Protocolos de Enfermagem para Pacientes Crônicos: experiência de Florianópolis. Lucas Alexandre Pedebôs

Documentos relacionados
Avaliação/Fluxo Inicial Doença Cardiovascular e Diabetes na Atenção Básica

ELENCO OFICIAL DOS MEDICAMENTOS DISPONIBILIZADOS GRATUITAMENTE PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR (atualizado em 11/03/2016)

ELENCO OFICIAL DOS MEDICAMENTOS DISPONIBILIZADOS GRATUITAMENTE PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR ENTRE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS DE UMA UNIDADE DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA.

ELENCO OFICIAL DOS MEDICAMENTOS DISPONIBILIZADOS GRATUITAMENTE PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR

O PAPEL DA SOCIEDADE E DO GOVERNO NA ABORDAGEM DO PACIENTE HIPERTENSO O que o governo faz e pode fazer?

Ampliação das Consultas de Enfermagem para qualificar o acesso ao SUS

COLESTEROL LDL LDL COLESTEROL

ESTUDO DIRIGIDO - DIABETES MELLITUS - I

Câmara Técnica Conass

A importância da Atenção Primária à Saúde na redução de riscos cardiovasculares

REMÉDIO EM CASA MEDICAMENTO DIRETO EM CASA

ARTIGOS. INTEGRALIDADE: elenco de serviços oferecidos

Registro Brasileiros Cardiovasculares. REgistro do pacientes de Alto risco Cardiovascular na prática clínica

Vigilância e Monitoramento de Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis

41 ANOS DE EXISTÊNCIA. 942 Médicos Cooperados 71 mil clientes. 1ª Sede Praça Carlos de Campos

Utilização de diretrizes clínicas e resultados na atenção básica b

Medicações do Sistema Cardiovascular. Disciplina Farmacologia Profª Janaína Santos Valente

Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Brasil

Artigo de Revisão: Síndrome Metabólica Insulínica

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANSMISSIVEIS. Doenças Renais Parte 4. Profª. Tatiane da Silva Campos

Melhoria da atenção à saúde de hipertensos e/ou diabéticos, na Unidade Básica Avançada de Saúde Dirceu Arcoverde, Vila Nova do Piauí/PI.

Oficina de Formação de Tutores

Universidade de São Paulo Faculdade de Ciências Farmacêuticas Disciplina FBF Aula Prática

69º Congresso Brasileiro de Cardiologia Brasília - DF. Avaliação Especiais DEPARTAMENTO DE CARDIOGERIATRIA 13:30 16:30

ELENCO OFICIAL DOS MEDICAMENTOS DISPONIBILIZADOS GRATUITAMENTE PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR (atualizado em 01/06/2015)

ELENCO OFICIAL DOS MEDICAMENTOS DISPONIBILIZADOS GRATUITAMENTE PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR

ELENCO OFICIAL DOS MEDICAMENTOS DISPONIBILIZADOS GRATUITAMENTE PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR (atualizado em 16/03/2015)

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO RIO GRANDE DO SUL Autarquia Federal - Lei nº 5.905/73

ELENCO OFICIAL DOS MEDICAMENTOS DISPONIBILIZADOS GRATUITAMENTE PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR

Prevenção de Eventos Cardiovasculares em Pacientes com Hipertensão Arterial PREVER 2 SEGUIMENTO 15 MESES

YOMAX. cloridrato de ioimbina

DIABETES MELLITUS. Jejum mínimo. de 8h. Tolerância à glicose diminuída 100 a a 199 -

Manejo do Diabetes Mellitus na Atenção Básica

ELENCO OFICIAL DOS MEDICAMENTOS DISPONIBILIZADOS GRATUITAMENTE PELO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR

Coordenadora Nacional de Diabetes Melitus e Hipertensão Arterial Departamento de Atenção Básica

Diagnóstico situacional e desafios para a Atenção Primária à Saúde de Porto Alegre

MINISTÉRIO DA SAÚDE. O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições legais, e

