Aula 11. V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5º deste artigo;

Documentos relacionados
Conteúdo: Competência: Justiça Militar; Justiça Federal. Foro por Prerrogativa de Função: Prefeito. - Competência -

- Jurisdição - Competência é o limite dentro do qual juízes e tribunais exercem jurisdição.

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Professor Wisley Aula 08

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Crime Circunstância Órgão competente Fundamento

Direito Processual Penal

MATERIAL DE APOIO MONITORIA

Apresentação Capítulo I

Professor Wisley Aula 10

O art. 96, III da CF prevê o foro por prerrogativa de função dos membros do MP, incluindo os Promotores e Procuradores de Justiça.

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA IV

Competência. Conceito: é a quantidade da jurisdição cujo exercício é atribuído por lei a cada órgão.

07/10/2012 PROCESSO PENAL I. Processo penal I

SENADO FEDERAL Gabinete do Senador ROBERTO ROCHA PSB/MA PARECER Nº, DE 2016

DIREITO CONSTITUCIONAL

PROCESSO PENAL ANTONIO DOS SANTOS JUNIOR.

AULA 6 24/03/11 A COMPETÊNCIA PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL. Jurisdição e competência Competência criminal da Justiça Federal Parte 6 Prof. Thiago Almeida

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO À 2ª EDIÇÃO PREFÁCIO PREMISSAS FUNDAMENTAIS E ASPECTOS INTRODUTÓRIOS... 19

Direito Processual Penal

Direito Constitucional

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA NATUREZA DA INFRAÇÃO

Professor Wisley Aula 09

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Competência. Gustavo Badaró aulas de e

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO CONSTITUCIONAL

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Fazenda Pública em Juízo Guilherme Kronemberg Hartmann

Quadro Sinótico Competência por Prerrogativa de Função

Aula 09. Princípios da jurisdição e competência: Jurisdição:

Pós Penal e Processo Penal. Legale

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Direito Processual Penal

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Período

Conteúdo: Ação Penal nos Crimes contra a Honra: Pedido de explicações, audiência de conciliação, exceção da verdade. Jurisdição: Conceito, Princípios.

DIREITO ELEITORAL. Crimes Eleitorais. Prof. Karina Jaques

LEGISLAÇÃO DO MPU. Lei Orgânica do MPU. Lei Complementar 75/1993 Garantias e Prerrogativas. Prof. Karina Jaques

1) JUSTIÇA ESPECIAL. Prof. Ricardo Henrique Alves Giuliani - 1 JURISDIÇÃO e COMPETÊNCIA

Estudo de Caso: Direito Civil (Contratos)

Direito Constitucional

Registro: ACÓRDÃO

- quanto as partes COMPETÊNCIA

Aula 12. Conexão: Ocorre conexão quando há nexo entre dois ou mais delitos o que aconselha a unidade de processos e julgamento.

Aula 10. Súmula 140 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR Competência da Justiça Militar Parte 1. Prof. Pablo Cruz

Aula 10. Qual o vício quando o Ministério Público oferece denúncia em face de agente que possui apenas 17 anos?

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Processual Penal

Aula 31 PODER JUDICIÁRIO. 1 Ministro do STJ, que é o Corregedor do CNJ, indicado pelo próprio Tribunal;

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Prof. Ricardo Henrique Alves Giuliani- 1

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

DIREITO PROCESSUAL PENAL

Como pensa o examinador em provas para o Ministério Público-SC? MAPEAMENTO DAS PROVAS - DEMONSTRAÇÃO -

PRINCÍPIOS: b) Imparcialidade; c) Juiz natural; d) Indeclinabilidade da jurisdição; e) Indisponibilidade e tipicidade.

Direito Processual Penal Material de Apoio Professor Rodrigo Sengik.

PROCEDIMENTOS APLICADOS NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Tribunais Regionais Federais e. Juízes Federais. Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais. Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais

Aula nº. 06. Art. 102 da C.F. (COMPETÊNCIAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL) Pontos de interseção com o

DIREITO CONSTITUCIONAL

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Prof. Raul de Mello Franco Jr. - UNIARA PODER EXECUTIVO. 3ª aula. Prof. Raul de Mello Franco Jr.

