INVESTIGAÇÃO DE INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS NO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO REALIZADO COM CRIANÇAS DIAGNOSTICADAS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE Grazielle Franciosi da Silva Luciana da Silva Fundação Catarinense de Educação Especial FCEE SRM: Análise de sua implantação e funcionamento Palavras-chave: Atendimento Educacional Especializado; Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade; Prática Pedagógica. 1. Introdução Muitos são os aspectos que interferem na habilidade das pessoas de manter a atenção e de permanecer concentrado por muito tempo em uma mesma atividade, principalmente quando estas estão diretamente implicadas no aprendizado escolar. Atualmente percebe-se nas instituições de ensino uma grande demanda de alunos com baixo desempenho na aprendizagem destacando-se, especialmente, características como desatenção, agitação extrema e impulsividade. Tais características podem em alguns casos ser explicadas pelo Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade consiste num padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade impulsividade, mais frequente e grave do que aquele tipicamente observado nos indivíduos na mesma faixa etária de desenvolvimento. Alguns sintomas hiperativo-impulsivos que causam comprometimento devem ter estado presentes antes dos 7 anos de idade. Os sintomas devem estar presente em pelo menos dois contextos (por ex., em casa e na escola ou trabalho) e interferirem no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional esperado em função de sua faixa etária. (DSM IV-TR, 2003).
Ao reconhecer que as características predominantes do TDAH se evidenciam no início da idade de escolarização, faz-se necessário destacar o baixo desempenho escolar destas crianças. (FACION, 2004). Em princípio pode-se dizer que o potencial intelectual de pessoas com esse transtorno não é comprometida, todavia o principal obstáculo é a impulsividade e a falta de atenção, que são funções importantes para a assimilação do conhecimento acadêmico (CEREGATO, 2008). Cabe ressaltar também que a ausência de informação e de preparo dos professores, assim como, as metodologias educacionais inflexíveis, ocasionam sérios déficits relacionados à aprendizagem na rede regular de ensino. Os professores estão sobrecarregados e mal conseguem lidar com esse assunto, muitos não se dão conta que seu aluno tem esse transtorno ou nem sabem o que é o TDAH. (IAMAGUTI, 2011). No que tange à Política de Educação Especial do Estado de Santa Catarina (2009) dentre os serviços prestados aos alunos com TDAH, estão o Atendimento em Classe por segundo professor nos casos em que os sintomas apresentam-se de forma exacerbada vindo a comprometer a funcionalidade acadêmica e o Atendimento Educacional Especializado (AEE). Este é conceituado atualmente pelo Programa Pedagógico de SC (2009), e tem por objetivo complementar, apoiar e suplementar o processo de ensino e aprendizagem, não configurando ensino particular ou reforço escolar. 2. Objetivo Constatar se as intervenções pedagógicas no Atendimento Educacional Especializado AEE direcionadas para os alunos com diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade TDAH possibilitam tanto potencializar as habilidades acadêmicas dos alunos quanto o processo educacional, estruturando assim uma base mais facilitadora para o processo ensino-aprendizagem desses alunos. 3. Método O presente projeto insere-se nos moldes referentes à pesquisa qualitativa, perspectiva que não considera essencial medir ou quantificar os dados coletados, mas sim em compreender o contexto a ser estudado.
A pesquisa qualitativa abrange aspectos da realidade não mensuráveis diretamente, centrando-se em explicar a dinâmica das relações sociais. (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Esta abordagem tem no ambiente natural sua fonte direta de dados e o pesquisador é reconhecido como principal instrumento da pesquisa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986). A pesquisa exposta centra-se no método de procedimento voltado para uma pesquisa de campo, o qual tem como objetivo conseguir informações ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta, uma hipótese a comprovar, ou ainda a descoberta de novos fenômenos ou, ainda, as relações existentes entre tais fenômenos. (LAKATOS; MARCONI, 1991). A pesquisa referida pretende estudar uma amostra composta por sujeitos com diagnóstico de TDAH, que não possuam deficiências associadas 1, porém sem restrição quanto à comorbidades, matriculados na rede regular de ensino contemplando os anos iniciais do ensino fundamental, e frequentando o AEE/TDAH na Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), especificamente no Centro de Ensino e Aprendizagem (CENAP), no período de fevereiro de 2015 a dezembro de 2016. O processo iniciará com a investigação das crianças que são atendidas no AEE/TDAH. Os pais serão informados sobre o processo de pesquisa e assinarão um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (anexo 1), podendo os mesmos desistirem da pesquisa em qualquer momento sem ônus de atendimento para seus filhos. Após esta investigação, processo se dará por meio de observação de atendimentos, entrevistas, testes, questionários e assessorias realizados com os educandos, professores e pais. Ao início do ano letivo os pais e os professores responderão a Escala para diagnóstico de TDAH em crianças aplicada aos pais e professores MTA SNAP-IV. Esta escala será reaplicada no final do referido ano letivo. Aos professores também será aplicado no início do ano letivo e reaplicada no final do mesmo o teste TDAH Edileyne Bellini Peroni Benczik. Além, do SNAP IV os pais também responderão no início e no final do referido ano letivo o Questionário de situações domésticas, adaptado por Barkley & Murphy (BARKLEY, 2008). 1 A preocupação de que o TDAH não se torne um transtorno secundário no caso da coexistência de outra deficiência
GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T.; Organizadores. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora UFRGS, 2009. IAMAGUTI, Simone Silveira Peruzzi. TDAH: Integrando à educação e à saúde uma visão psicoeducativa. Revista Brasileira de Educação e Cultura. N IV, p. 64-88, 2011. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M de A. Fundamentos da metodologia científica. 3ªed. São Paulo, 1991. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. SED/FCEE; Secretaria de Educação; Fundação Catarinense de Educação Especial; Política de Educação Especial do Estado de Santa Catarina. São José: FCEE, 2009a SED/FCEE, Secretaria de Educação; Fundação Catarinense de Educação Especial. Programa Pedagógico. São José: FCEE, 2009b