1 O BLOQUEIO NOS 7 SEGMENTOS DE COURAÇA E SEUS COMPROMETIMENTOS ENERGÉTICOS Federico Navarro Comecemos sublinhando a diferença entre psíquico e psicológico. Sabemos que depois dos trabalhos de MacLean, nosso cérebro teve uma evolução onde o primeiro cérebro foi o reptiliano. A base do cérebro que é dos instintos e dos centros biológicos vitais: respiração, fome sono e sexo. Em seguida apareceu o cérebro límbico, da afetividade, das emoções, dos animais de sangue quente. Isso faz que nós sejamos mais próximos das aves. Pessoas que tem animais domésticos sabem o quanto os animais são afetivos. Até mesmo o frango que muitas vezes se comporta como um cachorro. Quando o dono chega em casa, o frango vem ao encontro dele. O ultimo cérebro é o neocortex onde situa-se a inteligência, lógica, análise, poder de temporalidade, antes e depois, um poder que é a história. O homem é o único mamífero capaz de fazer a história, de fazer a ligação entre o antes e o depois. Esse poder de análise, de síntese é também característistico de alguns macacos superiores, em especial o chimpanzé. Nós podemos ver o chimpanzé como uma criança que tem mais ou menos oito ou nove meses. É possível falar do chimpanzé utilizando o método para os surdos mudos que ele vai entender. Isso tudo deveria significar pelos homens que é preciso sempre lembrar que nós somos animais superiores, mas sempre animais, sem a presunção de ser o melhor. Esse aspecto de humildade infelizmente na educação nunca é sublinhado. Tudo o que é psicológico é ligado ao cérebro límbico. Tudo o que é intelectual, racional, é ligado à neocórtex. Por isso é fundamental ter presente e os doentes chamados mentais na realidade a doença é a cargo do límbico. A psicopatologia é a descrição sintomática de uma condição afetiva. Por isso é preciso sublinhar que o psicótico, o esquizofrênico é maluco, mas não é bobo. Isso faz que nós tenhamos a possibilidade de poder tratar do sujeito psicótico. Mas para tratar o sujeito psicótico é preciso individuar a ancoragem corporal da psicose. Todo mundo sabe ou deveria saber que Reich dividiu o corpo em sete níveis. O primeiro nível composto pelos ouvidos, olhos, nariz e pele, é o nível da interpretação. Esse nível entra em função durante os
2 primeiros 10 dias após o nascimento. Se durante esses primeiros 10 dias a integração sensorial não for atuada nós teremos uma condição particular psicopatológica que é a condição da melancolia. A melancolia é diferente da depressão. O indivíduo melancólico se queixa de um vazio. O deprimido se queixa de uma perda. Isso é importante porque faz que na terapia tratar um deprimido é mais fácil que tratar um melancólico. O melancólico tem pulsões suicidas. O deprimido nunca se suicida. O deprimido pede ajuda e o melancólico não pede ajuda. Para sobreviver ele aproveita, desfruta dos outros. Por isso, geralmente, o melancólico é um sóciopata. Essa é a figura do que chamamos de psicopata. Nós sabemos que o comprometimento durante a vida intra-uterina provoca no sujeito uma condição energética de carga baixa e isso faz que o indivíduo seja chamado por nós de hipoorgonótico que tem baixa de energia. Não é possível tratar de um sujeito hipoorgonótico se você não oferece a ele energia sobre a qual você posteriormente irá trabalhar. Por isso a importância de utilizar todos os recursos que a orgonomia clínica sugere. Nesse caso a condição do setting terapêutico deve ser uma condição de calor, de acolhimento que faz que o terapeuta seja para o paciente o útero quente, disponível e ele não teve durante a vida intra-uterina. Devemos lembrar que o sujeito que tem núcleo psicótico é o sujeito que tem dificuldade de contato. O primeiro nível ele tem sobrecarregado porque o cérebro repitiliano precisa de muita energia para sobreviver. Reich fala que a base do cérebro sobrecarraghada na condição psicótica. Isso comporta na necessidade de descarregar o primeiro nível para permitir que o paciente entre em contato real com o mundo onde vive. Hoje em dia encontramos em torno de 30% da população com núcleo psicótico. Isso não significa ser psicótico, mas quer dizer que se no curso da vida encontrar um estresse muito forte, equivalente ao período uterino esse núcleo psicótico pode se manifestar. É o que chamamos de surto psicótico. Tudo isso diz respeito à patologia do primeiro nível. No segundo nível, da boca, temos a condição psicopatológica de borderline. Borderline é um indivíduo que está no limite entre a psicose e a psiconeurose. E a condição borderline é conseqüência dos primeiros 9 meses de vida que foram inadequados, isso é, amamentação e desmame deficitários para o bebê. A condição borderline atinge em torno de 45% da população. O
