LASO LABORATÓRIO DE SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO EMPRESARIAL TEXTO PARA DISCUSSÃO - 01 ALEXANDRE GOMES GALINDO SAMUEL FAÇANHA CÂMARA



Documentos relacionados
Planejamento Estratégico

GESTÃO, SINERGIA E ATUAÇÃO EM REDE. Prof. Peter Bent Hansen PPGAd / PUCRS

Empresa como Sistema e seus Subsistemas. Professora Cintia Caetano

MODELO 1 PARA SELEÇÃO DE PROPOSTAS DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

APL como Estratégia de Desenvolvimento

NÚCLEOS DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD VAGA

Projeto: Rede MERCOSUL de Tecnologia

MÓDULO 14 Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9000)

Universidade de Brasília Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação Departamento de Ciência da

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO. Caráter inovador projeto cujo escopo ainda não possui. Complexidade das tecnologias critério de avaliação que

A Sustentabilidade na perspectiva de gestores da qualidade

Importância da normalização para as Micro e Pequenas Empresas 1. Normas só são importantes para as grandes empresas...

Proposta de Programa- Quadro de Ciência, Tecnologia e Inovação L RECyT,

Módulo 15 Resumo. Módulo I Cultura da Informação

Existem três categorias básicas de processos empresariais:

2.1 - Proponente. Grupo Econômico CNAE principal Faturamento / Rec. Oper. Bruta de Endereço Telefone Geral Endereço Eletrônico Institucional

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

Análise exploratória da Inovação Tecnológica nos Estados, Regiões e. no Brasil com base na Pesquisa de Inovação Tecnológica PINTEC

PISAC: um modelo de aceleração de inovações na CPIC. Parque de Inovação e Sustentabilidade do Ambiente Construído

Estratégia de TI. Posicionamento Estratégico da TI: como atingir o alinhamento com o negócio. Conhecimento em Tecnologia da Informação

Apresentação Institucional IEL/SC

Desenvolvimento Territorial a partir de sistemas produtivos locais como modalidade de Política Industrial no Brasil


Estratégia de Operações - Modelos de Formulação - Jonas Lucio Maia

Cooperação e capital intelectual para sustentabilidade de ecossistemas organizacionais. Marco A. Silveira

INDICADORES ETHOS PARA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E RESPONSÁVEIS. Conteúdo

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTRATÉGIAS E DESENVOLVIMENTO

Os desafios para a inovação no Brasil. Maximiliano Selistre Carlomagno

Análise da operação do instrumento de subvenção econômica à inovação no Brasil Ana Czeresnia Costa Marina Szapiro José Eduardo Cassiolato

TRABALHOS TÉCNICOS Coordenação de Documentação e Informação INOVAÇÃO E GERENCIAMENTO DE PROCESSOS: UMA ANÁLISE BASEADA NA GESTÃO DO CONHECIMENTO

EMENTAS DAS DISCIPLINAS DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO e DOUTORADO

Nota: texto da autoria do IAPMEI - UR PME, publicado na revista Ideias & Mercados, da NERSANT edição Setembro/Outubro 2005.

Política de Logística de Suprimento

POLÍTICA DE LOGÍSTICA DE SUPRIMENTO DO SISTEMA ELETROBRÁS. Sistema. Eletrobrás

CAPÍTULO 1 - CONTABILIDADE E GESTÃO EMPRESARIAL A CONTROLADORIA

COMO TORNAR-SE UM FRANQUEADOR

INDICADORES ETHOS PARA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS E RESPONSÁVEIS

O Papel Estratégico da Gestão de Pessoas para a Competitividade das Organizações

Sinopse das Unidades Curriculares Mestrado em Marketing e Comunicação. 1.º Ano / 1.º Semestre

Sistemas de Gestão da Qualidade. Introdução. Engenharia de Produção Gestão Estratégica da Qualidade. Tema Sistemas de Gestão da Qualidade

Escola de Políticas Públicas

1 INTRODUÇÃO. 1.1 Motivação e Justificativa

Plano Plurianual

SESI. Empreendedorismo Social. Você acredita que sua idéia pode gerar grandes transformações?

ESTRATÉGIAS DE NÍVEL EMPRESARIAL. Administração Estratégica Conceitos. Autores Peter Wright Mark J. Kroll John Parnell

Victor Ferreira Plataforma Construção Sustentável Entidade Gestora do Cluster Habitat Sustentável

REDES DE PEQUENAS EMPRESAS

Planejamento e Gestão Estratégica

MANUAL OPERACIONAL PLANO DE DESENVOLVIMENTO PRELIMINAR PDP

Ministério do Desenvolvimento Agrário Secretaria de Desenvolvimento Territorial. Sistema de Gestão Estratégica. Documento de Referência

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

Novo Modelo para o Ecossistema Polos e Clusters. Resposta à nova ambição económica

SGQ 22/10/2010. Sistema de Gestão da Qualidade. Gestão da Qualidade Qualquer atividade coordenada para dirigir e controlar uma organização para:

Gestão da Inovação no Contexto Brasileiro. Hugo Tadeu e Hérica Righi 2014

Construção de redes sociais e humanas: um novo desafio. Sonia Aparecida Cabestré Regina Celia Baptista Belluzzo

OIT DESENVOLVIMENTO DE EMPRESA SOCIAL: UMA LISTA DE FERRAMENTAS E RECURSOS

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO, ORGANIZAÇÕES, ADMINISTRAÇÃO E ESTRATÉGIA

Ações de implementação da Justiça Restaurativa no Estado de São Paulo na Coordenadoria da Infância e Juventude

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

FIB - FACULDADES INTEGRADAS DE BAURU CURSO DE PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSU

Universidade de Brasília Faculdade de Ciência da Informação Profa. Lillian Alvares

Gestão Plano de Trabalho. Colaboração, Renovação e Integração. Eduardo Simões de Albuquerque Diretor

Governança de TI. ITIL v.2&3. parte 1

Como vai a Governança de TI no Brasil? Resultados de pesquisa com 652 profissionais

O Valor estratégico da sustentabilidade: resultados do Relatório Global da McKinsey

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão

Sistema produtivo e inovativo de software e serviços de TI brasileiro: Dinâmica competitiva e Política pública

Secretaria de Estado da Administração e da Previdência Departamento de Recursos Humanos Escola de Governo do Paraná SÍNTESE DAS EMENTAS PROPOSTAS

11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

PROCOMPI Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias. 6ª Conferência Brasileira de APLs Brasília - DF

GESTÃO DE SERVIÇOS DE TI: OTIMIZAÇÃO DE RECURSOS E PROCESSOS. Realização:

7 etapas para construir um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis de sucesso

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras

BOLSA DO EMPREENDEDORISMO Sara Medina IDI (Inovação, Investigação e Desenvolvimento) - Algumas reflexões

Rede de Produção de Plantas Medicinais, Aromáticas e Fitoterápicos

FACULDADE REDENTOR NUCLEO DE APOIO EMPRESARIAL CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

Gestão e estratégia de TI Conhecimento do negócio aliado à excelência em serviços de tecnologia

Gerenciamento de capital e ICAAP

Projeto Prominp IND P&G 75 Propostas de Política para Mobilização e Desenvolvimento de APLs para o Setor de Petróleo, Gás E Naval

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

O QUE É? Um programa que visa melhorar a Gestão dos CFCs Gaúchos, tendo como base os Critérios de Excelência da FNQ (Fundação Nacional da Qualidade).

