PTC 03/2013. Parecer Técnico- Científico sobre o uso da toxina botulínica na prevenção de enxaqueca. Brasília DF

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Transcrição:

PTC 03/2013 Parecer Técnico- Científico sobre o uso da toxina botulínica na prevenção de enxaqueca Brasília DF Janeiro/2013

TOXINA BOTULÍNICA NA PREVENÇÃO DE ENXAQUECA 2

MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Ciência e Tecnologia HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS TOXINA BOTULÍNICA NA PREVENÇÃO DE ENXAQUECA 3

Este estudo foi realizado pelo NATS/HC integrante da REBRATS, em parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia (DECIT/MS) e não expressa decisão formal do Ministério da Saúde para fins de incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS). Informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos Departamento de Ciência e Tecnologia SCN Quadra 02 Projeção C Subsolo Sala S- 001 CEP: 70712-902, Brasília DF Tel.: (61) 3410-4199 E-mail: ats.decit@saude.gov.br rebrats@saude.gov.br Home Page: http://www.saude.gov.br/rebrats Elaboração: Maria da Glória Cruvinel Horta Médica PhD NATS HC/UFMG Revisão Técnica Silvana Márcia Bruschi Kelles Médica MsC NATS HC/UFMG Bibliotecária Mariana Ribeiro Fernandes nats@hc.ufmg.br Alameda Alfredo Balena, 110 Telefone: 31-3409.9988 Santa Efigênia Belo Horizonte CEP 30130100 4

Declaração de Potenciais Conflitos de Interesse Nenhum dos autores recebe qualquer patrocínio da indústria ou participa de qualquer entidade de especialidade ou de pacientes que possa ser incluído como conflito. 5

Resumo Executivo Intensidade das Recomendações: 1A Tecnologia: Injeções de toxina botulínica. Indicação: Profilaxia da enxaqueca crônica Caracterização da tecnologia: Pergunta: População pacientes com enxaqueca crônica resistente aos tratamentos habituais Intervenção toxina botulínica A Comparação placebo, amitriptilina, prednisona, topiramato e valproato. Desfecho menos episódios de cefaléia, melhor controle da doença A toxina botulínica é eficaz e segura na prevenção dos episódios de dor na enxaqueca crônica? Busca e análise de evidências científicas: Foi realizada busca nas bases do Medline(via Pubmed), Cochrane Library Embase, CRD, Scielo, e Lilacs com o objetivo de encontrar revisões sistemáticas ou, na falta dessas, ensaios clínicos randomizados, considerados as evidências científicas de melhor qualidade. Resumo dos resultados dos estudos selecionados: Jackson e colaboradores realizaram, em 2012, uma revisão sistemática com qualidade avaliada pela colaboração Cochrane incluindo estudos randomizados controlados avaliando a profilaxia da enxaqueca crônica em adultos comparando toxina botulínica A, placebo e outras medicações. A toxina botulínica reduziu a duração da enxaqueca crônica em 1,8 dias comparada ao placebo. Jost realizou estudo utilizando doses baixas de toxina botulínica na prevenção da enxaqueca crônica comparada a placebo, e não houve diferença significativa entre os grupos. Chitsaz et al realizaram estudo randomizado controlado comparando toxina botulínica na prevenção da enxaqueca crônica com divalproato. Não houve diferença significativa entre os grupos. Recomendações:Recomendação fraca contra da tecnologia. 6

SUMÁRIO CONTEXTO... 8 PERGUNTA... 9 INTRODUÇÃO... 10 Aspectos epidemiológicos, demográficos e sociais... 10 DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA... 12 Registro na ANVISA... 12 ESTRATÉGIA DE BUSCA... 13 Fluxograma para demonstrar a seleção dos estudos... 14 ANALISE CRITICA DA EVIDENCIA... 15 RESULTADOS DOS ESTUDOS SELECIONADOS... 15 RESULTADOS DOS ESTUDOS... 17 DISCUSSÃO... 20 RECOMENDAÇÃO... 21 REFERENCIAS... 21 ANEXOS... 23 7

