Fraco crescimento do crédito, corte de postos de trabalho e elevação nos resultados de tesouraria são os destaques de 2014 nos maiores bancos do país



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Transcrição:

2014 Fraco crescimento do crédito, corte de postos de trabalho e elevação nos resultados de tesouraria são os destaques de 2014 nos maiores bancos do país Rede Bancários

2 DESEMPENHO DOS BANCOS DESEMPENHO DOS BANCOS em 2014 Fraco crescimento do crédito, corte de postos de trabalho e elevação dos ganhos de tesouraria são os destaques no ano. Bancos mostram que lucram muito, independentemente do cenário econômico do país E m 2014, os resultados dos cinco maiores bancos do país mostraram que não existe cenário ruim para o setor financeiro, independentemente do desempenho do conjunto da economia. Todos eles tiveram lucros elevados, mesmo reduzindo o ritmo de expansão das operações de crédito. Um dos fatores responsáveis por esse resultado foi a expressiva elevação das receitas com Títulos e Valores Mobiliários, decorrente das sucessivas elevações da Selic no ano passado. Na busca pela chamada eficiência operacional, os bancos privados nacionais e o Santander deram continuidade ao fechamento de postos de trabalho, embora em ritmo menor que nos anos anteriores. Entre os bancos públicos, o Banco do Brasil seguiu a mesma tendência, enquanto a Caixa Econômica Federal continua sendo a única instituição com forte geração de emprego e concomitante melhora nos índices de eficiência. Esses são os principais destaques da 7ª edição do estudo Desempenho dos Bancos, produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) - Rede Bancários. Dados patrimoniais dos gigantes do Sistema Financeiro Nacional O total de ativos das cinco maiores instituições bancárias do país atingiu, em dezembro de 2014, o expressivo montante de R$ 5,3 trilhões, com evolução de 14,4% em 12 meses, conforme a Tabela 1. O patrimônio líquido (PL), capital próprio dessas instituições, cresceu 18,4% no

3 DESEMPENHO DOS BANCOS período, atingindo R$ 370,5 bilhões. TABELA 1 Destaques dos cinco maiores bancos Brasil - 2014 Indicadores 2014 Variação (%) 12 meses Número de Agências 20.022 0,8% Ativos Totais 5,3 trilhões 14,4% Patrimônio Líquido 370,5 bilhões 18,4% Operações de Crédito 2,6 trilhões 11,3% Resultado com TVM 165,5 bilhões 45,9% Resultado com aplicações compulsórias 28,0 bilhões 32,9% Resultado Bruto da Intermediação Financeira 117,8 bilhões 17,4% Receita de Prestação de Serviços e Tarifas 104,1 bilhões 10,9% Despesas de Pessoal 74,6 bilhões 8,7% Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa 72,3 bilhões 9,2% Lucro Líquido Total 60,3 bilhões 18,5% Número de Funcionários 451.116-1,1% Entre os grandes bancos, a Caixa continua se destacando. De 2013 a 2014, os ativos da instituição cresceram 24,0% e o capital próprio (patrimônio líquido), 76,1%. O forte crescimento do patrimônio líquido do banco ocorreu a partir de julho de 2014, a Caixa teve um aporte de capital da ordem de R$ 27,9 bilhões por parte do Tesouro Nacional, na forma de Instrumento Híbrido de Capital e Dívida, conforme Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) nº 4.192/13 1. As carteiras de crédito dos cinco maiores bancos cresceram 11,3% no período e chegaram a R$ 2,6 trilhões. Mais uma vez, a Caixa foi a principal responsável por esse crescimento, com expansão de 22,4% carteira. Nos demais bancos, as operações de crédito aumentaram entre 6,5% e 9,8%. 1 Os instrumentos híbridos de capital e dívida são representados por diversos tipos de títulos ou contratos emitidos para captação de recursos financeiros destinados à capitalização das instituições financeiras. De acordo com o Acordo de Basileia III, que entrou em vigor no Brasil em janeiro de 2014, os instrumentos híbridos de capital e dívida compõem o Patrimônio de Referência das instituições financeiras.

