Programa de Apoio ao Sector de Florestas em Moçambique

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Transcrição:

Programa de Apoio ao Sector de Florestas em Moçambique DOCUMENTO DO PROGRAMA Março de 2009 Ministério dos Negócios Estrangeiros da Finlândia Unidade para a África Austral VERSÃO DE 31.03.09

ÌNDICE FICHA DE INFORMAÇÃO DO PROJECTO...3 ABREVIATURAS...4 SUMÁRIO EXECUTIVO...5 1. INTRODUÇÃO...6 2. SITUAÇÃO ACTUAL...6 2.1. Políticas Sectoriais e do Governo...6 2.5. Investimentos privados no sector de florestas: real e planeado... 11 2.6. Problemas chave a serem abordados... 12 2.6.1.Desenvolvimento da capacidade institucional e dos recursos humanos... 12 2.6.2. Utilização das florestas e desenvolvimento industrial... 12 2.6.3. Conservação e gestão dos recursos florestais e de fauna bravia... 13 2.6.4. Gestão comunitária das florestas e dos recursos de fauna bravia... 13 3. DEFINIÇÃO DA INTERVENÇÃO... 13 3.1. Roteiro para a actualização do NFP... 13 3.2. Intervenções prioritárias no sector de florestas... 14 4. DEFINIÇÃO DA INTERVENÇÃO: Apoio da Finlândia ao sector de florestas em Moçambique... 16 4.1. Propósito e objectivos do programa... 16 4.2. Intervenientes e Beneficiários... 16 4.3. Estrutura do Apoio da Finlândia... 17 4.4. Resultados e actividades planeadas... 18 Componente 1. Apoio institucional... 18 Componente 2.... 21 Utilização das florestas, desenvolvimento industrial e melhoria do ambiente de negócios... 21 Componente 3.... 24 Gestão de Recursos Naturais Baseada na Comunidade (CBNRM)... 24 5. ASSUNÇÕES E RISCOS... 26 5.1. Assunções e riscos... 26 6. COMPATIBILIDADE E SUSTENTABILIDADE... 26 6.1. Compatibilidade com os Objectivos Estratégicos da Cooperação para o Desenvolvimento da Finlândia... 26 6.2. Ambiente Político... 27 6.3. Viabilidade Económica e Financeira... 27 6.4. Capacidade Institucional... 27 6.5. Aspectos Socio-culturais... 27 6.6. Participação e apropriação... 27 6.7. Promoção da equidade do género... 28 6.8. Meio Ambiente... 28 7. IMPLEMENTAÇÃO... 28 7.1. Abordagem... 28 7.2. Organização... 28 7.2.1. Coordenação do programa, tomada de decisões e gestão... 28 7.2.2. Planificação e apresentação de relatórios... 29 7.2.3. Gestão Financeira... 30 7.2.4. Orçamento... 31 8. MONITORIA E AVALIAÇÃO... 31 ANEXOS... 34 Matriz do Quadro Lógico... 35 Estado de implementação do NFP... 45 Principais investimentos do sector privado e planos de investimento no sector de florestas em Moçambique... 48 Investimentos na Fauna Bravia... 50 Termos de Referência para as Funções Chave... 53 Mecanismo do Fundo do Fluxo Comum do Proagri... 56 Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 2

FICHA DE INFORMAÇÃO DO PROJECTO Título do Projecto Programa de Apoio ao Sector de Florestas em Moçambique Número do Projecto 25915201 Sector Sub-Sector Foco Terra e Florestas Florestas e Fauna Bravia - Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos - Utilização das Florestas e Desenvolvimento Industrial - Gestão Comunitária das Florestas e da Fauna Bravia - Conservação e Gestão dos Recursos Florestais e de Fauna Bravia Área do Programa Moçambique; Províncias de Cabo Delgado, Nampula, Zambézia e Niassa Duração Duração Provisória: Agosto de 2009 Julho de 2014 Fase de Incepção/Início - Data de Início Financiamento do Projecto TOTAL (proposto) 21,5 Milhões Ministério dos Negócios Estrangeiros 11,4 Milhões da Finlândia Governo de Moçambique 10,1 Milhões Beneficiários Alvo - Comunidades e agricultores de pequena escala - Concessionários e indústria da madeira - Institutos de Pesquisa e Formação na área de Florestas - ONGs nos sectores de Florestas e Meio Ambiente - Comités de Gestão de Recursos Naturais ao nível do Distrito - Direcção Nacional de Terras e Florestas e Serviços Províncias Provinciais de Florestas e Fauna Bravia Propósito do Projecto Fortalecida a capacidade do sector de florestas e Fauna bravia de modo a responder os desafios do maneio sustentável de florestas e fauna bravia, como uma contribuição para a redução da pobreza, geração de rendimentos e adaptação e mitigação as mudanças climáticas. Objectivo Geral do Projecto - Gestão de Florestas mais sustentável - DNTF, SFFBs com melhor capacidade de gerir os recursos de florestas e de fauna bravia - Indústria florestal produzindo produtos de qualidade e gerindo bem as suas concessões - Institutos de Investigação e Formação Florestal com melhor capacidade para implementar estudos sobre questões relacionadas com as florestas e mudanças climáticas - Comunidades e pequenos agricultores beneficiando de oportunidades de negócios relacionadas com as florestas e fauna bravia Quadro Institucional Órgão de Supervisão do Programa Comité Directivo do Programa Equipa de Gestão do Programa Equipa de Gestão Local Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 3