INSTRUMENTO PARA ELABORAÇÃO DO PLANO DE INOVAÇÃO. I. Objetivos e Metas. Objetivo (o quê) Alcance (quanto) Prazo de realização (quando)

POLÍTICA DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Teoria Geral da Administração II

Curso de Capacitação de Gestores de APLs

Workshop sobre Apoio a Empresas de Base Tecnológica em SP Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico FAPESP

Termo de Referência nº Antecedentes

Princípios de Finanças

Termo de Referência nº Antecedentes

Seminário Telecentros Brasil

biblioteca Cultura de Inovação Dr. José Cláudio C. Terra & Caspar Bart Van Rijnbach, M Gestão da Inovação

Indicadores de Rendimento do Voluntariado Corporativo

Proposta para Formataça o de Franquia

Capítulo 12. Dimensão 7: Aprendizado com o Ambiente. Acadêmica: Talita Pires Inácio


Transcrição:

1 LASO LABORATÓRIO DE SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO EMPRESARIAL TEXTO PARA DISCUSSÃO - 01 Agentes envolvidos no desenvolvimento do setor de Tecnologia da Informação no Ceará: Uma imersão exploratória sobre as características do Núcleo Empresarial do Arranjo Produtivo Local de Fortaleza. ALEXANDRE GOMES GALINDO SAMUEL FAÇANHA CÂMARA Este Texto para Discussão é parte integrante do conteúdo do Projeto de Qualificação para a Dissertação, referente ao Curso de Mestrado Acadêmico de Administração da Universidade Estadual do Ceará-UECE. FORTALEZA CEARÁ NOVEMBRO DE 2007

2 LASO LABORATÓRIO DE SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO EMPRESARIAL TEXTO PARA DISCUSSÃO - 01 Agentes envolvidos no desenvolvimento do setor de Tecnologia da Informação no Ceará: Uma imersão exploratória sobre as características do Núcleo Empresarial do Arranjo Produtivo Local de Fortaleza. ELABORAÇÃO Alexandre Gomes Galindo ORIENTAÇÃO Samuel Façanha Câmara COLABORAÇÃO INSTITUCIONAL Instituto de Tecnologia da Informação do Ceará - INSOFT Instituto Titan-Tecnologia, Informação, Telecomunicações e Automação do Nordeste - TITAN Universidade Estadual do Ceará - UECE Banco do Nordeste - BNB Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP Fortaleza (CE), 28 de novembro de 2007.

3 SUMÁRIO Resumo... 04 Lista de Figuras... 05 Lista de Gráficos... 06 Lista de Tabelas... 07 Lista de Quadros... 09 1 Introdução... 10 2 Aglomerações e Associações Empresariais... 12 3 Critérios de Caracterização de Arranjos Produtivos... 21 4 Empresas de Tecnologia da Informação e o APL de Fortaleza-CE... 26 5 Metodologia da Pesquisa... 35 6 Análise e Apresentação dos Resultados... 41 6.1 Stakeholders vinculados ao APL de TI de Fortaleza... 41 6.2 Características do Núcleo Empresarial do APL de TI de Fortaleza... 42 6.3 Características Gerais das Empresas do APL de TI de Fortaleza... 50 6.4 Experiência Inicial das Empresas... 55 6.5 Produção, Mercados e Emprego... 60 6.6 Inovação, Cooperação e Aprendizado... 65 6.7 Estrutura, Governança e Vantagens Associadas ao Ambiente Local... 77 6.8 Políticas Públicas e Formas de Financiamento... 80 7 Considerações Finais... 83 Referências Bibliográficas... 88 Apêndices... 96 Apêndice 1 (Modelo do Questionário aplicado aos Especialistas)... 97 Apêndice 2 (Relação dos Especialistas)...100 Apêndice 3 (Empresas do Núcleo Empresarial do APL de TI de Fortaleza)...101 Apêndice 4 (Descrição das variáveis do Questionário)...102 Apêndice 5 (Modelo do Questionário aplicado as Empresas)...112 Apêndice 6 (Critérios de Tabulação e Lançamento de Dados)...124

4 RESUMO A tecnologia da informação (TI), entendida como elemento de suporte às ações e estratégias organizacionais, engloba em sua concepção aspectos que estendem seu conceito para além do simples uso de hardware e software no tratamento da informação. Ela abrange também o uso das telecomunicações, automação e recursos multimídia, utilizados pelas organizações, bem como incorpora as questões relativas ao fluxo de trabalho e pessoas envolvidas no fornecimento de dados, informações e conhecimento. Dentro desta perspectiva, percebe-se que a TI pode ser usada como ferramenta de suporte organizacional ou ser considerada como próprio objeto de negócio das empresas (Core Business). O objetivo deste trabalho é descrever o Arranjo Produtivo Local (APL) de Tecnologia da Informação de Fortaleza, capital do Estado do Ceará-Brasil, procedendo à identificação dos principais agentes envolvidos, bem como suas respectivas características e relações. A pesquisa é de caráter exploratóriodescritivo e amparou suas investigações no seguinte conjunto de métodos. Foi utilizada a aplicação de questionário com especialistas para identificar os Stakeholders de TI; consulta nos cadastros das entidades associativas geradoras de externalidades do setor para identificar as empresas de TI vinculadas; pesquisa documental, através do Cadastro Nacionais de Pessoas Jurídicas-CNPJ das empresas associadas, para identificar suas naturezas e atividades econômicas e Survey com o propósito de identificar as características gerais inerentes ao conjunto de empresas que englobam o Núcleo Empresarial do Arranjo. A descrição das das empresas do APL de TI de Fortaleza serve como instrumento para apontar caminhos mais efetivos de integração estratégica do setor, além de referencial para outros estudos, proporcionando o balizamento para discussões referentes à avaliação, elaboração e implementação de relações colaborativas entre os diversos agentes e de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento do setor. Palavras - chave: Arranjos Produtivos Locais; Tecnologia da Informação, Caracterização

5 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 FIGURA 2 Esquema de organização tendo em vista a interação Empresa- Stakeholders 13 Relações básicas entre agentes dos modelos de Distritos Industriais 14 FIGURA 3 Estágios Genéricos de Evolução de APLs 16 FIGURA 4 FIGURA 5 Vantagens competitivas de MPMEs participantes de Aglomerados Produtivos 18 Dimensões de analise do Questionário de Caracterização de APL s da Redesist 25 FIGURA 6 Principais prestadores de serviços de TI no Brasil em 2003 30 FIGURA 7 Localização Geográfica do Município de Fortaleza 31 FIGURA 8 Processo de elaboração da lista dos Stakeholders vinculados ao APL de TI de Fortaleza 36 FIGURA 9 Principais eixos estruturais do questionário 37 FIGURA 10 Distribuição Geográfica da Amostra no Município de Fortaleza 40 FIGURA 11 Núcleo Empresarial do APL de TI de Fortaleza 43 FIGURA 12 FIGURA 13 FIGURA 14 FIGURA 15 FIGURA 16 Distribuição Geográfica do Núcleo Empresarial do APL de TI na Região Metropolitana de Fortaleza 44 Distribuição Geográfica do número de empresas do APL de TI no Município de Fortaleza 45 Aumento do nível de organização do APL de Fortaleza, em função das Instituições Associativas de TI 45 Mudança de vínculos entre as empresas do Núcleo do APL de TI de Fortaleza com a aliança entre INSOFT/TITAN/CenPRA 48 Atividades características do setor de Tecnologia da Informação no APL de Fortaleza 52 FIGURA 17 Geradores de Valor para as empresas do APL de TI de Fortaleza 63 FIGURA 18 Fontes de aprendizado para as empresas do APL de TI de Fortaleza 71 FIGURA 19 Agentes envolvidos em atividades cooperativas com as empresas do APL de TI de Fortaleza 74

