INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E ATIVIDADES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO NAS INDÚSTRIAS BRASILEIRAS Max Naytan Rinaldi dos Santos Faculdade de Administração CEA Centro de Economia e Administração max_naytan_n10@hotmail.com Resumo: Este trabalho propõe-se a estudar o desempenho inovador das indústrias brasileiras a partir dispêndio de recursos em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Para tanto, foram utilizados registros estatísticos das Pesquisas sobre Inovação Tecnológica PINTEC do IBGE correspondente ao período de 2008 a 2011. São destacadas duas visões quanto ao objeto focal da inovação. Inovação de produto, que consiste em modificações nos atributos do produto, com mudança na forma como ele é percebido pelos consumidores e Inovação de processo, que trata de mudanças no processo de produção do produto ou serviço. Ao analisar o esforço inovativo das empresas da indústria brasileiras nas edições da PINTEC 2008/2011, observou-se que os dados referentes aos gastos nas atividades inovativas das empresas industriais brasileiras sugerem uma concentração dos dispêndios naquelas atividades em tese mais diretamente relacionadas às inovações de processo. Logo, as atividades vinculadas às inovações de produto tiveram participação nos dispêndios diminuída. Em relação à indicação do número de empresas que realizaram dispêndios em atividades internas de P&D), pôde ser notado que a preocupação com o mesmo vem aumentando ano após ano, e a porcentagem das empresas que tiveram dispêndios em P&D, frente ao total de empresas analisadas, sofreu um aumento significativo comparando o ano de 2008 ao de 2011. Palavras-chave: Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento, Atividades Internas de P&D. Área do conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas Administração. Profª. Dra. Cibele Roberta Sugahara Grupo de Pesquisa: Informação para Gestão e Inovação CEA Centro de Economia e Administração Faculdade de Administração cibelesu@puc-campinas.edu.br 1. OBJETIVO Estudar o desempenho inovador das indústrias brasileiras a partir dispêndio de recursos em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) a partir de dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) do IBGE. 2. INTRODUÇÃO O trabalho permitiu analisar o esforço inovativo das empresas brasileiras em relação à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Partindo da análise sobre a importância das Fontes de Informação para geração da inovação a partir de dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no período de 2008 a 2011. De acordo com a PINTEC (2008) as atividades que as empresas empreendem para inovar são de dois tipos: Pesquisa e Desenvolvimento - P&D (pesquisa básica, aplicada ou desenvolvimento experimental); e outras atividades não relacionadas com P&D, envolvendo a aquisição de bens, serviços e conhecimentos externos. O foco do trabalho de iniciação científica recai sobre as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento considerando a importância que as empresas pesquisadas atribuem a esse tipo de atividade para a inovação. A partir da mensuração dos recursos alocados nestas atividades, em relação à receita líquida de vendas, pode-se perceber o esforço empreendido para a inovação de produto e processo. Além disso, a partir dos dados das PINTECs do IBGE sobre o esforço inovativo associado ao dispêndio de recursos para P&D, em valores
monetários, é possível a sua comparação entre setores e países, podendo ser confrontados com outras variáveis econômicas (faturamento, custos, valor agregado, etc.). Essa comparação permitirá levantar elementos que possam explicar o comportamento inovador das empresas brasileiras. Dentre as atividades inovativas abordadas na PINTEC (2008, p. 20) destaca-se: a Atividade Interna de P&D e a Atividade Externa de P&D. A atividade Interna de P&D compreende o trabalho criativo, empreendido de forma sistemática, com o objetivo de aumentar o acervo de conhecimentos e o uso destes conhecimentos para desenvolver novas aplicações, tais como produtos ou processos