CONTEXTO Este Parecer Técnico-Científico (PTC) foi elaborado pelo Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Hospital das Clínicas da UFMG para analisar as evidências científicas disponíveis atualmente acerca da eficácia e segurança da tecnologia em questão, visando ao bem comum e à eficiência do Sistema de Saúde. Este PTC tem a finalidade de subsidiar a tomada de decisão do Ministério da Saúde e dos demais gestores do SUS e não expressa a decisão formal do Ministério da Saúde para fins de incorporação. 8

PERGUNTA O objetivo deste PTC é analisar as evidências científicas disponíveis atualmente sobre a eficácia e a segurança da toxina botulínica na prevenção dos episódios de dor na enxaqueca crônica Para sua elaboração, estabeleceu-se a seguinte pergunta, cuja estruturação encontra-se no quadro 1: Quadro 1: Pergunta estruturada para elaboração do PTC pacientes com enxaqueca crônica População resistente à medicação habitual Intervenção (tecnologia) toxina botulínica placebo, amitriptilina, prednisona, Comparação topiramato e valproato. Parâmetros Segurança e eficácia Desfechos (resultados Menos episódios de dor, melhor controle em saúde) de doença QUESTÃO CLÍNICA A toxina botulínica é eficaz e segura na prevenção dos episódios de dor na enxaqueca crônica? 9

INTRODUÇÃO Aspectos epidemiológicos, demográficos e sociais A enxaqueca é um tipo de cefaleia que afeta aproximadamente 18% das mulheres, 7% dos homens e 4% das crianças. A doença piora a qualidade de vida, levando a absenteísmo no trabalho e na escola. 1 A enxaqueca crônica é definida como enxaqueca que ocorre em 15 ou mais dias do mês por mais de três meses. Pacientes com enxaqueca de frequência intermediária (seis a nove dias por mês) têm alto risco de progredir para a enxaqueca crônica. 1 São fatores de risco não modificáveis para transformação da enxaqueca episódica em enxaqueca crônica: 1 Sexo feminino, Hereditariedade História de lesão na cabeça ou pescoço Baixo nível de escolaridade Baixo nível socioeconômico Eventos estressantes Idade jovem. São considerados fatores de risco potencialmente modificáveis: Uso abusivo de medicação para dor Depressão Ronco habitual Alto consumo de cafeína Obesidade Distúrbios do sono Embora estes fatores sejam apontados em diversos estudos, não existe comprovação de que haja diminuição da transformação da enxaqueca episódica em crônica. 1 Os critérios revistos em 2006 para diagnóstico de enxaqueca crônica são: 10

A) episódios 15 dias por mês por pelo menos três meses B) ocorrendo em pacientes que tiveram pelo menos cinco ataques típicos de enxaqueca sem aura C) Em mais de oito dias por mês, por pelo menos três meses, se a cefaleia preencheu os critérios C1 e/ou C2 C1a) cefaleia com pelo menos duas das características Localização unilateral Tipo pulsátil Dor moderada ou grave Agravada ou desencadeada por atividade física C1b) Durante a cefaleia, pelo menos um dos sintomas está presente: Náusea e/ou vômitos Fotofobia e fonofobia C2) Tratada e aliviada por triptanos ou derivados da ergotamina antes de desenvolver os sintomas de enxaqueca D) Sem uso excessivo de medicação para dor ou presença de outro fator de risco. 1 O tratamento da enxaqueca crônica deve ter como objetivo a profilaxia, com a finalidade de reduzir a frequência dos episódios e melhorar a qualidade de vida. Ele deve ser considerado em pacientes nos quais os episódios de dor causam impacto importante na qualidade de vida apesar do uso apropriado de medicação antiálgica, ou naqueles com episódios tão frequentes que correm risco de overdose. 1 O tratamento profilático inclui evitar fatores desencadeantes, minimizar o uso de medicamentos para dor e realizar intervenções que incluem tratamento medicamentoso, alteração de estilo de vida, atividade física e outras estratégias. 1 Os medicamentos orais disponíveis muitas vezes são ineficazes e provocam sérios efeitos colaterais. Não existe ainda um tratamento preventivo eficaz e tolerável para a doença. 1 11

DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA A toxina botulínica tipo A é uma neurotoxina purificada derivada da bactéria Clostridium botulinum, e tem efeito bloqueador dos transmissores neuromusculares. Indicação aprovada na Anvisa: Tratamento de estrabismo e blefarospasmo associado com distonia, incluindo blefarospasmo essencial benigno ou distúrbios do VII par craniano em pacientes com idade acima de 12 anos; tratamento de distonia cervical; tratamento de espasmo hemifacial; tratamento de espasticidade muscular; tratamento de linhas faciais hipercinéticas; tratamento de hiperidrose focal palmar e axilar; tratamento de incontinência urinária causada por hiperatividade neurogênica do músculo detrusor da bexiga, não tratada adequadamente por anticolinérgicos; profilaxia em adultos de enxaqueca crônica- enxaquecas crônicas e refratárias. 2 Para a profilaxia da enxaqueca crônica em adultos a dose recomendada é de 155 a 195 unidades através de aplicação intramuscular distribuídas em 31 a 39 locais ao redor da cabeça e do pescoço a cada 12 semanas. 3 A ANVISA aprovou o uso da toxina botulínica para enxaqueca em abril/2011. A Toxina Botulínica tipo A apresenta registro na ANVISA com o nome comercial de Botox, registro 101470045, com vencimento em 09/2012. 3 Registro na ANVISA Nome da Empresa: ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA CNPJ: 43.426.626/0001-77 Autorização: 1001478 Nome Comercial: BOTOX Princípio Ativo: toxina botulínica tipo A Categoria: AGENTE PARALISANTE NEUROMUSCULAR Registro: 101470045 12

Processo: 25000.005508/91-18 Vencimento do Registro: 09/2017 Preço da tecnologia: Botox frasco 100UI R$ 3.403,64 a ESTRATÉGIA DE BUSCA Foi realizada uma ampla busca nas bases The Cochrane Library (via Bireme), Medline (via Pubmed), CRD (Centre for Reviews and Dissemination), Scielo(via Bireme), Lilacs (via Bireme) e EMBASE, objetivando-se encontrar revisões sistemáticas ou, na falta dessas, ensaios clínicos randomizados, considerados as evidências científicas de melhor qualidade. Os termos utilizados nas buscas e o número de referências encontradas, selecionadas e disponíveis estão apresentados na tabela abaixo: Base Termos Resultados Estudos Estudos selecionados utilizados "Botulinum Toxins, Type A/therapeutic use"[mesh] Medline (via AND "Migraine Pubmed) Disorders/therapy"[Mesh] 168 7 2 Centre for Reviews and Dissemination (CRD) The Cochrane Library (via Bireme) Embase Botulinum AND migraine 13 4 0 Botulinum AND migraine 8 0 0 'botulinum toxins type a'/exp OR 'botulinum toxins type a' AND ('migraine'/exp OR 48 1 1 migraine) a Fonte: CMED ANVISA, consulta em 24/01/13 disponível em http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/67cba6804ea36fdebbbbbb8a610f4177/lista+conformidade_2013-01-21.pdf?mod=ajperes 13

Human, randomized controlled trial) Scielo Lilacs enxaqueca AND toxina botulinica enxaqueca AND toxina botulinica 1 0 0 2 0 0 Fluxograma para demonstrar a seleção dos estudos Publicações identificadas através da pesquisa:240 Publicações identificadas por meio de outras: 0 Publicações após remoção de duplicatas: 219 Publicações excluídas com justificativa: 207 Artigos com texto completo selecionados: 12 Artigos com texto completo excluidos: 9 Estudos incluídos: 3 14