Conselho Federal de Enfermagem- Brasil

ESTUDO DIRIGIDO - HIPERTENSÃO ARTERIAL - I

UNIVERSALIDADE. O Modelo de Atenção á Saúde ESF INTEGRALIDADE

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA (HAS)

Estratégias para o cuidado à pessoa com doença crônica: pé diabético M I C H E L E B O R S O I T E L E R R E G U L A D O R A D E E N F E R M A G E M

Protocolo de Prevenção Clínica de Doença Cardiovascular e Renal Crônica

A SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela legislação em vigor;

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 26. Profª. Lívia Bahia

RESUMOS APROVADOS. Os trabalhos serão expostos no dia 23/11/2011, no período das 17h às 19h;

Prefeitura Municipal de Porto Alegre Secretaria Municipal de Saúde - SMS Coordenação de Assistência Farmacêutica - COORAF REMUME 2012

2017 DIRETRIZ PARA PREVENÇÃO, DETECÇÃO, AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM ADULTOS

YOMAX. Apsen Farmacêutica S.A. Comprimidos 5,4 mg

XXXV Congresso Português de Cardiologia Abril ú ç

Intervenção nutricional em indivíduos com sobrepeso e obesidade

TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO DE DIFÍCIL CONTROLE

AGUIAR. Vânia Deluque¹, LIMA. Solange da Silva², ROCHA. Aline Cristina Araújo Alcântara³, SILVA. Eliana Cristina da 4, GREVE. Poliana Roma 5.

ANÁLISE DE RECURSOS INTERPOSTOS: GABARITO PRELIMINAR. Isto posto, a BANCA CORRETORA resolve pela manter sua resposta -> letra b.

Acompanhamento farmacoterapêutico do paciente portador de Diabetes mellitus tipo 2 em uso de insulina. Georgiane de Castro Oliveira

ASSUNTO: PRESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO

RELAÇÃO MUNICIPAL DE MEDICAMENTOS ESSENCIAIS (REMUME) UNIDADE SANITÁRIA DE RIO FORTUNA

FÁRMACOS ANTI-HIPERTENSIVOS

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 27. Profª. Lívia Bahia

GRUPO DE ORTOGERIATRIA

- DIABETES E HIPERTENSÃO NA ATENÇÃO BÁSICA -

Curso para Formação de Telerreguladores e Teleconsultores de Telessaúde para Atenção Primária à Saúde

VI CONGRESSO DE HIPERTENSÃO DA. HiperDia, desafios futuros e o que esperar?

PALAVRAS-CHAVE Consultório farmacêutico. Doenças crônicas não transmissíveis. Farmácia clínica. Unidade Básica de Saúde.

ORLISTATE SINTÉTICO. Agente antiobesidade de ação periférica

CONSULTA PÚBLICA No- 13, DE 24 DE SETEMBRO DE 2012

Avaliação do Risco Cardiovascular

GESTÃO DAS DOENÇAS RELACIONADAS AO ENVELHECIMENTO. Julizar Dantas

Ana Luiza Queiroz Vilasbôas Professora associada I UFBA/ISC/GRAB

FARMÁCIA BÁSICA Medicamento Captopril 25mg FALTA (Previsão: 30/04)

IX Congresso Mundial de Farmacêuticos de Língua Portuguesa. Praia Cabo Verde, 23, 24 e 25 de Abril de Circuito do Medicamento

Faculdade Maurício de Nassau. Disciplina: Farmacologia

ESTUDO: Emerson Sampaio Prof a Mestra Henriqueta Galvanin G. de Almeida

Ministério da Saúde Consultoria Jurídica/Advocacia Geral da União

1/100 RP Universidade de São Paulo 1/1 INSTRUÇÕES PROCESSO SELETIVO PARA INÍCIO EM ª FASE: GRUPO 4: FARMÁCIA

Programas. & Ações. Medicina Preventiva

Certificação Joint Commission no Programa de Dor Torácica.

