Propostas para a Recuperação de Receitas Tributárias



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Transcrição:

Propostas para a Recuperação de Receitas Tributárias Este texto tem por objetivo fazer um breve diagnóstico do atual sistema de compensação de débitos dos contribuintes, vencidos ou vincendos, com créditos relativos a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal (SRF), bem como apresentar um conjunto de propostas de recuperação de receitas tributárias, com a reversão do quadro de fragilidades de controle que hoje cerca o crédito tributário submetido àquela sistemática. 1. Diagnóstico Até a edição da Medida Provisória (MP) nº 66, de 2002, a compensação de tributos solicitada pelo contribuinte era realizada pela Secretaria da Receita Federal (SRF) somente depois de reconhecida a liquidez e certeza, do direito creditório pleiteado, em obediência ao disposto no art. 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Em outros termos, a quitação do débito dependia de a Receita Federal expressamente reconhecer o direito creditório pleiteado. A MP nº 66, de 2002, convertida na Lei nº 10.637, de 2002, criou uma nova forma de quitação de débitos tributários com a União, consistente na entrega de uma declaração de compensação (DCOMP), na qual o contribuinte informa que está compensando seus débitos relativos a tributos ou contribuições federais com créditos por ele apurados, sem o prévio reconhecimento da certeza e liquidez pela SRF. Tal declaração extingue o débito, sob condição resolutória de ulterior homologação. A partir da entrada em vigor dessa nova legislação, os pedidos de compensação já protocolizados e pendentes de apreciação transformaram-se em declaração de compensação, produzindo os mesmos efeitos desta e submetendo-se ao rito processual instituído naquela oportunidade. Em seguida, com a edição da MP nº 135, de 2003, convertida na Lei nº 10.833, de 2003, foi estabelecido um prazo de cinco anos para a Receita Federal apreciar a compensação declarada, findo tal prazo sem a devida apreciação todo o procedimento estaria tacitamente homologado. A drástica mudança nos procedimentos de compensação gerou um grande acúmulo de declarações a serem apreciadas, sem a necessária contrapartida em termos de quantidade de Auditores-Fiscais. Por essa razão, até abril de 2005, foram extintos cerca de 55 bilhões de Reais de débitos, mediante a homologação tácita de compensações amparadas em créditos não apreciados pela SRF. Entre maio de 2003 e dezembro de 2005, essa nova sistemática extinguiu 71,6 bilhões de Reais de débitos tributários, sob condição resolutória de posterior homologação. Tal cifra equivale a 21% do montante de tributos arrecadados pela SRF no ano de 2005. 1

1.1 Das declarações de compensação apreciadas Uma análise preliminar, baseada na amostra abaixo indicada (tabela I), permite inferir que, em média, 80% dos créditos informados pelos contribuintes nas declarações de compensação são improcedentes. Assim, aplicando-se esse percentual ao estoque de débitos extintos por meio de tais declarações, no total de 71 bilhões de Reais, teríamos uma estimativa de 57 bilhões de Reais em receitas tributárias que podem ser recuperadas. Nessa esteira, é possível inferir que, partindo da premissa de que, em média, oitenta por cento dos créditos analisados pela SRF são improcedentes, tal sistemática de compensação pode ter causado um prejuízo para os cofres públicos de, aproximadamente, 44 bilhões de Reais (80% do crédito tributário extinto pela homologação tácita acima referida, ocorrida até abril de 2005). Convém esclarecer que a amostra dos resultados obtidos em processos de compensação apreciados pela SRF, consolidados na citada tabela I, teve como fonte os seguintes dados: I - quadro demonstrativo do trabalho realizado por auditores lotados na 5ª Região Fiscal (Bahia e Sergipe), relativo ao ano de 2005, com o seguinte resultado: dos 1.141 processos analisados, que pleiteavam 491 milhões de Reais em créditos, apenas 54 milhões de Reais (11%) foram deferidos. Portanto, 89% dos valores declarados eram improcedentes, ou seja, 437 milhões de Reais contidos nas referidas declarações de compensações não se enquadravam nos requisitos de liquidez e certeza previstos no artigo 170, do CTN; II - quadro demonstrativo do trabalho realizado por auditores da DRF de Fortaleza, onde foram analisados 400 processos no 1º trimestre/2006, que pleiteavam 489 milhões de Reais em créditos tributários, em que 447 milhões de Reais restaram indeferidos, equivalendo a 92% do montante declarado pelos contribuintes; III - trabalho semelhante realizado na 9ª Região Fiscal (PR e SC), no qual ficou demonstrado que, no ano de 2005, 78,18% das compensações declaradas não tiveram seus créditos reconhecidos; IV - Nota à imprensa divulgada em abril de 2005, em que o Superintendente Regional da Receita Federal na 10ª Região Fiscal reconheceu que, em um período de 18 meses, foram analisados mais de 5.200 processos naquela RF, envolvendo restituição, ressarcimento e compensação, cujo montante pleiteado era de 1,9 bilhão de Reais, sendo indeferido ou não-homologado cerca de 1,1 bilhão de Reais, ou seja, 59% dos valores constantes nas declarações de compensação. 2

