Limitações ao Direito de Greve A Constituição impõe limites a esse direito, tendo em vista que, antes de tudo, a nossa Lei Maior assegura o direito à vida, à liberdade, à segurança (art. 5º). Asseguram também, em seu art. 5º, o direito a vida privada e a livre locomoção. No que concerne ao direito de propriedade o art. 5º inciso XXII da Carta Magna preceitua que mesmo a greve sendo um direito, não é possível que venha a danificar bens ou coisas. A lei nº. 7.783/89 também impõe limites ao direito de greve. Em seu art. 2º esclarece que a greve deve ser pacífica, vedando, portanto, greves violentas, inclusive por meio de tortura ou de tratamento desumano. Em seu art. 6º protege a propriedade, não sendo possível causar dano à propriedade ou a pessoa. A moral e a imagem da pessoa também são protegidas pela nossa Constituição, portanto, se a greve ofendê-las, as vítimas terão que ser indenizadas. Legitimidade Os titulares do direito de greve são os trabalhadores. Todavia, para exercer esse direito é necessário a presença do sindicato, ou seja, a legitimação para a instauração da greve é do sindicato, tendo em vista que é um direito coletivo. Atividades Essenciais A Constituição de 1988 não proíbe a greve em atividades essenciais, apenas determina que a lei irá definir os serviços ou atividades essenciais. 1
A lei nº. 7.783/89 descreve taxativamente, em seu art. 10, as atividades ou serviços essenciais: Tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; Assistência médica e hospitalar; Distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; Funerários; Transporte Coletivo; Captação e tratamento de esgoto e lixo; Telecomunicações; Guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; Controle de tráfico aéreo; Compensação bancária. Direitos e Deveres dos Envolvidos na Greve De acordo com a lei nº. 7.783/89, em seu art. 6º, os grevistas tem os seguintes direitos dentre outros: o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou a aliciar os 2
trabalhadores a aderirem à greve, a arrecadação de fundos e a livre divulgação do movimento. O direito a livre divulgação do movimento é de extrema necessidade para o movimento grevista, pois é uma forma de persuadir o empregador, além de estimular outros trabalhadores a aderirem à greve. Pode-se usar megafone, distribui panfletos, enfim, pode ser usado qualquer meio de propaganda, contanto que não ofendam o empregador. No entanto, os grevistas devem respeitar os limites constitucionais, principalmente aqueles elencados no art. 5º como o direito à vida, à liberdade, è segurança e à propriedade. É importante destacar que os trabalhadores que quiserem trabalhar não podem ser impedidos pelos grevistas. Contudo é permitido o piquete que é uma forma de pressão para os trabalhadores que não se interessam na greve, aderirem à paralisação. Já a sabotagem não será permitida, que é o emprego de meios violentos para que o empregador ceda às vantagens reivindicadas pelos trabalhadores. O LOCK-OUT Conceito O lock-out é o fechamento da empresa num conflito patrão-empregado, por iniciativa daquele. É um fechamento patronal, na tradução aproximada do termo inglês. Muito embora seja considerada a greve um direito do trabalhador, evoluiu o pensamento moderno no sentido de tornar o lock-out do empregador uma agressão à sociedade e, 3
portanto, ilegítimo o seu exercício. Sofreu, portanto, um retrocesso em comparação ao direito de greve. O lock-out é uma manifestação de força do empregador no sentido de levar a classe de empregados a aceitar determinada condição ou determinação de sua parte. Esta manifestação se dá pelo fechamento temporário de um ou mais postos de trabalho. Não tendo o trabalhador poderio suficiente para confrontar tal medida, consequentemente, haverá um desequilíbrio injustificado nas relações, o que enseja um repúdio social ao instituto do lock-out. Objetivos. O objetivo do lock-out é a imposição de novas condições de trabalho ou impedimento de mudanças existentes. Muito embora a Constituição de 1988 não tenha regulamentado o lock-out, nem positiva nem negativamente, a CLT o trata como atuação sujeita a punições, no artigo 722. O lock-out defensivo. Com a promulgação do ordenamento jurídico laboral, a CLT getulista, surgiram as organizações patronais e tomou força o instituto do lock-out. Muito embora, é verdade, encare nosso Direito o lock-out como um delito, vem tomando fôlego na doutrina - com muito louvor, podemos corroborar - uma posição moderna no sentido de aceitar o instituto, desde que seja ele de natureza defensiva e não agressora. Natureza defensiva no sentido de atender a proteção dos estabelecimentos produtivos e a incolumidade física e mesmo econômica de empregado e empregadores em situações de gravidade política-econômica relacionadas à produção. 4
O lock-out defensivo não foi vedado pelo texto legal da Lei 7783 nem no texto constitucional vigente, e, dado o principio da reserva legal e da isonomia, uma vez que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de coação legal, e ainda baseada nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, além dos princípios básicos de construção de uma sociedade justa e solidária, toma ainda mais força a legitimidade do lock-out defensivo. 5