ANÁLISE CRÍTICA DA EVIDÊNCIA Foi encontrada uma revisão sistemática sobre o uso de toxina botulínica na enxaqueca crônica. Foram identificados pela pesquisa 13 estudos randomizados controlados, dos quais dois não foram incluídos na metanálise. Foram excluídos estudos em enxaqueca episódica. Pelo menos duas agências reguladoras têm recomendações sobre a utilização da toxina botulínica no tratamento da enxaqueca crônica, a NICE (National Institute for Clinical Excellence) e a Health Technology Assessment Program (HTA). Estas recomendações são citadas e comentadas neste documento. RESULTADOS DOS ESTUDOS SELECIONADOS TABELA 1 - Avaliação da qualidade da evidência da revisão sistemática incluída neste parecer: Parâmetros Jackson JL et al, 2012 A revisão se baseou numa pergunta estruturada, explícita e sensível? A busca por estudos relevantes foi detalhada e completa? Os estudos primários apresentavam qualidade metodológica adequada para a pergunta? A avaliação dos estudos incluídos pode ser reproduzida? Os resultados foram semelhantes de estudo para estudo? O estudo apresentou estimativa de precisão para os efeitos do tratamento/exposição? O desfecho apresentado pelo estudo é relevante clinicamente? 15

Os potenciais conflitos de interesse foram declarados? Os autores declaram não ter conflitos de interesse TABELA 2 - Tabela de avaliação da qualidade da evidência dos ensaios clínicos controlados incluídos neste Parecer: Parâmetros Jost, 2011 Chitsaz, 2012 O estudo foi randomizado? A alocação dos pacientes nos grupos foi sigilosa? Não Os pacientes foram analisados nos grupos aos quais foram randomizados (a análise foi por intenção de tratar)? Os pacientes dos dois grupos eram semelhantes com relação a fatores de prognóstico previamente conhecidos? O estudo foi cego? Fora a intervenção experimental, os grupos foram tratados igualmente? As perdas foram significativas? Não Não O estudo apresentou estimativa de precisão para os efeitos do tratamento? Os pacientes do estudo são semelhantes aos de interesse? Os desfechos apresentados pelo estudo são relevantes clinicamente? Os potenciais conflitos de interesse foram declarados? O autor é consultor da companhia fabricante da toxina botulínica Não houve 16

