Macroeconomia. 5. O Mercado de Bens e Serviços. Francisco Lima. 2º ano 1º semestre 2015/2016 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

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Transcrição:

Macroeconomia 5. O Mercado de Bens e Serviços Francisco Lima 2º ano 1º semestre 2015/2016 Licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial

Modelo Macroeconómico Procura Agregada Políticas macroeconómicas Outras fontes Oferta Agregada Nível de preços e custos Produto potencial Capital, trabalho, tecnologia Ciclos Económicos Expansão / Recessão Causas externas / Causas internas Procura Agregada Moeda Modelo do acelerador-multiplicador (modelo keynesiano) Como as variações na despesa se traduzem em variações do produto e do emprego Curto prazo Ciclos político-eleitorais Oferta Agregada Ciclos económicos reais inovação/choques de produtividade Choques de oferta por exemplo, preço do petróleo 2

Ciclos Económicos Características habituais de uma recessão Compras dos consumidores caem, existências em armazém crescem, produção diminui, investimento diminui, horas extraordinárias diminuem, aumento do nº de empresas a fechar, desemprego sobe, inflação desce, lucros descem, acções descem, taxas de juro descem Teorias de ciclos exógenos Causas dos ciclos são guerras, revoluções, eleições, preços do petróleo, descobertas científicas, progressos tecnológicos (ciclo económico real) Teorias internas É o próprios sistema económico que gera os ciclos Expansões geram contracções e vice-versa Previsões macroeconómicas e dos ciclos com recurso à Macroeconometria Boa utilização da Macroeconomia pode impedir que os choques se transformem em recessões e as recessões em depressões 3

Modelo Macroeconómico Modelo de funcionamento do mercado de bens e serviços (o mercado do produto) Modelo de ajustamento para um equilíbrio macroeconómico Admite-se inicialmente que os salários, preços e as taxas de juro estão fixos e que existem recursos não utilizados Exclui-se reacções dos mercados financeiros Caracterizar o funcionamento do mercado do produto através de equações de comportamento das diferentes componentes da procura agregada, em especial o consumo e o investimento Analisar o impacto da política governamental Como aumentos numa despesa exógena podem levar a uma sucessão decrescente de aumentos na despesa (um euro amplificado em mais de um euro) 4

A oferta e a procura agregadas determinam as principais variáveis macroeconómicas 5

Modelo Macroeconómico Oferta Agregada - Nível de preços e custos - Produto potencial oferta agregada de longo prazo - Capital, trabalho, tecnologia Procura Agregada - Relação negativa entre preços e procura quando o preço aumenta: - Efeito riqueza diminui a riqueza real - Efeito de taxa de juro diminui a oferta real de moeda aumenta a taxa de juro - Efeito taxa de câmbio bens relativamente mais caros diminui as exportações; aumenta as importações - Políticas macroeconómicas Os preços e o produto agregados são determinados pela interação da oferta e da procura agregadas - Outras fontes (guerras, catástrofes naturais, entre outras) 6

PIB Ciclos económicos A variação homóloga de trimestre de um ano para o mesmo trimestre no ano seguinte no gráfico atenua as variações sazonais O forte decréscimo da taxa de variação e as variações negativas sinalizam os períodos de crise em Portugal 7

Nível e taxa de crescimento do PIB Em percentagem Fonte: Comissão Europeia (AMECO). (Banco de Portugal, Boletim Económico, Maio 2015). Nota: UE15 refere-se aos 15 Estados-membros iniciais da União Europeia. Nos anos seguintes à adesão à Comunidade Económica Europeia, Portugal registou uma rápida aproximação aos níveis de rendimento per capita dos restantes Estados-membros. No entanto, o processo de convergência real abrandou durante a década de 90, tendo sido interrompido a partir de 2000. No conjunto dos países industrializados com rendimentos per capita mais reduzidos, Portugal é um dos que apresenta menor taxa de crescimento média no período 8 1995-2013.