6 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 Participação dos Serviços de TI no Brasil segundo a Receita 29 GRÁFICO 2 Variação de tempo entre os principais eventos colaborativos do APL de TI em Fortaleza 46 GRÁFICO 3 Atividades Nucleares das Empresas Associadas ao INSOFT 49 GRÁFICO 4 Atividades Nucleares das Empresas Associadas ao TITAN 49 GRÁFICO 5 GRÁFICO 6 Atividades Nucleares das Empresas Associadas ao ASSESPRO/SEITAC 49 Evolução do número de funcionários das empresas do APL de TI de Fortaleza 61 GRÁFICO 7 Mercado atingido pelas empresas do APL de TI de Fortaleza 62 GRÁFICO 8 Impacto das Inovações no faturamento das empresas do APL de TI de Fortaleza 66 GRÁFICO 9 Relações de subcontratação no APL de Fortaleza 79

7 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Municípios do Ceará que se destacam nos indicadores de especialização e de densidade da atividade no setor de tecnologia da informação 32 TABELA 2 Distribuição das Empresas do APL de TI de Fortaleza por Bairros 44 TABELA 3 Natureza Jurídica das Empresas de Tecnologia de Informação do APL de Fortaleza 50 TABELA 4 Atividades Econômicas desenvolvidas pelas Empresas de TI do APL de Fortaleza 51 TABELA 5 Características Gerais das Empresas de TI do APL de Fortaleza 55 TABELA 6 Características do Principal Sócio Fundador das Empresas do APL de TI de Fortaleza 56 TABELA 7 Características dos Sócios das Empresas do APL de TI de Fortaleza 57 TABELA 8 Capital Próprio na Estrutura de Capital das Empresas do APL de TI de Fortaleza 58 TABELA 9 Evolução do Número de empregados das Empresas do APL de TI de Fortaleza 59 TABELA 10 Principais dificuldades de operação das Empresas do APL de TI de Fortaleza 59 TABELA 11 Percentagem de pessoas que trabalham nas Empresas do APL de TI de Fortaleza por relação de trabalho 60 TABELA 12 Evolução do número de Funcionários das Empresas do APL de TI de Fortaleza entre os anos de 2003 a 2006 61 TABELA 13 Mercado atingido pelas Empresas do APL de TI de Fortaleza entre os anos de 2003 a 2006 61 TABELA 14 Escolaridade do pessoal ocupado do APL de TI de Fortaleza 62 TABELA 15 Ordem dos principais geradores de valor para as Empresas do APL de TI de Fortaleza 63 TABELA 16 Variação percentual do lucro nas Empresas do APL de TI de Fortaleza 65 TABELA 17 Percentual de Empresas do APL de TI de Fortaleza que introduziram inovações entre 2004 a 2006 66 TABELA 18 Contribuição das Inovações no faturamento das Empresas do APL de TI de Fortaleza 66 TABELA 19 Impacto da Introdução de inovações nas Empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 67 TABELA 20 Atividades inovativas desenvolvidas pelas Empresas do APL de TI de Fortaleza em 2006 67 TABELA 21 Gasto com Atividades Inovativas das Empresas do APL de TI de Fortaleza em 2006 68

8 TABELA 22 Fontes de Financiamento das Empresas do APL de TI de Fortaleza 68 TABELA 23 Importância do Treinamento e Capacitação nas Empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 69 TABELA 24 Importância das contratações realizadas nas Empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 69 TABELA 25 Importância das fontes de informação para o aprendizado nas Empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 70 TABELA 26 Nível de Formalização do uso das fontes de informação para o aprendizado nas Empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 72 TABELA 27 Localização das fontes de informação para o aprendizado nas Empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 73 TABELA 28 Importância dos agentes como colaboradores para as Empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 74 TABELA 29 Nível de Formalização da colaboração entre agentes e as empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 75 TABELA 30 Localização dos agentes que realizam atividades colaborativas com as Empresas do APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 76 TABELA 31 Importância dada às formas de colaboração no APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 76 TABELA 32 Avaliação dos resultados das ações conjuntas realizadas no APL de TI de Fortaleza entre 2004 a 2006 77 TABELA 33 Vantagens da Localização das empresas no APL de TI de Fortaleza 78 TABELA 34 Importância das transações comerciais realizadas localmente pelas empresas do APL de TI de Fortaleza 78 TABELA 35 Importância das características da mão-de-obra local para as empresas do APL de TI de Fortaleza 79 TABELA 36 Importância da contribuição dos sindicatos, associações e cooperativas locais para o APL de TI de Fortaleza 80 TABELA 37 Participação das empresas do APL de TI de Fortaleza em ações ou programas específicos para o segmento 81 TABELA 38 Avaliação das empresas do APL de TI de Fortaleza em relação às ações ou programas específicos desenvolvidos para o segmento 81 TABELA 39 Importância das políticas públicas para o aumento da eficiência competitiva das empresas do APL de TI de Fortaleza 82 TABELA 40 Obstáculos que limitam o acesso das empresas do APL de TI de Fortaleza às fontes de financiamento 82

9 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Aspectos comuns das abordagens de aglomerados locais 21 QUADRO 2 Caracterização de Arranjos Produtivos Locais segundo os tipos de governança, territorialização e destino da produção 24 QUADRO 3 Análise da cadeia de valor aplicada as empresas de base tecnológica 27 QUADRO 4 Tipos de Serviços de TI, de acordo com o método de compra 28 QUADRO 5 QUADRO 6 Etapas de Identificação dos principais Stakeholders do APL de TI de Fortaleza 35 Pontos fundamentais abordados na qualificação da equipe de aplicadores 39 QUADRO 7 Empresas respondentes do APL de TI de Fortaleza por Bairros 39 QUADRO 8 Principais Stakeholders relacionados com o APL de TI de Fortaleza 41 QUADRO 9 Experiência profissional no setor de TI dos Sócios Fundadores das Empresas do APL de Fortaleza 57 QUADRO 10 Caracterização do Arranjo Produtivo Local de TI de Fortaleza segundo os tipos de governança, territorialização e destino da produção 85 QUADRO 11 Relação das empresas que integram o Núcleo Empresarial do APL de TI de Fortaleza 101 QUADRO 12 Descrição das variáveis do questionário utilizado 102 QUADRO 13 Critérios de tabulação e lançamentos de dados 124