RESULTADOS DOS ESTUDOS Estudos Tipo de estudo/população Desfechos Resultados Jackson JL et al. 5 2010 Revisão sistemática com metanálise e qualidade avaliada pela colaboração Cochrane incluindo o período de 1966 a março de 2012. Foram incluídos estudos randomizados controlados que avaliaram o tratamento de cefaleia crônica em adultos utilizando toxina botulínica A e sua associação com a frequência e gravidade da cefaleia, com pelo menos quatro semanas de duração. Foram incluídos 27 estudos placebo controlados e 4 estudos comparando toxina botulínica e outras medicações (amitriptilina, prednisona, topiramato e valproato). Estudos placebo controlados: foram 5313 participantes, sendo 1544 com enxaqueca crônica. Dez estudos avaliaram pacientes com enxaqueca episódica, cinco avaliaram enxaqueca crônica, oito com cefaleia tensional, três estudaram cefaleia diária crônica, na maioria do tipo enxaqueca. Primários: a intensidade da cefaleia ou índices avaliando frequência e intensidade da cefaleia Estudos placebo controlados: A toxina botulínica A foi associada com redução dos episódios dolorosos tanto na cefaleia crônica diária (- 2,06 cefaleias/mês, IC 95% -3,56 a -0,56, p=0,21) como na enxaqueca crônica (- 2,30 cefaleias/mês, IC95% -3,66 a -0,94,p=0,21). Não houve associação da toxina botulínica A com diminuição da frequência de enxaqueca episódica por mês (0,05 cefaleias/mês, IC95% -0,26 a 0,36, p=0,18) ou com a cefaleia tensional crônica (-1,43 cefaleias/mês, IC 95% - 3,13 a 0,27,p=0,02). Não houve associação da toxina botulínica A com melhora na intensidade da dor na cefaleia crônica tensional ou enxaqueca episódica. Estudos comparativos com outras drogas Toxina botulínica e topiramato como profiláticos na enxaqueca crônica em um único estudo não houve diferença significativa na frequência da cefaleia. Toxina botulínica e amitriptilina na enxaqueca crônica um estudo- não houve diferença significativa na frequência da cefaleia. Toxina botulínica e valproato na enxaqueca crônica ou episódica um estudo- não houve diferença significativa na frequência da cefaleia. Toxina botulínica e metilprednisolona - um estudo- houve redução na gravidade da cefaleia crônica tensional. Os eventos adversos foram mais frequentemente associados à toxina botulínica em relação ao placebo (25 estudos, RR 1,25, IC95% 1,14 a 1,36). Efeito Placebo Houve significativa melhora da cefaleia nos grupos tratados com placebo, inclusive com aumento do efeito no decorrer do tratamento. Os autores concluíram que a toxina botulínica pode estar associada a maior benefício que o placebo na profilaxia da enxaqueca crônica, diminuindo em 2 a 3 dias/mês a duração da cefaleia, mas sem influir na frequência de episódios. Os autores comentaram que a toxina botulínica pode estar associada a melhora na frequência da enxaqueca crônica e cefaleia crônica diária, mas não na enxaqueca episódica, cefaleia crônica tensional ou cefaleia tensional episódica. Porém, o benefício foi pequeno, com uma redução da frequência da enxaqueca crônica de 19 para 17 dias ou da cefaleia crônica de 17 para 15 dias. Houve também uma forte associação de resposta ao placebo durante os estudos, e a diferença entre o efeito placebo e toxina botulínica foi em média um dia. Os autores 17

comentaram também que a resposta à toxina botulínica foi menor do que o observado com valproato de sódio e amitriptilina em outros estudos. Foram fatores de restrição ao estudo: pequeno número de estudos com pequeno número de pacientes, heterogeneidade entre os estudos, pequeno tempo de acompanhamento para uma doença crônica; como os pacientes foram tratados com a mesma dose, não foi possível saber se uma dose maior seria mais efetiva; as comparações entre toxina botulínica e outros tratamentos profiláticos foram poucas, em estudos com poucos pacientes, e, por este motivo, podem não ter demonstrado diferenças significativas. Estudos Tipo de estudo/população Desfechos Resultados Jost WH et PRINCIPAL: al. 6 2011 redução da dor Ensaio clínico randomizado duplo-cego, placebo controlado. O autor avaliou 22 pacientes portadores de enxaqueca crônica unilateral sem aura 11 utilizaram toxina botulínica injetada nos músculos corrugador e occipital do mesmo lado com dose baixa (10U de toxina botulínica). 11 utilizaram placebo. Idade entre 18 e 75 anos Diagnóstico confirmado de enxaqueca sem aura. Refratário aos tratamentos instituídos Duração da doença > 2 anos SECUNDÁRIOS: escores de avaliação do grau da dor, efeitos colaterais. Não foi observada diferença significativa entre os grupos em nenhum dos parâmetros avaliados. O resultado do placebo foi bom ou excelente em seis semanas, sem diferença do resultado com a toxina botulínica. Na avaliação de quatro meses, a intensidade da dor era igual nos dois grupos, porém o grupo placebo apresentava queda na escala de dor inicial, não ocorrendo o mesmo no grupo intervenção. Durante o estudo 84% dos pacientes do grupo toxina botulínica necessitaram nova injeção e 63,2% no grupo placebo. Conclusão do estudo: a toxina botulínica em dose baixa, em injeção localizada em dois pontos não foi eficaz. Comentários do revisor: O estudo deixou a desejar na descrição da metodologia e dos resultados. Embora o estudo tenha sido realizado por pesquisador que trabalha para a indústria produtora do BOTOX, os resultados relatados não foram superiores ao placebo. Também neste estudo, o placebo apresentou ótimo resultado. 18