Pref. Natal/RN

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LUCIANA HENDGES ROTINA ASSISTENCIAL DE ENFERMAGEM AO PACIENTE DIABÉTICO NA ESF EM CHAPECÓ/SC

Avaliação do tratamento farmacológico utilizado por idosos diabéticos e hipertensos do município de Vieiras (MG)

Anexo I. Elenco de Referência Estadual de Medicamentos da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica 2011 MEDICAMENTO

PALAVRAS-CHAVE Atenção farmacêutica. Medicina. Uso racional de medicamentos. Introdução

(83)

1. Estratificação de risco clínico (cardiovascular global) para Hipertensão Arterial Sistêmica

AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE AULA 5

CRITÉRIOS E EXAMES COMPLEMENTARES PARA REALIZAÇÃO DE ANESTESIA PARA EXAMES DIAGNÓSTICOS

O QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE DOENÇA METABÓLICA

ENFERMAGEM LEGISLAÇÃO EM ENFERMAGEM. COFEN Parte 5. Profª. Tatiane da Silva Campos

Implantação da Cuidado Farmacêutico nas Redes de Atenção à Saúde

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE MATO GROSSO

COMO CONTROLAR HIPERTENSÃO ARTERIAL?

1. DIVULGAÇÃO DA CARTA DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DO SUS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PET URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NO HOSPITAL GERAL CLÉRISTON ANDRADE

FARMÁCIA BÁSICA Medicamento Cloreto de Sódio 0,9% Solução Nasal FALTA (item deserto na última licitação aguardando novo processo)

PREFEITURA DO RECIFE

Principais sintomas: - Poliúria (urinar muitas vezes ao dia e em grandes quantidades); - Polidipsia (sede exagerada); - Polifagia (comer muito);

PCDT / CID 10: M05.0; M05.1**;M05.2**; M05.3; M05.8; M06.0; M06.8; M08.0*

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

Percentual de atendimento 2013 AFB

Transcrição:

apresentam

Protocolos de Enfermagem para Pacientes Crônicos: experiência de Florianópolis Lucas Alexandre Pedebôs

Por que construir um protocolo de enfermagem? Lei 7.498/1986 Art. 11 - O enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe: II como integrante da equipe de saúde: c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde.

Por que construir um protocolo de enfermagem? Resolução COFEN 195/1997 Faz referência à Lei 7.498/1986 e a programas de saúde pública vigentes à época e define: Art. 1º - o Enfermeiro pode solicitar exames de rotina e complementares quando no exercício de suas atividades profissionais.

Por que construir um protocolo de enfermagem? Cenário atual Aumento crescente da inserção do enfermeiro na clínica, como membro da equipe de saúde; Participação importante da equipe de enfermagem no atendimento à demanda espontânea; Diminuição de rotinas administrativas do enfermeiro pela informatização das unidades de saúde e melhoria dos processos de gestão.

Por que construir um protocolo de enfermagem? Algumas possibilidades com a implantação de protocolos clínicos de enfermagem Aumento da resolutividade das consultas de enfermagem; Abordagem oportunística, principalmente na demanda espontânea; Melhoria da qualidade do atendimento prestado.

Protocolos de enfermagem de Florianópolis Vol. 1 Hipertensão, Diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares (publicado) Vol.2 - Doenças sexualmente transmissíveis e outras doenças transmissíveis de interesse em saúde coletiva (publicado) Vol.3 - Saúde da mulher na atenção primária (2016) Vol.4 - Atenção à demanda espontânea de cuidados no adulto (2016) Vol.5 - "Feridas" (2016-2017) Vol.6 - "Saúde da criança" (2016-2017)

Protocolos de Enfermagem de Florianópolis Volume 1 - Hipertensão, Diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares

Protocolos de enfermagem de Florianópolis Vol. 1 Hipertensão, Diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares (publicado) Importância: Cuidado ao portador de doenças crônicas é papel internacionalmente primário do enfermeiro na APS (em conjunto com o médico da equipe); Doenças de alta prevalência; Importante causa de procura nas UBS, tanto em consultas agendadas quanto em demanda espontânea;

Protocolos de enfermagem de Florianópolis Vol. 1 Hipertensão, Diabetes e outros fatores associados a doenças cardiovasculares (publicado) Importância: Necessidade de renovação de receita e solicitação de exames complementares pelo médico (antes do protocolo), mesmo em usuários com quadro da doença estável e controlado; (Pode acontecer) Subvalorização da consulta do enfermeiro pela necessidade de se passar pelo médico (centralidade do usuário no medicamento e exame).