10 1. Introdução A tecnologia da informação (TI), entendida como elemento de suporte às ações e estratégias organizacionais, engloba em sua concepção aspectos que estendem seu conceito para além do simples uso de hardware e software no tratamento da informação. Ela envolve aspectos humanos, administrativos e organizacionais, abrangendo também o uso das telecomunicações, automação e recursos multimídia utilizados pelas organizações, além de incorporar as questões relativas ao fluxo de trabalho e pessoas envolvidas no fornecimento de dados, informações e conhecimento (KEEN, 1993; LUFTMAN et al., 1993). Desta forma, tanto o processo de codificação e uso de informação, quanto à infra-estrutura necessária para o seu tratamento e manipulação são considerados elementos indissociáveis, interdependentes e fundamentais na dinâmica das organizações, conforme destacam Shapiro e Varian (1999). Dentro desta perspectiva, a TI pode ser usada como ferramenta de suporte interno organizacional ou ser considerada como próprio objeto de negócio (Core Business), na medida em que a empresa opta em especializar-se como fornecedora de conteúdo e/ou de infra-estrutura informacional, envolvendo relações de concorrência e colaboração com outras empresas. Para Cassiolato e Lastres (1999), a emergência do paradigma das tecnologias da informação tem provocado forte impacto nas formas como vem se realizando o desenvolvimento industrial e tecnológico, onde a consolidação de relações cooperativas é considerada um dos traços característicos dos Arranjos Produtivos Locais, principalmente no que se refere ao envolvimento de pequenas e médias empresas. Sobre este aspecto, convém estar atento para o fato de que os estudos que buscam descrever as características das aglomerações produtivas especializadas (clusters, distritos industriais, ambientes inovadores, sistemas produtivos locais, redes, dentre outros) cumprem o papel de apresentar elementos que contribuam para a implementação de estratégias indutoras do crescimento e desenvolvimento. O objetivo deste trabalho reside na descrição do Arranjo Produtivo Local (APL) de Tecnologia da Informação de Fortaleza, capital do Estado do Ceará-Brasil, procedendo à

11 identificação dos agentes envolvidos, bem como suas respectivas características e relações. A descrição baseou-se na identificação: i) dos principais Stakeholders relacionados com o APL em nove categorias; ii) dos vínculos entre as empresas em torno das principais instituições associativas em TI geradoras de externalidades e iii) das características gerais das empresas integrantes do Núcleo Empresarial do referido APL. A pesquisa, de caráter exploratório-descritivo, amparou suas investigações em uma abordagem de múltiplos métodos. Para a identificação dos Stakeholders de TI foi utilizada a aplicação de questionário com especialistas e posterior consolidação através de analise de consistência. A consulta nos cadastros e entrevistas com membros das entidades associativas geradoras de externalidades foram utilizados para identificar as empresas de TI vinculadas e suas respectivas relações. A pesquisa documental foi utilizada, através do Cadastro Nacionais de Pessoas Jurídicas-CNPJ das empresas associadas, para identificar suas naturezas e atividades econômicas. Por fim foi realizado Survey, através da aplicação de questionário, com o propósito de identificas as características das empresas do Núcleo Empresarial do APL. A relevância da analise dos dados apresentados neste estudo, está ancorada no fato de que as informações geradas, além de contribuir para a produção de conhecimento sobre o tema, servem de balizadoras para estratégias de articulação mais efetivas entre os agentes envolvidos e de subsídio para elaboração de políticas de fomento e desenvolvimento do setor. Além desta parte introdutória, o estudo aborda, nos itens seguintes, aspectos conceituais relacionados com os Arranjos Produtivos Locais e os aspectos contextuais que envolvem o APL de TI de Fortaleza. Em seguida, é detalhada a metodologia utilizada no estudo e, logo após, são apresentados os resultados e analises oriundas dos dados encontrados. Por fim, na ultima seção, são apresentadas as considerações finais e recomendações voltadas para consolidação de um planejamento estratégico comum das instituições convergentes, no que se refere ao estabelecimento de propósitos organizacionais e de uma política de agregação mais consistente entre os agentes do setor, bem como sugestões de estudos posteriores aplicados a outras regiões.

12 2. Aglomerações e Associações Empresariais Os estudos sobre aglomeração empresarial remontam desde o final do século XIX, tendo nos trabalhos de Marshall (1985a; 1985b) as primeiras reflexões consistentes relacionadas com a importância e efeitos da concentração, em certos locais, de indústrias especializadas, como condição germinal para consolidação de sistemas produtivos. Conforme observado pelo referido autor, o agrupamento de agentes econômicos especializados dentro dos limites de uma determinada região, proporciona vantagens significativas, no que se refere à disponibilização de conhecimentos, instrumentos, matérias-primas, mão-de-obra, bem como da organização de atividades subsidiárias ao núcleo dos principais negócios, proporcionando a redução de custos e economia de escala. Sobre o ponto de vista das economias regionais, Cassiolato (1999) evidencia a importância do conhecimento de caráter local e das capacitações a ele vinculadas para o enfrentamento inerente aos processos de globalização e do desenvolvimento das tecnologias da informação e comunicação, cujos efeitos tornaram-se mais evidentes a partir das duas décadas finais do século XX. Para o referido autor, as tecnologias da informação e comunicação, ao invés de provocar uma homogeneização de atividades globalizadas, tendem a reforçar a importância das características locais, dando mais significado ao conhecimento tácito e acentuando a importância de processos locais de desenvolvimento tecnológico, de inovação e competitividade. A aglomeração empresarial, cujo termo está ancorado no contexto das redes sociais, envolve diversas formas de relacionamentos e atividades voltadas para a busca da inovação através da aprendizagem, aumentando o potencial competitivo principalmente das pequenas e médias empresas. As referidas aglomerações produtivas, cujo traço principal tem sido as relações de cooperação entre empresas de um mesmo segmento/setor econômico, assumem formatos e denominações diversas, como distritos industriais, clusters, arranjos produtivos locais (APL) ou sistemas produtivos locais (COSTA et al, 2006). Dentro deste contexto, vários agentes como indivíduos, grupos e instituições, encontram-se em pleno processo de interação, sendo denominados de Stakeholders na medida em que seus objetivos são direta ou indiretamente afetados por uma organização (FREEMAN;

13 REED, 1983). Consequentemente, conforme evidenciaram Donaldson e Preston (1995), a empresa é remetida a interagir com diversas categorias de Stakeholders como, por exemplo, o governo, investidores, empregados, fornecedores, clientes, grupos políticos, sindicatos e sociedade organizada (FIGURA 1). Figura 1- Esquema de organização tendo em vista a interação Empresa-Stakeholders Fonte: Adaptado de Donaldson e Preston, 1995. Britto (2000), ao focar a institucionalidade subjacente aos arranjos denominados de distritos industriais, vistos como desdobramento da análise originalmente formulada por Marshall (op. cit.), apresenta uma sistematização das possíveis relações em três níveis, considerando a posição central ocupada pelos principais agentes de produção. Enquanto o primeiro nível refere-se às ligações para trás das empresas centrais com seus fornecedores, o segundo nível diz respeito às ligações horizontais com outras empresas localizadas no mesmo estágio da cadeia produtiva e associações empresariais. Já o terceiro nível contempla as ligações para frente, envolvendo as articulações com os agentes responsáveis pela distribuição/comercialização, bem como com os compradores diretos e os consórcios envolvendo os próprios produtores para a venda (FIGURA 2).

