Humor como estratégia de comunicação com a pessoa em situação de doença

Documentos relacionados
Humor como estratégia de comunicação com a pessoa em situação de doença

Quando o humor integra o agir profissional dos enfermeiros. Angra do Heroísmo, ilha Terceira Açores 17 de Junho 2014

RESUMO ABSTRACT Comunicações orais e Posteres Oral communications and posters

Revisão integrativa sobre a intervenção humor em enfermagem

A DESOCULTAÇÃO DOS SABERES PROFISSIONAIS: UM ESPAÇO DO ENSINO SUPERIOR

A INTERVENÇÃO HUMOR EM ENFERMAGEM NUM SERVIÇO DE ORTOPEDIA: ESTRATÉGIAS E BENEFÍCIOS

Revisão integrativa sobre a intervenção humor em enfermagem (tema livre)

Luís Sousa Carla Santos Leonor Carvalho Helena José

Pensamento Crítico: uma ferramenta para a enfermagem

Abreviaturas e Siglas

XXVIII Jornadas de Enfermagem da AE da Escola Superior de Saúde de Viseu. Prof.ª Paula Diogo, PhD 28 março 2017

Seminários As Tecnologias de Informação e Comunicação e os Sistemas de Informação nos Hospitais: entre a oferta e a procura.

Desenvolvimento de competências em enfermagem de saúde mental através da simulação

Fatores associados à depressão relacionada ao trabalho de enfermagem

APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA EDUCATIVO NA CAPACITAÇÃO DO DOENTE ONCOLÓGICO COM DOENÇA AVANÇADA/CUIDADOR PARA A GESTÃO DA DOR EM DOMICÍLIO

Processo de Enfermagem Avaliação de Indivíduos e Famílias Diná Monteiro da Cruz

Enfermagem.Porto. Congresso Internacional de Investigação, Inovação & Desenvolvimento em Enfermagem LIVRO DE RESUMOS

Sistemas de Informação de Enfermagem (SIE) Élvio H. Jesus. Enf. Supervisor no SESARAM (Funchal) Élvio H.

diagnósticos de enfermagem num projecto desenvolvido no ano lectivo 2010/2011.

Processo de Enfermagem

PROGRAMA DE MÉTODOS E HÁBITOS DE ESTUDO

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

PENSAMENTO. O desejo de ir em direção ao outro, de se comunicar com ele, ajudá-lo de forma eficiente, faz nascer em nós uma imensa

Desenvolvimento de competências parentais no puerpério através da Visita Domiciliária de Enfermagem REVISÃO INTEGRATIVA

Programa educacional ao cuidador do doente oncológico com dor no domicílio

CO-CONSTRUIR O TEMPO: AVALIAÇÃO DE UM CURSO DE FORMAÇÃO PARENTAL E PARENTALIDADE

Entrevistando Famílias

A dimensão processual do raciocínio clínico para a tomada de decisão dos enfermeiros numa unidade cirúrgica

Tipos de humor. de Ortopedia. utilizados na prestação de cuidados pelos enfermeiros num serviço RESUMO ABSTRACT

A dor no doente oncológico com doença avançada. Isabel Correia Prof. Doutor Manuel José Lopes

UNIVERSIDADE MINHO Escola de Psicologia Campus de Gualtar Braga. Planeamento da Prática de Exercício Físico (PPEF)

Processo de enfermagem - da teoria às implicações para a prática e segurança

Ambiente nos Cuidados de Saúde: Facilidade e Segurança do Acesso ao serviço de Fisioterapia do Hospital de Egas Moniz

DIA INTERNACIONAL. Em cada indivíduo uma família DA FAMÍLIA. Luísa Santos, RN; MSc; PhD;

Resiliência e burnout em trabalhadores de enfermagem

Um projecto de educação para a saúde na SCA

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: UMA PRIMEIRA VERSÃO. Nos últimos anos, vêm-se fomentando uma série de estudos preliminares (Pinto, F. E. M.