Estudos Tipo de estudo/população Desfechos Resultados Chitsaz A et al. 7 2011 Ensaio clínico randomizado duplo-cego. Os autores avaliaram 36 pacientes portadores de enxaqueca episódica (n=27) ou crônica (n=9) utilizando toxina botulínica ou divalproex. Idade entre 18 e 60 anos Enxaqueca com quatro ou mais ataques mensais, por pelo menos três meses. Possibilidade de acompanhamento por 10 meses. INTERVENÇÃO: injeção de toxina botulínica 125 U (1/5 nos músculos temporais, 1/5 nos músculos frontais, e 1/5 nos músculos da região da glabela). CONTROLE: divalproex 200 mg duas vezes ao dia por três meses, com 10 semanas de dose máxima e 2 semanas com redução gradual Foram randomizados 35 pacientes. GRUPOS 18 pacientes no grupo toxina botulínica (enxaqueca crônica n=5) 17 pacientes no grupo divalproex (enxaqueca crônica n=4) PRINCIPAL: redução da frequência da enxaqueca SECUNDÁRIOS: duração e intensidade da dor,consumo de analgésicos, efeitos colaterais. Seguimento dos pacientes 10 meses Análise por intenção de tratar Em pacientes com enxaqueca episódica, a frequência média de episódios de enxaqueca caiu -3,65±0,2 dias para divalproex (p=0,001), e -3,19±0,2 dias para toxina botulínica (p=0,001). A redução foi significativamente maior para divalproex (p =0,005). Em pacientes com enxaqueca crônica, a frequência média de episódios de enxaqueca caiu -5,77±1,2 dias para divalproex (p =0,002), e -2,44±1,2 dias para toxina botulínica (p =0,09). A diferença entre os dois não foi significativa. Em pacientes com enxaqueca crônica, a intensidade da cefaleia caiu -1,33±0,3 no escore de dor para divalproex (p =0,004), e - 1,44±0,4 no escore de dor para toxina botulínica (p =0,008). A diferença entre os dois não foi significativa. Em todas as outras variáveis avaliadas, as duas medicações não mostraram diferença significativa para a enxaqueca crônica. Conclusão: O estudo concluiu que a toxina botulínica e divalproex tiveram a mesma eficácia no tratamento da enxaqueca. Na enxaqueca crônica, o divalproex teve melhor resultado nas alterações da característica da dor. Na enxaqueca episódica, o divalproex foi superior em termos de frequência e intensidade da dor. Comentários do revisor: O estudo incluiu um número muito pequeno de pacientes com enxaqueca crônica, o que poderia explicar a falta de diferença significativa entre os dois medicamentos. 19

DISCUSSÃO Vários estudos randomizados controlados têm sido realizados com o objetivo de avaliar a eficácia da toxina botulínica na profilaxia da enxaqueca. Na enxaqueca episódica e cefaleia tensional, o tratamento foi ineficaz. Foram realizados estudos controlados duplo cegos avaliando a eficácia da toxina botulínica especificamente na enxaqueca crônica com resultados controversos. A metanálise de Jackson et al incluiu todos os estudos mais importantes, inclusive os estudos multicêntricos com grande número de pacientes, PREEMPT 1 e 2. 5 O melhor resultado demonstrado pelo tratamento foi a redução da frequência da enxaqueca crônica em apenas 1,8 dias de diferença do efeito demonstrado pelo placebo. A resposta à profilaxia com toxina botulínica foi menor do que o observado com valproato de sódio e amitriptilina em outros estudos. 5 Os outros estudos realizados incluíram sempre pequeno número de pacientes, técnicas e doses heterogêneas, e pequeno tempo de acompanhamento para uma doença crônica. A razão da escolha da dose de 155 U não foi bem esclarecida. O estudo de Jost utilizando doses baixas de toxina botulínica não mostrou eficácia. O estudo de Chitsaz, realizado também com pequeno número de pacientes, comparando toxina botulínica e divalproex na profilaxia da enxaqueca crônica, encontrou a mesma eficácia com os dois tratamentos, o que confirma a não superioridade da toxina botulínica aos outros tratamentos profiláticos. 7 O grupo do estudo PREEMPT publicou recentemente um ensaio clínico aberto em que ambos os grupos utilizaram toxina botulínica como complementação do estudo duplo cego realizado anteriormente, e concluíram que, após 24 semanas, a toxina botulínica se manteve como um tratamento seguro. Curiosamente, a diferença de 1,8 dias na duração da enxaqueca entre os grupos placebo e toxina botulínica se manteve após 32 semanas na fase aberta em que ambos os grupos utilizaram toxina botulínica. 8 20