ABREVIATURAS CBNRM CDM CEPAGRI CFFM CITES CO 2 CTA DNTF DNFFB DPA FAO FASE FDA FNI FPAP FLEG GIS GoM Ha IAC IIAM ICI ITC ME MEC MFA MIC MICOA MINAG MITUR MOPH MoU MTEF NAPA NFP NGO NTFP PARPA PEDSA PROAGRI PSC REDD SFM SME SISFLOF SPFFB TA UEM Gestão de Recursos Naturais baseada na Comunidade Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Centro de Promoção Agrária Mecanismo do Fluxo de Financiamento Comum Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Flora e Fauna Bravia em Perigo Dióxido de Carbono Assessor Técnico Principal Direcção Nacional de Terras e Florestas Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia (agora DNTF) Director Provincial da Agricultura Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura Fundo Comum Multi-doador para o Sector da Educação Fundo de Desenvolvimento Agrário Fundo de Investigação Nacional (Ministério da Ciência e Tecnologia) Plano de Acção para a Produção Alimentar Aplicação da Lei de Florestas e Governação Sistema de Informação Geográfica Governo de Moçambique Hectar(es) Instituto Agrário de Chimoio (escola) Instituto de Investigação Agrária de Moçambique Instrumento de Cooperação Institucional Melhoria do cruzeiro/circulação da madeira Ministério da Energia Ministério da Educação Ministério dos Negócios Estrangeiros da Finlândia Ministério do Comércio e Indústria Ministério da Coordenação Ambiental Ministério da Agricultura Ministério do Turismo Ministério das Obras Públicas e Habitação Memorando de Entendimento Quadro de Despesas de Médio Termo Plano de Acção Nacional para as Mudanças Climáticas Programa Nacional de Florestas e Fauna Bravia Organização Não-Governamental Produto de Florestas diferente/não derivado de madeira Programa Nacional para a Redução da Pobreza Plano Estratégico do Sector Agrícola Programa Nacional para o Desenvolvimento Agrícola Comité Directivo do Programa Redução das Emissões da Degradação de Florestas e Desflorestamento Gestão Sustentável das Florestas Pequenas e Médias Empresas Sistema de Informação das Florestas e Fauna Bravia Serviço Provincial de Florestas e Fauna Bravia Assistência Técnica Universidade Eduardo Mondlane Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 4

SUMÁRIO EXECUTIVO O programa é definido no contexto do Apoio da Finlândia ao sector agrário em Moçambique, através de quatro modalidades; apoio directo ao orçamento geral (GDBS), apoio sectorial a segunda fase do Programa do Governo no sector agrícola (PROAGRI), através do projecto de desenvolvimento rural na Província da Zambézia e através do presente programa de apoio ao sector de florestas, que proporciona tanto apoio ao nível nacional, como apoio com enfoque geográfico em quatro províncias; Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia. A duração do programa no sector de florestas é de cinco anos, de Agosto de 2009 ao Julho de 2014. Os problemas chave, no sector de florestas em Moçambique, estão relacionados com um quadro institucional fraco e recursos humanos deficientes no sector, bem como um conhecimento inadequado dos recursos florestais e de fauna bravia existentes. O Programa Nacional de Florestas e Fauna Bravia (NFP) possui intervenções estratégicas claramente identificadas e tem definidas as instituições implementadoras e de colaboração. Embora o programa aborde a maioria das áreas de intervenção prioritárias tanto no sector das florestas como da fauna bravia, este continua ainda a apresentar algumas fraquezas que serão abordadas ao longo deste programa. As lacunas identificadas no NFP existente podem ser agrupadas em três áreas centrais: (i) fraca capacidade de investigação, (ii) formação formal insuficiente na área de gestão de florestas, indústria florestal e fauna bravia, (iii) o papel das florestas na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. O propósito do Programa de Apoio ao Sector de florestas é de fortalecer a capacidade deste sector para a abordagem dos desafios da gestão sustentável das florestas e da fauna bravia como uma contribuição para a redução da pobreza, geração de rendimentos e adaptação e mitigação perante as mudanças climáticas. Com vista a alcançar o objectivo, o programa irá apoiar a implementação do NFP. A intervenção possui dois mecanismos de financiamento separados i) apoio previsto no âmbito do programa do sector agrícola - PROAGRI e ii) financiamento tradicional ao projecto no âmbito da assistência técnica e cooperação institucional. O apoio previsto é canalizado através dos sistemas de planificação e procurement do governo. O programa terá como alvo três dimensões diferentes, cada uma dividida em diferentes sub-áreas: 1. Apoio Institucional 2. Utilização das florestas, desenvolvimento industrial e melhoria do ambiente de negócios 3. Gestão de Recursos Naturais baseada na Comunidade Os principais Beneficiários do programa são as comunidades rurais e os agricultores de pequena escala, os proprietários de concessões e empreendedores na indústria da madeira, instituições de investigação ou pesquisa e formação na área de florestas, ONG s e as Unidades de Gestão de Recursos Naturais ao nível distrital, bem como a DNTF e o pessoal provincial e distrital do sector de florestas. O programa possui uma abordagem participativa forte e irá promover a cooperação entre os actores no sector de florestas; contudo, a cooperação transversal entre os sectores desempenha também um papel importante nesta intervenção. De forma a assegurar que o apoio do programa chegue ao alcance também dos grupos mais pobres e vulneráveis, é necessário implementar o programa através de uma abordagem de desenvolvimento baseada nos direitos humanos e através da abordagem das questões do género e questões socio-culturais. O quadro organizacional do projecto é composto por um Comité Directivo do Programa (SC), uma Equipa de Gestão do Programa (PMT) e a Equipa Local de Gestão (LMT). O Coordenador do Programa Nacional (NPC) será seleccionado a partir do pessoal da DNTF. Isto irá fortalecer as capacidades de implementação e coordenação do programa. O NPC irá gerir as partes homólogas ou contrapartes locais, a serem nomeadas e apoiar o processo de transferência das capacidades para os Moçambicanos. A implementação do programa será coordenada com os outros intervenientes, através da participação nas reuniões anuais do Fórum de Florestas e através de outras reuniões no sector, bem como diferentes visitas de campo. O Fórum Anual de Florestas reúne diferentes intervenientes no sector de florestas, bem como actores do sector privado, ONGs, direcções provinciais, doadores e outros ministérios ligados ao sector de florestas. Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 5