GESTÃO DO CONHECIMENTO EM ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE: REVISÃO SISTEMÁTICA E LITERATURA

Processo automático de identificação de termos MeSH em falta: caso prático de Farmácia

PSIQUIATRIA COMUNITÁRIA E SAÚDE MENTAL

ADESÃO AO REGIME TERAPÊUTICO DAS

Evidence-Based Medicine

CAPÍTULO 4: CONCLUSÃO

A PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS NOS CUIDADOS PALIATIVOS À PACIENTES ONCOLÓGICOS PEDIÁTRICOS

Avaliação da Dor - 5º Sinal Vital:

Competência do Enfermeiro Oncológico

EXCELêNCIA INTERPESSOAL E COMUNICAçãO Desenvolver as suas competências de relacionamento

Processo de Enfermagem

CURSO DE FORMAÇÃO AVANÇADA EM ESTOMATERAPIA ADVANCE COURSE IN STOMATHERAPY

"What I feel like to express" about Gestão de Risco Hospitalar

CUIDADO DE ENFERMAGEM A CRIANÇA HOSPITALIZADA POR MEIO DA BRINQUEDOTECA E A CONTRIBUIÇÃO DO BRINQUEDO TERAPEUTICO

Nutrição Artificial em utentes em fim de vida

Qualidade de Vida 02/03/2012

Revisão de Literatura: como fazer?

Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC): Um estudo de consensos para definição das intervenções de âmbito psicoterapêutico em Portugal

Experiência de estudantes de Enfermagem em contexto oncológico

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO. Programa de Pós-Graduação

4º Congresso Internacional da APEGEL

Valorização e Desenvolvimento do Capital Humano da Saúde

Fatores de risco de queda na pessoa idosa residente na comunidade: Revisão Integrativa da Literatura

Determinantes afetivos de cuidar a criança hospitalizada sem acompanhante: um estudo de Grounded Theory

Trombose Associada ao Cancro. Epidemiologia / Dados Nacionais

Área de especialização. Políticas de Administração e Gestão de Serviços de Saúde

Ao término desta unidade, você será capaz de:

Resumo Curricular Ana Vanessa R. A. Antunes

O Futuro da Política Científica

Prémio Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa MSD em Epidemiologia Clínica

Estratégias Individuais de Promoção da Saúde Mental Positiva

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ PRECOCE.

PROGRAMA DE DISCIPLINA. DISCIPLINA: Estágio Curricular em Unidades de Saúde de Média e Alta Complexidade CÓDIGO: EFMO64 COORDENADOR:

Psicologia. Introdução

PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO. Alexsandro; Eduardo; Juciléia; Marco Antônio; Rosana.

Objectivos. Paulo Estrela, Paula Cruz, Carla Carvalhosa Outubro/

Humanização na Emergência. Disciplna Urgência e Emergência Profª Janaína Santos Valente

A AQUISIÇÃO DE COMPORTAMENTOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS: CONTRIBUTO DOS MODELOS TEÓRICOS, DOS PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO E DOS TÉCNICOS DE SAÚDE

O PROCESSO DE TRANSIÇÃO DO CUIDADOR INFORMAL DA PESSOA COM AVC

Segurança do Doente CULTURA DE SEGURANÇA DO DOENTE. Ana Cristina Costa Divisão de Segurança do Doente 21 Novembro 2011

I Workshop dos Programas de Pós- Graduação em Enfermagem

CAPACITAR O DOENTE ONCOLÓGICO COM DOENÇA AVANÇADA E/OU O CUIDADOR PARA A GESTÃO DA DOR EM DOMICÍLIO

ÍNDICE VOLUME I INTRODUÇÃO 11 PARTE I ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CONCEPTUAL 16 CAPÍTULO I O CONTEXTO DA SUPERVISÃO CLÍNICA EM ENFERMAGEM

O PAPEL DOS ENFERMEIROS NOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL

Telefonema de Acompanhamento Pós-alta à Criança e Família. A Luz Acompanha-te!

