EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE MORINGA POR DIFERENTES MÉTODOS, VISANDO A PRODUÇÃO DE BIODIESEL

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EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE MORINGA POR DIFERENTES MÉTODOS, VISANDO A PRODUÇÃO DE BIODIESEL Fernanda Naiara Campos de Almeida 1, Jéssica Violin Berni 1, Matheus Pereira de Oliveira 1, Thiago Luiz Belo Pasa¹ e Nehemias Curvelo Pereira 1 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Química fnc.almeida@gmail.com RESUMO A semente de Moringa oleífera Lamarck, destaca-se por apresentar em média 40% de óleo em sua composição, tal que este é composto, majoritariamente, pelo ácido oleico. Desta forma, a semente de moringa se sobressai como uma oleaginosa com grande potencial para produção de biocombustíveis. O objetivo deste trabalho foi determinar as melhores condições para extração do óleo de moringa, por diferentes métodos. Para obtenção do óleo, estudaram-se dois processos: extração mecânica (prensagem) e extração com solvente (Soxhlet). Na extração mecânica variou-se a pressão aplicada (8, 11 e 14 ton/cm²) e o tempo de extração (período de 6 horas). Já a extração por Soxhlet variou o solvente (acetona, etanol, éter de petróleo, isopropanol e hexano) e o tempo de extração (2, 4, 6 e 8 horas). A extração por Soxhlet, utilizando o solvente hexano por um período de 2 horas, foi escolhida como a mais vantajosa por fornecer um bom teor de óleo (40,52%) e ser mais econômica, com relação ao tempo de extração e gasto de energia. Palavras-chave: extração; prensagem; soxhlet; óleo de moringa. 1. INTRODUÇÃO É crescente nos últimos anos, a busca por novas fontes alternativas de energia que possam substituir os combustíveis fósseis. Neste contexto, os óleos vegetais aparecem com um grande potencial para geração de biodiesel [PARENTE, 2003]. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o biodiesel é um combustível renovável e biodegradável, derivado de óleos vegetais ou gorduras animais, para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão, que possa substituir total ou parcialmente o diesel de petróleo. Existem inúmeras fontes de óleos vegetais com potencialidade para produção biodiesel, entretanto a escolha da matéria-prima certa deve ser baseada em vários aspectos, tais como, o valor comercial relativo ao alto valor agregado de alguns tipos de óleos, o percentual de óleo do vegetal e a produção por área; a vocação agrícola de cada região, identificando a maior disponibilidade e menor custo de matéria-prima; e a manutenção da produção de alimentos, priorizando a produção de biodiesel a partir de matérias-primas não alimentares [QUINTELLA et al., 2009]. É neste contexto que a semente da Moringa oleifera Lamarck se destaca no cenário brasileiro. A moringa é uma árvore nativa da região da Índia e atualmente cultivada nos trópicos de todo mundo. Planta arbórea com longas vagens verdes, sementes aladas, folhas grandes e flores brancas e perfumadas, conforme segue na Figura 1. Caracteriza-se por ser uma cultura forte, desenvolver-se rapidamente e adaptarse bem as condições de miséria do solo, não requerendo cuidados especiais [MORTON, 1991]. No Brasil, sua cultura é mais difundida no nordeste semiárido,