3 borderline, em função de seu bloqueio apresenta uma depressividade. Essa condição depressiva está por baixo de todas as manifestações psicológicas do indivíduo. É importante ressaltar que para ajudar a terapia do sujeito borderline, o terapeuta deve assumir o papel da boa mãe que o sujeito não teve. Por isso o tratamento do borderline é um tratamento de maternagem. Maternangem não significa disponibilidade total. Deve ser uma mãe adequada, calorosa, amorosa, compreensiva, mas uma mãe que dá o limite. O borderline deve conseguir encontrar o próprio limite. Do ponto de vista corporal o borderline está sempre em uma condição de defesa. A defesa é para não entrar em depressão. Por isso, em relação aos sete níveis ele tem o pescoço muito enrijecido, continuamente na defesa. Ele tem um aspecto narcíciso muito grande. Por isso, infelizmente ele é egoísta porque tem medo de não poder sobreviver. Na condição de oralidade nós podemos encontrar dois aspectos. O primeiro diz respeito a uma oralidade insatisfeita, quando a amamentação foi inadequada; o segundo aspecto diz respeito a uma oralidade reprimida quando o desmame foi precoce ou brusco. Essa condição reprimida faz com que o aspecto oral se apresente como raiva. Raiva é, portanto, uma emoção secundária e não primária. A raiva é uma defesa contra o medo da depressão. Nós encontramos indivíduos que tem raiva reprimida que são aqueles que falam entre os dentes, não articulam a palavra. Essa contenção de raiva reprimida é característica da chamada paranóia. Nós temos a condição paranóide ligada ao primeiro nível e a condição paranóica ligada ao segundo nível. eu utilizo A palavra condição porque é uma palavra dinâmica, ao contrário da palavra situação que é uma palavra estática. Você pode mudar uma condição, mas não pode mudar uma situação. No tratamento do borderline é preciso ter presente que a partir do nono mês, quando começa ser intencional a mobilidade neuromuscular, nesse momento forma-se a caracterialidade. Se nós temos uma condição de desmame antecipado, essa condição de caracterialidade vai surgir antes. Mas não é uma verdadeira caracterialidade. É uma pseudo caracterialidade que nós chamamos de cobertura caracterial. Na nossa terapia é fundamental, no momento que todos os borderline têm cobertura caracterial, é preciso tratar a estrutura de fundo e depois a cobertura. Se você trata a cobertura e não dá importância à estrutura,
4 esta pode se manifestar formando um câncer. Isso mostra a responsabilidade do terapeuta. Temos, por exemplo, que no momento que o bordeline é um oral, a característica ligada à boca é aquela da comunicação. O borderline é um oral e ele precisa utilizar a boca que foi frustrada e por isso ele tem necessidade de comunicar. Mas a comunicação do borderline é uma comunicação que faz um sentido único. O borderline fala, mas não escuta o outro. É praticamente uma pessoa que podemos individualizar como cabeça dura. Do ponto de vista energético caracteriza p borderline é fundamentalmente a sua carga de energia no pescoço. Sendo um oral, o borderline é uma pessoa que ou é um grande comedor ou um grande bebedor. Isso explica o alcoolismo, a obesidade secundária. Na realidade e preciso lembrar que o anoréxico é um aspecto do núcleo psicótico (primeiro nível), enquanto a bulimia é um aspecto psicológico do segundo nível, da boca. O tratamento da condição borderline tem um resultado penoso para o paciente, mas ótimo para o terapeuta. Isso é quando o borderline vai sair (cair?) de uma condição depressiva. Lembro-me de um professor em Nápoles, meu paciente, eu pergunto sempre no início da sessão como vai e eu perguntei Mário, como está? Ele respondeu: penso que vou bem porque eu estou muito mal. Esse aspecto é importante porque se o borderline não elimina esse núcleo depressivo, nunca poderá tornar-se psiconeurótico. Para os terapeutas que não são médicos, esse tipo de depressão vai ser tratada nunca com Prozac, mas com triptofano. Não é um remédio e sim um alimento que você pode encontrar nas farmácias de manipulação. O triptofano é um aminoácido presente no leite materno. Do momento que o borderline teve problema em sua amamentação, o triptofano permite que o organismo produza os neurotransmissores serotonina e dopamina. Isso simplifica muito o momento depressivo do borderline. Também é preciso advertir o borderline que ele vai encontrar um momento depressivo e de não ter medo desse momento porque é um sinal de que a terapia está indo bem. O momento depressivo do borderline faz que a condição borderline se transforme em condição psiconeurótica. A condição psiconeurótica é aquela que nasce depois dos nove meses, isso é, no período pós-natal. Esse período pós-natal vai do nono mês até a puberdade. É nesse período que aparece o que chamamos de psiconeurótico,
