Educação para o trânsito: um estudo interdisciplinar para o ensino de ciências na escola básica.



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Transcrição:

Educação para o trânsito: um estudo interdisciplinar para o ensino de ciências na escola básica. Adriana da Silva Fontes Claudete Cargnin Ferreira Resumo Este artigo relata sobre o desenvolvimento do projeto Educação para o Trânsito, aplicado aos alunos do 1º ano do ensino médio, que contemplou diversas disciplinas do currículo e contou com a participação do Corpo de Bombeiros, Batalhão da Polícia Militar e Oficina Mecânica da cidade como parceiros. Ao final do projeto os alunos mostraram-se mais entusiasmados para o estudo e mais conscientes da sua atuação no trânsito. Os professores perceberam que são possíveis bons resultados na aprendizagem dos alunos quando se faz modificações na metodologia de ensino adotada. Palavras-chave: Interdisciplinaridade; Educação para o Trânsito; Ensino-Aprendizagem; Ciências. Introdução Quando nos deparamos com as aulas que são ministradas com interesse apenas na teoria e resolução científica de problemas descontextualizados, percebemos a falta de interesse quase que total dos alunos, surgindo o velho e conhecido questionamento: onde tal conhecimento será utilizado? No mundo atual, a adaptação às novas exigências é uma das características mais relevantes para a vida em sociedade. Cada vez mais a escola tem assumido um papel social que busca formar cidadãos aptos a viver em comunidade. A Educação tem sido considerada como um instrumento indispensável para o desenvolvimento social e econômico (ORDOÑEZ, 2005). A educação brasileira atravessa uma fase de questionamentos e reformulações em busca de novos rumos. Assim, em 1997, foram elaborados pelo MEC (Ministério da Educação) os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), adotando uma postura de certa forma realista na qual o aprendizado é visto pela ótica formadora de indivíduos capazes, autônomos e aptos para observar, refletir e interagir sobre o mundo em que vive. Os PCNs trazem à discussão a idéia de temas transversais, já que observa-se que as disciplinas tradicionais não comportam o trabalho com a realidade vivida pelos alunos, que criticam as utilidades das mesmas. Quase sempre a não efetivação dessas práticas decorre do equívoco na 1

interpretação dos PCNS e dos conceitos de interdisciplinaridade e transversalidade (SOUZA, 2011). Ao considerar o desenvolvimento de que trata Ordoñez (2005), faz-se necessário repensar, em particular, os problemas sociais que envolvem os jovens e adultos e as ações que as escolas têm realizado em prol da conscientização para tais questões. Entre os problemas, citamos o trânsito, que tem destruído famílias e o futuro de muitos jovens e adultos ainda muito produtivos economicamente. No Estado do Paraná, por exemplo, o número de acidentes de trânsito cresceu 6%: saltou de 41,3 mil em 2009 para 43,8 mil em 2010. A alta é considerada preocupante e é resultado principalmente do aumento na imprudência e na negligência dos motoristas (DETRAN, 2011). Campo Mourão, uma cidade paranaense de aproximadamente 90 mil habitantes, teve, em 2009, um número médio de 2,44 acidentes de trânsito por dia (TRIBUNA DO INTERIOR, 2009). Os números são alarmantes considerando que há pouco movimento de automóveis e motocicletas no trânsito e que os caminhões trafegam por vias marginais. A combinação de pressa, a falta de cuidados com a segurança do veículo e de preparo do motorista são os grandes vilões dos acidentes. Em 2005, o tema foi bastante discutido durante a Semana Nacional de Trânsito: No Trânsito Somos Todos Pedestres que incluía cada cidadão como responsável pelo bem-estar dos seus semelhantes (SANTOS, 2005). Para reduzir estes índices, o DETRAN- PR retomará os investimentos em ações educativas e já prepara um programa de educação permanente, com metas definidas de atuação e resposta, pois acreditam que os investimentos na conscientização de crianças a jovens garantem responsabilidade e respeito no trânsito no futuro. O resultado de campanhas de alerta e prevenção pode ser dimensionado pela queda apresentada no número de acidentes registrados nas estradas e vias urbanas, mesmo não sendo elas as únicas responsáveis pela redução (DETRAN, 2011). Devido às alarmantes estatísticas, elaboramos um projeto interdisciplinar sobre o trânsito, que visasse desenvolver no aluno capacidades como convivência e respeito com os seus colegas e adaptação a novas situações. Este trabalho atende as diretrizes estabelecidas pelo Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), que visam possibilitar e incentivar os educadores a desenvolver atividades que promovam, por exemplo, a importância de atitudes voltadas ao bem comum, à análise e a reflexão de comportamentos seguros no trânsito (DENATRAN, 2010). No desenvolvimento do projeto, considerou-se que, para a construção do conhecimento, o meio em que o aluno está situado, deve prover condições para que o mesmo se sinta estimulado a participar do processo de ensino e aprendizagem, visando também um melhor preparo para viver em sociedade, para isso buscou-se: a) despertar o interesse do aluno pelo assunto, trabalhando de modo a interagir com as diversas 2

