UNIDADE IV - LEITURA COMPLEMENTAR Alunos (as), Para que vocês encontrem mais detalhes sobre o tema Métodos Científicos, sugerimos a leitura do seguinte texto complementar, desenvolvido pelos professores Maria Cristina e Ricardo Praciano. MÉTODO CIENTÍFICO De maneira geral podemos dizer que método é a organização dos diferentes processos utilizados quando nos propomos a atingir um determinado objetivo. Na ciência, o método científico tem função preponderante, visto ser o conjunto de processos que os cientistas aplicam na intenção de explicar ou obter solução para o objeto ou fenômeno investigado e assim, chegar à verdade. O método científico é, pois, um valioso instrumento de trabalho que os cientistas empregam na busca de novos saberes. Ele não é um modelo ou fórmula mágica capaz de apresentar resultados. O método é um conjunto de procedimentos aceitos pela comunidade científica, de forma a garantir a validade do conhecimento gerado. Breve Histórico do Método Durante 2.000 anos a abordagem platônica (que se baseava no mundo da idéias para explicar o funcionamento do universo) e os estudos aristotélicos (que demonstravam a necessidade da percepção por meio dos sentidos para se observar a ação do universo) predominaram nas análises científicas. 1
Naquele período a ciência era uma parte da filosofia, mais conhecida como filosofia da natureza. No entanto, a partir do século XV, estas teorias começam a ser questionadas. De forma mais enfática, no século XVII, sob a influência do Renascimento, inicia-se a revolução científica. Segundo Koche (1997), a revolução científica introduziu a experimentação, que modificou, sobretudo, a concepção teórica do mundo, da ciência, da verdade, do conhecimento e do método. Os renascentistas que mais se destacaram nessa área foram sem dúvida, Descartes, Bacon e Galilei. Rene Descartes (1596-1650) acreditava que a mente precisava ser liberada dos antigos ensinamentos para começar a entender as novas descobertas. No ensaio Discurso do Método Descartes afirmava que a razão é o meio para se chegar ao conhecimento. Ele foi o iniciador do empirismo (movimento que acredita que novas idéias, teorias, somente podem ser obtidas pela experiência). Exaltava com isso o emprego da experiência e do método dedutivo. Ao contrário de Descartes, o filósofo e ensaísta inglês Francis Bacon (1561-1626) era um crítico severo do empirismo radical e do racionalismo exarcebado. Em sua obra Novum Organum, Bacon expressa seu entendimento de que o método indutivo era o adequado para se buscar os fatos que revelariam as formas de ordenar ou classificar a realidade natural. Foi o primeiro a propor o domínio da natureza em benefício do homem. 2
Já Galileu Galilei (1564-1642) foi um grande físico, matemático e astrônomo, e provavelmente por esse motivo, seguiu um caminho distinto de Bacon. Galileu demonstrou em uma de suas mais completas obras Discurso a Respeito de Duas Novas Ciências que o único caminho a ser percorrido para se conhecer a natureza é observar os fenômenos in natura, ou seja, tais como eles ocorrem e não por meio de especulações. Para ele era necessário que as provas fossem fundamentadas matematicamente com evidências quantitativas dos fatores, obtidos na experimentação. A verdade, na ciência moderna passa então a ser vista de outra maneira. Para se tornar verdade era preciso que o conteúdo das hipóteses fosse comprovado pelos fatos. Diferentes métodos científicos Vocês devem ter observado na leitura do tópico anterior que cada um dos estudiosos renascentistas empregava um conjunto de procedimentos adequado ao seu entendimento, ou seja, cada um a seu modo utilizou um método específico. Essa concepção permanece até os dias atuais. Para cada objeto, idéia a ser analisada, haverá a necessidade de empregar um método correspondente. Em ciências humanas, por exemplo, a que se considerar a complexidade do objeto a ser estudado (fatos humanos e comportamentais), que determinam o método ou os métodos a serem empregados na investigação. Método dedutivo O método dedutivo é predominantemente racional (apenas a razão leva ao conhecimento). Ele procura transformar enunciados complexos em particulares. 3
Parte de princípios (premissas) Para extrair conclusões particulares utilizando a lógica. Exemplo: O ser humano é mortal. Maria é um ser humano. Logo, Maria é mortal. O método dedutivo é usualmente empregado na elaboração de teses para demonstração. Enquanto que na argumentação indutiva é possível que uma premissa seja verdadeira e a conclusão falsa, no método dedutivo, um argumento verdadeiro resultará em uma conclusão verdadeira. Essa ocorrência se deve ao fato de que a verdade conclusiva estava implícita nas premissas. Isso porque o método dedutivo tem por finalidade tornar claro o conteúdo das premissas. É delas que deriva o que deve ser explicado. No método dedutivo há uma relação direta entre as premissas e a conclusão que delas resulta. É por essa razão que os argumentos matemáticos são dedutíveis. Método Indutivo Em seu livro Fundamentos de Metodologia Científica, Marconi e Lakatos definem o método indutivo como aquele que infere uma verdade geral ou universal, que não estava contida nas partes examinadas. Para as autoras, os argumentos são utilizados para se chegar a conclusões, cujo conteúdo será mais amplo que as próprias premissas que o antecederam. Por isso, no método indutivo, as conclusões são, provavelmente, verdadeiras. É muito aplicado em pesquisas, definição de conceitos, caracterização dos fatos e no estabelecimento de leis. 4
Análise de uma particularidade. Para obter uma conclusão generalizada. Exemplo: Pedro é mortal. João é mortal. Carlos é mortal. Logo, todos os homens são mortais. O método indutivo então parte de um princípio, de uma particularidade, para obter uma verdade generalizada. Método Hipotético-dedutivo Considerado o pai do método hipotético-dedutivo, Karl Popper entendia ser este o único método verdadeiramente científico. Ele baseava-se na argumentação de que um estudo deve se iniciar com um problema para o qual se procura uma solução, por intermédio de tentativas e eliminação de erros, e não necessariamente, poderá resultar em certeza. É mais fácil negar, falsear hipóteses do que confirmá-las. Conhecido como etapa da falseabilidade, é uma das principais características do método hipotético-dedutivo e é nessa etapa que se dá a interpretação e avaliação das hipóteses, que poderão ser rejeitadas ou confirmadas. 5