1. INTRODUÇÃO Antecedentes Moçambique é um dos países da África Austral com maior cobertura em termos de florestas. Cerca de 51% do país (40.6 milhões de hectares) estão cobertos por florestas e outros 19% (14.7 milhões hectares) por outra vegetação. Uma grande parte da população de mais de 20 milhões depende de uma ou de outra forma dos recursos de florestas e fauna bravia. Mais de 90% do uso rural da energia vem da lenha ou do carvão. O uso sustentável dos recursos naturais de Moçambique contribui para a redução da pobreza e para o desenvolvimento social e económico. O uso sustentável dos recursos naturais por parte das comunidades e indivíduos contribui directamente para a redução da pobreza e para a segurança dos meios de subsistência, desde que as políticas, as oportunidades de participação e os resultados sejam engrenados para benefício também dos grupos pobres e facilmente marginalizados. Em particular, o reconhecimento dos papéis do género e a garantia de uma participação equitativa e dos benefícios ajudam a assegurar um desenvolvimento a longo prazo e uma partilha equitativa de recursos. As mulheres desempenham um papel crucial no uso sustentável dos recursos naturais e portanto é de extrema importância que elas estejam fortemente envolvidas nos processos de tomada de decisões e planificação. Os investimentos (público e privado) nas florestas, fauna bravia e indústrias de processamento de madeira podem promover um maior crescimento económico. As florestas também proporcionam vários benefícios ambientais tais como a conservação da biodiversidade, a prevenção da erosão, o arresto do carbono e a protecção das bacias hidrográficas, e desempenham um papel importante na mitigação e adaptação perante as mudanças climáticas. A fauna bravia e os produtos florestais diferentes ou não derivados da madeira (NTFP) constituem também recursos importantes para as comunidades locais e para a economia do país. A gestão sustentável da Fauna Bravia e dos produtos NTFP deve ser vista como uma parte dos esforços de conservação. O Governo Moçambicano envidou esforços no sentido de usar os recursos naturais para ajudar a criar condições para o desenvolvimento e para o alívio da pobreza. O Programa Nacional de Florestas e Fauna Bravia (NFP) para o período 2006-2010 foi preparado em 2005 (versão para discussão). O NFP tem como objectivo proporcionar benefícios económicos, sociais e ambientais e promover uma partilha equitativa dos benefícios, no âmbito de uma grande variedade de intervenientes, incluindo as comunidades locais e os sectores privado e público. Contudo, só uma pequena parte do potencial económico do sector de florestas é utilizada em Moçambique. Além disso, o Sector de Florestas Moçambicano sofre de uma baixa capacidade de processamento e tecnologia, resultando numa baixa qualidade dos produtos finais e numa baixa capacidade competitiva nos mercados internacionais. A Finlândia prestou apoio ao sector de florestas em Moçambique durante o período 2000-2005, através de um projecto bilateral nas províncias da Zambézia e Inhambane, incluindo um inventário das florestas e actividades comunitárias na área de florestas. Desde finais de 2005, a Finlândia tem apoiado o Programa do Sector Agrícola - Proagri. O actual acordo é para o período 2007-2009 e o valor total do apoio é de EUR 12 milhões. Estes fundos constituem um apoio directo para o programa do sector, com fundos já reservados. O Documento do Programa foi preparado conjuntamente com a DNTF, com base na informação recolhida de documentos sobre os antecedentes, relatórios anteriores 1, bem como análise e opinião profissional das equipas de consultores envolvidas na identificação e avaliação das prioridades e viabilidade das várias intervenções possíveis, bem como na análise de onde o apoio da Finlândia e o seu know-how ou experiência poderiam proporcionar um maior valor acrescentado. A Política de Desenvolvimento do Governo da Finlândia para o período 2007 constituiu também um documento orientador chave para o presente trabalho. 2. SITUAÇÃO ACTUAL 2.1. Políticas Sectoriais e do Governo Programa Nacional de Florestas e Fauna Bravia (NFP) 1 A Lista dos relatórios está incluída no anexo 8 Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 6

O Programa Nacional de Florestas e Fauna Bravia (NFP), desenhado em 2005 como um documento de discussão, define a visão do sector como um sector de florestas e fauna bravia integrado, competitivo e sustentável que gera benefícios económicos, sociais e ambientais e toma em consideração os interesses das comunidades e dos sectores privado e público. Com vista a alcançar a visão e respeitar os princípios, foram definidas quatro componentes do programa: Desenvolvimento institucional e de recursos humanos com o objectivo específico de estabelecer uma estrutura institucional e normativa efectiva e eficiente para o sector de florestas e fauna bravia, esta componente inclui actividades relacionadas com a organização, o desenvolvimento dos recursos humanos, a planificação, a análise de políticas e projectos, a formulação e monitoria, o sistema de aplicação da lei, a avaliação das florestas e dos recursos de fauna bravia e a gestão da informação sectorial. Utilização das florestas e desenvolvimento industrial com o objectivo específico de estabelecer um sector comercial competitivo e diversificado, baseado na gestão sustentável das florestas e dos recursos de fauna bravia, esta componente inclui actividades tais como a produção florestal, licenças e registo de exploração florestal, concessões florestais, plantações florestais e o processamento da madeira. Conservação e gestão dos recursos florestais e fauna bravia com o objectivo específico de proteger e conservar as florestas e os recursos de fauna bravia de uma forma efectiva para a produção de bens e serviços, esta componente inclui actividades relacionadas com a gestão da Fauna Bravia nas áreas independentes (fora dos parques), quintas ou reservas animais ou de fauna bravia, CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Flora e Fauna Bravia em Risco), administração e reservas florestais. Gestão comunitária das florestas e dos recursos de fauna bravia com o objectivo específico de melhorar o acesso das comunidades locais para os recursos naturais e para a gestão sustentável das florestas e fauna bravia, esta componente engloba actividades relacionadas com a participação da comunidade local na gestão das florestas e fauna bravia, em particular no uso sustentável das florestas e dos recursos de fauna bravia para o auto-consumo e uso comercial, inspecção e monitoria das florestas e registo de exploração florestal. Esta componente aborda também questões transversais como o HIV/SIDA, a organização e capacitação das comunidades para a sua participação efectiva na conservação e desenvolvimento de florestas e dos recursos de fauna bravia. 2.2. Outras estratégias e planos Estas quatro componentes respondem às prioridades do Programa Nacional para o Desenvolvimento Agrícola (PROAGRI II 2005-2009) para o Sector de Florestas e Fauna Bravia, mas vão para além das acções identificadas no PROAGRI II. No âmbito do PROAGRI II, as actividades identificadas como prioritárias foram as seguintes: 1. Estabelecer e operacionalizar os inventários nacionais e locais 2. Capacitar as comunidades para a sua participação na gestão de florestas e da fauna bravia 3. Sensibilizar as comunidades, sobre a importância das florestas e dos recursos de fauna bravia e a necessidade de adoptar medidas para a redução das actividades ilegais através do envolvimento das comunidades nas actividades de aplicação e cumprimento da lei (inspecção ou fiscalização) 4. Desenhar e implementar políticas e programas para o reaprovisionamento florestal e dos recursos de fauna bravia, com o envolvimento das comunidades e do sector privado 5. Promover iniciativas privadas de rearborização industrial e comercial, incluindo a promoção da participação comunitária nestes programas 6. Melhorar a comercialização e o valor acrescentado dos recursos florestais e de fauna bravia através da melhoria da eficiência do seu processamento e transformação e através da redução de exportações de toros. Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 7

