Introdução Assistência Farmacêutica em Epilepsia As epilepsias são uma série de desordens cerebrais com incidência relativamente elevada na população Cerca de 40 formas distintas de epilepsia já foram identificadas, mas, para os pacientes, o principal aspecto a se considerar é o prejuízo que a doença pode causar à condução normal de suas vidas Epidemiologia Incidência por Idade Dados de 1995 da população americana estimam que 2,3 milhões de pessoas sofram de epilepsia, com uma incidência de 181 mil novos casos a cada ano Aos 85 anos, cerca de 10% da população já teve pelo menos um episódio espontâneo, e 4% desenvolveu epilepsia A incidência é maior nos países em desenvolvimento Embora a epilepsia possa se desenvolver em qualquer idade, há um pico de incidência entre as crianças e entre os idosos A incidência é maior no sexo feminino na infância e menor nas outras faixas etárias National Conference on Public Health and Epilepsy; 2003. National Conference on Public Health and Epilepsy; 2003. Características Crises ou Ataques A epilepsia se caracteriza pela incidência de crises recorrentes, originadas por descargas desordenadas, síncronas e ritmadas de neurônios no córtex cerebral É uma condição periódica, imprevisível e, na maioria dos casos, tratável E epilepsia pode persistir por toda a vida do paciente Goodman and Gilman s. The Pharmacological Basis of Therapeutics; 1996. p.461. Alterações transitórias do comportamento que podem se apresentar sob diversas formas, com ou sem comprometimento motor ou da consciência, sendo que as convulsões são a forma mais conhecida Ataques ou crises podem ser provocadas por traumas, medicamentos, eletro-choque etc., mas no paciente com epilepsia eles ocorrem sem causa evidente 1
Luzes piscantes Alguns Fatores Desencadeantes Certos tipos de ruídos Leitura prolongada Privação de sono, fadiga Hipoglicemia Bebidas alcoólicas http://www.epilepsia.org.br/epi2002/temas_indice.asp Diagnóstico Um episódio esporádico não caracteriza epilepsia O diagnóstico de epilepsia é feito pela história clínica, excluindo-se outras condições que podem apresentar quadros semelhantes A descrição da crise por uma testemunha pode ser de grande valia na caracterização do quadro diagnóstico Exames Complementares Possíveis Causas Eletrencefalograma identifica a etiologia em 26 a 50% dos casos Tomografia 37 a 60% dos casos Ressonância magnética 80 a 100% dos casos É o exame mais sensível e específico para a identificação não-invasiva da etiologia da epilepsia Neuroimaging Clin N Am 1995;5:597-622. Má-formação congênita Trauma Derrame Tumor Genética http://www.epilepsia.org.br/epi2002/temas_indice.asp Caracterização Clínica A caracterização clínica da epilepsia baseia-se na Classificação Internacional das Crises Epiléticas, o que permite a compreensão da fisiopatogenia em cada paciente e a orientação na escolha da melhor terapia Classificação Internacional Crises Parciais São chamadas de parciais, porque se originam de forma focada em uma região do córtex cerebral Farmacologia Clínica Fundamentos da Terapêutica Racional; 1998. p.332. 2
Classificação Internacional Crises Parciais Simples Sem perda da consciência Complexas Com perda da consciência Parciais seguidas de crises generalizadas Classificação Internacional Crises Generalizadas As crises generalizadas são decorrentes de alterações em ambos os hemisférios cerebrais Apresentam alterações simétricas no eletrencefalograma Classificação Internacional Crises Generalizadas Status Epilepticus Ausência Bloqueio abrupto e incompleto da consciência, associado com fixação do olhar e interrupção das atividades em execução Crises mioclônicas Contração breve dos músculos, que pode ser restrita a uma parte do corpo ou generalizada Crises tônico-clônicas Perda da consciência com contração muscular, cerramento da mandíbula, perda de urina e fezes (fase tônica), seguida por período de contração e relaxamento muscular (fase clônica) Crises atônicas Crises freqüentemente repetidas e por um período prolongado o suficiente para produzir uma situação epiléptica fixa e duradoura É uma situação grave, que pode produzir danos cerebrais irreversíveis É considerado uma emergência médica e deve ser tratado de forma adequada Prognóstico Tratamento Não se pode falar em cura da epilepsia, mas cerca de 50% dos pacientes conseguem controle completo das crises e 25 a 30% controle parcial Alguns fatores para o sucesso da terapia são o tipo de crise, o tempo decorrido do diagnóstico, histórico familiar e a extensão das anormalidades http://www.epilepsia.org.br/epi2002/temas_indice.asp Farmacológico Não-farmacológico 3