Procura Agregada AD = C + I + G + X X: exportações líquidas (saldo da balança comercial) Produto e Procura Agregada Em equilíbrio a quantidade produzida é igual à quantidade procurada: Y = AD Ou: Rendimento é igual a despesa (a partir do fluxo circular estudado anteriormente) 9

Componentes da Procura Agregada Contributos brutos para o crescimento do PIB Em pontos percentuais Variações negativas do PIB após 2008, com excepção de 2010 Aumento das exportações e diminuição das importação a evitar um pior desempenho do PIB 10

PIB e principais componentes da procura global Índice 2008T1=100 (em volume) Fontes: INE e cálculos do Banco de Portugal. Gráfico que mostra o efeito acumulado das variações do anterior com as variações anuais Investimento (FBCF) com forte variação negativa Exportações como a única componente com tendência positiva face ao início da crise 11

Consumo privado ou das famílias Bens duradouros, Bens não-duradouros, Serviços À medida que rendimento disponível sobe, diminui a proporção gasta em alimentação e aumenta a gasta em vestuário, lazer, automóveis, saúde Poupança também aumenta Poupança = Rendimento disponível Consumo O comportamento do consumo e da poupança são fundamentais para compreender os ciclos económicos (curto prazo, consumo) e o crescimento económico (longo prazo, poupança) Determinantes do Consumo Teoria do rendimento permanente - Consumidores consomem grande parcela dos aumentos permanentes do rendimento (ex: promoção), mas poupam grande parcela de um aumento temporário(ex: prémio de desempenho) Teoria do ciclo de vida - Consumidores consomem e poupam ao longo da vida de forma a ter sempre um padrão de consumo estável Efeito riqueza - Quanto maior a riqueza, maior o consumo; grandes quebras na riqueza (ex: crash bolsista) reduzem o consumo 12

Função Consumo C Consumo C = C + cy Consumo autónomo (ordenada na origem) C > 0 Propensão marginal a consumir (inclinação da função consumo) 0 < c < 1 Propensão marginal a poupar s = 1 c 13

Consumo privado e indicador de confiança dos consumidores Fontes: INE, Comissão Europeia e Banco de Portugal. 14

Fontes: INE e cálculos do Banco de Portugal. Contributos para o crescimento do consumo privado Em pontos percentuais A recuperação do consumo privado decorre em larga medida da aceleração do consumo de bens não duradouros e serviços (consumo corrente), após três anos de marcada contração. O consumo de bens alimentares mantem uma relativa estabilidade, refletindo a menor elasticidade da despesa em bens alimentares relativamente às variações do rendimento. Manutenção de um elevado dinamismo no consumo de bens duradouros, em particular de automóveis, mantendo a trajetória registada desde meados de 2013. Para esta evolução terá contribuído também o aumento dos níveis de confiança dos consumidores. 15

Consumo, rendimento disponível e taxa de poupança Taxa de variação anual, em percentagem A taxa de poupança teve o seu pico no início dos anos 70 (> 25%), tendo vindo a baixar Antes de 2008 chegou a 5% Notar as diferenças no comportamento do rendimento e consumo Por exemplo, comparar 2010 com 2012 Fonte: INE e Banco de Portugal. Nota: (p) projetado. A taxa de poupança é expressa em percentagem do rendimento disponível 16

Casos e Exercícios Assinale a alínea correta. O consumo das famílias varia inversamente com a taxa de juro porque quando a taxa de juro aumenta a) as famílias não precisam de se endividar. b) aumenta o custo de oportunidade do endividamento. c) as famílias diminuem a propensão a poupar. d) Nenhuma das anteriores. Assinale a alínea correta. A diminuição da propensão marginal a consumir na função consumo significa que a) as famílias passaram a consumir mais. b) as famílias passaram a poupar mais. c) as expectativas relativamente ao futuro melhoraram. d) Nenhuma das anteriores. 17