7. Aumentar as exportações de produtos acabados para promover uma melhoria da capacidade de processamento e do uso de força de trabalho local. 8. Capacitar a comunidade para a melhoria da produtividade e para apoiar a criação de parcerias com ONGs e com o sector privado no processo de delimitação e negociação da terra, florestas e recursos hídricos nas áreas comunitárias. 9. Melhorar o sistema de finanças rurais com vista a promover poupanças e a expansão de instituições financeiras para as SME no Sector de Florestas e Fauna Bravia. 10. Promover a criação de pequenas empresas na área da gestão de florestas, através do estabelecimento de grupos de produtores (produtores de carvão, artesãos, produtores de mel e outros), bem como associações ao nível comunitário. 11. Promover uma maior produtividade nos sistemas agro-silvo-pastorais e rendimentos monetários para as famílias rurais, através do uso de tecnologias de mão-de-obra intensiva e aplicação da gestão sustentável dos recursos naturais. Devido as mudanças estruturais no seio do governo em 2005, parte do objectivos e actividades planeadas no âmbito do Proagri II já não se encontram mais sob a responsabilidade do MINAG e, por conseguinte, foram desenvolvidas novas estratégias para a agricultura: - O Conselho de Ministros aprovou a Estratégia da Revolução Verde em 2007. Esta estratégia considera a gestão de recursos naturais como um dos seus cinco principais pilares. A estratégia da revolução verde dá prioridade ao acesso e a gestão sustentável dos recursos naturais; o zoneamento para a facilitação de investimentos no sector de florestas; o estabelecimento de plantações para uso da energia, a promoção do processamento local de produtos de madeira; a prevenção de queimadas florestais e a redução dos conflitos homemanimal. - Como um plano de implementação da Estratégia da Revolução Verde e respondendo ao aumento dos preços dos produtos alimentares no mercado mundial, o Conselho de Ministros aprovou em Junho de 2008, um Plano de Acção para a Produção Alimentar (FPAP). Este plano se concentra no aumento da produção e produtividade alimentar, deixando de fora as florestas e os recursos naturais. - Um novo Plano Estratégico do Sector Agrícola (PEDSA) está sendo preparado para o período 2009-18. Este plano irá cobrir todos os sectores subordinados ao Ministério da Agricultura. Ele considera a gestão sustentável dos recursos naturais como um dos quatro principais pilares do plano. Contudo, a versão provisória do PEDSA continua de certa forma fraca em termos da análise e definição das prioridades para o sector de florestas e recursos naturais. O NFP deverá ser melhor integrado no plano estratégico do MINAG. A estratégia deverá demonstrar a potencialidade do sector de florestas para a redução da pobreza e para a produção de benefícios em termos de desenvolvimento social, económico e ambiental. O principal desafio da DNTF/MINAG é de promover uma sensibilização sobre a importância da gestão sustentável dos recursos florestais e de fauna bravia aos níveis central, provincial e distrital do estado, bem como no seio do sector privado, sociedade civil e comunidades locais. Portanto, é de extrema importância que o PEDSA defina prioridades claras para o sector de florestas e fauna bravia, tal como aconteceu no PROAGRI II. Este alinhamento é crucial. O facto do PEDSA incluir acções prioritárias na área de florestas e fauna bravia contribuirá para que a DNTF mobilize mais recursos para elevar o nível de sensibilização sobre a gestão das florestas e da fauna bravia e melhores facilidades ou condições para actividades relacionadas com as florestas e fauna bravia. Além disso, a não ser que o NFP seja conhecido, entendido e apropriado pelos diferentes intervenientes aos diferentes níveis, qualquer esforço de implementação será limitado em termos do impacto para a gestão sustentável e para o desenvolvimento dos recursos florestais e de fauna bravia em Moçambique. 2.3. Lacunas nos conteúdos do presente NFP Foi organizada uma missão de identificação do programa em Maio de 2008. Uma das principais tarefas da missão de identificação era de analisar o actual NFP. De acordo com as análises feitas pela missão, o NFP está bem estruturado, com intervenções estratégicas claramente identificadas, instituições executoras e de colaboração e prazos ou datas de conclusão alvo. Ele cobre a maioria das áreas de intervenção prioritárias nos sectores de florestas e fauna bravia. Por outro lado, existem lacunas no documento do NFP, devido a uma consulta deficiente durante a sua preparação. Além disso, o documento foi produzido já em 2005 e novas questões que emergiram desde essa altura não foram incluídas. Estas lacunas e questões deverão ser consideradas como parte da revisão e actualização do NFP. O NFP ainda não foi oficialmente aprovado, o que tem limitado a sua disseminação e uso por parte dos vários intervenientes. Com base na missão de avaliação das necessidades, poucas pessoas fora Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 8