Todos os estudos realizados apresentaram falhas metodológicas: classificação incorreta da enxaqueca nos pacientes incluídos, pequeno número de pacientes, pequeno tempo de seguimento. Os estudos que compararam toxina botulínica com placebo e outros medicamentos não conseguiram comprovar sua superioridade. A toxina botulínica é um tratamento caro e doloroso e os pacientes provavelmente se beneficiam da mesma forma com os tratamentos orais. Serão necessários estudos de melhor qualidade para demonstrar se existe real benefício na utilização da toxina botulínica na profilaxia da enxaqueca crônica. RECOMENDAÇÃO Não há evidências suficientes que justifiquem a utilização da toxina botulínica A na prevenção da enxaqueca crônica. REFERENCIAS 1. Robertson CE., Garza I. Critical analysis of the use of onabotulinumtoxina (botulinum toxin type A) in migraine. Neuropsychiatric Disease and Treatment 2012:8 35-48. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Toxina Botulínica tipo A, apresentação de 200U para tratamento da bexiga hiperativa: relatório de recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS CONITEC. n.15. 2012. [Acesso em 16 jan. 2013]. Disponível em:http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/conitecbotoxbexigah iperativa.pdf 3. National Institute for health and Clinical excellence - NICE. Botulinum toxin type A for the prevention of headaches in adults with chronic migraine. 2012. [Acesso em 16 jan. 2013]. Disponível em:http://guidance.nice.org.uk/ta260/guidance/pdf/english 4. Brasil. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA. Botox. Informações sobre produto. [Acesso em 16 jan. 2013]. Disponível em: 21

http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/consulta_produto/medicamentos/frm ConsultaMedicamentosPersistir.asp 5. Jackson JL, Kuriyama A, Hayashino Y. Botulinum toxin A for prophylactic treatment of migraine and tension headaches in adults: a meta-analysis. JAMA. 2012; 307(16):1736-45. 6. Jost WH. Low-dosed botulinum toxin a in the prophylactic management of unilateral migraine: A randomized double-blind placebo-controlled crossover study. Open Pain Journal 2011; 4(1): 4-7. 7. Chitsaz A, Ghorbani A, Hoseinzadeh H, Nazari F, Norouzi R, Tajic S. Comparison of botulinum toxin type-a and divalproex sodium for prevention of chronic and episodic migraine. Neurology Asia 2012; 17(2):127-132. 8. Aurora SK, Winner P, Freeman MC, Spierings EL, Heiring JO, Degryse RE, et al. Onabotulinumtoxin A for treatment of chronic migraine: Pooled analyses of the 56-week PREEMPT clinical program. Headache 2011; 51:1358-73. 22