novos ou substancialmente aprimorados. Já a Aquisição Externa de P&D compreende as atividades descritas acima, realizadas por outra organização (empresas ou instituições tecnológicas) e adquiridas pela empresa. Na compreensão de Marcovitch (1983) a baixa disposição para inovar e investir em P&D das empresas sediadas no Brasil depende não apenas do mercado e da tecnologia disponível, mas de fatores ambientais, representados pelo acesso às informações técnico científicas e mercadológicas, entre a empresa privada, instituições de pesquisa, governo e universidades. A troca de informações sobre os concorrentes, incentivos fiscais, políticas de subsídios à P&D, licenças e patentes, por exemplo, pode estimular o desenvolvimento de tecnologias. Porém para viabilizar essa troca, a empresa privada precisa ter certo vínculo com os demais atores do sistema e vice-versa. É a sinergia entre esses atores que cria condições para a troca de informações técnico-científicas e mercadológicas. Mattos e Guimarães (2005, p.9) alertam que mais do que ter inovações consolidadas é importante que as pessoas tomem conhecimento de tais inovações para que possam servir de base para o desenvolvimento de novas ideias. De acordo com a PINTEC (2011), uma inovação tecnológica é definida pela introdução no mercado de um produto ou de um processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. Essa definição, por sua vez, é baseada nas diretrizes metodológicas definidas no Manual de Oslo, 3ª edição, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 2005. Para a PINTEC 2011 a inovação tecnológica pode resultar de pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizados no interior das empresas, de novas combinações de tecnologias existentes, da aplicação de tecnologias existentes em novos usos ou da utilização de novos conhecimentos adquiridos pela empresa, que, na indústria, envolvem mudanças nas técnicas, máquinas, equipamentos ou softwares e, nos serviços, sobretudo mudanças nos equipamentos ou softwares utilizados. É razoável esperar que as atividades inovativas consideradas mais relevantes para as empresas inovadoras estejam relacionadas a tais atividades (IBGE, 2013). 3. INOVAÇÃO E P&D NA INDÚSTRIA BRASILEIRA De acordo com a PINTEC (2011), uma inovação tecnológica é definida pela introdução no mercado de um produto ou de um processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado. Ainda conforme a PINTEC a inovação tecnológica pode resultar de pesquisa e desenvolvimento (P&D) realizados no interior das empresas, de novas combinações de tecnologias existentes, da aplicação de tecnologias existentes em novos usos ou da utilização de novos conhecimentos adquiridos pela empresa, que, na indústria, envolvem mudanças nas técnicas, máquinas, equipamentos ou softwares e, nos serviços, sobretudo mudanças nos equipamentos ou softwares utilizados. É razoável esperar que as atividades inovativas consideradas mais relevantes para as empresas inovadoras estejam relacionadas a tais atividades. As categorias de atividades levantadas na PINTEC (2011) são listadas a seguir e as
definições apresentadas são aquelas registradas no próprio questionário: Atividades internas de P&D; Aquisição externa de P&D; Aquisição de outros conhecimentos externos; Aquisição de software; Aquisição de máquinas e equipamentos; Treinamento; Introdução das inovações tecnológicas no mercado; Projeto industrial e outras preparações técnicas para a produção e distribuição. Segundo Tidd et. al. (2008) a inovação contribui de diversas formas e as pesquisas sugerem que há uma forte correlação entre o desempenho mercadológico e a inserção de novos produtos. Produtos novos permitem capturar e reter novas fatias de mercado, além de aumentar a lucratividade em tais mercados. O crescimento da competitividade nas vendas é resultado não apenas da capacidade de oferecer preços mais baixos, mas também de uma infinidade de fatores não-econômicos: modelo, customização e qualidade. É importante analisar que, embora a inovação, algumas vezes, envolva uma mudança descontínua algo completamente novo ou uma resposta a condições