PLANO INDIVIDUAL DE CUIDADOS NO SNS PATRÍCIA BARBOSA NÚCLEO DE APOIO ESTRATÉGICO

Título do Trabalho: Ansiedade e Depressão em Pacientes com Esclerose Múltipla em Brasília Autores: Tauil CB; Dias RM; Sousa ACJ; Valencia CEU; Campos

USF Villa Longa: Equipa empenhada em «trabalhar na capacitação do doente»

Tarefa 4 - Cenário de Aprendizagem

AS TECNOLOGIAS LUDICAS COMO INSTRUMENTO DE CUIDADO PARA A ENFERMAGEM NA ONCOLOGIA PEDIÁTRICA

FERRAMENTAS DE HEALTH COACHING COMO APLICAR NA CONSULTA DE NUTRIÇÃO. Annie Bello, PhD

O técnico, a pessoa e o burnout no Hospital Dr. José Maria Antunes Júnior - Estudo exploratório

COMUNICAÇÃO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM / PACIENTES / FAMILIARES EM UTI: uma revisão bibliográfica.

ABORDAGEM AO DOENTE ABCDE

MINHA TRAJETÓRIA NO ENSINO Graduação de enfermagem desde 1989 (UFTM; EERP-USP; FEN/UFG) Especialização desde 1992 Mestrado desde 2003 Educação permane

Linguagens da prática de enfermagem

PROGRAMA DE UNIDADE CURRICULAR

Avaliação da relação entre a composição das equipes de enfermagem e a qualidade e a segurança nos atendimentos em unidades de terapia intensiva

ENVOLVIMENTO DO UTENTE E FAMÍLIA NO SEU PROJETO DE SAÚDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DO TRABALHO

Aplicação ao Serviço de Urgência Geral do Hospital das Caldas da Rainha. António Sousa Carolina Freitas Mª João Freitas Ricardo São João

Transcrição:

Humor como estratégia de comunicação com a pessoa em situação de doença Autor: Luís Sousa Resumo A investigação no âmbito do humor tem demonstrado benefícios para a saúde e bem-estar das pessoas. O humor desempenha um papel importante nas interações humanas, o que favorece a comunicação. O humor enquanto intervenção de enfermagem está integrado na Classificação Internacional de apoio à Prática de Enfermagem e na Nursing Intervention Classification. O humor tem sido enquadrado nas teorias de enfermagem de relação e de comunicação. No contexto dos cuidados de enfermagem pode ser utlizado como estratégia de comunicação entre enfermeiro-pessoa. Contudo, existem fatores que influenciam esta intervenção, bem como condições de utilização. Para os enfermeiros, o humor é humanizante, gere emoções, diminui tensões, melhora a comunicação e a experiência hospitalar, no entanto pode ser difícil de utilizar quando baixa de auto-estima e confiança. Na perspetiva das pessoas em situação de doença, o humor apresenta benefícios na interação terapêutica com maior participação nos cuidados de saúde. Descritores: Nurse-Patient Relations; Communication; Nursing; Wit and Humor as Topic. Introdução Os estudos realizados sobre o humor no contexto dos cuidados enfermagem demonstraram a existência de benefícios na saúde e no bem-estar das pessoas (José, 2006; José, 2010; Sousa & José, 2016). Este tem vindo a ser incluído na prática de cuidados e está inserido nas linguagens classificadas em enfermagem, nomeadamente, como intervenção na Nursing Intervention Classification (NIC) (Butcher, Bulechek, Dochterman & Wagner, 2013) e além disso como, recurso e intervenção na Classificação Internacional de apoio à Prática de Enfermagem (CIPE) (Conselho Internacional de Enfermeiras, 2011). Todavia, esta intervenção ainda não é valorizada pelos enfermeiros (Haydon & Riet, 2014) e não é uma intervenção sistematizada na prática de cuidados (Sousa & José, 2016).

