PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A GREVE
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- Diana Alcaide Damásio
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1 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE A GREVE 1. Quais as condições em que se pode deflagrar greve? A greve será deflagrada por deliberação dos trabalhadores, que deverão se reunir em uma Assembleia convocada conforme os prazos de cada Estatuto. Em regra, a convocação deve ocorrer com 48 horas de antecedência. A greve pode ser convocada em casos em que as tratativas de negociação não surtiram efeito. Pode ser iniciada também para forçar as negociações (em casos extremos onde não haja condições e canais de diálogos) ou conforme conveniência e oportunidade dos trabalhadores. Deve-se ressaltar que, no caso do SINDITEST, a greve é legítima, pois o requisito formal foi cumprido na Assembleia realizada em Curitiba no dia 20 de maio de Além desse encontro, foram realizadas reuniões nos campus do interior. 2. Qual a diferença entre greve e paralização? Juridicamente não existe diferença entre greve e paralização, sempre será greve. O que ocorre é o costume de se chamar de paralização a greve por tempo determinado, quando a greve por tempo indeterminado é chamada pura e simplesmente de greve.
2 3. Para a deflagração da greve, quem/como/quando deve ser notificado? Para a deflagração de uma greve, após seguidos os corretos procedimentos para sua aprovação na Assembleia Geral da categoria, a comunicação deve ser feita com antecedência de no mínimo 72 horas antes do início da paralização em caso de serviços essenciais e 48 horas nos demais casos. Os usuários dos serviços devem ser informados sobre a greve da forma mais ampla possível, através de sites e dos meios impressos. Preferencialmente, as publicações devem ocorrer em jornal de circulação em toda base territorial. No caso do órgão ou autarquia pública empregadora, a notificação deve ser formal, por meio escrito com uma contraprova, um recibo de entrega/protocolo. Na greve atual, além de notificar os Reitores das respectivas Universidades, foram publicados anúncios no dia 21 de maio de 2015 no jornal Gazeta do Povo. 4. Devo comunicar minha chefia de que estou entrando em greve? Como? Não é necessário informar a chefia imediata, pois a comunicação já é feita oficialmente pelo SINDITEST. Entretanto, caso sintam-se confortável, não há óbices para conversar com a chefia. Essa pode ser inclusive uma forma de explicar nossas pautas. Deve-se atentar que em alguns casos as chefias podem adotar posturas mais refratárias. Nesse caso, a tentativa de diálogo pode resultar em situações de assédio ou de eventuais perseguições. Por esse motivo, não há uma regra. Cada caso é um caso e cabe ao trabalhador fazer essa análise.
3 5. Como orientar os servidores a (não) preencherem o ponto durante a greve? Como uma forma de se precaver, os servidores devem ser orientados a comparecer ao local de trabalho durante o período ou aos locais onde estiver ocorrendo atividades vinculadas a greve. Deste modo, mesmo que o servidor não esteja efetivamente trabalhando, sugere-se que seja registrado um ponto paralelo, que poderá ajudar em eventuais questionamentos judiciais e administrativos. 6. Deve-se registrar a presença nas atividades do sindicato? Os servidores que aderirem e que estiverem nas atividades da Greve devem, preferencialmente, registrar o seu comparecimento. Isso poderá ajudar para evitar eventuais penalizações futuras, tais como, faltas injustificadas. 7. O que são e quais os serviços considerados essenciais? Qual o percentual desses serviços que devem ser mantidos? Como isso funciona nas Universidades e quais locais podem parar? A Lei 7.783/1989, que regulamentou a greve, em seu artigo 10 classifica quais são os serviços ou atividades considerados essenciais, elencados em onze incisos.
4 Art São considerados serviços ou atividades essenciais: I - tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - funerários; V - transporte coletivo; VI - captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - controle de tráfego aéreo; XI compensação bancária. Como se observa, a educação não está listada nesse rol taxativo. Consideram-se serviços essenciais apenas aqueles que quando paralisados colocam em risco a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população (art. 11 da Lei 7.783/1989). Não existe disciplina na legislação sobre um percentual mínimo de serviços essenciais que devem ser mantidos. Apesar disso, a jurisprudência tem adotado como referencial um percentual mínimo de 30% dos serviços essenciais devem ser mantidos durante a greve. Cada caso deverá ser analisado conforme suas peculiaridades. Em relação à paralização em Universidades, todos aqueles serviços que não forem atividades essenciais poderão ser paralisados sem a necessidade de se observar um percentual mínimo de funcionamento. 8. O que é e a qual a importância do fundo de greve? Pode-se dizer que o Fundo de Greve é um patrimônio dos servidores, que tem como principal objetivo cobrir as despesas da greve e das suas pautas.