14 Ligações Para Trás Fornecedores de Matérias-Primas Componentes e Serviços Fornecedores de Equipamentos Firmas Especializadas em Etapas do Processo Ligações Horizontais Outras Firmas Produtoras PRODUTORES PRINCIPAIS Associações Empresariais Ligações Para Frente Agentes de Distribuição e Comercialização (dealers) Compradores Diretos Consórcios de Vendas Figura 2- Relações básicas entre agentes dos modelos de Distritos Industriais Fonte: Adaptado de Britto, 2000. Levando e consideração às relações de poder entre as empresas, Cassaroto Filho e Pires (1998) afirmam que as aglomerações podem estar organizadas através de uma estrutura fortemente verticalizada, onde uma empresa mãe centraliza as principais ações de liderança, ou horizontalizada, onde as empresas são integradas através de consórcios setoriais, territoriais ou específicos com fortes relações de cooperação, ao invés de subordinação. Sobre este aspecto, os agrupamentos cooperativos, segundo Britto (2001), são baseados em compartilhamento de competências entre parceiros, motivados por interesses comuns, sendo fortemente condicionados pela complexidade das tecnologias que necessitam ser mobilizadas. Para Amato Neto (2000), existem oito necessidades indutoras da formação de alianças entre empresas, que seriam de difícil satisfação caso as mesmas atuassem isoladamente. São elas: i) Combinar competências e utilizar Know-how de outras empresas; ii) dividir o ônus de realizar pesquisas tecnológicas; iii) partilhar riscos e custos de explorar novas oportunidades; iv) oferecer uma linha de produtos de qualidade superior e mais diversificada; v) exercer uma pressão maior no mercado; vi) compartilhar recursos, com especial destaque aos que estão sendo subutilizados; vii) fortalecer o poder de compra e viii)obter mais força para atuar nos mercados internacionais. De acordo com Eirik (2001), o fenômeno da cooperação ente empresas pode ser analisado sobre os domínios da cooperação comercial, técnica (ou de produção) e financeira. Enquanto o domínio comercial inclui as parcerias que são desenvolvidas predominantemente

15 para as atividades de compras marketing e vendas, distribuição de produtos acabados e serviços de pós-vendas, no domínio técnico (ou de produção) elas se concentram nas atividades de produção, gestão de recursos e investigação/desenvolvimento tecnológico. Já o domínio financeiro, agrupa as ações conjuntas entre empresas em função do tipo de capital que é envolvido e do grau de integração entre os parceiros. Segundo Klotzle (2002), estas relações estratégicas podem se concretizar através de contratos unilaterais; participação acionária minoritária; Joint-Venture e contratos bilaterais. Já Kanter (1990), as classifica em: 1) alianças multiorganizacionais de serviços ou consórcios; 2) alianças oportunistas ou joint venture e 3) alianças de Stakeholders ou parceria que envolvem fornecedores, consumidores e funcionários. Entretanto, vale ressaltar que, independente da abordagem usada para analisar a variedade de pactos possíveis de serem realizados, o importante neste processo reside na necessidade de haver plena e forte aliança entre empresas e instituições diretamente interessadas em sua criação, que, conjuntamente determinarão quais objetivos este instrumento terá e quais os tipos de serviços e atividades que deverá desenvolver (CASSAROTO FILHO; PIRES, 1998. p 51). A aglomeração, proveniente da realização de alianças estratégicas locais, tem sido um mecanismo utilizado por um número crescente de empresas brasileiras, em especial as pequenas e médias (PMEs), para superarem os obstáculos naturais que influenciam a capacidade competitiva de seus produtos/serviços, onde a melhoria da qualidade, aumento da produtividade e redução dos custos, passou a ser os grandes desafios na disputa com produtos importados e, em alguns casos na concorrência em outros países. Este fato é ratificado por Cândido e Abreu (2000) ao analisarem a premissa de que as PMEs isoladamente não possuem condições de arcar com todos os investimentos necessários, e que, a solução comumente encontrada é a atuação conjunta e associativa no mercado, de tal monta que sejam compartilhados investimentos e benefícios, resultantes de cooperações, envolvendo trocas de informações, bem como o rateamento de custos e benefícios de projetos gerenciais e tecnológicos, na busca de solução para problemas comuns.

16 O aumento da amplitude das relações em torno de propósitos comuns, envolvendo os vários Stakeholders dentro de limites geográficos relativamente definidos, tem sua maior expressão nos chamados Sistemas Produtivos Locais (SPL), entendidos como: aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, com foco em um conjunto específico de atividades produtivas e que apresentam vínculos expressivos de interação, aprendizagem e capacitação produtiva e inovativa. Geralmente incluem empresas produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, etc., cooperativas, associações e representações - e demais organizações voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, informação, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção, financiamento, regulação, etc. (CASSIOLATO; SZAPIRO; LASTRES, 2004. p. 8). Já os Arranjos Produtivos Locais (APLs), são considerados pelos mesmos autores da citação, como sendo aglomerações produtivas localizadas em um mesmo território, onde nem todos os atores acima mencionados encontram-se presentes e que não apresentam ainda uma significativa articulação entre os agentes. Conseqüentemente, percebe-se que as concentrações geográficas de empresas podem possuir diferentes níveis de maturidade, em função do grau de interação existente entre os diversos agentes. Desta forma, pode-se encontrar desde os Arranjos Produtivos Locais (APLs), onde se percebe a existência de concentração de atividades produtivas com características comuns a um determinado setor econômico, com interação entre agentes ainda incipiente, até os Sistemas Produtivos Locais (SPLs), nos quais existe um elevado grau de interação entre os agentes envolvidos. No que tange o desenvolvimento dos APLs, Machado (2003) propõe quatro estágios genéricos de evolução, baseados na prerrogativa de que a concentração geográfica de empresas especializadas é determinada fundamentalmente pela existência de economias externas e internas às referidas empresas (FIGURA 3). Enquanto as economias externas podem ter origens no mercado, na tecnologia e na organização social ou da produção, as economias internas são baseadas em economias de escala e ganhos provenientes da cooperação ou competição entre as empresas. ESTÁGIO DE NASCIMENTO/EMBRIONÁRIO ESTÁGIO DE CRESCIMENTO ESTÁGIO DE MATURIDADE ESTÁGIO DE PÓS-MATURIDADE OU REJUVENESCIMENTO Figura 3- Estágios Genéricos de Evolução de APLs Fonte: Adaptado de Machado, 2003.

