RESGATE E FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE DE JOVENS E ADULTOS DA EJA SOLIDÁRIA

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Transcrição:

1 - EJA E CULTURA LOCAL RESGATE E FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE DE JOVENS E ADULTOS DA EJA SOLIDÁRIA Ms. Carla Marina Neto das Neves Lobo Ana Maria Albuquerque Sena (Colab.) Centro Universitário Plínio Leite RESUMO DO PÔSTER A proposta deste trabalho visa apresentar os registros dos alfabetizadores e alfabetizandos dos municípios de Patos, Santa Luzia, Riachão do Bacamarte e Cacimba de Areia/PB, totalizando 60 professores e 300 alunos, sobre o cotidiano daqueles que estão vivendo a alfabetização de adultos, percebendo e lendo o mundo em que vivem para compreender a nossa função enquanto educadores através da Pedagogia de Projetos. Um trabalho de resgate da identidade do jovem/adulto, desenvolvido nos Módulos XVIII e XIX do corrente ano, foi acompanhado de alguns questionamentos iniciais, presentes nos momentos de Capacitação Continuada: Em que medida os alunos do Programa Alfabetização Solidária dos municípios referidos projetam suas existências? Como identificam a cultura dos respectivos municípios? Quais são as representações sociais que fazem da escola, da cultural local e de si mesmos? Como vêm suas famílias? Como se vêem nas suas famílias? A nossa intenção com a apresentação do Pôster na VI Semana de Alfabetização é, portanto, socializar as temáticas encaminhadas pelo Projeto elaborado em conjunto com os professores, no momento de capacitação, compondo uma reflexão que valorize as diferenças e os interesses de cada grupo social. Histórias do município em que vivem: belezas e problemas; Família e a relação com o EU; A importância do projeto de alfabetização em suas vidas; Auto-retrato do aluno e de suas famílias; são algumas das temáticas que confirmam que são muitos os obstáculos que homens e mulheres passam no decorrer de suas vidas. Assim a organização do Pôster segue o critério de ilustrar com as produções dos alunos e professores a realidade da comunidade em que vivem, destacando como os alunos se vêem através do seu auto-retrato e apontando o que mais gostam de fazer; como apresentam sua família e suas características, registrando-as também através do desenho; como apresentam o município em que moram, percebendo avanços na estrutura dos prédios e no comércio, destacando alguns problemas que ainda não foram solucionados, como o aumento da violência, falta de água canalizada, saneamento básico, ruas não asfaltadas, falta de transporte coletivo; como nossos alunos vêem o projeto de alfabetização de jovens e adultos em suas vidas, sua importância no aprender a ler e escrever, na oportunidade de fazer novas amizades, conviver com pessoas que anseiam a mesma coisa. Além disso, a oportunidade de refletir sobre a sua história de vida e a realização de um sonho significa resgatar a visão, a audição, a fala e a felicidade no aprender a ler, escrever e contar. O resultado do investimento na formação de professores que valorizam o conhecimento de cidadãos que estão buscando na escolaridade melhor comunicação, mais informação, maior participação, mais diversão etc., possibilita destacar a ação pedagógica que resgata a identidade de jovens/adultos fortalecendo seus interesses através da busca de informações necessárias à vida pessoal, político-social e econômica, a fim de que seja estabelecida a relação entre a sua memória/identidade com a identidade/história do município em que vivem, buscando crescimento de ambos e a valorização do saber construído historicamente.