Casos e Exercícios Assinalar se verdadeiro ou falso e explicar: a) A diminuição da propensão marginal a consumir na função consumo significa que as famílias passaram a poupar mais. b) A função consumo relaciona o nível de consumo com o nível de rendimento disponível. A função poupança relaciona a poupança com a riqueza. Dado que o que se poupa é igual ao que não se consome, as curvas da poupança e do consumo são como o reverso uma da outra. c) A propensão marginal ao consumo é o montante de consumo adicional gerado por uma unidade monetária adicional de rendimento disponível. A propensão marginal à poupança é definida de igual forma mas para o montante de poupança adicional. d) O consumo pode ser dividido em três categorias: bens duráveis, bens não duráveis e serviços. Com o aumento do rendimento disponível, é de esperar que aumente o peso dos bens duráveis e dos serviços no total do consumo das famílias. 18

Casos e Exercícios Assinalar se verdadeiro ou falso e explicar: a) A explicação do comportamento do consumo assenta em três teorias: rendimento disponível; rendimento permanente e modelo de consumo do ciclo de vida. Adicionalmente, considera-se que a riqueza não influência o comportamento do consumo. Estas teorias explicam porque jovens profissionais pedem um empréstimo para comprar casa; ou porque os sistemas de segurança social públicos podem levar a uma descida da poupança; ou porque um prémio salarial não deverá alterar padrões de consumo. Assinale a alínea correta. A propensa marginal a consumir representa a) a diferença entre o consumo autónomo e o consumo verificado. b) o peso da poupança no total do rendimento. c) o peso do consumo no total do rendimento. d) Nenhuma das anteriores. 19

I. Modelo sem Estado e sem trocas comerciais com o exterior 1) Definição da Procura Agregada 2) Comportamento do Consumo AD = C + C = C + I cy 3) Comportamento do Investimento 4) Equilíbrio na Economia I = Y = I AD As quatro equações anteriores representam a estrutura da economia modelo na forma estrutural 20

I. Modelo sem Estado e sem trocas comerciais com o exterior Produto de equilíbrio - modelo na forma reduzida ( C I ) 1 Y = + 1 c Multiplicador (do consumo autónomo e do investimento) 1 > 1 1 c Multiplicador: impacto da variação de 1 de despesas exógenas sobre o produto total Qualquer variação no consumo autónomo ou no investimento irá provocar um aumento do produto de equilíbrio num montante superior a essa mesma variação Quanto maior a propensão marginal a consumir, c, maior o multiplicador 21

I. Modelo sem Estado e sem trocas comerciais com o exterior O equilíbrio de produto igual a procura (equação 4), Y = AD é equivalente a poupança igual a investimento S = I 22

Poupança O gráfico evidencia a elevada desigualdade na distribuição da poupança em Portugal Cerca de 87% do total da poupança é gerada pelos dois decis superiores da distribuição do rendimento 23

Poupança 24

Poupança, investimento e excedente/défice de financiamento Sociedades não financeiras Fontes: INE e Banco de Portugal. 25

Investimento Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) + Variação de Existências Determinantes do Investimento Receitas Nível do PIB Variação do PIB princípio do acelerador Custos de investimento Preço do bem de capital Taxa de juro Impostos Expectativas (ex: euforia da internet no final dos anos 90) Investimento Real vs Financeiro 26

Deslocações da função de procura de investimento 27

Função Investimento I Investimento I Investimento autónomo (ordenada na origem) I = I bi > 0 Propensão marginal a investir b > 0 Em alternativa I = I bi + ΔY 28