17 De acordo com a referida autora, o primeiro estágio de evolução dos APLs, denominado de Nascimento/Embrionário, se caracteriza pela convergência de vetores indutores de concentração de empresas baseados, nas condições locais de oferta de matériasprimas, insumos, capital social e acesso a mercados, bem como da incorporação de inovações revolucionárias que criam novos paradigmas produtivos geradores de economias de escala superiores às existentes em outras localidades. Neste estágio, ainda é incipiente a existência de redes mais ostensivas de fornecedores e de cooperações verticais, sendo a cooperações horizontais de caráter mais informal, baseadas em relações familiares ou de amizade. No estágio de crescimento, os setores a montante passam a convergirem para o APL, tanto na forma de representantes, quanto na instalação das próprias plantas produtivas, em função das demandas crescentes e das economias de escala. A demanda por mão-de-obra, induz o aumento do nível de especialização profissional do arranjo e as cooperações verticais e horizontais tornam-se mais evidentes, sendo principalmente de cunho tecnológico. Enquanto as relações de cooperação vertical de caráter técnico se consolidam com produtores de equipamentos e de outros insumos importantes, as cooperações horizontais evoluem da bilateralidade e informalidade até a formação de instituições de apoio, cuja governança se focaliza, em geral, a montante e/ou nos elos principais da cadeia produtiva. A área de influência (chamada também de demanda alcançada) das empresas situadas nos APLs, durante os dois primeiros estágios, tende a ser mais próxima, isto é, voltada para o atendimento dos mercados locais e regionais. No estágio de maturidade, a estagnação dos mercados locais diminui as margens, acirra a competição interna e pressiona o segmento produtivo, principalmente as empresas líderes, a ampliar e buscar novos mercados. O crescimento dos custos, induzidos pela entrada em novos mercados, pressiona as empresas do arranjo a adotarem com mais intensidade uma competição baseada em qualidade, flexibilidade e marca. Neste estágio, ocorre um natural processo de redução das economias de escala, tornando o APL menos atrativo para novas empresas produtoras, ao mesmo tempo em que impulsiona as maiores empresas a abrirem novas plantas de produção em outras localidades. Os segmentos a jusante de distribuição e comercialização final passam a obter maior atenção da governança sobre a cadeia produtiva e das cooperações horizontais, sendo observado a redução das cooperações verticais e inclusive o aparecimento de verticalizações de empresas para produção de determinados insumos.

18 Na etapa de Pós-Maturidade ou Rejuvenescimento, percebe-se que a força centrípeta de agregação do APL é reduzida pela diminuição das economias de escala, da entrada de outras localidades na competição pelo mercado e da emigração de empresas, podendo haver tendência de dispersão, de redirecionamento para setores correlatos e/ou de nascimento de novos agrupamentos. As competências acumuladas no APL possibilitam o desenvolvimento de novos negócios com alto valor agregado. Consequentemente pode-se encontrar empresas que passam apenas a gerenciar marcas, bem como empresas que desenvolvem máquinas, insumos, consultorias tecnológicas e de desingn. O redirecionamento do APL para áreas correlatas ocorre a partir da inserção das empresas existentes em nichos de mercado com economias de escala atrativas, podendo servir como novos vetores impulsionadores da atividade econômica local. Dentro deste contexto, pode-se também observar um reaquecimento das cooperações verticais entre empresas visando realizar ações coordenativas em vários elos da cadeia produtiva. Sob a perspectiva das micros, pequenas e médias empresas (MPMEs), as vantagens competitivas dos APLs são agrupadas por Cezarino e Campomar (2005) em vantagens de poder de aglomeração, geradoras de benefícios em relação à força e poder do aglomerado com seu ambiente, e vantagens de compartilhamento de atividades e processos, geradoras de aumento da eficiência e eficácia das atividades produtivas, segundo arquétipo apresentado na figura 4. Fluxo de informações sobre o segmento Infra-estrutura de apoio especializada Fornecedores especializados Renda de reinvestimento na atividade Pressão o mercado Fortalecimento do poder de compra Força de atuação em mercados internacionais Formação de massa de trabalhadores qualificada VANTAGENS DE PODER DE AGLOMERAÇÃO VANTAGENS DOS AGLOMERADOS PARA MPMEs VANTAGENS DE COMPARTILHAMENTO (ATIVIDADES-PROCESSOS) Compartilhamento de ônus e riscos de P&D Troca de experiências em novas oportunidades Fornecedores de bens substitutos Linhas de produtos com qualidade superior Compartilhamento de recursos Especialização da produção Figura 4- Vantagens competitivas de MPMEs participantes de Aglomerados Produtivos Fonte: Adaptado de Cezarino e Campomar, 2005.

19 Para os referidos autores, os transbordamentos de conhecimentos e de tecnologia provenientes dos APLs, conhecidos como Spillovers, além de gerarem conseqüências benéficas para todos os atores do aglomerado, representadas pelas vantagens competitivas citadas anteriormente, impactam no desenvolvimento local, em função dos benefícios sociais e econômicos como geração de renda, emprego e aumento do dinamismo de negócios localmente. É quase consenso na literatura especializada a aceitação de que as aglomerações influenciam no desenvolvimento regional, sendo uma característica marcante de quase todas as economias, inclusive nos países em desenvolvimento. Conforme destaca Olave e Amato Neto (2005) estes impactos afetam a capacidade de competição de três formas: 1- Aumentando a produtividade das empresas sediadas na região; 2- Indicando a direção e o ritmo da inovação, que sustentam o futuro crescimento da produtividade e 3- Estimulando a formação de novas empresas, o que expande e reforça a própria aglomeração. As atuais políticas de desenvolvimento industrial e tecnológico já não descartam mais a necessidade de se fazer uso de diversos instrumentos voltados para propiciar o desenvolvimento cooperativo, competitivo e social de espaços geográficos possuidores de potencial econômico. Sobre este aspecto, Cândido (2002) relata que, enquanto nos países desenvolvidos, as políticas geralmente estão focadas no apoio aos agrupamentos já existentes, nos países em desenvolvimento, como no caso do Brasil, os formuladores de políticas regionais lidam frequentemente com agrupamentos que são na melhor das hipóteses embrionários e/ou não tem os tipos de ligações e dinamismo característicos dos agrupamentos consolidados. Conforme argumentam Dalcol e Silvestre (2003), a vocação regional, associada à ação conjunta entre estado, empresariado e outros agentes, são fatores determinante no estabelecimento e sucesso dos APLs, e o envolvimento dos poderes públicos perpassa pela reflexão sobre o tipo, a profundidade e a abrangência de suas intervenções. Esta conjugação já tinha sido apontada como necessária, por Meyer-Stamer (1995), para as políticas desenvolvimento tecnológico no Brasil, ao alertar sobre a fraca integração ainda existente entre universidades-governos-empresas.

20 O estudo sobre os fenômenos associativos, tem despertado o interesse cada vez maior dos pesquisadores, empresários e gestores públicos, tendo em vista sua importância para o sucesso empresarial e para o desenvolvimento, tanto sobre o aspecto econômico, quanto social. Por mais que as sociedades estejam cada vez mais próximas e integradas em uma rede global, devido aos efeitos da tecnologia da informação e comunicação, percebe-se que os elementos locais, refletidos nos diversos tipos de aglomerações empresariais, tornamse um traço fundamental e característico da economia contemporânea.