1 - EJA E CULTURA LOCAL RESGATE E FORTALECIMENTO DA IDENTIDADE DE JOVENS E ADULTOS DA EJA SOLIDÁRIA Ms. Carla Marina Neto das Neves Lobo Ana Maria Albuquerque Sena (Colab.) Centro Universitário Plínio Leite "Seria mais forte se disséssemos: a alfabetização como formação da cidadania ou a alfabetização como formadora da cidadania" (Freire, 1995, p.45). Partindo deste pressuposto, entendemos, como coordenadora setorial que vem acompanhando alfabetizadores do nordeste desde 2003, que seria necessário investigar o cotidiano daqueles que estão vivendo a alfabetização de adultos, percebendo e lendo o mundo em que vivem para compreender a nossa função enquanto educadores através da Pedagogia de Projetos. Além deste objetivo, havia o interesse que a proposta colaborasse com o trabalho das professoras-alfabetizadoras do Projeto Nordeste que estavam sob a nossa orientação, possibilitando sair dos muros da sala de capacitação para as salas de aula localizadas em igrejas, escolas, associações de moradores, casas dos alfabetizadores, sugerindo atividades e temáticas relacionadas com o material teórico Viver é aprender, do Veredas. O material apresenta uma discussão em torno da Teoria do Conhecimento, oferecendo um conjunto de informações que possibilitam ao professor refletir sobre questões que estão presentes no nosso dia-a-dia para que tenha mais segurança quando promover o debate em sala de aula. Desenvolvendo essas questões professor e alunos vão tomando consciência de que o conhecimento faz parte da nossa vida. É com ele que percebemos o mundo que nos cerca e encontramos as maneiras de superar as dificuldades e os obstáculos decorrentes do viver neste mundo. Não há como viver sem conhecer. (Meirelles, s/a, p11). Além disso,

Ou seja, Portanto, o conhecimento nasce na relação dos homens e mulheres com o Mundo (...) ocorre quando existem necessidades a serem satisfeitas. Mas não basta que existam necessidades. É preciso disposição e empenho em satisfazê-las. Quando isso ocorre, as pessoas usam seus recursos pessoais, inclusive o pensar (ibdem, p. 15, grifo meu). a ação-reflexão que produz conhecimento e muda o Mundo é vivida pessoalmente por todos nós. Vivemos esta experiência segundo nossos valores, aspirações e de acordo com nossas experiências anteriores. Esta vivência pessoal pode ser comunicada mas não pode ser transferida aos outros. Vivência não se transfere (...) Embora pessoal e intransferível, o conhecimento de cada um depende dos outros porque ninguém está só no Mundo. Cada um age-pensa-age com os outros. Como se comunicam, as ações, as descobertas de cada um se confrontam, se complementam. Fazem parte do Mundo com o qual todos lidamos (ibdem, p. 19). a produção do conhecimento é resultado da ação humana e implica no uso direcionado das funções cerebrais. Pensar é uma atividade natural e espontânea nos seres humanos, mas o Conhecer, que usa o pensamento como instrumento, não é espontâneo. Implica em direcionar o pensamento, a vontade e as próprias ações para dominar, enfim, para aprender aquilo que precisa ser conhecido. (...) Ação de fazer, de experimentar, de refazer, de tornar a experimentar e assim sucessivamente até conhecer ou aprender. E em cada uma destas ações o pensamento direcionado estará presente consumindo esforços e trabalho (ibdem, p. 23). Tendo esse material como base e assumindo a afirmação de Freire (In: Meirelles, p.19) ninguém ensina ninguém mas ninguém aprende sozinho, construímos o projeto em conjunto professores da IES e alfabetizadores - selecionando as temáticas que iriam adequar-se às atividades propostas nas salas de aula de Jovens e Adultos. Assim tornou-se clara a nossa intenção: colaborar com a formação de professores que investem seu tempo e conhecimento na formação de cidadãos que estão buscando na escolaridade melhor comunicação, mais informação, maior participação, mais diversão etc., assim, promovemos uma ação pedagógica que resgata a identidade de jovens/adultos fortalecendo seus interesses através da busca de informações necessárias à vida pessoal, político-social e econômica, a fim de que seja estabelecida a relação entre a sua memória/identidade com a identidade/história do município em que vive, buscando crescimento de ambos e a valorização do saber construído historicamente. As discussões teóricas, portanto, foram necessárias para chamar atenção dos alfabetizadores, pois a alfabetização que serve aos mais pobres é aquela que dá força à