da DNTF indicaram conhecer ou utilizar o NFP como o principal instrumento programático para as suas actividades. Portanto, a falta de uma consulta generalizada, aprovação e disseminação reduziu o impacto do NFP, em termos do direccionamento e concentração dos esforços e dos recursos limitados sobre as intervenções estratégicas identificadas no Programa. Na medida em que o NFP ainda tem que ser aprovado, existe uma oportunidade para que um processo de revisão venha a abordar as lacunas identificadas no programa e isto proporciona uma oportunidade também para o envolvimento de intervenientes chave do estado, do sector privado, ONGs e da sociedade civil em geral, incluindo os Conselhos Consultivos Locais e as comunidades em particular na implementação do programa. A primeira lacuna identificada é a falta de actividades de investigação no âmbito do actual NFP, apesar de uma base de conhecimento fraca ter sido identificada como um dos constrangimentos para o desenvolvimento do sector. É necessário conhecimento adicional sobre as florestas e as espécies de fauna bravia nativas Moçambicanas, sobre o seu ambiente de crescimento e sobre como utilizálas da melhor maneira possível. Para o desenvolvimento das directrizes técnicas sobre as florestas e a fauna bravia, é também importante que a investigação seja realizada na área das técnicas e modelos de gestão, para que a gestão sustentável das florestas (SFM) seja promovida nas concessões e reservas animais. A investigação também deverá incluir o empoderamento ou a capacitação das comunidades que dependem das florestas para que se tornem numa parte central da manutenção de florestas, enquanto tomando em consideração o seu conhecimento tradicional das florestas, bem como proporcionando-lhes nova informação. A capacidade de investigação em Moçambique está concentrada em apenas algumas instituições públicas: o Instituto de Investigação Agrária (IIAM) e a Universidade Eduardo Mondlane (UEM) realizam actividades de investigação florestal em colaboração com outras instituições de pesquisa regionais e internacionais e podem ser mobilizados para a realização de pequenos estudos específicos e programas de investigação no âmbito do NFP. O Centro de Desenvolvimento Sustentável de Recursos Naturais em Chimoio, subordinado ao Ministério da Coordenação Ambiental, também realiza actividades de investigação sobre o uso sustentável de recursos naturais, por exemplo, queimadas florestais. A segunda lacuna identificada é a promoção da formação formal na área de gestão de florestas, indústria florestal e fauna bravia. As actividades de formação constituem uma parte do NFP, mas a educação formal nas áreas de interesse do sector de florestas e fauna bravia não está incluída. Moçambique possui a UEM e os novos Institutos Politécnicos Agrários como os principais intervenientes ao nível da Formação Superior na área de Florestas e Fauna Bravia, bem como o IAC para a formação de nível médio. Estas instituições também deverão ser envolvidas e estar comprometidas com a formação de indivíduos de acordo com as necessidades do sector, com vista a implementar totalmente o NFP. A Terceira lacuna identificada é o papel das florestas nas mudanças climáticas, tanto em termos de mitigação e como uma parte da estratégia de adaptação do país. Esta lacuna está também presente no NAPA que menciona superficialmente a rearborização como uma acção estratégica, mas ignora a gestão sustentável de florestas, o controle das queimadas descontroladas e outras actividades relacionadas como acções importantes no contexto do NAPA. Esta omissão poderá pôr em perigo a mobilização dos recursos financeiros que estão disponíveis no âmbito de vários mecanismos tais como o CDM, o REDD e os mercados de comercialização voluntária do carbono. Moçambique possui alguns projectos que estão a beneficiar destes mecanismos, mas o potencial continua a ser ainda muito superior. As mudanças climáticas e florestais constituem uma nova área e a investigação deverá ser iniciada quanto mais cedo possível, através de parcerias com os centros de investigação fora do país, de forma a criar uma capacidade nacional para fazer face a estas questões complexas. As mulheres desempenham um papel crucial nas mudanças climáticas, tanto na adaptação como na mitigação. É necessária a sua participação na planificação e implementação do programa de florestas, prestando atenção também às mudanças climáticas. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela DNTF e SPFFBs, algumas das actividades descritas no âmbito do NFP estão a ser implementadas. Estas são descritas no Anexo 2. 2.4. Financiamento para a implementação do NFP Só um financiamento limitado tem estado disponível para a implementação do NFP. A maior parte dos fundos tem sido usada no desenho de estratégias e sistemas ao invés da implementação dos instrumentos e mecanismos seleccionados. A Tabela 1 apresenta as principais necessidades de Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 9

investimento para a implementação do NFP. Apenas alguns dos investimentos planeados já estão garantidos; e esta é a razão pela qual a DNTF/MINAG precisa de mobilizar recursos extra. Tabela 1. Financiamento do NFP (Euros) Programa/Subprograma Necessidades de financiamento estimadas 2006-2010 Financiamento Cumulativo real 2006-2007 Compromissos de financiamento 2008-2010 Lacuna para 2006-2010 EUR Programa NFP (2004-238.000 158.700 79.300 0 2008) Sistema de aplicação da Lei 807.085 0 169.745 637.340 Zoneamento e 8.226.060 0 836.460 7.389.600 inventários detalhados Censo de Fauna Bravia 1.124.100 0 1.124.100 0 (2008) Inquérito do Título de Posse de Terra 89. 343 0 58.543 30.800 Biomassa e estufas 11.905.000 - - 11.905.000 melhoradas Apoio às SME no sector 3.300.000 1.650.000'''' 1.650.000 0 de florestas Controle de Queimadas 53.570 0 0 53.570 Descontroladas Rearborização 5.871.428 239 011** 797.813 4.834.604 SISFLOF 1.777.360 0 1.066.416 710.944 Gestão de Recursos 999 808 0 0 999 808 Naturais baseada na Comunidade (CBNRM) Reservas Florestais 210.857 0 0 210.857 Total 33.002.611 2.047.711 5.782.377 26.772.523 * Orçamento do Estado **Investimento do FDA *** NDF Indústria Florestal (2004 Julho de 2008) EUR 1=35 Mt EUR 1 = 1,26 USD A Tabela 1 não cobre todos os custos de implementação do NFP, na medida em que algumas das actividades planeadas ainda não foram orçamentadas. O processo de actualização do NFP deverá incluir um exercício de orçamentação com vista a determinar as necessidades totais de financiamento para a implementação do NFP. O Quadro provisório de Despesas de Médio Termo (MTEF) 2009-11 possuía 4,3 milhões de Euros para o sector de florestas. Contudo, os fundos orçamentados para 2009 aumentaram de 1.6 milhões de Euros para 4,5 milhões de Euros. Para 2010 e 2011, o orçamento terá que ser mantido no nível anterior e não existe nenhuma confirmação sobre um possível aumento dos fundos do governo para estes anos. O MTEF do GoM ainda não cobre o período de 2012-13, os dados contidos na tabela são apenas estimativas. Tabela 2 Quadro de Despesas de Médio Termo 2009-11 Ano Funções Chave Procurement (MZN) Total (MZN) Total (EUR) (MZN) 2009 82.611.770 75.692.200 158.240.970 4.521.170 2010 37.350.124 8.837.400 46.187.524 1.319.600 2011 39.191.342 9.904.600 49.095.942 1.402.700 2012 Estimativa 1.400.000 2013 Estimativa 1.500.000 Total 10.143.470 Fonte: DNTF 1 EUR = 35 MZN As Tabelas 1 e 2 estipulam claramente que o nível de investimento necessário, para a implementação dos programas importantes no âmbito do NFP, requer a mobilização de recursos financeiros através da cooperação para o desenvolvimento e de um aumento da comparticipação das receitas do sector investidas nas actividades do NFP. Através do aumento do nível de sensibilização sobre a importância do sector de florestas para o crescimento económico e redução da pobreza, deverá ser Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 10