21 3. Critérios de Caracterização de Arranjos Produtivos O fenômeno da aglomeração de empresas tem sido vastamente abordado como unidade de analise em estudos ou como objeto de ação de políticas industrias, tanto por centros de pesquisas, como por organismos governamentais e consultorias. Conforme aponta Hasenclever e Zissimos (2006), as aglomerações espaciais de empresas têm sido estudadas por vários pesquisadores, os quais utilizam metodologias de analise, termos e definições distintos como: distritos industriais; clusters; sistemas produtivos localizados; sistemas industriais localizados; complexos industriais ou de industrialização descentralizada; comunidades industriais; configuração produtiva local; sistema produtivo local ou arranjo produtivo local. Convém ressaltar que todos estes termos, os quais procuram traduzir o processo de concentração de empresas e instituições em um território, geram certo grau de confusão refletindo a dificuldade ainda presente em definir com precisão o fenômeno aglomerativo. Abordando as diferentes definições existentes, Bueno (2006) ressalta a existência de duas características comuns fundamentais que estão subjacentes em todas as propostas conceituais. São elas: i) a existência de uma aglomeração de um número significativo de empresas que atuam em torno de uma atividade produtiva principal e ii) a noção que esta aglomeração se define em determinado território. Ainda sobre este aspecto, Lemos (2003), reapresenta os pontos comuns identificados nas diferentes abordagens, buscando reunir as características básicas comuns das aglomerações locais enfocadas na literatura, conforme apresentado no quadro 1. QUADRO 1- Aspectos comuns das abordagens de aglomerados locais Localização Proximidade ou concentração geográfica dos atores. Grupos de pequenas empresas. Atores Pequenas empresas nucleadas por grande empresa. Associações, instituições de suporte, serviços, ensino e P&D, fomento, financiamento etc. Intensa divisão de trabalho entre firmas. Flexibilidade de produção e de organização. Especialização. Mão-de-obra qualificada. Competição entre firmas baseada em inovação. Características Colaboração entre as firmas e demais agentes. Fluxo intenso de informações. Identidade cultural entre os agentes. Relações de confiança entre os agentes. Complementaridades e sinergias. Fonte: Lemos (2003)

22 No que se refere à identificação de aglomerados de empresas, Hasenclever e Zissimos (op. cit.) fazem uma revisão dos métodos aplicados no Brasil e os agrupa em três abordagens básicas. A primeira diz respeito analise do fenômeno de desconcentração espacial, na busca de consolidar quadros abrangentes característicos da distribuição espacial das grandes industrias, de tal forma que possam ser indicadas as tendências de localização dos diversos setores industriais, sem haver aprofundamento nas investigações relativas às aglomerações de empresas de menor porte. A segunda abordagem, mais difundida no Brasil, procura identificar e caracterizar configurações de empresas em uma área particular através da utilização de quocientes locacionais, indicadores de densidade de atividade e validações através de pesquisas de campo com empresas e instituições locais. A terceira abordagem utiliza técnicas de análise multivariada para detectar concentrações de empresas, desenvolvendo índices de concentração com o propósito de evitar as possíveis distorções provocadas pelos valores absolutos dos quocientes locacionais. Para Lastres (2004), o conceito de Arranjo Produtivo Local, entendido como aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas, que apresentam vínculos mesmo que incipientes, deve ser representativo de uma Unidade de Estudo, cujas principais vantagens são: 1- Representar uma unidade prática de investigação que vai além da tradicional visão baseada na organização individual, permitindo estabelecer uma ponte entre território e as atividades econômicas realizadas. 2- Focalizar um grupo de diferentes agentes e atividades conexas que usualmente caracterizam qualquer sistema produtivo e inovativo local. 3- Cobrir o espaço que simboliza o locus real, onde ocorre o aprendizado, criadas as capacitações produtivas e inovativas e fluem os conhecimento tácitos. 4- Refletir o nível no qual as políticas de promoção do aprendizado, inovação e criação de capacitações podem ser mais efetivas. Baseado neste contexto, Cassiolato e Szapiro (2003) sugerem uma taxonomia para classificar APL s fundamentada na conjugação de três elementos: i) Governança, ii) mercado de destino da produção e iii) grau de territorialização das atividades produtivas e inovativas.

23 Vista como uma dimensão da caracterização, a governança é entendida como os diferentes modos de coordenação entre agentes e atividades, para a produção, a distribuição de bens e serviços, assim como o processo de geração, uso e difusão de conhecimentos e inovação. Ela pode se configurar no APL como uma governança hierarquizada, onde existe uma ou mais instituições ou empresas que funcionam como âncoras da economia local, ou como governança em forma de rede, onde se observa a existência de aglomerações sem grandes empresas ou instituições localmente instaladas e que possam desempenhar o papel de coordenação principal das atividades econômicas e tecnológicas. O mercado majoritariamente atendido pelo arranjo é incorporado como uma dimensão de caracterização, na medida em que beneficia diferentes atores para a acumulação de capacitações e processos coletivos de aprendizado, em função dos padrões das demanda específicas de determinadas regiões, sendo desta forma relevante o destino da produção para se compreender a lógica de funcionamento das relações entre empresas e instituições. A diferenciação dos tipos de mercado ocorre na medida em que o destino da produção é: i) local/regional, quando as empresas do APL fornecem insumos para empresas localmente estabelecidas ou vendem seus produtos finais nestes mercados; ii) regional/nacional, quando o locus da concorrência encontra-se em um espaço mais ampliado dentro do país e iii) nacional/internacional, quando a concorrência se dá em espaços mais globalizados. Já a terceira dimensão de caracterização, relacionada com o grau de territorialização da produção e inovação, diz respeito ao nível em que estão enraizadas na região as capacitações necessárias ao estabelecimento das atividades produtivas e inovativas. Sobre este aspecto, deve-se estar atento para o fato de que nem sempre há relação direta entre o grau de territorialização e o destino da produção. Entretanto, enquanto no caso da existência de governaça hierarquizada, a territorialização apresenta uma forte relação com a propriedade do capital, na governança em redes, a territorialização está mais associada com as várias especificidades locais ligadas ao trabalho e à tecnologia, podendo, independente dos fatores condicionantes, ser diferenciada em alta, média ou baixa territorialização. Como exemplo do uso desta metodologia aplicada ao contexto brasileiro, Cassiolato e Szapiro (op. cit.) apresentam o resultado obtido através de estudos em 26 APL s agrupados em uma matriz de caracterização envolvendo as três dimensões descritas acima, conforme quadro 2.