4 DESEMPENHO DOS BANCOS Lucros e rentabilidade Em 2014, as cinco maiores instituições financeiras obtiveram lucro líquido de, aproximadamente, R$ 60,3 bilhões, crescimento de 18,5% na comparação com o ano anterior. O maior lucro líquido foi do Itaú Unibanco, de R$ 20,6 bilhões. Esse resultado representou incremento de 30,2% em relação a 2013. É também o maior percentual de crescimento do lucro entre os cinco maiores bancos do país. Tal desempenho vem se repetindo nos últimos anos e decorre de uma estratégia que combina conservadorismo na concessão de crédito, elevação das receitas com tarifas e cortes de pessoal. Além desses fatores, em 2014, o banco expandiu fortemente as receitas com aplicação em Títulos e Valores Mobiliários, ou seja, em títulos da dívida pública federal. O Bradesco teve o segundo maior lucro e a segunda maior variação de lucro no período. Com crescimento de 25,9%, em 12 meses, o banco alcançou lucro líquido de R$ 15,4 bilhões, o maior da história da instituição. O Banco do Brasil lucrou R$ 11,3 bilhões, crescimento de 9,6% em 12 meses. Para evitar distorções na análise, este resultado não considerou o efeito extraordinário no lucro registrado em 2013, decorrente da venda de ações da BB Seguridade. Na Caixa, o lucro líquido atingiu R$ 7,1 bilhões, com alta de 5,5% em relação a 2013. Já o Santander apresentou pequeno crescimento no lucro líquido em 2014 (1,8%), que atingiu R$ 5,9 bilhões.

6.723 7.092 5.744 5.850 10.353 12.202 11.343 15.836 15.359 20.619 5 DESEMPENHO DOS BANCOS GRÁFICO 1 Lucro líquido dos cinco maiores bancos Brasil - 2013 e 2014 (em R$ milhões) 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 Itaú Unibanco(1) Bradesco (2) Banco do Brasil (2) Caixa Econômica Federal Santander (3) Nota: (1) LL Recorrente; (2) LL Ajustado; (3) LL Gerencial A rentabilidade seguiu elevada nos grandes bancos, mantendo o setor financeiro entre os mais rentáveis da economia nacional e mundial. Com exceção da Caixa, que apresentou queda na rentabilidade, os demais bancos mantiveram as margens e obtiveram ligeiro crescimento. A queda na rentabilidade da Caixa deveu-se, especialmente, ao forte crescimento do Patrimônio Líquido decorrente do aporte de capital já mencionado. TABELA 2 Rentabilidade líquida (retorno sobre o patrimônio líquido) dos cinco maiores bancos Brasil 2013 e 2014 (em %) Bancos Ano Variação (em p.p.) Itaú Unibanco 23,9% 24,7% 0,8 Bradesco 18,0% 20,1% 2,1 Banco do Brasil 15,0% 15,1% 0,1 Caixa Econômica Federal 24,8% 15,2% -9,6 Santander 11,0% 11,5% 0,5

6 DESEMPENHO DOS BANCOS O efeito das elevações da Taxa Selic nos resultados Do ponto de vista da maioria dos segmentos econômicos e da sociedade, a redução da taxa Selic é de extrema importância, pois aumenta a atratividade dos investimentos produtivos e libera recursos públicos antes destinados ao pagamento do serviço da dívida para outros setores da economia nacional. Com isso, reduz-se a transferência de recursos da sociedade para os detentores de riqueza financeira. No entanto, em abril de 2013, o Copom encerrou o processo de queda gradual da Selic, que vinha ocorrendo desde agosto de 2011. Tal alteração no rumo da política monetária se refletiu diretamente nos balanços dos bancos em 2014, já que estes detêm expressiva parcela (cerca de 30%) dos títulos da dívida pública federal. As receitas com títulos e valores mobiliários (TVM) representam a segunda maior fonte de ganhos dos bancos, depois das receitas com as operações de crédito. Como se pode observar na Tabela 3, as receitas com TVM dos cinco bancos subiram, em média, 45,9%, em 2014. O Itaú Unibanco apresentou o maior crescimento dessas receitas (54,5%), seguido da Caixa Econômica. O Santander apresentou a menor variação nessas receitas, mas, ainda assim, o crescimento foi expressivo (28,8%). O impacto dos ganhos com TVM é diferenciado em cada banco porque depende diretamente da composição da carteira de cada um. Bancos TABELA 3 Receita com Títulos e Valores Mobiliários dos cinco maiores bancos Brasil - 2013 e 2014 (em R$ milhões) Ano Variação % Itaú Unibanco 25.337 39.137 54,5% Bradesco 24.778 34.681 40,0% Banco do Brasil 29.970 44.010 46,8% Caixa Econômica 19.708 30.135 52,9% Santander 13.625 17.543 28,8% Total 113.418 165.506 45,9% Outra fonte de receita dos bancos afetada pela variação na taxa Selic são os depósitos compulsórios, recolhimentos obrigatórios junto ao Banco Central que têm como finalidade controlar a liquidez da economia e proporcionar estabilidade ao sistema financeiro.