disciplinas (situações do cotidiano do aluno aplicadas ao conteúdo das disciplinas); b) observar a influência da utilização de projetos (como um método alternativo) no desempenho dos alunos; c) informar os alunos sobre os direitos e deveres do pedestre (considerado como todo cidadão, independente de estar a pé ou motorizado), e sobre as consequências das atitudes tomadas no trânsito. O aprendizado que permite tal constatação deve conduzir, por sua vez, a atitudes para além do conhecimento científico, levando o aluno a desenvolver atitudes de valorização da própria vida e a de seus semelhantes. Em tempos em que a violência alcança níveis intoleráveis, não deixa de ser oportuna qualquer iniciativa no sentido de valorização da vida e do resgate da auto-estima do cidadão (BRASIL, 2006b, p. 38). Além disso, o projeto propõe uma integração das diferentes áreas do conhecimento, levando a sua unificação, colaborando também com a formação do cidadão, estimulando o aluno a expor suas idéias, a trabalhar em grupo, ouvir, reconhecer suas falhas e buscar aprimoramento pessoal. Tudo isso vem de encontro às orientações para o ensino médio proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Na apresentação do volume Bases Legais : Propõe-se a formação geral, em oposição à formação específica; o desenvolvimento de capacidades de pesquisar, buscar informações, analisá-las e selecioná-las; a capacidade de aprender, criar, formular, ao invés do simples exercício de memorização (BRASIL 2000, p.5), estando apoiado em competências básicas para a inserção de nossos jovens na vida adulta (BRASIL, 2000, p.4). Essas capacidades que foram estimuladas com o projeto, também são buscadas por diversas empresas na seleção de funcionários. Na escola este comportamento pode ser estimulado, fazendo com que esta cumpra também o seu papel social (FERREIRA, FONTES & MOGNON, 2010). O Projeto. O projeto denominado Educação para o Trânsito, foi aplicado no 3º bimestre, a alunos de primeiro ano do ensino médio do Campus Campo Mourão, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), cuja faixa etária estava compreendida entre 14 e 17 anos e envolveu as disciplinas de: biologia, física, química, matemática, português e orientação educacional, tendo por objetivo, aproximar o aluno da realidade e mostrar que os conteúdos trabalhados em sala de aula estão interligados e possuem aplicação prática no dia a dia. Cada disciplina trabalhou num mesmo período, durante suas aulas, um assunto, relacionado ao trânsito e suas implicações. Segundo Rosa & Gomes (1992), com a integração das disciplinas em torno de um tema comum, extraído do mundo real, do cotidiano do aluno, o conhecimento assume sua forma e seu objetivo real, o de possibilitar ao homem a relação com o mundo e consigo mesmo para modificar a sua situação. Um exemplo do que foi realizado: na física os alunos analisaram situações de colisões entre carros: foi discutido sobre o efeito da inércia dos corpos; a importância do atrito do 3