5 que tem medo da castração. Isso é válido para as mulheres e para os homens. É um período claramente cultural porque se você na educação da criança não reprime ou ameaça o período edipiano torna-se complexo edípico. O complexo edípico tem influência sobre a sexualidade genital que é vivida ou conscientemente ou insconscientemente como culpa. O indivíduo sente-se culpado de fazer amor. Isso impede que o psiconeurótico não tenha possibilidade de, como fala, o Hindu, de morrer no outro. Morrer no outro é o mesmo que se entregar ao orgasmo. A condição psiconeurótica é atualmente composta por mais ou menos 20% da população. O restante é dividido em 4,9% da condição neurótica que está ligada no corpo ao segmento da pelve e que se manifesta em forma de histeria e apenas 0,1% da população pode ser considerada como caráter genital, que tem capacidade de orgasmo. Orgasmo significa perder a consciência do eu morrendo no outro para renascer das próprias cinzas. Esse 0,1% está presente em todos aqueles que fizeram uma rigorosa vegetoterapia e naturalmente no interior da Amazônia, interior da Austrália onde a chamada civilização não chegou. No momento que chega a civilização também chega a ansiedade e por conseqüência as couraças. Ansiedade significa telefone, compromisso, agenda, etc. Isso é civilização. Se nós temos presente a importante dos outros níveis, devemos considerar a importância que tem o quarto nível, o nível do tórax que é o nível onde está localizado a ambivalência, os membros superiores são apêndices do tórax. O ambivalente é uma pessoa que não sabe escolher. No ano de 1968 um bispo católico disse é melhor escolher errado, que não escolher. Também no tórax nós temos a localização da identidade biológica. Quando falamos Eu, costumamos sempre levar as mãos para a altura do peito, sobre a glândula do timo. A glândula do timo é responsável pela imunidade do organismo e a condição imunitária é diferente de indivíduo para indivíduos, como as impressões digitais. Por isso, em relação à individualidade, a importância de conseguir uma situação, não condição, de eu forte. A condição de eu inadequada produz uma deficiência imunitária que pode manifestar o aparecimento do câncer. Por isso o câncer é também chamado de uma doença auto-imune. E também é responsável pela doença chamada de AIDS. Eu digo isso porque não acredito no AIDS. A AIDS é uma condição que sempre existiu.
6 Hoje em dia é a conseqüência da sociedade deficitária que não permite a aliança de desenvolver-se biologicamente, naturalmente, ou conseqüência de tudo o que a ultima guerra comportou. Eu não acredito porque as doenças chamadas de AIDS até mais ou menos doze anos atrás eram 26. Hoje em dia as doenças são 32. Tudo o que não conseguem explicar, diagnosticam como AIDS Uma boa desculpa. Temos a considerar o quinto nível que é o nível do masoquismo ligado à ansiedade é também o nível que pode se bloquear como conseqüência de uma educação culpabilizante. A maior educação culpabilizante é a educação judia. Depois dela vem a educação católica. Eu tenho um amigo meu que fez terapia comigo e um dia me explicou a diferença do masoquismo está na mãe católica e na mãe judia. A mãe católica, se a criança não come ela diz: come se te jogo pela janela. A mãe judia diz: come senão eu me jogo pela janela. Tudo isso faz que o diafragma seja comprometido e bloqueado. O sexto nível, do abdômen, da visceralidade está ligado à função dos esfíncteres. Falamos em educação dos esfíncteres... uma besteira enorme. A criança não precisa ser educada para fazer ou não xixi ou cocô. A criança é como um macaco que observa os pais e irmãos e se comporta do mesmo jeito. Assim, ele aprende a educar por si próprio os esfíncteres. Uma educação dos esfíncteres comporta, do ponto de vista psicológico, o que chamamos de analidade. O indivíduo anal é o indivíduo que tem uma compulsão por limpeza ou o contrário, praticamente é sujo. O indivíduo anal ou é avarento, tem constipação, ou é generoso demais. A característica compulsiva é a característica da ordem. Ou a característica de colecionar, ou de ser meticuloso. Todos que fazem um trabalho meticuloso, como por exemplo, o relojoeiro, são anais. Na Suíça encontramos vários anais. A limpeza é fantástica, os relógios são os melhores, são avarentos, tem mais bancos que lojas. Além disso, a Suíça tem chocolate... O último nível é o da pelve, da sexualidade genital. Eu falo sexualidade genital porque tudo o que dá prazer é sexual, mas o prazer máximo está na sexualidade genital. Quando temos uma condição de bloqueio parcial da pelve (nunca é total), nós temos condições histéricas. O histérico é uma pessoa que precisa desbloquear a energia da pelve. O psiconeurótico, 20%, tem medo da
7 castração. O histérico, 4,9% tem medo de não realizar uma vida sexual satisfatória. AUTOR Federico Navarro/Itália Médico neuropsiquiatra. Orgonoterapeuta. Criador da somatopsicodinâmica.