Caraterização das Infeções Vaginais incidência e prevalência
CANDIDÍASE VULVO-VAGINAL
INFEÇÕES VAGINAIS - Enquadramento Sintomatologia do trato genital inferior Modificações patológicas ou mesmo fisiológicas Motivo frequente de consulta Até 20% consultas ginecologia geral Frequente consultas Medicina Geral e Familiar Venda livre facilita auto-medicação
INFEÇÕES VAGINAIS - Enquadramento Doenças com sintomas vaginais Infeções Sexualmente transmissíveis (IST): - Gonorreia, Sífilis, Clamídia - Herpes genital (HSV) - Condiloma genital (HPV) - etc Infeções vaginais limitadas à zona vaginal (vaginoses e vaginites): - Vaginose Bacteriana (VB) - Candidíase/ose Vulvo-vaginal (CVV) - Vaginite por Trichomonas (VT) - Vaginite Aeróbia (VA) - Infeções Mistas (IM) Atrofia Vaginal
INFEÇÕES VAGINAIS Fisiologia Vaginal Vagina normal Secreção normal < 5 ml/dia, cor branca, homogénea, inodora, ph: 3,8-4,5 Microflora normal Com bactérias aeróbias e anaeróbias e predomínio de Lactobacillus spp Células de descamação epitelial Influência hormonal
INFEÇÕES VAGINAIS Fisiologia Vaginal Vagina normal Secreção normal Secreções das glândulas vulvares Transudato da parede vaginal Células descamativas vaginais e cervicais Muco cervical Fluidos endometriais e tubares Microrganismos e seus metabolitos
INFEÇÕES VAGINAIS Fisiologia Vaginal Vagina normal Secreção normal Macroscopicamente Quantidade variável Transparente ou branca Consistência não homogénea Microscopicamente Múltiplas células epiteliais Lactobacilos predominantes Raros GB
INFEÇÕES VAGINAIS Fisiologia Vaginal Vagina normal Secreção normal
INFEÇÕES VAGINAIS Fisiologia Vaginal Vagina normal Flora vaginal normal ++ aeróbica 5 a 10 tipos de bactérias Depende do ph e disponibilidade de glicose ++ Lactobacilos
INFEÇÕES VAGINAIS Fisiologia Vaginal Flora vaginal Não patogénicas Patogénicas Patogénicas facultativas Lactobacillus spp. Escherichia coli Estreptococos grupo A Candida spp. Estafilococos Staphylococcus aureus Saccharomyces cerevisiae Estreptococos grupo B ou D Chlamydia trachomatis Geotrichum candidum Pseudomonas Trichomonas vaginalis Rodutorula rubra Proteus Neisseria gonorrhoea Mycoplasma Gardnerella vaginalis Anaeróbios (bacteroides, peptococci, prevotella) Acinetobacter Citrobacter Candida albicans Considerar tratar na gravidez Klebsiella pneumoniae Haemophilus influenzae Streptococci pneumoniae Candida albicans Estreptococos grupo B Mycoplasma Não tratar Tratar se sintomas ou Tratar sempre concentrações elevadas
INFEÇÕES VAGINAIS Fisiologia Vaginal Ecossistema vaginal Fatores endógenos Variação dos níveis hormonais Menstruação Gravidez Aleitamento Diabetes mellitus Doenças sistémicas Fatores exógenos Tratamentos anti-infecciosos Higiene pessoal não adequada Roupa interior sintética Stress Ansiedade Água com cloro Relações sexuais desprotegidas (esperma) Contraceção combinada Imunosupressão Cirurgia / radiação
INFEÇÕES VAGINAIS Caraterização Geral Patologia frequente Afeta a mucosa vaginal, vulva e por vezes a pele períneo Infeção Inflamação Alteração flora vaginal Sintoma principal Fluxo vaginal aumentado Caraterísticas (cor, textura, viscosidade e odor) Outros sintomas Prurido Eritema Spotting Ardor Dispareunia Disúria Medição do ph e Exame microscópico