capacidade de aprender dos alfabetizandos, que usa a língua escrita para a reflexão da realidade e para o desvelamento do que ainda não é do conhecimento deles (Freire in Barreto, 1998, p.20). Por último, perceber, como propõe Freire (apud Nogueira, 1994), que é possível viver a verdadeira pedagogia, que é fazer da curiosidade de alunos e professores algo metódico e permanente, pois é assim que o ser humano conhece e se reconhece no mundo. Algumas questões, no entanto, precisavam ser discutidas para despertar a atenção do nosso aluno alfabetizando para encaminhar o trabalho pedagógico: Para que aprendemos a ler e escrever? O que o município de origem produz? Quais são os hábitos, costumes, canções e festas que marcam o presente vivido? Qual a história do município segundo a cultura popular? Quais os problemas que preocupam a comunidade? Propondo estas questões inicialmente estaríamos estabelecendo os parâmetros metodológicos fundamentais para ensinar à medida que se vai aprendendo. Durante o período que coordenamos as salas do Projeto Nordeste, foi observado que as dificuldades do uso da escrita e da leitura iam sendo superadas, no decorrer dos meses dos Módulos, quando a leitura do mundo ia sendo respeitada pelo professor. Portanto, fortalecia-se a cidadania daqueles que foram alijados da sociedade durante anos. Observava-se, também, durante os primeiros contatos, que a prevalência do caráter imediato de aprender a assinar o nome é, de fato, o objetivo primeiro desses grupos. Assim, entendíamos que o saber deve partir da conscientização do indivíduo em relação ao contexto social e cultural em que vive, e diante do diagnóstico nacional e local, propomos aos alfabetizadores de Patos, Santa Luzia, Riachão do Bacamarte e Cacimba de Areia/PB, totalizando 40 professores, um trabalho de resgate da identidade do jovem/adulto, a ser desenvolvido no Módulo XVIII e XIX do corrente ano. Diante dessa proposta, inserida em uma proposta mais ampla do Projeto Pedagógico e Cultural da IES, consideramos pertinente registrar que havia o interesse em testemunhar avanços de docentes e discentes, em seu processo de ensinar e aprender, em uma troca conjunta e incessante. Encaminhamos as temáticas que seriam abordadas em sala de aula com os alunos, compondo uma reflexão que valorize as diferenças e os interesses de cada grupo. Esta sistematização foi acompanhada de alguns questionamentos iniciais, presentes no Projeto Cultural da Instituição: Em que medida os alunos do Programa Alfabetização Solidária dos municípios referidos projetam suas existências? Como identificam a cultura dos respectivos

municípios? Quais são as representações sociais que fazem da escola, da cultural local e de si mesmos? Como vêm suas famílias? Como se vêem nas suas famílias? Histórias do bairro em que vivem: belezas e problemas; Família e a relação com o EU; A importância do projeto de alfabetização em suas vidas; Auto-retrato do aluno e de suas famílias; são algumas das temáticas selecionadas para compor este trabalho e confirmam que são muitos os obstáculos que homens e mulheres passam no decorrer de suas vidas. Assim a organização do Pôster segue o critério de apresentar a proposta - justificativa, objetivos e metodologia -, ilustrada com as produções dos alunos como nossos alunos se vêem através do seu auto-retrato e apontando o que mais gostam de fazer; como nossos alunos apresentam sua família e suas características, registrando-as também através do desenho; como apresentam o bairro em que moram, percebendo avanços na estrutura dos prédios e no comércio, destacando alguns problemas que ainda não foram solucionados, como o aumento da violência, falta de água canalizada, saneamento básico, ruas não asfaltadas, falta de transporte coletivo etc; como nossos alunos vêem o projeto de alfabetização de jovens e adultos em suas vidas, sua importância no aprender a ler e escrever, na oportunidade de fazer novas amizades, conviver com pessoas que anseiam a mesma coisa. Além dis so, no momento da escrita desta temática, foi a oportunidade de refletir sobre a sua história de vida e a realização de um sonho: resgatar a visão, a audição, a fala e a felicidade no aprender a ler, escrever e contar. Assim, através da apresentação deste trabalho, que envolve a formação continuada de alfabetizadores, colaboramos com o trabalho pedagógico no momento em que o docente discute a idéia dos textos produzidos pelos seus alunos revisitando a organização de pensamento, pontuação, concordância, ortografia. Referência Bibliográfica BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo: Arte & Ciência, 1998. FREIRE, Paulo. Política e educação. 2. ed.. São Paulo: Cortez, 1995. MEIRELLES, Helena et alii. Viver é aprender. Bloco para o educador. Passo. RIBEIRO, Vera Maria Masagão. Breve histórico da educação de jovens e adultos no Brasil. In: Educação de jovens e adultos: proposta curricular para o 1º segmento do ensino fundamental. São Paulo: Ação Educativa. Brasília: MEC, 1997, p. 19-34.