profundamente alteradas na maioria das vezes ela ocorre de forma incremental. Os produtos raramente são novos para o mundo; a inovação de processos é basicamente centrada na otimização ou na eliminação de ofensores de desempenho. (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2008). De acordo com o Manual Frascati (2002), a atividade de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) engloba tanto os trabalhos de criação efetuados de forma sistemática, com vistas a aumentar um dado corpo de conhecimento, quanto à utilização deste conjunto de conhecimentos para conceber novas aplicações. Nesse sentido, o conceito de P&D abrange três atividades: a pesquisa básica, que corresponde ao trabalho experimental ou teórico realizado principalmente para a aquisição de novos conhecimentos sobre os fundamentos de fatos ou fenômenos observáveis, sem o propósito de qualquer aplicação ou utilização; a pesquisa aplicada, que se refere à investigação original, realizada com a finalidade de adquirirem-se novos conhecimentos, mas que é dirigida primordialmente a um objetivo prático; e o desenvolvimento experimental, que se caracteriza como um trabalho sistemático, apoiado no conhecimento existente, adquirido através de pesquisas ou experiência prática e dirigido para a produção de novos materiais, produtos ou equipamentos, para a instalação de novos processos, sistemas ou serviços ou para melhorar aqueles já produzidos ou instalados. (MANUAL FRASCATI, 2002). A partir das análises realizadas em relação ao dispêndio em atividades internas de P&D, em relação à proporção de empresas que realizaram atividades internas de P&D frente ao número total de empresas que foram pesquisadas, houve um considerável aumento em 2011 comparado a 2008. Em 2008, das empresas de pequeno porte pesquisadas, apenas 8,67% das 26.561 empresas analisadas realizaram dispêndio em atividades internas de P&D, enquanto em 2011, das empresas de pequeno porte pesquisadas, 14,57% das 28.495 analisadas realizaram dispêndio em atividades internas de P&D. Em relação às empresas de médio porte, em 2008 das empresas pesquisadas, 20,17% das 2.970 analisadas realizaram dispêndio em atividades internas de P&D, enquanto em 2011 este número chegou a 34,02% das 3.116 analisadas. Por último, em relação às empresas de grande porte, em 2008, das empresas pesquisadas, 54,13% das 1.114 analisadas realizaram dispêndio em atividades internas de P&D, enquanto em 2011 a porcentagem subiu para 79,43% das 836 empresas analisadas. Já em relação ao valor gasto em (1.000 R$) gastos em P&D, as empresas de pequeno porte tiveram um crescimento em 2011 de 77,10% comparado ao ano de 2008. As empresas de médio porte tiveram um crescimento em 2011 de 139,03% comparado a 2008. E por fim, 21 as empresas de grande porte tiveram um crescimento no ano de 2011 de 31,69%
comparado ao ano de 2008, ou seja, é notável um aumento das empresas que realizaram dispêndio em atividades internas de P&D em todos os portes de empresas, e também um maior valor em (1000 R$) gastos em P&D na indústria de transformação comparando o período de 2008 e 2011. 4. CONCLUSÕES De acordo com a literatura pode-se perceber que as despesas em Pesquisa e Desenvolvimento nas indústrias brasileiras estão positivamente relacionadas ao grau de introdução de produtos e serviços novos no mercado, e que isso apresenta uma relação direta com a lucratividade, faturamento e participação de mercado. Porém, é importante destacar que existem diversos problemas e obstáculos à inovação dentro da indústria brasileira. Mais precisamente, são destacados pelo IBGE (2013) na PINTEC 2011 aquelas dificuldades representadas pelos elevados custos de se inovar, pela escassez de fontes apropriadas de financiamento e pelos riscos econômicos excessivos. Não obstante, a falta de pessoal qualificado avançou posições no ranking de gargalos à inovação. A partir dos dados do IBGE (2013) constantes na PINTEC (2011) pode-se dizer que foram observados percentuais maiores de empresas inovadoras indicando como relevantes problemas e obstáculos de uma forma geral, o que parece reforçar a