INFEÇÕES VAGINAIS Caracterização Geral Vaginose Bacteriana 30-40% Candidíase Vulvo-Vaginal 20-30% Tricomoníase 5-10% Vaginite Aeróbia / Infeções Mistas 20-30% Conduta deve incluir a história, o exame objetivo e avaliação laboratorial medição ph, microscopia e/ou cultura 25-40% pacientes sem causa específica identificada
INFEÇÕES VAGINAIS Candidíase Vulvo-Vaginal 75% das mulheres têm 1 episódio durante a vida 45% têm 2 ou mais 90% das infeções está implicada a Candida albicans fungo dimórfico (blastosporos e micélio) A colonização vaginal por Candida geralmente tem origem no cólon (reservatório)
INFEÇÕES VAGINAIS Candidíase Vulvo-Vaginal Fatores predisponentes Antibioterapia Gravidez Diabetes Corticoterapia sistémica Contraceção combinada Sugerido o papel de uma toxina extracelular ou uma enzima na patogénese da doença Também pode estar implicado um fenómeno de hipersensibilidade
INFEÇÕES VAGINAIS Candidíase Vulvo-Vaginal Sintomas Prurido Ardor Dispareunia Disúria terminal Corrimento branco amarelado, tipo requeijão Sinais Eritema vulvo-vaginal Edema vulvar ph vaginal normal (< 4,5)
INFEÇÕES VAGINAIS Candidíase Vulvo-Vaginal Exame microscópico Quantidade de lactobacilos normal Ausência de clue cells Leucócitos normais Hifas Microrganismos patogénicos Fluxo Candida albicans (80-90 %) C. glabrata (5-15 %) C. krusei (5 %) Cultura Apenas em casos de CVV recorrente
INFEÇÕES VAGINAIS Candidíase Vulvo-Vaginal Tratamento Imidazóis tópicos são os mais utilizados, por exemplo Clotrimazol creme vaginal 1% 1id 7-14d óvulos 100mg 1id 7d ou 2id 3d óvulos 500mg aplicação única Imidazóis sistémicos, como por exemplo Fluconazol 150mg toma única (dose adicional após 72h se grave) Tratamento do parceiro apenas se sintomático
INFEÇÕES VAGINAIS Candidíase Vulvo-Vaginal Candidíase Vulvo-Vaginal Crónica Sintomas irritativos persistentes e ardor vulvovaginais Deve haver confirmação por cultura Excluir: Dermatite atópica crónica Vulvovaginite atrófica
INFEÇÕES VAGINAIS Candidíase Vulvo-Vaginal DESAFIOS 1. Taxa de recorrência (40-50%) 2. CVV crónica recorrente (5%) 3. Tratamento na gravidez 4. Espécies de Candida não albicans 5. Possíveis resistências
INFEÇÕES VAGINAIS Casos Especiais Vulvo-Vaginites na Infância São infeções pouco frequentes nesta faixa etária Perante quadro de irritação vulvovaginal excluir: Vaginite por oxiuros Vaginite por corpos estranhos Vaginite gonocócica
INFEÇÕES VAGINAIS Casos Especiais Vulvo-Vaginites pós Menopausa Nas mulheres sem THS surge com frequência um quadro clínico com prurido vaginal intenso, sensação de irritação, dispareunia e pequenas perdas hemáticas sobretudo pós coitais Atrofia da mucosa vaginal e colpite atrófica O tratamento deve limitar-se a estrogénios tópicos
INFEÇÕES VAGINAIS Resumo I As infeções vaginais são um problema médico frequente com complicações para as mulheres. As infeções mais frequentes são a VB e a CVV. As infeções mistas e a VA também são frequentes.
INFEÇÕES VAGINAIS Resumo II A CVV é provocada por leveduras patogénicas facultativas da espécie Candida. A patogénese da CVV é multifactorial. Devido ao risco de complicações, o tratamento das infeções vaginais durante a gravidez tem de ser considerado. Os tratamentos anti-infecciosos demonstram uma eficácia aceitável a curto prazo.