Casos e Exercícios Assinale a alínea correta. O investimento das empresas varia inversamente com a taxa de juro porque quando a taxa de juro aumenta a) diminui o custo de oportunidade de deter moeda. b) os investimentos a realizar necessitam de uma rendibilidade superior. c) as famílias compram mais casas em vez de investir. d) Nenhuma das anteriores. Assinale a alínea correta. O investimento das empresas varia directamente com o produto (ou com a taxa de crescimento do produto) porque quando o produto aumenta a) o custo de investimento diminui. b) as famílias diminuem propensão a poupar. c) melhoram as perspectivas de negócios futuros. d) Nenhuma das anteriores. 29

II. Modelo com todas as componentes da AD Introduzir o Sector público e as trocas comerciais com o exterior Tal como anteriormente, o equilíbrio será dado pela igualdade entre a produção e a procura A existência do Estado leva à introdução de Despesas do Estado - consumo público (G) e transferências para as famílias (TR) Receitas do Estado - impostos (TA) 30

O Governo Central e o Orçamento O comportamento do Estado o governo central será caracterizado por: G = G TR = TR TA = ty 0 < t < 1 A função imposto TA define impostos proporcionais ao rendimento através da aplicação de uma taxa de imposto, t, constante (independente do nível de rendimento) O Orçamento do Estado será SO = TA G TR Substituindo, SO = ty G TR 31

Principais indicadores orçamentais Em percentagem do PIB 32

Contas das administrações públicas: execução no primeiro semestre Em percentagem do PIB Fontes: INE e Ministério das Finanças. Notas: a) As taxas de variação homóloga para o ano completo são calculadas de acordo a anterior versão do Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais (SEC 1995), e tendo em conta a informação da segunda alteração ao Orçamento do Estado para 2014. 33

Carga fiscal e despesa primária estruturais Em percentagem do PIB 34

Casos e Exercícios Assinale a alínea correta. Um aumento das transferências do Estado, tudo o resto constante, a) origina um agravamento do saldo orçamental (aumento do défice orçamental). b) origina uma diminuição da procura agregada e um agravamento do saldo orçamental (aumento do défice orçamental). c) não influencia a procura agregada. d) Nenhuma das anteriores. Os impostos directos incidem sobre a) a despesa na aquisição de equipamento informático destinado à educação. b) a despesa na aquisição pouco mineralizada. c) o rendimento das famílias e das empresas. d) Nenhuma das anteriores. 35

Trocas comerciais com o exterior Exportações líquidas = exportações importações Variação da quota de mercado das exportações portuguesas Taxa de variação, em percentagem Determinantes das importações/exportações: rendimento interno/externo preços relativos face ao exterior taxa de câmbio Fontes: BCE, INE e cálculos do Banco de Portugal. 36

Exportações 37

Weight of domestic demand and exports excluding import content in nominal GDP (%) The weight of domestic demand excluding import contents in nominal GDP has been declining since 2010, a trend that will likely continue throughout the projection horizon The weight of exports less the respective import content, which reflects the actual contribution from this component to the creation of domestic value added, is expected to remain on an upward trend. 38

Exportações e intensidade tecnológica 39

Exportações Principais mercados 40

Peso das componentes da procura global no PIB Em percentagem Fonte: INE in Banco de Portugal, Relatório Anual, 2014 41

Importações e procura global ponderada Taxa de variação anual, em percentagem Fontes: INE e cálculos do Banco de Portugal. Nota: (p) projetado. 42

II. Modelo com todas as componentes da AD 1) Definição da Procura Agregada AD = C + I + G + NX 2) Comportamento do Consumo C = C + cy D onde Y D = Y + TR ty 3) Comportamento do Investimento, Gastos Públicos e Exportações Líquidas I = I bi G = G NX = NX 4) Equilíbrio na Economia Y = AD 43

II. Modelo com todas as componentes da AD Produto de equilíbrio modelo na forma reduzida Y 1 = 1 c + ( ) ( C + ctr + I bi + G NX ) 1 t Neste caso, o multiplicador (da parte autónoma da AD) será 1 1 c ( 1 t) > 1 Em particular, o multiplicador dos gastos públicos será Y G 1 = 1 c ( 1 t) Ou seja, qualquer variação nos gastos terá um efeito multiplicador sobre o rendimento de equilíbrio 44