Tabela 1 Amostras dos resultados da apreciação dos processos de compensação tributária (valores expressos em milhões de reais) DRF ou RF Período Valor Pleiteado Valor Indeferido % Indeferimento 5ª RF (BA e SE) 2005 R$ 491 R$ 437 89,0% DRF Fortaleza 1º trim/2006 R$ 489 R$ 447 91,4% 9ª RF (PR e SC) 2005 R$ 2.550 R$ 1.990 78,0% 10ª RF (RS) out/2003 a mar/2005 R$ 1.920 R$ 1.140 59,4% Média de Indeferimento 79,5% Elaboração: Departamento de Estudos Técnicos do Unafisco Sindical Não obstante a possibilidade de existência de cerca de 57 bilhões de Reais de créditos improcedentes oriundos dessas declarações, a Secretaria da Receita Federal, passados quase quatro anos da instituição da declaração de compensação, não concluiu, até o momento, os instrumentos (sistemas eletrônicos de cruzamento de dados) e a normatização de procedimentos de análises dessas compensações. Faz-se necessário aprimorar a legislação, para assegurar a certificação da procedência do crédito informado pelo contribuinte, além de adotar outras medidas administrativas, como a alocação de maior quantitativo de auditores naquela atividade. A demora na apreciação desses créditos significa, no mínimo, postergar o ingresso de recursos nos cofres do Tesouro Nacional, podendo, em última instância, acarretar a extinção de débitos líquidos e certos por decurso do prazo de homologação tácita, caso se conclua, em exame posterior, pela inexistência dos créditos informados. Ademais, a ocorrência de tal hipótese caracterizaria a apropriação privada de recursos públicos em prejuízo de toda a sociedade, especialmente dos que mais dependem dos serviços públicos. 2. Propostas 2.1. Alterações na legislação 2.1.1. Transformar a declaração de compensação que, atualmente, extingue o crédito tributário - em pedido de compensação, com a suspensão da exigibilidade do crédito tributário e interrupção de prazo de prescrição da dívida, hipóteses a serem incluídas no CTN. Justificativa: Atender à necessidade de se verificar a presença dos requisitos de certeza e liquidez do crédito do sujeito passivo a ser compensado, como exigido pelo CTN. 3

Nesse caso não ocorreria a homologação tácita, que, comprovadamente, traz prejuízo ao erário. 2.1.2. Vedar a utilização de direito creditório proveniente de decisão judicial transitada em julgado, que reconheceu o direito apenas em tese, sem determinar o quantum. A compensação, na via administrativa, somente deveria ser permitida após a emissão do precatório, ou seja, com a determinação do valor do crédito do contribuinte reconhecido em Juízo. Tratando-se de ação judicial determinando a compensação, esta somente seria efetuada após o trânsito em julgado da sentença, nos exatos termos em que foi prolatada. Nos casos de existência de medida liminar concedida sem que a Justiça defina o montante do direito creditório, determinando à SRF que o faça, tal providência deverá ser imediatamente adotada, a fim de evitar a suspensão com base no valor apresentado pelo contribuinte, considerando que, na maioria das situações analisadas, esse montante é muito superior ao direito creditório efetivamente apurado. Justificativa: A habilitação do direito creditório reconhecido judicialmente na forma atualmente adotada pela SRF (com base no valor que o contribuinte informou à Justiça), não garante a liquidez e a certeza do crédito compensável, haja vista que, com freqüência, consta da liminar ou da sentença, a determinação para que a SRF apure o exato valor do direito creditório do contribuinte nos termos declarados pelo juízo. A medida proposta evitaria a utilização de ações judiciais para postergar o recolhimento de débitos ou até a prescrição de valores cuja cobrança tenha sido suspensa com base no montante do direito creditório indevidamente informado pelo contribuinte, portanto, sem amparo na sentença que transferiu a responsabilidade da determinação do valor do crédito para a SRF. 2.1.3. Submeter os atos de homologação de compensação e de deferimento de pedido de restituição, a mecanismos de revisão objetivando o controle de sua legalidade, mediante a introdução de recursos hierárquicos e de ofício, conforme limite de alçada a ser estabelecido pelo Ministro da Fazenda (como previstos no passado). (Dada à especificidade da proposta, caso venha a ser acatada, o Unafisco Sindical compromete-se a apresentar o seu detalhamento, se solicitado, considerando a legislação processual-tributária aplicável à espécie). Justificativa: Essa medida visa a restabelecer os necessários procedimentos assecuratórios de um equilibrado domínio da Administração sobre aqueles atos, sem olvidar a esperada celeridade no atendimento do pleito do contribuinte, em homenagem ao princípio da eficiência, aumentando o controle e a transparência do órgão na gestão dos recursos públicos. Além disso, a medida uniformiza no âmbito da SRF o entendimento acerca do direito material discutido na administração de tributos. 4

