Reflexões sobre a práxis do jogo teatral

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Transcrição:

A Pedagogia do Teatro requer prática e reflexão permanentes. A disciplina Metodologia do Ensino do Teatro (METEA) ministrada em três períodos está inserida na matriz curricular do curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO. Abrange diferentes abordagens metodológicas concernentes aos saberes e fazeres necessários à apreensão epistemológica dessa área de atuação. Nesse primeiro semestre de 2008, como professora substituta de METEA II, elaborei uma proposta de trabalho que pudesse contemplar a análise e a experimentação de algumas dessas abordagens, a partir das pesquisas de pensadores brasileiros; dentre eles a Professora Dra. Ingrid Dormien Koudela, a Professora Dra. Maria Lucia de Souza Pupo e o Professor Dr. Marcos Bulhões. Essa opção objetivou a apropriação e a experimentação das diferentes possibilidades metodológicas do Jogo Teatral, tendo como fundamentação teórica os estudos dos profissionais citados, construindo junto aos alunos um processo investigativo dessas produções e suas interfaces com a práxis do Teatro, tanto no meio escolar como em outros espaços. O projeto foi dividido em três momentos principais, priorizando, em cada um deles, que se ocupava de um dos autores supra mencionados, suas principais contribuições. No primeiro momento, as pesquisas da professora Ingrid Koudela, no campo do Teatro Educação em seus principais contextos históricos; a partir de suas publicações nessa área: Jogos Teatrais (1992); Texto e Jogo (1996); Um Vôo Brechtiano (1992) e Brecht na Pós- Modernidade (2001). No segundo momento, as contribuições da professora Maria Lucia Pupo foram analisadas a partir de suas principais publicações, destacando sua mais recente publicação: Entre o Mediterrâneo e o Atlântico Uma aventura teatral (2005). E, finalizando, no terceiro momento, as abordagens do Professor Marcos Bulhões, através de suas referências bibliográficas como Encenação em Jogo (2004) e outros artigos inseridos em publicações da área. A metodologia estruturada para a concretização desse trabalho se configurou em aulas expositivas, exercícios e jogos propostos não somente pelo professor, mas também pelos alunos, sendo que, a prioridade concernente ao exercício da escrita permanente deu o toque essencial ao processo. O fazer-refletir-escrever se estabeleceu como pré-requisito para a práxis.

A escrita criativa defendida por GIL e CRISTÓVAM-BELLMANN (1999) e o ato de escrever visto como um dos principais objetivos pedagógicos. Nessa idéia-chave, os autores apontam o pedagogo como o motivador insubstituível no desenvolvimento de competências de escrita, nos diferentes níveis escolares, bem como na função de traçar múltiplas estratégias para que sejam melhoradas as qualificações de escrita. Defendem que a criatividade como experiência de escrita definição provisória significa uma abertura para possibilidades desconhecidas do pensar, do sentir e do formular (idem, 1999: 19). O Jogo como práxis pedagógica constitui-se assim, como norte para a reflexão sobre a Pedagogia do Teatro e o principal indutor para essa prática. Práxis entendida também na perspectiva da continuidade. DELORS (1999) enfatiza como principal conseqüência da sociedade do conhecimento a necessidade de uma aprendizagem ao longo de toda a vida (Lifelong Learning), fundada em quatro pilares que são ao mesmo tempo pilares do conhecimento e da formação continuada: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. A produção de conhecimento, por meio da escrita crítico-reflexiva, uma das funções da universidade, intensamente incentivada durante o processo, rendeu frutos bastante significativos, ampliando assim o repertório, na busca da construção de um discurso teórico sobre as possibilidades do Jogo. A reflexão vista como estatuto de um pensar que existe para tecer conexões entre esses três patamares da ação artística e pedagógica fazer, sentir, pensar. (SANTANA, 2000: 29) Foram amplamente discutidas a função simbólica e a imaginação dramática; o Jogo Teatral; o estudo da improvisação na visão de Viola Spolin bem como as contribuições do pensamento de Jean Piaget e de outros pensadores, considerados como fortes suportes teóricos e de extrema importância para o estudo das bases do Teatro na Educação. A relação entre jogo e texto literário e suas diversas possibilidades; os processos teatrais desenvolvidos no âmbito educacional e as diferentes funções sociais da representação teatral deram o start para a construção de jogos a partir dos indutores espaço, texto e imagem ((RYNGAERT, 1981), que suscitavam em elaboração de roteiros, como material para possíveis projetos de encenação, revelados através de cenas. O processo colaborativo foi apenas comentado para posterior aprofundamento. O ato de escrever que permeou todo o processo suscitou breves ensaios elaborados pelos alunos sobre a pedagogia do Teatro e o papel do Jogo Teatral. Cito alguns. Rodghi) Jogo é ação e reação. É ritmo e fluidez. É imaginar em cima da imaginação do outro (Patricia

