Equipe de Saúde do Trabalhador minimiza os índices de absenteísmo; melhora a imagem da Empresa para o trabalhador e perante o mercado; a produtividade individual aumenta, tendo em vista a melhoria do nível de saúde; haverá diminuição das possibilidades de acidentes do trabalho e doenças profissionais com manifestações bucais. A Odontologia do Trabalho ajuda empresários a obter selos de qualidade como a OSHA 18.001 (qualidade de saúde e segurança ocupacional), ISO 9000 (gerenciamento da empresa), ISO 14000 (gestão ambiental) e AS 8000 (responsabilidade social). A Odontologia do Trabalho, juntamente com outras profissões da área de saúde, deve assumir e contribuir com a responsabilização social relacionada à saúde dos trabalhadores, bem como para o aumento da estabilidade do setor industrial e de serviços, da produtividade e segurança. Como nova especialidade que é, também abre um novo mercado de trabalho para o Cirurgião Dentista.