Prof. Adriana Rodrigues

Competência no Processo Penal

AULA 08. Critérios utilizados pelo legislador para escolher que ação penal de um delito será privada.

MPU Processo Penal Competência Armando Júnior

Direito Constitucional TCM/RJ 4ª fase

REINALDO ROSSANO LÉO MATOS INFORMÁTICA EXERCÍCIOS QUADRIX LINUX DIREITO PROCESSUAL PENAL

LEGISLAÇÃO DO MPE. Lei nº 8.625, de 12 de Fevereiro de 1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público) Parte 4. Prof.

CRIMES CONTRA A PESSOA

DIREITO CONSTITUCIONAL

Direito Penal. Lei nº /2006. Violência doméstica e Familiar contra a Mulher. Parte 3. Prof.ª Maria Cristina

DIREITO PROCESSUAL PENAL

20/11/2014. Direito Constitucional Professor Rodrigo Menezes AULÃO DA PREMONIÇÃO TJ-RJ

Professora Susanna Schwantes

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

DIREITO PROCESSUAL PENAL

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA

DIREITO CONSTITUCIONAL

EXCELENTÍSSIMA SENHORA DESEMBARGADORA NEUZA MARIA ALVES DA SILVA, DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO

Qual a consequência da violação de uma regra de prevenção? De acordo com a Súmula 706 do STF, a hipótese é de nulidade relativa.

Legislação Aplicada ao MPU e CNMP

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Competências, processo de tomada de decisões e Recursos no STF

CELULARES DO DR. DIÓGENES GOMES: e

Aula 22. Justiça Federal. (arts. 108 e 109, CF)

DIREITO PROCESSUAL PENAL

ARREPENDIMENTO POSTERIOR EM DELTA

O STF E O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO (FORO PRIVILEGIADO)

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 298, DE 2012

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Juizados Especiais Criminais

PODER JUDICIÁRIO ACÓRDÃO * *

Teoria Geral da Ação Penal Competência Parte I. Aula 5

PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Nº, DE 2012

DIREITO CONSTITUCIONAL

Pós Penal e Processo Penal. Legale

- INQUÉRITO POLICIAL -

Transcrição:

Turma e Ano: Regular/2015 Matéria / Aula: Direito Processual Penal Professora: Elisa Pitarro Monitor: Raphael Santana Aula 11 Competência da Justiça Federal (continuação): Possibilidade de grave violação de Direitos Humanos: A emenda constitucional 45 criou o incidente de deslocamento de competência da Justiça Estadual para a justiça Federal sempre que houver grave violação aos Direitos Humanos. O objetivo do incidente é dar efetividade a esses compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, porém a dificuldade está em definir oque seria essa grave violação de Direitos Humanos. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5º deste artigo; 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. Em que pese posicionamento anterior de Pacelli no sentido de que Lei Complementar deveria definir parâmetros para o conceito de grave violação de Direitos Humanos, a maior parte da doutrina e o próprio autor reformulou seu entendimento para informar que o conceito de grave violação deve ser analisado ao sabor da casuística. No STJ, os dois primeiros incidentes suscitados tiveram como parâmetro a inércia ou não da Justiça Estadual na apuração do crime. O último incidente suscitado não utilizou esse critério, priorizando aspectos pessoais da vítima de homicídio, que era promotor de justiça, para deslocar o caso. Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o

sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; Segundo o STF, crimes contra a organização do trabalho de competência da Justiça Federal são aqueles que atingem uma categoria de trabalhadores coletivamente considerados, ou então as suas entidades representativas (sindicatos). Existem precedentes no ATF, capitaneados pelo então ministro Joaquim Barbosa afirmando que o crime previsto no art. 149 do Código Penal, por atingir o homem nas suas esferas que lhe são mais caras, ou seja, sua liberdade e sua dignidade, também seriam de competência da Justiça Federal. Segundo o ministro, a expressão organização do trabalho, contida no art. 109, VI da CFB não pode se limitar a entidades sindicais. Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Critério ratione personae : Regras de foro por prerrogativa de função: As regras de foro privilegiado se justificam enquanto o agente estiver no exercício da função pública, por isso que aposentados e políticos que não gozem mais de cargo eletivo não possuem mais este privilégio de foro. O critério não é o cargo que o agente ocupava no momento do cometimento delito, do contrário, se o agente é eleito no curso do processo, por exemplo, ocorre o deslocamento de competência. Excepcionalmente o STF entende que o foro privilegiado em cargos vitalícios deve ser estendido após a aposentadoria. O STF, a partir da AP 606 1 de relatoria do ministro Luis Roberto Barroso, vem entendendo que a renúncia a um cargo político após o término da instrução criminal se configura como fraude e não teria repercussão para fins de competência. O tribunal continuaria apreciando o feito. Contudo, o tribunal ainda não tem um consenso sobre o momento pelo qual a competência não poderia ser mais deslocada. As regras de foro privilegiado afastam todos os critérios de competência territorial, ou seja, o agente sempre será julgado pelo tribunal que está vinculado, independente do local em que o crime foi vinculado. Regras de foro privilegiado em espécie: Exige que se decore os artigos. Estudo casuístico. 1 Informativo 754/STF.

Prefeitos: O foro dos Prefeitos está previsto no art. 29, X da CFB e é do Tribunal de Justiça nos crimes estaduais e nos crimes dolosos contra vida. Nos crimes federais a competência é do TRF e nos crimes eleitorais, do TRE, conforme a súmula 702 do STF. Ressalve-se contudo, o caso de desvio de verbas de origem federal: Por força das súmulas 208 e 209 do STJ, caso essa verba não seja incorporada ao patrimônio da prefeitura, a competência para apreciação do feito é da Justiça Federal e caso já tenha ocorrido a incorporação da verba no patrimônio da prefeitura, a competência é da Justiça Estadual. Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça Súmula 702 do STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringese aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau. Súmula 208 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. Súmula 209 do STF: Compete à Justiça Estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. Juízes, Promotores e Procuradores de Justiça: A competência para processar e julgar Juízes, Promotores e Procuradores de Justiça nos crimes estaduais, dolosos contra a vida e nos crimes federais é do Tribunal de Justiça, por força do art. 96, III, da CFB. Nos crimes eleitorais, a competência é do TRE. Art. 96. Compete privativamente: III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.

Desembargadores: Compete ao STJ processar e julgar Desembargadores nos processos criminais, por força do art. 105, I, a da CFB: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente, a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; Ministério Público Federal: Quanto aos Procuradores da República de primeira instância, a competência é do TRF, por força do art. 108, I da CFB e quanto aos Procuradores de segunda instância, a competência é do STJ, conforme o art. 105, I, a da CFB. Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

Observação: A professora fez frisou para NÃO fazer associações entre o foro das autoridades sob pena de cometer erros. Por exemplo: A autoridade competente para julgar o procurador de justiça é do Tribunal de Justiça, mas a competência para julgar o procurador da república de segunda instância é do STJ. Em resumo: Crimes dolosos contra a vida: TJ Prefeitos Crimes estaduais: TJ Crimes eleitorais: TRE Crimes federais: TRF Crimes dolosos contra a vida: TJ Juiz/ Promotores Crimes estaduais: TJ Procuradores de Justiça Crimes eleitorais: TRE Crimes federais: TJ