Na NIC a intervenção humor está definida como o conjunto de atividades que permitem ao enfermeiro ajudar a pessoa a perceber, apreciar e expressar o que é engraçado, divertido ou cómico, de modo a estabelecer relações, aliviar a tensão, libertar a raiva e facilitar a aprendizagem ou lidar com sentimentos dolorosos, contribuindo desta forma para a promoção e manutenção da saúde (Butcher et al., 2013). Os benefícios do humor na saúde e na vida das pessoas, referidos em duas revisões sistemáticas foram: promove o bem-estar; ajuda a lidar com situações difíceis e desagradáveis; ajuda a aproximar as pessoas nivelando os papéis; ajuda a partilhar sentimentos; ajuda a capacidade de ter/manter a esperança; promove o relaxamento; reduz a tensão, reduz o stresse e do desconforto; aumenta da tolerância à dor e fortalece o sistema imunitário através do aumento da atividade das células Natural Killer e dos níveis de imunoglobulinas (José, 2006; Sousa & José, 2016). As teorias de enfermagem que suportam a intervenção humor têm no seu amago a relação terapêutica e comunicação (Åstedt Kurki, & Isola, 2001; Tanay, Roberts & Ream, 2013; Tremayne, 2014; Canha, 2016). Quais o benefícios da utilização do humor como estratégia de comunicação na relação enfermeiro-pessoa em situação de doença? Os objetivos desta comunicação é reflectir sobre os benefícios da utilização do humor como estratégia de comunicações na interação enfermeiro-pessoa em situação de doença. Método A comunicação terá por base uma revisão narrativa da literatura sobre a utilização do humor como estratégia de comunicação entre enfermeiro-pessoa em situação de doença. A pesquisa foi feita em Maio de 2016 com recurso à plataforma EBSCOHost (CINAHL Complete e MEDLINE Complete), Biblioteca Virtual de Saúde (CINAHL e MEDLINE) e Google Académico. Os descritores foram validados na plataforma de Descritores Ciências da Saúde (DeSC) com a seguinte estratégias de pesquisa: (((Nurse-Patient Relations) OR (Communication)) AND (Nursing) AND (Wit and Humor as Topic)). Foram incluídos artigos dos últimos 10 anos. Resultados e discussão Nesta revisão são analisados 7 artigos que pertencem ao paradigma qualitativo. Estes foram publicados em 2008 (Dean &Major, 2008), em 2009

(McCreaddie & Wiggins, 2009), em 2010 (McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010) e em 2014 (Haydon & Riet, 2014; McCreaddie, Payne, 2014, Tanay, Wiseman, Roberts & Ream, 2014). Quanto ao país de origem, cinco foram desenvolvidos no Reino Unido (McCreaddie & Wiggins, 2009; McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010; McCreaddie, Payne, 2014; Tanay et al., 2014), os outros estudos são oriundos da Austrália (Haydon & Riet, 2014) e do Canadá (Dean &Major, 2008). Relativamente ao desenho do estudo, quatro seguiram a metodologia da Grounded Theory (McCreaddie & Wiggins, 2009; McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010; McCreaddie, Payne, 2014), os restantes têm como desenho metodológico a investigação narrativa (Haydon & Riet, 2014) e método etnográfico (Dean &Major, 2008; Tanay et al., 2014). As amostras são heterogéneas abrangem enfermeiros, pessoa em situação de doença, familiares e outros funcionários. As amostras de enfermeiros variam entre 4 (Haydon & Riet, 2014) e 15 enfermeiros (Dean &Major, 2008), de pessoas em situação critica variam entre 21 (McCreaddie, Payne, 2014) e 51 (McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010), de familiares/ pessoas significativas entre 8 (Haydon & Riet, 2014) e 17 (McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010) e por último, de outros profissionais variou entre 5 (McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010) e 15 (Dean &Major, 2008). Todos os estudos referem-se ao humor na perspetiva dos enfermeiros, porém dois estudos abordam o humor na perspetiva das pessoas em situação de doença (McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010). Os estudos incluídos nesta revisão são qualitativos e são suportados pelas teorias da comunicação e interação enfermeiro- pessoa em situação de doença (Dean & Major, 2008; McCreaddie, Payne, 2010; Haydon & Riet, 2014,) Interação enfermeiro-pessoa em situação de doença (McCreaddie, Payne, 2014; Tanay et al., 2014), comunicação (McCreaddie & Wiggins, 2009) e psicologia positiva e perspetiva positivista (McCreaddie, Payne &Froggatt, 2010). O humor quando utilizado nos cuidados de enfermagem desenvolve a capacidade afetiva ou mudança psicológica, através da promoção do aumento da humanidade da experiência (Dean & Major, 2008; Haydon & Riet, 2014). Embora os enfermeiros sintam que o humor pode por vezes pôr em causa o seu profissionalismo (Tanay et al., 2014), não devem ser relutantes em utilizálo como uma parte integrante do cuidado compassivo e personalizado, mesmo em situações criticas. Deve ser utilizado como ferramenta comunicação para as pessoas em processo de doença de modo a melhorar a experiência no hospital tanto para com as pessoas em situação de doença como para os