pneu com o solo e dos freios durante a desaceleração; a relação entre a velocidade do carro e a gravidade do acidente; a influência do tipo de latarias (maleáveis e rígidas) em uma colisão; a importância dos itens de segurança (cinto, airbag, encosto de cabeça e extintor) de um carro. Em meio ao tratamento teórico, foram inseridas informações sobre, faróis, pisca - alerta, semáforos, interpretação das placas de sinalização, espelhos retrovisores e o funcionamento de um radar. Nas aulas de biologia, o professor aprofundou a discussão falando dos tipos de sangue, como funciona a doação e a transfusão, quais os cuidados que se tem que tomar, para que doenças não sejam transmitidas por meio desses procedimentos. O professor de química aproveitou a oportunidade para falar dos riscos de acidentes com veículos que transportam materiais tóxicos e inflamáveis para o meio ambiente e para as pessoas que são atingidas; discutiram sobre o efeito da poluição dos carros ao meio ambiente; sobre a composição química dos extintores de incêndio; Efeito estufa; Chuva ácida e a influência do álcool no organismo. As estatísticas do número de acidentes ocorridos durante o ano, na região de Campo Mourão; Elaboração e interpretação de gráficos e Funções foram trabalhadas na disciplina de matemática. Na disciplina de Português foram trabalhadas a interpretação crítica de diversos textos e a produção do relatório final. Durante as aulas de Orientação Educacional, foi explorado como viver bem em sociedade. Foram realizados trabalhos em grupo sobre: Convivência e respeito com seus colegas; Compreensão e aceitação das diferenças; Autoconhecimento e sobre as causas de acidentes (influência da idade, álcool entre outros) na cidade de Campo Mourão. Considerando que, das disciplinas envolvidas nesse projeto, a física é uma das que apresenta maior índice de reprovação, e é também, pela experiência que temos em formação de professores, uma das que os docentes encontram maior dificuldade em lecioná-la de forma contextualizada e interativa, assim o uso de projetos inter ou multidisciplinares torna-se uma alternativa viável, o que é corroborado por Silva (2004). Carmo & Carvalho (2009) afirmam que o uso de projetos interdisciplinares também contorna o mecanismo matemático das aulas tradicionais de física, em que a linguagem matemática torna-se um obstáculo à aprendizagem dos conceitos físicos, no lugar de ser uma forma de estruturar e interpretar os fenômenos naturais. As principais referências bibliográficas utilizadas para os trabalhos em diversas disciplinas foram: em Biologia: Martho & Amabis (2005); Física: Gonçalves & Toscano (2002) E Ramalho, Nicolau & Toledo (2003); Química: Peruzzo & Canto (2003), Lembro (2004) E Feltre (2004); Matemática: Bianchini & Paccola (2003) E Português: Machado (1997). Para a disciplina de orientação vocacional foram usados dados publicados no principal jornal da cidade Tribuna do Interior, trazidos pelos alunos. 4

Foram realizadas visitas ao 11 Batalhão da Polícia Militar (BPM), cujos responsáveis pelos órgãos ministraram palestra (fig. 1) sobre o código brasileiro de trânsito, condutas adequadas, conseqüências dos atos para o infrator, entre outros temas e levantaram questões sobre o trânsito, entre as quais: Multas e infrações; Direção defensiva; Carteira de habilitação; Alterações no automóvel; Faixa de pedestres, Alcoolismo e imprudências. Figura 2: Visita ao pátio do BPM - carros apreendidos. Figura 1: Palestra com policiais militares no 11º. Batalhão da PM. Foi também realizada uma visita ao Corpo de Bombeiros, cujo responsável ministrou palestra, tendo como ponto principal mostrar ao aluno a importância da faixa de pedestres (fig. 3); as sequelas para os condutores e passageiros envolvidos em um acidente; como socorrer uma vítima envolvida; a importância do extintor de incêndio; do uso da roupa térmica utilizada durante os incêndios e chamou a atenção dos alunos sobre quais órgãos informar em caso de acidente. Para complementar as informações repassadas pelos policiais na palestra, os alunos visitaram o Pátio do BPM, para ver o estado dos carros envolvidos em acidentes (fig. 2). 5