O jogo é o que acontece quando os jogadores livram-se das suas amarras cotidianas, prédispondo-se à ação, ao lúdico, focalizando sua atenção para um objetivo específico, respeitando as regras estabelecidas por um instrutor. (Cláudia Melo) O jogo é uma atividade em grupo, de ferramenta-dispositivo, que conduz o ator-aluno a presentificar fantasias. Ele pode ter ou não a idéia de platéia, o que definirá o tipo de grupo. (Fábio Enriquez) O jogo teatral é o imprevisível, são sensações momentâneas que ocorrem em um espaço delimitado. Algumas vezes com platéia, outras vezes não e quase sempre com suas regras. (Alessandra Biá) O material produzido constitui-se também de fichas de jogos experimentados nas aulas, agregando registros fotográficos, que farão parte de um port folio, podendo ser permanentemente realimentado, fazendo parte do acervo da Instituição. O trabalho foi complementado com leituras e discussões de textos diversos ligados à área da Pedagogia Teatral, como também a apropriação de fragmentos de textos literários, poéticos e dramatúrgicos. A participação efetiva do alunado e o compromisso com as aulas permitiram um desabrochar da criatividade resultando em profícua produção de atividades teórico-práticas. Ao final do semestre, surgiu o desejo de aprofundarmos esses estudos, considerando a relevância das possibilidades investigativas. Elaboramos um projeto de extensão previsto para o segundo semestre de 2008 que visa principalmente, a continuidade da produção do discurso teórico sobre a prática, bem como sua sistematização. Como diria CAIAFA (2000: 22), para a arte e o pensamento é preciso um tempo de ressonâncias. O projeto também se propõe a planejar encontros e seminários que possibilitem a troca permanente de saberes e fazeres da área da pedagogia do Teatro como procedimento dialógico com nossos pares. A investigação permanente através da práxis. E como melhor nos lembra sobre o sentido da experiência vivida Jorge Larrosa Bondia (2001) A experiência, a possibilidade de que algo nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos

e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. BIBLIOGRAFIA BONDIA, Jorge Larrosa. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Palestra proferida no 13º COLE-Congresso de Leitura do Brasil, realizado na Unicamp, Campinas/SP, no período de 17 a 20 de julho de 2001. (tradução: João Wanderley Geraldi) BULHÕES, Marcos. Encenação em Jogo. São Paulo: Hucitec, 2004. CAIAFA, Janice. Nosso século XXI Notas sobre Arte, Técnica e Poderes. RJ: Relume Dumará, 2000. DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortezo, 1999. GIL, José e CRISTÓVAM-BELLMANN, Isabel. A construção do corpo ou exemplos de escrita criativa. Primeiro guia da Escola do Espectador. Portugal: Editora Porto, 1999. KOUDELA, Ingrid. Jogos Teatrais. São Paulo: Perspectiva, 1992. Texto e Jogo. São Paulo: Perspectiva, 1996. PUPO, Maria Lucia. Entre o Mediterrâneo e o Atlântico Uma aventura teatral. São Paulo: Perspectiva, 2005. RYANGAERT, Jean-Pierre. O jogo dramático no meio escolar. Coimbra: Centelha/Centro Cultural de Évora, 1981. SANTANA, Arão Paranaguá. Teatro e Formação de Professores. Maranhão, São Luis: EDUFMA, 2000. (Coordenação) Visões da Ilha. Apontamentos sobre Teatro e Educação. Maranhão, São Luis: ISBN, 2003.

SALA PRETA - Revista de Artes Cênicas. Departamento de Artes Cênicas. Escola de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo. São Paulo: USP ECA. ABRACE Memória ABRACE. IV Congresso Os trabalhos e os dias das artes cênicas: ensinar, fazer e pesquisar dança e teatro e suas relações. Rio de Janeiro: UNIRIO, 2006.