24 QUADRO 2- Caracterização de Arranjos Produtivos Locais segundo os tipos de governança, territorialização e destino da produção Governança / Governança hierarquizada Governança em Redes Mercado Territorizalização Territorizalização Destino da Produção ALTA MÉDIA BAIXA ALTA MÉDIA BAIXA Mercado Local Mercado Nacional Mercado Internacional --- --- Aeronáutico (SP) Fonte: Cassiolato e Szapiro (2003) Metal Mecânica (ES) Automobilístico (MG) Aço (ES) Fumo (RS) Cacau (BA) --- --- --- --- Biotecnologia (MG) Software (RJ,SC) Móveis (SP) Soja (PR) Vinho (RS) Materiais Avançados (São Carlos) Frutas Tropicais (NE) Cerâmica (SC) Couros e Calçados (PB) Têxtil e Vestuário (SC) Móveis (ES,MG,RS) Telecomunicações (Campinas, PR) Têxtil e Vestuário (RJ) Couros e Calçados (RS) Mármore e Granito (ES) Rochas Ornamentais (RJ) --- --- Fundamentado na concepção de inovação como base de sustentação das vantagens competitivas e elemento de alavancagem comercial, tecnológica e produtiva local, a Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais-REDESIST da Universidade Federal do Rio de Janeiro elaborou um instrumento de caracterização para arranjos produtivos locais (LASTRES; CASSIOLATO, 2003), representado por um questionário cujo propósito reside em coletar informações dos APL s sobre os seguintes aspectos: i) descrição das características básicas das firmas; ii) processo produtivo e qualificação da mão-de-obra; iii) processo inovativo, cooperação e aprendizado; iv) fontes de externalidades no ambiente local e v) impacto as políticas públicas. Vale destacar que este instrumento possibilita estudos mais profundos sobre o tema, sendo usado por diversos autores na analise de aglomerações de empresas no território brasileiro, inclusive aqueles ligados ao setor de Tecnologia da Informação, conforme trabalhos de Guimarães e Cassiolato (2004), Guimarães (2005) e Ferreira Júnior e Santos (2006). Com o propósito de aprofundar as alternativas de avaliação e análise do aprendizado e da cooperação em arranjos produtivos locais, Almeida, Torres e Cassiolato (2004) sugerem o agrupamento das informações obtidas pela aplicação do questionário da Redesist em quatro dimensões, a saber: i) estrutura produtiva e capacitação; ii) cooperação e aprendizado; iii) vantagens associadas à localização no arranjo e iv) inovação. As variáveis

25 contidas no referido questionário envolvidas em cada dimensão, estão representadas na figura 5. Estrutura Produtiva e Capacitação Tamanho Médio das Empresas Escolaridade Média dos Sócios Fundadores Escolaridade da Mão-de-Obra Dificuldades Percebidas pelas Empresas Capacidade Competitiva Percebida das Empresas Importância do Treinamento e da Capacitação Impacto do Treinamento e da Capacitação Cooperação e Aprendizado DIMENSÕES DE ANALISE DO QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO DE APL S DA REDESIST Envolvimento em Atividades Cooperativas Importância Percebida da Cooperação Dispersão da Importância Percebida da Cooperação Importância das Formas de Cooperação Importância das Fontes de Aprendizado Formalização da Cooperação Formalização do Aprendizado Vantagens Associadas à Localização no Arranjo Inovação Endogenia da Cooperação Endogeneidade do Aprendizado Importância Percebida da Localização no Arranjo Importância das Transações Locais Viéis das Inovações Impacto das Inovações Constância da Atividade Inovativa Figura 5- Dimensões de analise do Questionário de Caracterização de APL s da Redesist vinculadas à avaliação e análise do aprendizado e da cooperação. Vale destacar que as referidas dimensões de analise são baseadas na construção de indicadores próprios, consistindo uma proposta preliminar capaz de viabilizar correlações entre as dimensões e realizar analises comparativas entre diferentes arranjos. Entretanto, nada impede a realização de analises através destas dimensões baseadas nos resultados percentuais, principalmente quando os estudos buscam proceder a imersões exploratórias com o propósito de identificar as características de apenas um arranjo específico.

26 4. Empresas de Tecnologia da Informação e o APL de Fortaleza-CE Uma das principais peculiaridades dos setores de alta tecnologia, diz respeito ao fato de que, enquanto nos setores ditos tradicionais da economia a análise competitiva, em geral, está assentada na tangibilidade das matérias-primas, mão-de-obra e recursos utilizados no transcorrer de sua cadeia de valor, a quase totalidade da nova indústria depende substancialmente do capital intelectual, ou seja, de elementos intangíveis, que têm como principal matéria-prima o conhecimento. Partindo do fato de que as empresas de alta tecnologia apresentam tendências de aglomeração e especialização, Carvalho (2005) aponta que esta indústria é resultante de um fenômeno transetorial, envolvendo informática, eletrônica, equipamentos militares e aeroespacial, farmacêutica, bioengenharia, dentre outros, sendo o complexo eletrônico entendido como setor sintomático central, na medida em que seus produtos/serviços são incorporados como componentes ativos básicos em ouras industrias. Segundo o autor, a cadeia de valor, conforme a abordagem porteriana, é menos evidente, principalmente devido à natureza interativa dos processos, tornando difícil a identificação do valor agregado de cada estágio produtivo. Entretanto, a vantagem competitiva é plenamente reconhecida pelo setor na medida em que os recursos humanos são vistos como principais insumos, sendo a capacidade de extrair e utilizar conhecimentos de especialistas, através da colaboração e da administração de uma parcela significativa de informalidade, considerada uma competência essencial de difícil imitação. Esta dificuldade de utilização da analise da cadeia de valor foi verificada também por Duhan et al (2001), ao identificarem que as características da análise porteriana diferem fortemente das características das empresas de base tecnológica, conforme apresentado no quadro 3.

27 QUADRO 3- Análise da cadeia de valor aplicada as empresas de base tecnológica CARACTERÍSTICAS DA ANÁLISE DA CADEIA DE VALOR CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA Orientada principalmente para a produção de Produção de serviços intangíveis, baseados em bens, do que de serviços. conhecimento e experiência. As atividades de suporte têm muito mais importância, Primazia implícita da análise para as atividades agregando diretamente valor através da criatividade primárias sobre as atividades de suporte humana. Analise unidirecional, seguindo o fluxo físico dos materiais. Reflete as prioridades de investimento de capital em plantas e equipamentos. Fonte: Duhan, Levy e Power (2001) Operam em um mecanismo contínuo de retro-alimentação de informações, desenvolvimento de ferramentas e uso de experiências para melhorara os serviços/produtos. Os recursos humanos são mais importantes que os recursos de capital. Utilizando a analise de Vasconcelos e Cyrino (2000), concebe-se que as competências essenciais criadas pelo aprendizado coletivo se candidatam a constituir o foco das estratégias destas empresas, onde a abordagem mais adequada para estudo da competitividade neste contexto, baseia-se nas proposições oriundas da teoria das Capacidades Dinâmicas, onde os trabalhos de Prahalad e Hamel (1990) se destacam como referência. No Brasil, a indústria de base tecnológica, possui sua maior concentração nas regiões sudeste e sul, havendo uma participação expressiva dos setores de informática, eletrônica, automação, telecomunicações e consultoria nos aglomerados tecnológicos distribuídos em todo o país, onde aproximadamente 80% dos produtos gerados são de caráter intermediário (CARVALHO et al, 2000). Conforme Gutierrez e Alexandre (2004), as empresas de Tecnologia da Informação, aqui entendidas fundamentalmente como empresas de base tecnológica, englobam várias atividades, dentre elas, as de consultorias, desenvolvimento de aplicativos, integração, treinamento e suporte técnico, havendo também empresas cujos serviços não estão diretamente ligados com a informática ou telecomunicações, mas que delas fazem intenso uso, como por exemplo, o Call-Center. A prestação de serviços em TI pode ser classificada, de acordo com o método de compra, em serviços discretos ou outsoursing, conforme descrito no quadro 4.