Figura 3: Pedestres atravessando na faixa Foi também realizada uma visita a uma oficina mecânica na cidade onde boa parte da estrutura interna e externa dos carros foi observada. No local foi mostrado o funcionamento de um motor do carro, itens de segurança, air-bag, tipos de faróis e freios, extintor de incêndio e como recuperar os carros batidos. A figura 4 mostra a lataria de um carro que está sendo reparado. Figura 4: Explicação sobre o funcionamento do automóvel Oficina mecânica A fim de compreender melhor algumas das consequências dos acidentes de trânsito, os alunos foram estimulados, a partir de atividades práticas, a simularem uma deficiência. Uma das experiências consistia em fazer com que os alunos andassem pelo pátio da instituição UTFPR com os olhos vendados (simulando uma deficiência visual). Outra, eles deveriam se locomover utilizando uma cadeira de rodas (simulando uma deficiência mecânica). A partir dos comentários dos alunos a respeito das sensações quando da realização das atividades, foi trabalhado, pela orientadora escolar, a importância do respeito ao próximo, da responsabilidade no trânsito, entre outros. Ou seja, o trabalho também foi importante por tratar da inclusão dos portadores de necessidades especiais. 6

Discussão dos Resultados. Neste projeto, as possibilidades reais de aplicação dos estudos escolares, proporcionadas pela interação das disciplinas, ficaram evidentes para todos os participantes, especialmente pelas discussões quase que simultâneas ocorridas em sala de aula nos diversos momentos. Os exemplos reais comentados pelos próprios alunos corroboraram a explanação dos professores e tornaram os assuntos trabalhados mais interessantes, já que a exposição dos mesmos fora motivada por um problema real, o que permitiu que os alunos estivessem mais atentos nas aulas. Percebeu-se que os alunos participantes do projeto, mostraram-se mais maduros para enfrentar situações cotidianas que requeiram iniciativa, criatividade, visão crítica da realidade, principalmente no que se refere às atitudes com portadores de necessidades especiais. Também foi percebido maior respeito mútuo pelas dificuldades dos colegas, além do interesse maior pelo estudo das disciplinas. A mudança na atitude individual e na forma de pensar ficou clara durante apresentação final dos grupos, cujo objetivo foi o de relatar aos colegas o aprendizado ocorrido durante o projeto, tanto em questões curriculares como comportamentais. Nesse momento as diversas equipes expuseram sua percepção em relação ao projeto desenvolvido e às mudanças ocorridas. No decorrer das apresentações houve alguns desabafos emocionantes dos alunos, que fizeram com que todo o trabalho despendido no decorrer do projeto fosse recompensado. A figura 5 mostra a apresentação de uma das equipes. Figura 5: Apresentação do portfólio final pelos alunos na UTFPR. A partir de todas as discussões e verificações realizadas, os alunos puderam compreender que, para diminuir o risco de danos aos condutores e passageiros durante um acidente, devese utilizar os itens de segurança do veículo, como: airbag, extintores, cinto de segurança e encosto de cabeça, que são baseados em princípios físicos. O projeto trouxe também resultados benéficos quando proporcionou aos jovens um momento de discussão sobre imprudência versus esperteza no trânsito, pois como afirmam 7