7 DESEMPENHO DOS BANCOS Estes recursos não podem ser usados pelas instituições em operações ativas, mas não ficam sem remuneração. Parte dos depósitos compulsórios é remunerada pela Selic e, devido ao crescimento da taxa básica de juros da economia, as receitas das instituições financeiras com essas aplicações cresceram, em média, 32,6% entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014. Bancos TABELA 4 Receitas das Operações Compulsórias dos cinco maiores bancos Brasil - 2013 e 2014 (em R$ milhões) Ano Variação % Itaú Unibanco 4.428 5.893 33,1% Bradesco 3.139 4.311 37,3% Banco do Brasil 4.697 5.669 20,7% Caixa Econômica Federal 6.486 8.936 37,8% Santander 2.312 3.192 35,0% Total 21.062 28.001 32,9% A Caixa obteve o maior crescimento dessas receitas no período (37,8%). Prestação de serviços e tarifas X despesas de pessoal A estratégia dos bancos privados, nos últimos anos, visou incrementar os ganhos operacionais mediante crescimento das receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias e redução de despesas, principalmente de pessoal. Apesar de ser uma fonte secundária de receitas, as tarifas representam um percentual importante da receita total dos bancos. Em virtude dos ajustes exigidos para atender ao Acordo de Basileia III, a partir de janeiro de 2014, cresceu a necessidade de se buscar eficiência operacional por meio do incremento de receitas e redução de despesas, por isso as receitas com tarifas têm se tornado cada vez mais importantes. A adequação às exigências desse acordo será um elemento adicional a ser considerado pelos bancos na definição das estratégias de negócios. Em média, as receitas com a prestação de serviços e tarifas bancárias aumentaram 10,9%, entre 2013 e 2014, e somaram mais de R$ 104 bilhões. A maior variação foi

8 DESEMPENHO DOS BANCOS observada no Itaú Unibanco (alta de 15,3%) e a menor, no Santander (3,6%), como mostra o Gráfico 2. GRÁFICO 2 Receita de Prestação de Serviços mais Tarifas dos cinco maiores bancos Brasil 2013 e 2014 (em R$ milhões) 30.000 27.740 25.000 24.066 21.790 23.301 25.070 20.000 19.460 16.352 18.404 15.000 10.000 10.674 11.058 5.000 0 Itaú Unibanco Bradesco Banco do Brasil Caixa Econômica Federal Santander O montante significativo dessas receitas pode ser melhor compreendido quando comparado ao total de despesas de pessoal dos bancos. Somente a arrecadação com prestação de serviços e tarifas bancárias cobre entre 103% e 169% das despesas de pessoal nas maiores instituições financeiras, conforme mostra a Tabela 5. As despesas de pessoal compreendem os gastos com folha de pagamento (remuneração, encargos sociais e benefícios) e as despesas com treinamento e processos trabalhistas.

9 DESEMPENHO DOS BANCOS TABELA 5 Relação entre as Despesas de Pessoal e as Receitas com Prestação de Serviços e Tarifas Brasil - 2013 e de 2014 (em %) Bancos Ano Variação (em p.p) Itaú Unibanco 157,0 168,7 11,7 Bradesco 149,0 150,7 1,8 Banco do Brasil 136,7 135,9-0,7 Caixa Econômica 102,7 103,0 0,3 Santander 147,4 149,7 2,3 Bancos privados e Banco do Brasil fecham postos de trabalho O número de trabalhadores em quatro dos cinco maiores bancos do país segue em queda desde meados de 2012. Entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, o total de empregados nas cinco instituições passou de 456.220 para 451.116. Foram extintos 5.104 postos de trabalho no período. Santander, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil reduziram os quadros de funcionários em 8.390 postos de trabalho. O resultado só não foi pior porque foram abertos 3.286 novos postos na Caixa (elevação de 3,3%). Com isso, o quadro de funcionários do banco, que já supera o do Bradesco em 5.964 trabalhadores efetivos (excluindo-se os estagiários), está próximo de se igualar ao do Banco do Brasil. TABELA 6 Número de empregados nos cinco maiores bancos e variação - Brasil 2013 e 2014 Bancos Ano Variação % Nominal Itaú Unibanco 95.696 93.175-2,6% -2.521 Bradesco 100.489 95.520-4,9% -4.969 Banco do Brasil 112.216 111.628-0,5% -588 Caixa Econômica 98.198 101.484 3,3% 3.286 Santander 49.621 49.309-0,6% -312 Total 456.220 451.116-5.104-1,1%