2.2. Medidas administrativas 2.2.1. Elaborar manual de procedimentos para apreciação do direito creditório, com critérios rigorosos para a verificação da liquidez e da certeza dos créditos objeto de declaração de compensação, como exigido pelo CTN. Hoje não há uniformidade de procedimentos entre as diversas regiões, nem mesmo entre unidades da mesma região fiscal; o que se vê são algumas normas esparsas, editadas em caráter de emergência (ordens de serviço regionais ou por delegacia), que, na maioria dos casos, privilegiam apenas a produtividade, em detrimento da verificação dos aludidos requisitos aplicáveis ao alegado direito creditório. Justificativa: Diminuir-se-ia o montante de direito creditório reconhecido de forma superficial e sumária, evitando-se prejuízos ao erário e desestimulando a utilização do instrumento da DCOMP para a extinção de dívidas mediante a utilização de créditos fictícios. 2.2.2. Criar um grupo nacional para combater fraudes aplicadas contra a Fazenda Nacional, mediante a utilização pelos contribuintes da atual sistemática de compensação, identificando o modus operandi dos fraudadores, padronizando medidas a serem adotadas em todas as regiões fiscais e disseminando-as para aplicação imediata. O grupo atuaria especialmente acompanhando ações judiciais, articulando-se com a Procuradoria da Fazenda Nacional, com vistas a obter sucesso na contestação de sentenças judiciais contrárias ao interesse público. Justificativa: Combater o ilícito e a fraude na compensação de impostos e contribuições administrados pela SRF, aumentando o risco para os agentes criminosos. 2.2.3. Alocar mais recursos humanos e tecnológicos em todas as áreas envolvidas na apuração do crédito informado pelo contribuinte para compensação, reduzindo-se com critérios rigorosos de apreciação o estoque hoje existente. Poderá ser criada forçatarefa nas Delegacias para apreciar as compensações, devendo-se cientificar o contribuinte do despacho decisório e, no mesmo ato, intimá-lo para pagar o débito remanescente, cuja compensação não foi homologada. Justificativa: Impedir a ocorrência da homologação tácita, inibir a apresentação de compensações baseadas em créditos fictícios e acelerar a recuperação de receitas tributárias. 2.2.4. Regulamentar o 14 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, incluído pela Lei nº 11.051, de 2004, o qual determina que a SRF fixará os critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. Justificativa: As normas atuais são insuficientes, pois não definem claramente as prioridades da análise do processo. É comum nas diversas unidades das SRF a mudança freqüente de prioridades, tornando o trabalho pouco produtivo. 5

2.2.5. Promover alteração no art. 39 da IN SRF nº 600, de 2005, relativamente aos procedimentos de homologação tácita da compensação. A norma determina que, após o decurso do prazo de cinco anos homologada tacitamente a compensação, ainda que inexistente o direito creditório informado pelo contribuinte, deverá ser creditada a conta do tributo ou contribuição cujo débito foi extinto, pelo valor bruto, sendo debitada a conta do tributo ou contribuição correspondente ao suposto direito creditório utilizado pelo contribuinte para respaldar a compensação. Nessa hipótese, sugere-se que seja criada uma rubrica específica para registro das perdas do Tesouro Nacional, decorrentes de extinção de débitos lastreada em direito creditório não reconhecido pela SRF. Justificativa: A medida objetiva dar transparência às contas públicas e evitar as distorções causadas às contas nacionais, em prejuízo dos entes federados e da Seguridade Social, por ocasião das transferências constitucionais. 3. Conclusões: A adoção das medidas propostas possibilitará um incremento significativo da arrecadação, em função da não-homologação e conseqüente cobrança de débitos indevidamente compensados. Poderá, ainda, assegurar os recursos necessários ao atendimento do pleito da categoria AFRF, que, reconhecida e valorizada, dedicará seus melhores esforços ao aumento da arrecadação de tributos federais, por meio de combate à sonegação e demais ilícitos tributários. Brasília, 19 de junho de 2006. Diretoria Executiva Nacional 6