possível para a DNTF, negociar um aumento das atribuições, a médio e longo prazo, do orçamento público para o sector. A DNTF está a negociar o apoio para o NFP, também com outros doadores. O Governo Italiano prevê continuar a apoiar as províncias de Manica e Sofala através de um programa de desenvolvimento rural cobrindo também actividades ligadas as florestas. A FAO planeou um Programa de Aplicação da Lei de Florestas. A GTZ e a Cooperação Francesa prestam apoio nas áreas de conservação. Recentemente, a Noruega manifestou interesse em apoiar actividades de CDM e REDD, a USAID as plantações e o Banco Mundial a análise ambiental e as florestas comunitárias. O projecto com apoio do Fundo Nórdico de Desenvolvimento terminou em Julho de 2008, mas os fundos continuam a estar disponíveis através da linha de crédito da indústria florestal. No momento da redacção do Documento do Programa não estava disponível qualquer outro dado real sobre uma outra possível assistência dos doadores. 2.5. Investimentos privados no sector de florestas: real e planeado Os principais investimentos nas florestas e fauna bravia estão relacionados com as plantações de espécies exóticas de madeira e fibra de madeira para a produção de polpa e papel. Outros grandes investimentos estão relacionados com a operação das concessões florestais e o estabelecimento das indústrias de madeira. Plantações As plantações florestais proporcionam boas oportunidades de investimento em Moçambique devido a disponibilidade de terra no país. O nível dos investimentos existentes e planeados nas plantações irá aumentar a pressão já muito elevada sobre a terra, em particular a terra florestal. Nove investidores manifestaram o seu interesse em plantações de grande escala. A área total solicitada é de 887.800 hectares e o valor total das actividades planeadas está estimado em USD 2.477 biliões. Com alguns dos novos possíveis empreendedores, o número alcança os 1,100,000 ha. Portanto, Moçambique possui potencial para se tornar num importante actor no sector de florestas em África, próximo da África do Sul com 1,400,000 ha. O mercado para a indústria da polpa continua ainda a ser muito bom, projectando a ideia de que em África e Ásia este é um negócio de cerca de US$ 14.8 biliões, ainda não oferecido. O Anexo 3 apresenta detalhes dos investimentos existentes ou reais e planeados na área das plantações florestais em várias regiões do país. Os principais constrangimentos que afectam os investidores são reportados como estando relacionados com o acesso a terra e os problemas na criação de relações com as comunidades locais. Além disso, a falta de padrões ou normas sobre as medidas de mitigação ambientais (com a monocultura), o aumento dos custos de transacção e os processos de investimento morosos são factores que constituem um obstáculo. Concessões Florestais Existem 165 Concessões Florestais no país. 81 de todas as Concessões Florestais possuem planos de desenvolvimento (plano de maneio). A área de terra total nas concessões é de aproximadamente 6.266.500 Ha. Estima-se que aproximadamente USD 40.500.000 foram investidos até hoje neste sector. Tabela 3 Concessões Florestais Existentes nas Províncias em 2008 Província Número de Concessões Área (Ha) aprovadas Niassa 10 199.385 0 Cabo Delgado 30 1.410.095 17 Nampula 17 1.337.145 4 Zambézia 35 1.826.500 27 Sofala 24 431.894 19 Tete 24 184.500 4 Manica 12 435.848 3 Inhambane 9 419.625 6 Gaza 4 21.525 1 Maputo 0 0 0 Total 165 6.266.517 81 Fonte: DNTF Número de concessões com um plano de gestão Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 11