principalmente devido ao seu uso no tratamento de água [SILVA et al., 2010]. Figura 1 - Árvore Moringa oleifera e suas respectivas partes: folhas e flores, vagens e sementes. Segundo Anwar et al. [2003], a semente é composta em 40% do seu peso por óleo, apresentando conteúdo médio de óleo maior do que em outras culturas oleíferas, como: algodão (15 a 24%), soja (17 a 21%), cártamo ( 25 a 40%) e mostarda (24 a 40%). O óleo extraído é conhecido comercialmente como óleo ben, sendo de cor clara, doce e inodoro [Anwar et al, 2005]. Segundo Anwar et al. [2003], este é constituído de glicerídeos dos ácidos oleicos (76,0%), palmítico (6,5%), esteárico (5,7%) e behênico (5,0%). Por apresentar um elevado percentual de ácido oleico favorece a obtenção de biodiesel a partir deste óleo devido ao baixo teor de instaurações, que tem reflexo direto e positivo na sua estabilidade a oxidação, facilitando o transporte e armazenamento [SANTANA et al. 2010]. Para Rashid et al. [2007], o biodiesel derivado do óleo de moringa é um ótimo substituto ao petrodiesel. Tradicionalmente, os métodos convencionais para extração de óleo a partir de sementes oleaginosas são a prensagem e a extração com solvente, ou até mesmo a combinação de ambos. Segundo Pighinelli et al. [2008], a prensagem contínua de grãos oleaginosos é um método rápido, fácil e de baixo custo para a obtenção de óleos. A eficiência deste método é bem inferior àquela conseguida pelo tradicional método de extração por solvente. Dentre os diversos métodos para extração por solvente, destaca-se a metodologia de Soxhlet. Neste método a escolha do solvente é um fator importante, tal que algumas características devem ser atentamente analisadas para que o processo seja viável, como: seletividade, viscosidade, densidade, volatilidade, ponto de ebulição, inflamabilidade, toxidez e custo [TREYBAL, 1963]. Segundo Mani et al. [2007], os solventes frequentemente utilizados na extração de óleo são acetona, éter de petróleo, etanol, metanol, isopropanol e hexano. Além do solvente, outros fatores influenciam no processo de extração do óleo, tais como: a temperatura de extração, tamanho das partículas, tempo de contato entre o solvente e as sementes e condições de prétratamento. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo estudar a extração do óleo de moringa por prensagem e por diferentes solventes orgânicos, visando à produção de biodiesel. 2. METODOLOGIA As sementes de Moringa oleífera foram coletadas no período de abril a dezembro de 2014, na Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI) campus da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que está localizada numa latitude de 23 25 S; 51 57 O. As sementes apresentaram um teor de umidade inicial médio de 7,0 %, em base úmida (b.u.). Após a colheita as sementes foram beneficiadas, separando-se as cascas e impurezas, e então armazenadas em sacos plásticos em refrigeradores a - 15 C. Antes de cada extração as sementes foram trituradas em pó, em um

triturador modelo TE-345, e passadas através de uma peneira com Mesh 28 (0,59 mm). Todas as análises foram realizadas em duplicata. 2.1. Extração por solvente A extração por solvente foi realizada com auxílio do aparelho Soxlet (Figura 2), onde se utilizou cerca de 10 g de sementes in natura e 300 ml de solvente. A temperatura de extração foi mantida de acordo com o ponto de ebulição de cada solvente. 70 C, a fim de recuperar o solvente. O cálculo do teor de óleo extraído foi obtido conforme mostra a Equação 1. massa de óleo (g) Teor (%).100 [1] massa de semente (g) 2.2. Extração por prensagem A prensagem foi realizada em uma prensa hidráulica Bovenau (Figura 3) com capacidade de 30 ton/cm 2 (1 tonelada = 22,63 kgf/cm 2 ), tal que as pressões estudadas foram de 8, 11 e 14 ton/cm 2. Figura 2 Aparelho de Soxhlet utilizado na extração de óleo da semente de moringa. Os solventes utilizados foram etanol (PE: 78 C), isopropanol (PE:82,4 C), hexano (PE: 68ºC), éter de petróleo (PE: 60-75 C) e acetona (PE:56ºC). Os períodos de tempo estudados foram de 2, 4, 6 e 8 horas. Após o período de extração com Soxhlet, a micela contendo o óleo e o solvente foi levado a um evaporador rotativo Fisatom 802, por um período de 30 minutos e temperatura do banho de Figura 3 Prensa utilizada na extração de óleo da semente de moringa. Foram utilizados cerca de 40 g de sementes trituradas, por um período de 6 horas. O teor foi calculado a cada 5 minutos nos primeiros 30 minutos, a cada 10 minutos no intervalo de 30 a 60 minutos, a cada 20 minutos no intervalo de 60 a 180 minutos e a cada 30 minutos no intervalo de 180 a 360 minutos, conforme a Equação 1. 2.3. Análise estatística