Faria & Braga (1999), ao comentarem sobre o comportamento dos jovens no trânsito: Os jovens podem estar mais motivados a assumir comportamentos de risco na medida em que sente necessidade de autonomia (contrapondo-se à autoridade dos pais e das normas sociais), necessidade de novidades e de sensações, bem como necessidade de auto-afirmação, quando o risco caracteriza-se como uma fonte de prestígio e de competitividade. Os autores também apontam, a orientação, que deve ser dada pelos professores, sobre como se comportar no trânsito, utilizando a persuasão e outros métodos mais justos e eficazes para garantir sua obediência, como uma das formas de diminuir os acidentes. Segundo Martins, Verdeaux & Sousa (2009), a busca por caminhos que apontem resultados satisfatórios no processo de ensino-aprendizagem tem demonstrado que o fracasso na aprendizagem é uma forma de evidenciar que os métodos, as estratégias, os recursos, e outros aspectos do ensino não têm sido eficazes para promover uma aprendizagem significativa. Abaixo, alguns comentários realizados pelos alunos na conclusão do projeto: A - As aplicações dos conteúdos vistos foram surpreendentes, em especial, na física, pois cinemática, dinâmica e óptica foram perfeitamente contextualizados no trânsito. B - Com esse trabalho vivenciamos coisas que seriam impossíveis de aprender só na teoria. Coisas que são imprescindíveis para a nossa vida. C - as fórmulas da física que pareciam sem sentido agora fazem D - Foi tão bom aprender deste modo que nem parecia que estávamos em aula. E eu nunca pensei que essas disciplinas estivessem ligadas de alguma maneira. Com o projeto eu percebi que estão. Foi muito legal. Dos comentários apresentados, é possível perceber os bons resultados do projeto no que se refere ao estímulo ao estudo, mesmo que este não tenha sido o objetivo principal do projeto. Os alunos participantes, no geral, aumentaram suas médias, especialmente nas disciplinas de matemática e física, que vinham com alto percentual de alunos abaixo da média. Também foi possível perceber a diminuição das reclamações dos professores da turma, em relação à indisciplina dos alunos, nas reuniões de conselho de classe. Discussão dos Resultados. Esta forma de trabalhar o conteúdo, através da aplicação de um projeto, vem mostrar a importância significativa da participação de professores de diversas áreas e da inclusão da comunidade como parceiros para a complementação do ensino. Por meio da realização do projeto os alunos perceberam ligações entre as disciplinas que jamais imaginaram. Para os professores, foi confirmado que o assunto a ser trabalhado 8

torna-se mais atraente quando voltado à realidade, apresentando suas aplicações. A orientação para o trânsito, trabalhado de forma multidisciplinar, permitiu uma maior e mais profunda reflexão dos alunos e professores acerca das imprudências cometidas no trânsito, por motoristas e pedestres. A parceria entre a instituição de ensino e outras instituições em torno de um tema comum, contribuiu não só para a aprendizagem, mas também para o desenvolvimento de competências e habilidades para a formação do cidadão, uma vez que os alunos puderam conhecer melhor o trabalho do corpo de bombeiros, dos policiais, dos mecânicos e observar a implicação dessa atuação para a manutenção da vida. Ao relatar essa experiência, pretendeu-se estimular os educadores a tomarem ciência do papel social que podem desempenhar perante a comunidade e da importância de envolver outras instituições para complementar o processo de ensino-aprendizagem do aluno. A introdução de formas alternativas de ensino proporciona benefícios aos estudantes, especialmente pelo fator motivador e facilitador do processo de ensino-aprendizagem (MARTINS, 2009). A avaliação do trabalho que o grupo de professores desenvolveu com os alunos foi verificada ao longo do semestre. Observamos maior participação dos estudantes nas aulas, e uma melhora nas notas. Referências bibliográficas BASTOS, Y. G. L.; ANDRADE, S. M.; JUNIOR, L. C. Acidentes de trânsito e o novo Código de Trânsito Brasileiro em Cidade da Região Sul do Brasil. Inf. Epidemiol. Sus. V.8, no.2, p 37-45. Disponível em: http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0 104-16731999000200005&lng=pt&nrm=iso Acesso em 01/02/2010. BIANCHINI, E.; PACCOLA, H. Curso de Matemática. V. Único. 3ª ed. São Paulo: Moderna, 2003. BRASIL (a). Parâmetros Curriculares Nacionais Bases Legais - Brasil. Ministério da Educação, 2000. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf Acesso em 23/09/2005. BRASIL (b). Orientações Curriculares para o Ensino Médio. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, v.2, 2006. 135 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_02_int ernet.pdf Acesso em 23/09/2006. CARMO, A. B.; CARVALHO, A. M. P. Construindo a linguagem gráfica em uma aula experimental de física. Ciência & Educação, Bauru, v. 15, n. 1, p 61-84, 2009. DENATRAN. Departamento Nacional de Trânsito. Brasil avança na educação no trânsito. Disponível em http://www.denatran.gov.br/ultimas/20100115_educacao.htm Acesso em 02/02/2010. 9

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