Investimentos na Fauna Bravia Na Fauna Bravia, foram feitos vários investimentos, mas não existem dados disponíveis sobre o nível de investimento e o seu impacto na criação de emprego. No total, estão em curso, 19 investimentos na Fauna Bravia, cobrindo 313.000 hectares. 35 novos investimentos estão previstos, relacionados com as reservas animais ou operações turísticas cobrindo aproximadamente 1.300.000 hectares, conforme ilustrado no Anexo 4. 2.6. Problemas chave a serem abordados Com vista a facilitar a análise dos problemas identificados no âmbito do NFP, as respostas aos problemas e os constrangimentos identificados pela missão de identificação, conjuntamente com a DNTF são apresentados a seguir, para cada componente do NFP. 2.6.1.Desenvolvimento da capacidade institucional e dos recursos humanos A baixa capacidade do sector de florestas do estado, para a realização de inventários operacionais às florestas e o zoneamento dificulta a tomada de decisões relativas a atribuição de terras para concessões, licenças de corte ou abate anual e terra para plantações. Baixa capacidade de inspecção, monitoria e avaliação no sector de florestas O número de especialistas na área de florestas ao nível das províncias continua muito baixo; um caso extremo é a Província da Zambézia, com apenas um único especialista (Maio de 2008). A monitoria das concessões, das licenças de corte e dos cortes ilegais é extremamente difícil com tais recursos. O Sistema de Aplicação da Lei de Florestas é muito fraco, devido ao número reduzido de pessoas qualificadas e às condições de trabalho inadequadas. O processo de descentralização do governo resultará na colocação de inspectores ao nível distrital, sob a administração distrital. Isto poderá enfraquecer ainda mais o sistema, na medida em que a capacidade das administrações distritais relativamente às questões florestais continua fraca. A formação de nível médio e professional na área de florestas e indústria florestal é absolutamente inadequada: só o IAC, em Chimoio, é que possui florestas como uma disciplina principal no seu currículo. Além disso, são também organizados alguns cursos de curta duração para inspectores, em Gorongosa. Mecanismos muito limitados de consulta aos intervenientes o re-início das reuniões do Fórum Nacional de Florestas, em 2008, melhorou a situação. Falta de investigação sobre questões florestais tais como as necessidades de planificação da gestão das florestas nativas; espécies de madeiras novas ou menos conhecidas; silvicultura das espécies nativas, mercados para as espécies nativas Moçambicanas (preços, requisitos de qualidade), etc. Falta de assistência técnica da DNTF às províncias relativamente à gestão de florestas, indústria, inventários, zoneamento, queimadas descontroladas. Falta de aprovação do NFP, desta forma não existe uma visão comummente partilhada para o sector de florestas em Moçambique. Fraca capacidade de gestão de informação no sector de florestas (recolha e sistematização de dados) Falta de uma boa coordenação e harmonização com outros sectores, tanto ao nível central como provincial. 2.6.2. Utilização das florestas e desenvolvimento industrial As actividades ilegais de corte ou abate excessivo põem em perigo os recursos. Muitas indústrias são pequenas e usam tecnologia obsoleta, mas parece que um custo elevado do capital (taxas de juro) necessário para os investimentos e a incerteza relacionada com a disponibilidade a longo prazo de matéria-prima (redução dos recursos de madeira) impedem o crescimento da indústria. O actual quadro de exportação não promove valor acrescentado para a indústria da madeira. Existe obviamente, uma ausência da visão das florestas como uma actividade de negócios. Conhecimento inadequado dos mercados internacionais e dos preços de madeira. Dificuldade em aplicar os Planos de Gestão devido aos requisitos inadequados, aquando do uso das florestas naturais, falta de pessoal qualificado, falta de financiamento, vulnerabilidade para os abates ilegais e queimadas descontroladas. Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 12

Ausência de canais de comunicação entre os operadores industriais e as comunidades, bem como com o Estado (as reuniões entre os titulares de concessões florestais/titulares de licenças simples e a DNTF são organizadas apenas para questões específicas, não regularmente). O actual uso das florestas como fonte de energia (lenha e carvão) não é sustentável Desperdício elevado de material devido a tecnologia de processamento obsoleta Capacidade limitada dos recursos humanos 2.6.3. Conservação e gestão dos recursos florestais e de fauna bravia Conhecimento inadequado sobre os recursos existentes (inventários detalhados das Florestas e da Fauna Bravia). Fraca capacidade para a implementação da estratégia de controlo e redução de queimadas descontroladas, que constituem uma das ameaças mais graves para os recursos florestais em Moçambique. Como uma consequência da ausência de informação sobre os recursos disponíveis e do sistema deficiente de aplicação da Lei de Florestas, torna-se difícil, a monitoria, o controle e a fiscalização dos recursos disponíveis. 2.6.4. Gestão comunitária das florestas e dos recursos de fauna bravia Estão ausentes modelos que serviriam para fortalecer e esclarecer os títulos de posse de recursos florestais por parte das comunidades locais, na actual legislação da terra e florestas. Como uma consequência da falta de consciencialização sobre a importância das florestas e da fauna bravia, as comunidades estão envolvidas em práticas agrícolas e de caça insustentáveis (uso do fogo). A capacidade técnica para o controle do uso dos seus próprios recursos e para a protecção dos seus direitos é baixa no seio das comunidades. As comunidades não possuem capacidade para usar os seus 20% da quota das receitas florestais e para desenvolver actividades para que melhor beneficiem destes recursos. Conflitos Homem-Animal. 3. DEFINIÇÃO DA INTERVENÇÃO 3.1. Roteiro para a actualização do NFP Com base nos estudos dos antecedentes ou do contexto, o NFP está bem estruturado, com intervenções estratégicas claramente identificadas, bem como instituições de execução e colaboração. Muitas das actividades e prioridades identificadas no documento do NFP são relevantes e válidas. Contudo, a principal questão ausente do actual NFP e que emergiu fortemente como um tópico prioritário, depois do ano 2005, diz respeito às mudanças climáticas e o papel das florestas (florestação/rearborização (A/R) no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM) e da Redução das Emissões da Degradação de Florestas e Desertificação (REDD)). A investigação e a formação formal na área da gestão das florestas, indústria florestal e fauna bravia constituem outras lacunas que precisam de ser abordadas durante a revisão do NFP. O NFP também seria mais forte e mais aceitável, se no processo da actualização do documento, houvesse uma maior participação de todos os actores intervenientes, incluindo as comunidades locais e especialmente assegurando a participação equitativa das mulheres e dos homens. Existe uma necessidade de ter o NFP actualizado e aprovado pelo Ministério da Agricultura, de forma a beneficiar do apoio total do Governo. Para chegar à aprovação, haverá necessidade de: Actualizar parte da informação para que esteja ao nível da situação actual, incluindo a revisão do ciclo de vida do NFP, de forma a cobrir o período de 2009-2013; Esclarecer ainda mais e apresentar de forma explícita, as ligações entre o NFP, a Estratégia do MINAG (PEDSA), o MTEF e o PARPA; Acrescentar as mudanças climáticas e o papel das florestas como um tópico novo, bem como as respectivas actividades institucionais, o desenvolvimento dos recursos humanos e a conservação e gestão dos recursos florestais e da fauna bravia; Incluir actividades de investigação e formação formal na gestão de florestas, indústria florestal e fauna bravia, como prioridades do NFP; Melhorar o texto, através da revisão e do uso de uma linguagem apropriada; e Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 13