Os resultados foram analisados através do Teste Tukey, a fim de verificar se houve diferença significativa entre os tratamentos, ao nível de 5% de probabilidade, com relação ao teor de óleo obtido, utilizando-se o software Statistica 7.1. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram realizadas dois tipos de extração do óleo de moringa, por extração mecânica (prensagem) e extração por solvente (Soxhlet). A extração por prensagem foi realizada nas pressões de 8, 11 e 14 ton/cm², por um período de 6 horas, e os resultados são apresentados na Figura 4. Figura 4 Teor de óleo obtido na prensagem a 8, 11 e 14 ton/cm² por um período de 6 horas. Como era esperado, com o aumento da pressão aplicada obteve-se um maior teor de óleo extraído. Da mesma forma, que o mesmo aumentou com o decorrer do tempo, sendo que a partir de 4 horas de extração a variação de óleo foi praticamente constante para todas as pressões. A tabela 1 apresenta o teor de óleo médio extraído por um período de 4 horas. Por meio do Teste Tukey, foi possível afirmar que os tratamentos são estatisticamente diferentes entre si, com 95% de confiança. Tabela 1 Teor médio de óleo de moringa obtido por prensagem, por período de 4 horas e pressões de 8, 11 e 14 ton/com². Pressão (ton/cm²) Teor de óleo (%) 8 19,13±0,10 a 11 22,81±0,01 b 14 25,60±0,03 c *Médias seguidas de letras diferentes na coluna, diferem estatisticamente e entre si, pelo teste Tukey a 5% de probabilidade (p 0,05). Andrade et al. [2003] estudou a extração do óleo de moringa com aplicação de uma pressão de 8 e 10 ton e obtiveram, respectivamente, teores de 19,16% e 21,08%. Silva [2013] relatou que a partir de 4 horas de extração o escoamento do óleo de moringa tornouse escasso, na qual foi aplicada uma pressão de 12 ton/cm² e obteve-se um teor de 26,02 ± 2,54%. A extração mecânica é indicada a pequenas propriedades rurais, pois é um processo que necessita de produtos químicos, de fácil manuseio e não exige mão-de-obra qualificada [SINGH & BARGALE, 2000]. A extração química foi realizada utilizando cinco solventes, sendo eles: acetona, etanol, éter de petróleo, isopropanol e hexano. A escolha do solvente baseou-se na disponibilidade, facilidade de recuperação, solubilidade, custo. Algumas características dos solventes estudados encontram-se na tabela X.

Tabela 2 Características dos solventes utilizados no processo de extração por Soxhlet do óleo de moringa. Solventes PE ( C) Pureza (%) Custo (R$/un) Acetona 56,0 99,5 42,34 Etanol 78,0 99,5 31,75 Éter de P. 30-70 - 68,00 escura do óleo, quando comparado com a extração por hexano. Desta forma, o etanol e o isopropanol foram descartados do estudo, permanecendo os solventes: acetona, éter de petróleo e hexano. A figura 6 apresenta o estudo do teor de óleo obtido para extração por Soxhlet em função do tempo, para os solventes hexano, éter de petróleo e acetona. Isopropanol 82,4 99,5 38,00 Hexano 68,0 98,5 37,00 *Legenda: PE: Ponto de ebulição; As extrações realizadas com os solventes etanol e isopropanol apresentaram problemas na determinação do teor de óleo. Como pode ser observado na Figura 5, após a rotaevaporação, o óleo apresentou uma coloração mais escura e, também, foi notada a presença de incrustações. Figura 6 Teor de óleo de moringa obtido na extração por Soxhlet em função do tempo, para os solventes hexano, éter de petróleo e acetona. Figura 5 (Esquerda) Óleo de moringa extraído por etanol. (Direita) Óleo de moringa extraído com hexano. De acordo com a Figura 6, pode-se observar para todos os solventes, que o teor de óleo aumentou com o tempo de extração. Os teores médios para cada tratamento encontram-se detalhados na tabela 3. Pereira [2009] ao estudar a extração do óleo de Pinhão-manso, relatou que o óleo extraído com etanol apresentou características semelhantes ao do presente trabalho, relatando a presença de gomas e coloração mais