10 DESEMPENHO DOS BANCOS No Itaú Unibanco, o número de trabalhadores só não foi menor porque houve incorporação de funcionários da Credicard, que foi recentemente adquirida pela holding. Até março de 2014, a apuração do número de empregados era feita separadamente. Considerações finais Os resultados consolidados dos cinco maiores bancos brasileiros, em 2014, foram positivos em relação aos indicadores patrimoniais e de desempenho operacional. Destacam-se, em termos de lucratividade e rentabilidade, o Itaú e o Bradesco. O lucro desses dois grandes bancos soma R$ 36 bilhões, equivalente a cerca de 60% dos lucros dos cinco maiores. Diante do quadro econômico nacional e internacional e do aumento das exigências de capital impostas pelo Acordo de Basileia III, a estratégia adotada pelos bancos privados foi melhorar o Índice de Eficiência mediante, basicamente, corte das despesas com pessoal próprio, por meio da redução de postos de trabalho, e aumento das receitas com tarifas. Ademais, foram bastantes conservadores na concessão de crédito. Para se adequar à desaceleração da atividade econômica e às novas exigências regulatórias, Banco do Brasil e Caixa reduziram o ritmo da oferta de crédito em relação aos patamares que vinham sendo praticados desde o início da crise internacional. Mesmo assim, a Caixa manteve a estratégia de expansão, ainda que em ritmo menor, cuja estratégia tem sido aumentar a estrutura de atendimento e ampliar a cobertura pelo país. O banco mostra que é possível melhorar o Índice de Eficiência, com ampliação de postos de trabalho mediante o aumento da participação na oferta de crédito na economia.

11 DESEMPENHO DOS BANCOS Rua Aurora, 957 CEP 01209-001, São Paulo, SP Telefone (11) 3874-5366 / fax (11) 3874-5394 E-mail: en@dieese.org.br www.dieese.org.br Direção Executiva Presidente: Antonio de Sousa Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de Osasco e Região - SP Secretária Executiva: Zenaide Honório APEOESP Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - SP Vice Presidente: Alberto Soares da Silva Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de Campinas - SP Diretor Executivo: Edson Antônio dos Anjos Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Máquinas Mecânicas de Material Elétrico de Veículos e Peças Automotivas da Grande Curitiba - PR Diretor Executivo: Josinaldo José de Barros Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais Elétricos de Guarulhos Arujá Mairiporã e Santa Isabel - SP Diretor Executivo: José Carlos Souza Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de São Paulo - SP Diretor Executivo: Luis Carlos de Oliveira Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo Mogi das Cruzes e Região - SP Diretora Executiva: Mara Luzia Feltes Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramentos Perícias Informações Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul - RS Diretora Executiva: Maria das Graças de Oliveira Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado de Pernambuco - PE Diretora Executiva: Marta Soares dos Santos Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de São Paulo Osasco e Região - SP Diretor Executivo: Paulo de Tarso Guedes de Brito Costa Sindicato dos Eletricitários da Bahia - BA Diretor Executivo: Roberto Alves da Silva Federação dos Trabalhadores em Serviços de Asseio e Conservação Ambiental Urbana e Áreas Verdes do Estado de São Paulo - SP Diretor Executivo: Ângelo Máximo de Oliveira Pinho Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - SP Direção técnica Clemente Ganz Lúcio diretor técnico Airton Gustavo coordenador de atendimento técnico sindical Angela Maria Schwengber coordenadora de estudos e desenvolvimento José Silvestre Prado de Oliveira coordenador de relações sindicais Nelson Karam coordenador de educação Patrícia Pelatieri coordenadora executiva Rosana de Freitas coordenadora administrativa e financeira Rede Bancários Bárbara Vallejos Vazquez Catia Uehara Felipe Miranda Fernando Benfica Gustavo Cavarzan Iara Welle Pedro Tupinambá Regina Camargos Valmir Gongora Vivian Machado