ideia de que elas se depararam com níveis maiores de dificuldade no período 2009-2011 vis-à-vis o anterior, 2006-2008. Os desafios apontados relacionam às inovações prévias e às condições de mercado. Entende-se que é importante considerar o apoio do governo como fundamental para que tais atividades façam parte das estratégias empresariais. Os programas do governo para incentivar a P&D e auxiliar as empresas no processo de inovação consistem em: Financiamento à P&D e compra de máquinas e equipamentos; projetos de inovação em parceria com universidades; subvenção econômica à P&D e à inserção de pesquisadores; Lei da Informática e; Lei de P&D e inovação tecnológica. O fator determinante para a escolha dos cincos setores listrados abaixo deve-se ao número de pessoas ocupadas em Pesquisa e Desenvolvimento. No caso do setor de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, de todas as empresas apenas 7,76% realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D, e do número total de pessoas ocupadas em Pesquisa e Desenvolvimento (12.955), 10.719 têm dedicação exclusiva e 6.351 têm dedicação parcial. No setor de produtos químicos, a porcentagem de empresas que realizaram dispêndios nas atividades internas de P&D em relação ao total foi de 25,7%, e das 8.740 pessoas ocupadas em Pesquisa e Desenvolvimento, 7.880 têm dedicação exclusiva e 1.963 têm dedicação parcial. No setor de Fabricação de Produtos Farmoquímicos e Farmacêuticos, das 458 empresas, 29,91% realizaram dispêndios em atividades internas de P&D, e das 7.769 pessoas ocupadas em Pesquisa e Desenvolvimento, 7.074 têm dedicação exclusiva e 2.112 têm dedicação parcial. No setor de Fabricação de equipamentos de Informática, Produtos eletrônicos e ópticos, o percentual de empresas que realizaram dispêndio em atividades internas de P&D foi de 30,66%, e das 4.572 pessoas ocupadas em Pesquisa e Desenvolvimento, 4.193 têm dedicação exclusiva e 643 têm dedicação parcial. E por último, no setor de Fabricação de Equipamentos de comunicação, o percentual de empresas que realizaram dispêndio em atividade interna de P&D foi de 20,11% e das 3.212 pessoas ocupadas em Pesquisa e Desenvolvimento, 2.970 têm dedicação exclusiva e 936 têm dedicação parcial. Em relação à indicação do número de empresas que realizaram dispêndios em atividades internas de P&D é notável que a preocupação com o
mesmo venha aumentando ano após ano, onde a porcentagem das empresas que tiveram dispêndios em P&D, frente ao total de empresas analisadas, sofreu um aumento significativo comparando o ano de 2008 ao de 2011, tanto nas empresas de pequeno porte quanto nas empresas de médio e grande porte. Também pode-se verificar que quanto maior o porte da empresa, mais existe a preocupação em realizar dispêndios em P&D. [7] SUGAHARA, C. R.; JANNUZZI, P. M. Estudo do uso de fontes de informação para inovação tecnológica na indústria brasileira. Ciência da Informação, v. 34, n. 1, p. 45-56. 2005; [8] TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da Inovação. Porto Alegre RS: Bookman, 2008; 5. AGRADECIMENTOS À Pontifícia Universidade Católica de Campinas pela Bolsa de Iniciação Científica (FAPIC/Reitoria) concedida para esta pesquisa. REFERÊNCIAS [1] HENDERSON, R.; CLARK, K. Architetural innovation: the reconfiguration of existing product technologies and the failure of established firms. Administrative Science Quarterly, 1990, 35. [2] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Industrial: inovação tecnológica 2008 (PINTEC). Rio de Janeiro, 2010. [3] INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Industrial: inovação tecnológica 2011 (PINTEC). Rio de Janeiro, 2013. [4] MARCOVITCH, J. (Coord.). Administração em ciência e tecnologia. São Paulo: Edgard Blucher, 1983. [5] MATTOS, J. R. L.; GUIMARÃES, L. S. Gestão da tecnologia e inovação: uma abordagem prática. São Paulo: Saraiva, 2005. [6] ORGANIZAÇÃO PARA COOPERAÇÃO ECONÔMICA E DESENVOLVIMENTO ESTATÍSTICO DA COMUNIDADE EUROPÉIA (OECD). Manual de Frascati: metodologia proposta para a definição de investigação e desenvolvimento experimental. Coimbra: F- Iniciativas, 2007.