II. Modelo com todas as componentes da AD O multiplicador das transferências será Y TR c = 1 c ( 1 t) Apesar de ser positivo, será sempre menor que o efeito multiplicador dos gastos públicos De igual forma, o multiplicador dos impostos é menor que o multiplicador da despesa. O efeito positivo dos gastos públicos e das transferências sobre o rendimento, indica que a política orçamental pode ser utilizada para aumentar a produção de equilíbrio É necessário ter uma noção da grandeza dos multiplicadores para prescrever políticas macroeconómicas 45

II. Modelo com todas as componentes da AD O equilíbrio de produto igual a procura (equação 4), Y = AD é equivalente a investimento igual a poupança mais o saldo orçamental menos as exportações líquidas I = S + ( TA G TR) NX ou I + NX = S + ( TA G TR) investimento privado + exportações líquidas = poupança privada + poupança do Estado Nota: O produto de equilíbrio passa a estar relacionado com a taxa de juro 46

Modelo do Multiplicador O equilíbrio de produto igual a procura, Y = AD Resulta num produto de equilíbrio em que qualquer variação inicial da despesa (exógena) provoca uma variação do produto superior à variação inicial o efeito multiplicador Multiplicador = 1 / (1 propensão marginal ao consumo) Quanto maior a propensão marginal a consumir, maior o multiplicador Os impostos sobre o rendimento alteram (reduzem) o multiplicador, mas o resultado mantem-se O governo pode incentivar o produto atenuar uma recessão via aumento dos consumo público o efeito final no produto é um múltiplo do aumento do consumo público um dos suportes do modelo proposto por Keynes A política orçamental pode ser utilizada para aumentar a produção de equilíbrio É necessário ter uma noção da grandeza dos multiplicadores para prescrever políticas macroeconómicas 47

Casos e Exercícios Considere a seguinte economia (com preços e taxas de juro constantes). C = C + NX = NX cy D my I = I bi + dy TR = TR TA = TA + G = G ty a) Determine o produto de equilíbrio nesta economia. b) Qual o multiplicador dos gastos do Estado? c) Qual o multiplicado das transferências? d) Explique o significado da designação de modelo do multiplicador. e) Qual o efeito da alteração da taxa de imposto? f) Suponha que quer reduzir os gastos do Estado em 4 mil milhões. Qual o efeito no saldo orçamental e no produto de equilíbrio? g) Suponha que a parte autónoma da exportações líquidas aumenta. O que pode justificar tal alteração? 48

Casos e Exercícios Considere as seguintes funções. C = C + c1y D c2i NX = NX I = I d1 i + d2y TR = TR by TA = TA + G = G ty a) Explique cada uma das funções apresentadas. b) Quais as funções adicionais necessárias para completar a estrutura da economia? Explique. c) Encontre o produto de equilíbrio nesta economia e explique a expressão encontrada. d) Qual a utilidade na construção deste tipo de modelos macroeconómicos? Qual a origem da recente polémica com os valores encontrados pelo FMI? e) Represente graficamente o equilíbrio (gráfico AD-Y) e explique o mecanismo de ajustamento para o equilíbrio. f) Demostre que o equilíbrio é equivalente I = S (TA G - TR) NX a e explique. g) Como poderia ser representado o equilíbrio no gráfico AS-AD (admitindo inflação zero)? Neste contexto, como representar nas funções acima e no gráfico AS-AD uma melhoria da expectativas das famílias e das empresas relativamente ao futuro. 49

Bibliografia Samuelson, cp. 21-22 (cp. 22-24 na 18ª ed. ou anteriores) Informação sobre Portugal: ver bibliografia dos slides relativos ao capítulo 4 do Programa da disciplina 50