Acrescentar o orçamento para o NFP e uma análise do seu financiamento (como financiar o orçamento). A actualização poderia ser feita por um pequeno grupo de trabalho especialmente criado com esse propósito (task force), no seio da DNTF, incorporando também intervenientes externos seleccionados (por exemplo, do MITUR, MICOA, Gabinete do Presidente, ONGs, Universidades, Sector Privado) Este grupo especial de trabalho deveria apresentar a sua versão actualizada para discussão, ao Fórum Nacional de Florestas em 2009. Após a incorporação dos comentários do Fórum, o NFP 2009-2013 poderia ser finalizado e submetido para aprovação. Em 2013, deverá ser concebida uma nova versão do NFP, com um horizonte temporal de 5 anos, caracterizado por uma participação massiva de actores aos vários níveis, com apoio da actual proposta do Programa de Apoio ao Sector de florestas. Figura1 Itinerário/Roteiro para a actualização do NFP em Moçambique Apresentação do NFP 2006-2010 Criação do Grupo Especial de Trabalho/Task Force por parte da DNTF com participantes seleccionados Revisão e actualização: - Informação e actualização dos dados até ao momento presente - Alteração do cicl o de vida para 2009-2013 - Estabel ecimento explícito das ligações com o PROAGRI II, Estratégia do MINAG e PARPA - Acrescentar mudanças cl imáticas e florestas, bem como actividades relevantes - Acrescentar investigação e formação em florestas e indústria florestal - Melhorar o texto através da revisão da redacção e linguagem - Acrescentar o custo das acti vidades e uma tabela resumo - Add analysis on financing of the budget Apresentação e discussão no Forum Nacional de Florestas 2009 Finalização com base nos comentários recebidos Submissão para aprovação Implementação e monitoria Esboço de um novo NFP 2014-2018 com base numa consulta massiva de actores em 2013 3.2. Intervenções prioritárias no sector de florestas As intervenções urgentemente necessárias são descritas a seguir, relativamente as principais componentes do NFP: 1. Desenvolvimento da capacidade institucional e dos recursos humanos Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 14

Recrutamento de pessoal qualificado (mulheres e homens) para todas as províncias e para a DNTF. Criação de uma Unidade de Assistência Técnica junto da DNTF para servir o sector, relativamente a questões jurídico-legais, indústria, gestão e conservação de florestas. Angariação de recursos financeiros para a realização de inventários e zoneamento. Reactivação do Fórum Nacional de Florestas e criação do Fórum Provincial ou Regional de Florestas com vista a melhorar o diálogo entre os intervenientes no sector. Esclarecer as responsabilidades e desenvolvimento de mecanismos de colaboração entre os sectores do estado que intervêm no sector de florestas (MINAG, MITUR, MIC, MICOA e outros). Fortalecer o Sistema de Aplicação da Lei de Florestas ao nível nacional, esclarecendo a posição dos fiscais. Análises funcionais da DNTF, sua estrutura e procedimentos internos. 2. Utilização das florestas e desenvolvimento industrial Reavaliar o número de concessões e o volume anual de exploração permitido nas províncias, com vista a simultaneamente promover iquidade. Criar uma base de dados sobre preços de madeira e o mercado internacional destas Desenvolver parcerias entre os grandes investidores e as pequenas e medias empresas Realizar formação específica na implementação de planos de maneio, técnicas de corte e manutenção da indústria. Promover condições de crédito melhoradas para a indústria florestal Promover o diálogo entre os concessionários e as comunidades, incluindo a exploração do conceito de concessões comunitárias próximo das concessões privadas. Realizar actividades de investigação e formação sobre questões prioritárias tais como a gestão de florestas naturais; espécies florestais novas ou menos conhecidas, silvicultura das espécies nativas e técnicas de corte. A formação deverá ser organizada tanto para funcionários do estado como para o sector privado e ONGs envolvidas em questões ligadas às florestas. Promover o uso sustentável das florestas para energia de biomassa Apoiar e criar a cadeia de valor para a indústria florestal de pequena e média escala Apoiar a criação do Grupo de Desenvolvimento da Indústria Florestal 3. Conservação e gestão dos recursos florestais e fauna bravia Melhorar a demarcação das reservas florestais e fazendas do bravio. Melhorar o controle e a monitoria de recursos, em particular o fortalecimento do Sistema de Fiscalização da Lei de Florestas. Formular uma estratégia e programa para o controle de queimadas descontroladas. Isto incluiria o desenvolvimento de programas com o objectivo de reduzir as emissões de CO 2 através do controle das queimadas, que poderia ser apoiado pelos Mecanismos de Financiamento do Carbono. Promover o Reflorestamento e Florestamento com espécies nativas e exóticas, em áreas específicas. Clarificar a utilização da Sobretaxa de Repovoamento Florestal de 15 % no contexto do Reflorestamento e Repovoamento de Fauna Bravia. Desenvolver mecanismos para facilitar o acesso do sector privado e das ONGs aos estes fundos para o financiamento das suas actividades de Repovoamento. Assegurar a participação das comunidades, tanto mulheres como homens, na conservação e gestão das florestas e dos recursos de fauna bravia. 4. Gestão comunitária das florestas e dos recursos de fauna bravia Desenvolver oportunidades de negócio para as comunidades, baseadas nas Florestas e Fauna Bravia, incluindo experiências piloto de concessões comunitárias, plantações comunitárias e programas de reflorestamento e florestamento. Criar capacidade técnica para a gestão das florestas e dos recursos florestais e para aplicação de actividades agrícolas e de caça mais sustentáveis. Fortalecer e expandir os Comités Comunitários para a gestão sustentável das Florestas. Apoiar e fortalecer a capacidade das ONGs de formar e trabalhar com as comunidades. Pro_Doc_NFP_support osvaldo(portugues).doc 15