Desembargadores: STJ 1 instância: TRF MPF 2 instância: STJ Competência Territorial: De acordo com o art. 70 do CPP, a competência territorial é determinada pelo local da consumação do crime. Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Pergunta-se: Se o agente sofre um disparo por arma de fogo em Caxias e é conduzido ao Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, local onde cem a óbito, qual seria a comarca competente para julgar o feito? 1) Corrente TJRJ, Polastri: Hipótese de homicídio plurilocal, não se deve aplicar o art. 70 do CPP, pois é no local em que se realiza a conduta que estão as provas, que estão as pessoas afetas pelo crime. Ademais, a gravidade da lesão (se o resulta no falecimento da vítima ou não) não pode ser critério de fixação de competência. Desta forma, deve-se aplicar os artigos 4 e 6 do Código Penal e a competência será do local em que ocorreu a atividade criminosa. Essa posição é isolada do TJRJ, portanto não deve ser adotada em concursos fora do Rio de Janeiro. Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 2) Corrente: Tourinho Filho: Não se aplica o art. 4 do CP, que trata do tempo do crime, nem o art. 6, que define a teoria da ubiquidade. Ademais a regra do art. 70 do CPP é clara:. Competente é o local do resultado morte. Competência territorial dos Juizados Especiais Criminais: Conforme art. 63 da Lei 9.099, a competência é definida conforme o local da atividade criminosa, afastando-se o critério do art. 70 do CPP. Art. 63. A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal. Questões Controvertidas: Pergunta-se: X ingressou no Brasil pelo Rio Grande do Sul trazendo contrabando, e, após percorrer os estados de Paraná, Santa Catarina e São Paulo, teve as mercadorias apreendidas no Rio de Janeiro. Qual a comarca competente? Em tese, o local competente o local por onde ingressou, mas como é muito raro que seja apurado o local de ingresso, de acordo com a súmula 151 do STJ, competente é o local da apreensão das mercadorias. Súmula 151 do STJ: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens. Pergunta-se: Y é titular de uma conta corrente no Rio de Janeiro e emitiu vários cheques sem fundos em São Paulo? Qual a Comarca competente? Estelionato exige que ocorra uma vantagem indevida. Antigamente, o cheque era enviado de São Paulo ao Rio de Janeiro para ser compensado. Então a fraude se materializava no momento em que o cheque voltava no Rio de Janeiro. Assim, o STF editou a súmula 521 para definir que competente é o local da titularidade da conta corrente nos casos de estelionato por cheque. Súmula 521 do STF: O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de

Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. estelionato, sob modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. Pergunta-se: Qual o critério de fixação de competência nos crimes falimentares? De acordo com o art. 183 da Lei 11.101/05, competente é o local onde é decretada a falência. Art. 183. Compete ao juiz criminal da jurisdição onde tenha sido decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial, conhecer da ação penal pelos crimes previstos nesta Lei. Pergunta-se: E quando não se sabe o local de consumação do delito? Quando for desconhecido o local do delito, deve-se adotar o local do domicílio ou residência do réu, conforme art. 72 do CPP. Esse é um critério supletivo, subsidiário. Pergunta realizada na prova oral do Ministério Público: Existe foro de eleição no processo penal brasileiro? Sim, é a possibilidade do querelante escolher entre o local da consumação do delito e o domicílio do réu nas ações privadas. A doutrina chama essa possibilidade de foro por eleição. Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. Hipótese: O Juiz, no final da instrução criminal, se verifica incompetente. Antes da reforma do Código de Processo Penal de 2008, era muito comum que no final da instrução o Juiz verificasse que era territorialmente incompetente. Diferentemente do Processo Civil, no Processo Penal o Juiz pode, a qualquer momento, reconhecer sua incompetência, seja ela absoluta ou relativa, conforme art. 109 do CPP.

Dessa forma, quando o Juiz verificava sua incompetência territorial, ele aplicava o art. 109 do CPP e remetia o feito para o juízo competente que, quando recebia o processo, aplicava o art. 567 do CPP, ou seja, renovava os atos decisórios, aproveitava os atos instrutórios e, sem seguida, julgava. Com a reforma, esses dois dispositivos não foram revogados, porém, conforme salienta Pacelli, eles devem ser interpretados de forma conjunta com o princípio da identidade física do Juiz. Segundo o autor, a reforma trouxe um limite temporal para o reconhecimento de ofício de incompetência relativa, qual seja, a abertura da Audiência de Instrução e Julgamento AIJ. Existem ainda, precedentes isolados no STJ de aplicação da súmula 33 no Processo Penal de forma que, em momento algum, o Juiz poderia reconhecer de ofício sua incompetência relativa.