ANEXOS Anexo 1 Nível de Evidência Tabela de Oxford Nível de Evidência Científica por Tipo de Estudo - Oxford Centre for Evidence-based Medicine Grau de Recomendação Nível de Evidência Tratamento/ Prevenção Etiologia Diagnóstico 1A Revisão Sistemática (com homogeneidade) Ensaios Clínicos Controlados e Randomizados Revisão Sistemática (com homogeneidade) de Estudos Diagnósticos nível 1 Critério Diagnóstico de estudos nível 1B, em diferentes centros clínicos A 1B Ensaio Clínico Controlado e Randomizado com Intervalo de Confiança Estreito Coorte validada, com bom padrão de referência Critério Diagnóstico testado em um único centro clínico 1C Resultados Terapêuticos do tipo tudo ou nada Sensibilidade e Especificidade próximas de 100% 2A Revisão Sistemática (com homogeneidade) Estudos de Coorte Revisão Sistemática (com homogeneidade) de estudos diagnósticos de nível > 2 2B Estudo de Coorte (incluindo Ensaio Clínico Randomizado de Menor Qualidade) Coorte Exploratória com bom padrão de Referência Critério Diagnóstico derivado ou validado em amostras fragmentadas ou banco de dados B 2C Observação de Resultados Terapêuticos (outcomes research) Estudo Ecológico 3A Revisão Sistemática (com homogeneidade) de Estudos Caso- Controle Revisão Sistemática (com homogeneidade) de estudos diagnósticos de nível > 3B 3B Estudo Caso-Controle Seleção não consecutiva de casos, ou padrão de referência aplicado de forma pouco consistente C 4 Relato de Casos (incluindo Coorte ou Caso-Controle de menor qualidade) Estudo caso-controle; ou padrão de referência pobre ou não independente D 5 Opinião desprovida de avaliação crítica ou baseada em matérias básicas (estudo fisiológico ou estudo com animais) 23

Anexo 2 - Declaração de potenciais conflitos de interesses 1 Nos últimos cinco anos você ou pessoa diretamente relacionada* aceitou o que se segue de alguma instituição ou organização que possa de alguma forma se beneficiar ou ser financeiramente prejudicada pelos resultados da sua atividade? a) Reembolso por comparecimento a simpósio? ( ) Não (X) b) Honorários por apresentação, conferência ou palestra? ( ) Não (X) c) Honorários para organizar atividade de ensino? ( ) Não (X) d) Financiamento para realização de pesquisa? ( ) Não (X) e) Recursos ou apoio financeiro para membro da equipe? ( ) Não ( ) f) Honorários para consultoria? ( ) Não (X) 2 Durante os últimos cinco anos, você ou pessoa diretamente relacionada prestou serviços a uma instituição ou organização que possa de alguma forma se beneficiar ou ser financeiramente prejudicada pelos resultados da sua atividade? ( ) Não (X) 3 Você ou pessoa diretamente relacionada possui apólices ou ações de uma instituição que possa de alguma forma se beneficiar ou ser financeiramente prejudicada pelos resultados da sua atividade? ( ) Não (X) 4 Você ou pessoa diretamente relacionada atuou como perito judicial sobre algum assunto de sua atividade? ( ) Não (X) 5 Você ou pessoa diretamente relacionada tem algum outro interesse financeiro conflitante com a sua atividade? ( ) Não (X) 6 Você ou pessoa diretamente relacionada poderiam ser beneficiados pelos resultados da sua atividade? ( ) Não (X) 7 Você ou pessoa diretamente relacionada possui um relacionamento íntimo ou uma forte antipatia por uma pessoa cujos interesses possam ser afetados pelos resultados da sua atividade? ( ) Não (X) 8 Você ou pessoa diretamente relacionada possui uma ligação ou rivalidade acadêmica com alguém cujos interesses possam ser afetados pelos resultados da sua atividade? ( ) Não (X) 24

9 Você ou pessoa diretamente relacionada possui profunda convicção pessoal ou religiosa que pode comprometer o que você irá escrever e que deveria ser do conhecimento dos tomadores de decisão na aplicabilidade dos resultados da sua atividade? ( ) Não ( X) 10 Você ou pessoa diretamente relacionada participa de partido político, organização não-governamental ou outro grupo de interesse que possa influenciar os resultados da sua atividade? ( ) Não (X) Caso você tenha respondido sim a qualquer uma das perguntas anteriores, favor declarar o interesse conflitante: Dra. Maria da Glória Cruvinel Horta NATS HC/UFMG 25