enfermeiros, isto porque, este humaniza os cuidados e favorece a comunicação e a interação entre os enfermeiro-pessoa em situação de doença, melhorando a satisfação da pessoa em situação de doença e de quem presta cuidados (Dean & Major, 2008; Haydon & Riet, 2014). Os enfermeiros devem estar sensibilizados para o potencial da multiplicidade de significados que surgem nas interacções enfermeiro- pessoa em situação de doença e usufruir da possibilidade de utilizar o humor espontâneo em contexto clínico. É certo que a sua utilização pode envolver riscos, pois nem sempre o humor utilizado vai de encontro às expectativas por parte das pessoas em situação de doença (McCreaddie & Wiggins, 2009; McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010; McCreaddie & Payne, 2014;). Por isso, implica por parte do enfermeiro uma avaliação constante e adequação à situação especifica de cada pessoa em situação de doença (Tanay et al., 2014). Neste contexto, a utilização do humor exige confiança, capacidade para assumir riscos e auto-estima por parte dos enfermeiros (McCreaddie & Wiggins, 2009; McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010; McCreaddie & Payne, 2014;). As pessoas em situação de doença que tendem a assumir o papel de bomdoente tentam utilizar o humor, de modo a obterem afeto, atenção e cuidados de enfermagem personalizados. Além disso, recorrem muitas vezes ao humor auto depreciativo (problemático) e ao humor incongruente (não-problemático) (McCreaddie & Wiggins, 2009). Na perspetiva dos enfermeiros o humor é humanizante, permite gerir as emoções, diminuir tensões produzidas, melhorar a comunicação e a experiência hospitalar, todavia pode ser difícil de utilizar quando os enfermeiros apresentam baixa de auto-estima e de confiança (Dean & Major,2008; McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2014; Haydon & Riet, 2014). Na óptica das pessoas doentes, o humor tem benefícios na interação terapêutica com maior participação nos cuidados de saúde, criando a imagem de bom doente (McCreaddie et al., 2010; McCreaddie & Payne, 2010;). As principais limitações do estudo estão relacionadas as características das amostras, nomeadamente género (McCreaddie et al., 2010), contexto cultural (McCreaddie & Wiggins, 2009; McCreaddie & Payne, 2014), número reduzido de participantes (McCreaddie & Payne, 2014), o conhecimento prévio dos observadores relativamente aos participantes (McCreaddie & Payne, 2014) e a inúmera interpretações que se podem fazer os resultado obtidos (McCreaddie & Wiggins, 2009). Neste sentido, recomenda-se que seja produzida mais investigação para colmatar as limitações existentes, de modo a garantir a adequada implementação do humor na interacção enfermeiro pessoa em situação de doença/família, para que haja benefícios para ambos (McCreaddie & Payne, 2014).