Processo de construção dos protocolos Constituição da Comissão Permanente de Sistematização da Assistência de Enfermagem (CSAE); Definição dos temas de maior relevância para a construção de protocolos; Avaliação de documentos existentes e novas evidências no tema; Escrita dos protocolos com foco no processo de trabalho da enfermagem.

Processo de construção dos protocolos Documento existentes Protocolos do Ministério da Saúde e outras entidades públicas; Cadernos de Atenção Básica Novas evidências BMJ (também em português) Dynamed Artigos recentes (Pubmed)

Protocolos de enfermagem de Florianópolis Aspectos importantes sobre o protocolo: Documento sintético com fluxos e quadros explicativos; Linguagem direcionada ao enfermeiro, definindo o que pode ser feito, o que deve ser feito, e o que é recomendado; Foco no enfermeiro enquanto membro de uma equipe de saúde, com íntima articulação com o médico da equipe; Periodicamente revisado; Disponível apenas online (custo e frequência de atualização);

Protocolos de enfermagem de Florianópolis Aspectos importantes sobre o protocolo: O enfermeiro é tão responsável pelo adequado controle da doença e bem-estar do usuário quanto qualquer outro membro da equipe; O enfermeiro deve possuir conhecimento suficiente para manejo dos casos não-complicados de hipertensão primária e diabetes mellitus; A renovação de receitas e a solicitação de exames acontece a partir de avaliação meticulosa sobre o quadro do usuário.

Estrutura Básica HAS e DM Diagnóstico (rastreamento e investigação clínica) Medicamentos Exames complementares Tabagismo Consumo de álcool Rastreamento (foco em RCV)

Estrutura Básica Periodicidade de solicitação e valores de referência para os exames; Dose máxima para os medicamentos; Condições gerais e específicas diante as quais o enfermeiro pode tomar as condutas; Instrumentos que auxiliem a avaliação e tomada de decisão (CAGE, AUDIT, Escore de Framingham);

Medicamentos e exames MEDICAMENTOS EXAMES COMPLEMENTARES Atenolol Metildopa HbA1C Eletrocardiograma Propranolol Anlodipino Colesterol (total, HDL e LDL) Hidroclorotiazida Verapamil Triglicerídeos Teste de tolerância à glicose (TTG) Furosemida Captopril Creatinina sérica Espironolactona Enalapril Potássio Losartan AAS Sumário de urina Carvedilol Sinvastatina Microalbuminúria Glibenclamida Metformina Glicose de jejum

Uso do protocolo 350 Número de usuários para os quais foi prescrito medicamento ou solicitado exame complementar do protocolo vol.1 300 250 200 150 100 50 0 8-2015 9-2015 10-2015 11-2015 12-2015 1-2016 2-2016 3-2016 4-2016 5-2016 6-2016 7-2016 8-2016 9-2016 10-2016

Uso do protocolo 90 Número de profissionais que renovaram receita ou solicitaram exames do protocolo vol.1 80 70 60 50 40 30 20 10 0 8-2015 9-2015 10-2015 11-2015 12-2015 1-2016 2-2016 3-2016 4-2016 5-2016 6-2016 7-2016 8-2016 9-2016 10-2016

Questões importantes e finais Medicamentos e exames complementares não podem sobrepor todos os outros pontos importantes da consulta de enfermagem; Essas medidas devem ser apenas mais uma parte do cuidado ao usuário; Conhecimento da rede e dos profissionais é fundamental para adequação do protocolo e treinamento; Segurança do usuário e qualidade do atendimento devem ser a principal preocupação, sempre.

Obrigado Lucas Alexandre Pedebôs lucas.enfermagem@gmail.com www.pmf.sc.gov.br/entidades/saude

Perguntas e Respostas