Tabela 3 Teor de óleo de moringa obtido para extração por Soxhlet, com os solventes acetona, éter de petróleo e hexano. Teor de óleo (%) t(h) Acetona Éter de P. Hexano 2 30,47±0,30 a 37,84±0,64 a 40,52±0,11 a 4 33,42±0,21 b 42,80±0,27 b 44,76±0,11 b 6 36,90±0,10 c 45,12±0,18 c 46,01±0,19 c 8 38,83±0,03 d 45,36±0,49 c 47,05±0,14 d *Médias seguidas de letras diferentes na coluna, diferem estatisticamente e entre si, pelo teste Tukey a 5% de probabilidade (p 0,05). O teor de óleo foi diferente estaticamente para todos os tratamentos dos solventes hexano e acetona. Já para o éter de petróleo, não houve diferença significativa entre os teores de óleo obtido nos tempos de 6 e 8 horas, desta forma conclui-se que é inviável a extração por períodos superiores a 6 horas. O solvente que apresentou maior eficiência na extração de óleo foi o hexano. Este, geralmente, é o solvente mais seletivo, principalmente devido à sua solubilidade e facilidade de recuperação [AKARANTA et al., 1996]. Apesar, do maior teor de óleo (47,01%) ser obtido utilizando o solvente hexano por período de 8 horas é economicamente mais viável a extração por um tempo de 2 horas. Pois esta condição é capaz fornecer um bom teor de óleo (40,52%) e ser mais econômica, com relação ao tempo de extração e gasto de energia. Mani et al. [2007] estudou o processo de extração do óleo de moringa com os solventes acetona, éter de petróleo e hexano. Silva et al [2009], também relatou o hexano como o solvente mais indicado para extração, seguido do éter de petróleo e acetona. Andrade et al. [2009] utilizaram o solvente hexano, e extraíram 44,6% de óleo de moringa por um período de 2 horas. De modo geral, os teores de óleo do presente trabalho assemelham-se a literatura. Segundo Ayerza [2011], um dos motivos para as pequenas variações no teor de óleo pode ser decorrente da variedade da planta, das condições climáticas, tempo de maturação, época de colheita e metodologia de extração utilizada.. 4. CONCLUSÕES A extração por Soxhlet apresentou um teor de óleo relativamente maior que o da prensagem. Com relação à escolha do solvente, o hexano destacou-se, pois apresentou o maior teor de óleo em qualquer tempo de extração, variando de 40,52 a 47,01%. Desta forma, a extração por Soxhlet utilizando o solvente hexano por um período de 2 horas foi escolhida como a mais vantajosa. Visto que, é possível conciliar um bom teor de óleo extraído, com economia de tempo e energia. 5. AGRADECIMENTOS A CAPES pelo auxílio financeiro. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKARANTA, O.; ANUSIEM, A. C. I. A bioresource solvent for extraction of castor oil. Industrial Crops and Products, v. 5, n. 4, p. 273-277, 1996. ANDRADE, A.G.; JUNIOR, L.A.R.; SANTOS, R.B.; SOLETTI, J.I.; CARVALHO, S.H.V. Estudo do processo de extração do óleo de Moringa

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