5 Por ter essa finalidade tão específica, o fundo de greve tem uma prestação de contas própria. Esse fundo é de extrema importância, pois poderá ser utilizado para suprir as despesas da greve (custos com material locação de carro de som/aparelhagem, material de imprensa e divulgação, etc). Isso é, serve para financiar e dar voz aos nossos pleitos. 9. Os dias de greve devem ser repostos? É sabido que, em regra, há celebração de acordos que preveem que os trabalhos acumulados durante a greve sejam realizados quando as atividades forem retomadas (dentro da jornada normal de trabalho). Dessa forma, o tempo paralisado é recuperado e ocorre a efetiva prestação de serviço aos administrados. Em outras palavras, a reposição dos dias paralisados geralmente é matéria de acordo e deve ser feita, evitando, dessa forma, o desconto equivalente nos vencimentos. 10. Servidor em estágio probatório pode fazer greve? O servidor em estágio probatório pode fazer greve, conforme já julgado pelo STF no RE /RS. Isto ocorre, pois os dias em que o servidor esteve em greve não são considerados como faltas injustificadas, sendo que o fato de estar em estágio probatório não justifica nem fundamenta sua demissão. Ementa: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO DE GREVE. SERVIDOR PÚBLICO EM ESTÁGIO PROBATÓRIO. FALTA POR MAIS DE TRINTA DIAS. DEMISSÃO. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. A simples circunstância de o servidor público estar em estágio probatório não é justificativa para demissão com fundamento na
6 sua participação em movimento grevista por período superior a trinta dias. 2. A ausência de regulamentação do direito de greve não transforma os dias de paralização em movimento grevista em faltas injustificadas. 3. Recurso extraordinário a que se nega seguimento. Nesse sentido, vale lembrar que o fato de estar em estágio não significa que o servidor tenha menos direitos e/ou deveres. Pelo contrário, a Constituição assegura a isonomia no tratamento. 11. Há desconto de salário durante a greve? Normalmente não há descontos de salário durante a greve. Usualmente, o pagamento dos dias parados é objeto da negociação durante a própria greve, para evitar qualquer questionamento judicial posterior. Contudo, se a greve for injusta, abusiva e declarada ilegal, em uma eventual ação caberá ao Poder Judiciário decidir sobre o pagamento ou não dos dias parados em razão da greve. Em recente julgado o STF, na Reclamação 16535/RJ, suspendeu o corte de ponto realizado e reconheceu que cortar o ponto e efetuar os descontos dos profissionais (...), desestimula e desencoraja, ainda que de forma oblíqua, a livre manifestação do direito de greve pelos servidores, verdadeiro garantia fundamental. [o que tentaria] inviabilizar o exercício dessa liberdade básica do cidadão, compelindo os integrantes do movimento a voltarem às suas tarefas diuturnas. Em outras palavras, utilizar o corte de ponto para tentar barrar o direito a greve não seria possível. 12. Servidores com FG e CD podem fazer greve? Em fazendo, eles podem ter as funções retiradas? Qualquer servidor pode fazer greve, inclusive os com FG (Função Gratificada) e CD (Cargo de Direção).
7 Na hipótese destes servidores participarem das paralizações, as funções não podem ser retiradas em razão de terem participado da greve. Isso ocorre, pois a simples participação na greve não pode resultar em uma falta grave, até porque a greve é um direito constitucionalmente garantido. Não obstante, o que pode ser punido são os eventuais abusos ou excessos cometidos durante o período de paralização. Por essa razão o Comando de Greve pode sempre ser consultado e demandando. Curitiba, 21 de maio de RAMON BENTIVENHA OAB/PR OAB/DF JOSIMERY PAIXÃO OAB/PR MATHEUS FERRASSIOLI Assessor Jurídico
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