Tratamento Farmacológico Antiepilépticos O uso de drogas antiepilépticas tem o objetivo de controlar as descargas anormais dos neurônios As drogas atualmente em uso têm toxicidade considerável, motivo pelo qual se prefere o uso de droga única ao invés de combinações Em caso de falha ou toxicidade, a substituição do agente é mais indicada que a adição de outra droga Essa abordagem reduz também o potencial de interações medicamentosas Goodman and Gilman s. The Pharmacological Basis of Therapeutics; 1996. p.461. Os agentes antiepiléticos procuram restabelecer o equilíbrio entre o fatores inibitórios e estimulatórios no cérebro Algumas drogas interagem com canais iônicos (sódio e cálcio), reduzindo o potencial estimulatório dos neurônios Outra abordagem utilizada é aumentando o efeito do GABA, ou por redução de seu metabolismo, ou amplificando sua resposta nos receptores Rocz Akad Med Bialymst 2005;50(Suppl 1):96-8. Classes de Antiepilépticos Medicamentos Usados nas Crises Parciais Hidantoínas, me Barbitúricos fenobarbital Deoxibarbitúricos primidona Iminostilbenos carbamazepina Succinimidas etossuximida Benzodiazepínicos clonazepam, diazepam Outros - ácido valpróico, gabapetina, lamotrigina, acetazolamida Parciais simples Parciais complexas Parciais seguidas de crises generalizadas Primeira escolha Carbamazepina, ácido valpróico e Carbamazepina, ácido valpróico e Carbamazepina, ácido valpróico e Segunda escolha Primidona, fenobarbital, clobazam e oxcarbazina Primidona, fenobarbital, clobazam, oxcarbazina, lamotrigina e vigabatrina Primidona, fenobarbital, clobazam, oxcarbazina, lamotrigina e vigabatrina Farmacologia Clínica Fundamentos da Terapêutica Racional; 1998. p.332. Inadequada Medicamentos Usados nas Crises Generalizadas Toxicidade Ausência típica Mioclônica Tônica Clônica Tônico-clônica Primeira escolha Ácido valpróico, etossuximida Ausência atípica Ácido valpróico, etossuximida Ácido valpróico Ácido valpróico Ácido valpróico Ácido valpróico, carbamazepina e Segunda escolha Clonazepam, clobazam, acetazolamida e lamotrigina Clonazepam, clobazam, acetazolamida e lamotrigina Clonazepam e etossuximida Clobazam e lamotrigina Clonazepam, clobazam e lamotrigina Fenobarbital, primidona, lamotrigina e oxcarbazepina Inadequada Fenobarbital, e carbamazepina Fenobarbital, e carbamazepina Fenitoína e carbamazepina Fenitoína e carbamazepina Fenitoína e carbamazepina O uso de medicamentos antiepilépticos freqüentemente acarreta em toxicidade para o paciente, sendo que alguns efeitos adversos são mais preocupantes, como toxicidade hematológica e hepática Recomenda-se monitoração periódica dos pacientes 4
Interações Medicamentosas Exemplos de Interações Os medicamentos antiepilépticos têm grande potencial de interagir com outros medicamentos ou mesmo entre si, quando usados em associação Os medicamentos mais comuns que podem interagir com antiepilépticos são aqueles apresentados na tabela a seguir Antiepiléptico Fenitoína Fenobarbital Carbamazepina Carbamazepina Carbamazepina Droga associada Salicilatos Anticoncepcionais Tetraciclinas Verapamil Diltiazem Efeito sobre o antiepiléptico concentração concentração concentração concentração concentração O Farmacêutico e a Terapia Farmacológica O farmacêutico deve avaliar a terapia medicamentosa prescrita e auxiliar a otimizá-la, garantindo a adesão pelo paciente e verificando possíveis interações e efeitos tóxicos Tratamento Não-farmacológico A cirurgia é indicada em alguns casos de epilepsia parcial, clinicamente intratável, em pacientes jovens A investigação pré-cirúrgica é importante para garantir o sucesso do procedimento As técnicas estão em aperfeiçoamento constante, aumentando a porcentagem de sucesso e reduzindo as complicações Am J Health-Syst Pharm 1998;55(Suppl 2):S26-31. http://www.icb.ufmg.br/~neurofib/neuromed/seminario/epilepsia/index.htm Atenção Farmacêutica Conclusões O tratamento da epilepsia é prolongado, as drogas disponíveis são tóxicas e têm um grande potencial de interações medicamentosas Para uma orientação efetiva, o farmacêutico deve ter o conhecimento do tratamento farmacológico em uso e as implicações desse tratamento na vida do paciente A epilepsia é uma doença que carrega um potencial de discriminação aos seus portadores Ela pode levar a uma redução na capacidade de aprendizado, além de criar outras dificuldades na vida dos pacientes, como uma diminuição da empregabilidade 5
Conclusões No entanto, a grande maioria dos pacientes, com tratamento adequado, conseguem o controle das crises, possibilitando-os levar uma vida normal O papel da equipe de saúde é propiciar a essas pessoas a oportunidade de reintegração, tornando-as produtivas para a sociedade 6