Conclusão Através desta revisão narrativa compreendeu-se os fatores que influenciam a utilização do humor como estratégia de comunicação no âmbito dos cuidados de enfermagem tanto na perspetiva das pessoas em situação de doença, como dos enfermeiros, assim como identificar os benefícios do humor em ambas as perspetiva. Para os enfermeiros, o humor é humanizante, gere emoções, diminui tensões, melhora a comunicação e a experiência hospitalar, no entanto pode ser difícil de utilizar quando baixa de auto-estima e confiança. É influenciado pelo género, contexto, cultura, assim como pelo nível da auto-estima e confiança que os enfermeiros têm. Na perspetiva das pessoas em situação de doença, o humor apresenta benefícios na interação terapêutica com maior participação nos cuidados de saúde. As pessoas em situação de doença apreciam e têm uma atitude expectante em relação ao humor utilizado pelos enfermeiros, criando a imagem de bom doente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Åstedt Kurki, P., & Isola, A. (2001). Humour between nurse and patient, and among staff: analysis of nurses diaries. Journal of Advanced Nursing, 35(3), 452-458. Butcher, H. K., Bulechek, G. M., Dochterman, J. M. M., & Wagner, C. (2013).Nursing interventions classification (NIC). Elsevier Health Sciences. Canha, B. (2016). Using Humor in Treatment of Substance Use Disorders: Worthy of Further Investigation. The Open Nursing Journal, 10(1), 37-44. DOI: 10.2174/1874434601610010037 Conselho Internacional de Enfermeiros (2011). CIPE 2: Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - Versão 2. Loures: Lusoditacta. Dean, R. A. K., & Major, J. E. (2008). From critical care to comfort care: the sustaining value of humour. Journal of clinical nursing, 17(8), 1088-1095 Haydon, G., & Riet, P. V. D. (2014). A narrative inquiry: How do nurses respond to patients use of humour?. Contemporary nurse, 46(2), 197-205. José, H. (2006). Humor: que papel na saúde? Uma revisão literatura. Pensar Enfermagem, 10(2), 2-18. José, H. M. G. (2010). Resposta humana ao humor: humor como resposta humana. Loures:Lusociência.

McCreaddie, M., & Wiggins, S. (2009). Reconciling the good patient persona with problematic and non-problematic humour: a grounded theory. International Journal of Nursing Studies, 46(8), 1079-1091. McCreaddie, M., & Payne, S. (2010). Evolving grounded theory methodology: towards a discursive approach. International journal of nursing studies, 47(6), 781-793. McCreaddie, M., Payne, S., & Froggatt, K. (2010). Ensnared by positivity: A constructivist perspective on being positive in cancer care. European Journal of Oncology Nursing, 14(4), 283-290. McCreaddie, M., & Payne, S. (2014). Humour in health care interactions: a risk worth taking. Health expectations: an international journal of public participation in health care and health policy, 17(3), 332-344. Sousa, L.M.M. & José, H.M.G. (2013). Revisão Integrativa Sobre a intervenção do humor na enfermagem, Trabalho apresentado em 2º Congresso de Ciências da Saúde, Clínica Multiperfil, In Livro de resumos do 2º Congresso da Multiperfil Luanda. Revista de Ciências Médicas, 9(20), 307-308. Sousa, L. M. M. & José, H. M. G. (2016). Benefícios do humor na saúde: Revisão Sistemática da Literatura. Enformação, 7, 22-32. Tanay MA, Roberts J, Ream E (2013). Humour in adult cancer care: a concept analysis. Journal of Advanced Nursing. 69, 9, 2131-2140. Tanay, M. A., Wiseman, T., Roberts, J., & Ream, E. (2014). A time to weep and a time to laugh: Humour in the nurse patient relationship in an adult cancer setting. Supportive Care in Cancer, 22(5), 1295-1301. Tremayne, P. (2014). Using humour to enhance the nurse-patient relationship. Nursing Standard, 28(30), 37-40.