REVISÃO / REVIEW TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

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Transcrição:

REVISÃO / REVIEW TAQUICARDIA SUPRAVENTRICULAR: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO 1 2 Otávio Ayres da Silva Neto, Cássia Eliane Kusnir INTRODUÇÃO por interrupções na repolarização das células cardíacas denominadas pós-potenciais que atuam como gatilhos das As arritmias supraventriculares são alterações do ritmo arritmias; cardíaco que dependem do nó sinusal, tecido atrial, nó 3) mecanismo de reentrada é o mais comum e depende atrioventricular (taquicardia por reentrada nodal) ou vias da existência de bloqueio unidirecional, caminhos ou vias acessórias extranodais (taquicardia reentrante atrioventricular) aptas à condução e período refratário que facilite o início e para o início e manutenção da taquiarritmia. 5 manutenção do circuito reentrante. Este mecanismo será O termo taquicardia supraventricular refere-se às abordado neste artigo. taquiarritmias paroxísticas (TPSV) e a sua incidência é cerca As taquicardias por reentrada são classificadas de de 35 casos/100.000/ano, e a prevalência de 2.25/1.000 na acordo com o local do circuito: 1 população americana (excluindo fibrilação atrial, flutter a) reentrada nodal ocorre em 60% dos casos. A forma atrial e taquicardia atrial multifocal). típica conduz anterogradamente pela via lenta e Alguns fatores como idade, sexo e comorbidades 6 retrogradamente pela via rápida (lenta-rápida) (Figura 2). associadas podem influenciar na ocorrência das taquicardias b) reentrada atrioventricular em 30% dos casos, supraventriculares. mediada por vias acessórias, que são bandas musculares que De acordo com o estudo MESA-Marshfield conectam diretamente os átrios aos ventrículos. Estas Epidemiologic Study Area -, a idade de início da taquicardia é taquicardias são denominadas ortodrômicas com condução maior na taquicardia por reentrada nodal (32 ± 18 anos) anterógrada pelo nó atrioventricular e retrógradas pela via comparada à taquicardia atrioventricular (23 ± 14 anos). acessória ou antidrômicas quando a condução é no sentido 7 A incidência de taquicardia por reentrada nodal nas oposto (10% dos casos) (Figuras 3 e 4). mulheres tem um risco relativo duas vezes maior se c) taquicardia atrial em 10 % dos casos e, às vezes, comparada aos homens. As taquicardias supraventriculares 8 pode ter origem focal. geralmente não são associadas com doença cardíaca d) taquicardia reentrante do nó sinusal, taquicardia estrutural, embora existam exceções em presença de sinusal inapropriada, taquicardia juncional ectópica e 9 cardiopatias congênitas, cardiomiopatia hipertrófica ou taquicardia juncional não paroxística são raras. 2 Doença de Ebstein. As arritmias reentrantes são geralmente induzidas por Os sintomas mais comuns relacionados à taquicardia batimentos ectópicos atriais ou ventriculares, que podem ser supraventricular são palpitações, ansiedade, dor precordial, precipitados por ingestão excessiva de cafeína, bebidas 10 sensação de peso no pescoço ou no tórax, fadiga e dispnéia. No alcoólicas e hipertireoidismo. exame físico podemos evidenciar o sinal de frog pela estase venosa jugular proeminente devido à contração atrial contra a AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA valva tricúspide fechada. Síncope é rara e poliúria pode ocorrer 3 pela liberação do fator natriurético atrial. Geralmente Eletrocardiograma apresentam episódios recorrentes de início e término súbitos A presença de pré-excitação (onda delta) no com palpitações regulares. Os ritmos irregulares podem ser eletrocardiograma de repouso em ritmo sinusal de pacientes com devidos à fibrilação atrial, taquicardia atrial multifocal ou palpitações é suficiente para se pensar no diagnóstico de extrassistolias supra ou ventriculares. A taquicardia sinusal não taquicardia reentrante mediada por via acessória. O registro é paroxística e acelera e termina gradualmente. 4 eletrocardiográfico da taquicardia é fundamental para distinguir A avaliação inicial dos pacientes apresentando os tipos das arritmias supraventriculares, entretanto, muitas vezes, palpitações é fundamental para o correto esclarecimento as queixas são freqüentes, mas não houve documentação no diagnóstico do tipo da arritmia (Figura1). eletrocardiograma durante as crises súbitas. A taquicardia supraventricular no eletrocardiograma MECANISMOS comumente se manifesta com complexo QRS estreito (< 120 ms), porém, em 10% dos casos a taquicardia é de QRS largo (> 120 As arritmias podem ser geradas por três mecanismos ms). Nesses casos, devemos fazer o diagnóstico diferencial com distintos: taquicardia ventricular, taquicardia supraventricular com 1) hiperautomatismos relacionados à fase 4 da condução aberrante (bloqueios de ramos esquerdo ou direito), despolarização cardíaca com ritmos acelerados suplantando o taquicardia antidrômica (mediada por via acessória com ritmo sinusal; condução anterógrada) ou taquicardias pré-excitadas (exemplos: 2) atividade deflagrada, que é um mecanismo gerado fibrilação atrial, flutter ou taquicardia atrial conduzindo por vias 13 acessórias). Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 8, n. 4, p. 6-17, 2006 1 - Professor do Depto. de Medicina - CCMB/PUC-SP 2 - Mestre em Cardiologia Recebido em 11/9/2006. Aceito para publicação em 3/11/2006. 6

Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 8, n. 4, p. 6-17, 2006 História clínica de palpitações ECG em ritmo sinusal Pré-excitação (sem cardiopatia) TRAV Padrão da arritmia pela clínica Síncope? ELETROFISIOLOGISTA Palpitações regulares sustentadas Palpitações irregulares Fibrilação atrial, taquicardia atrial multifocal ou flutter com condução AV variável Figura 1. Avaliação inicial de taquicardia supraventricular. TRAV - taquicardia por reentrada atrioventricular. Circulation 2003; 108:1871-909. Monitor de eventos e seguimento clínico ATRIUM A B C S f S f S f AVN HIS PR 160 PR 240 PR 360 ATRIAL ECHO Figura 2. Mecanismo de reentrada nodal típica descendo pela via lenta (s-slow) e subindo pela via rápida (f-fast) 7

Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba RITMO SINUSAL TAQUICARDIA POR REENTRADA ORTODRÔMICA TAQUICARDIA POR REENTRADA ANTIDRÔMICA ÁTRIO NAV VAC VENTRÍCULO ELETROCARDIOGRAMA P Figura 3. Mecanismo de reentrada atrioventricular mediada por via acessória em sentido retrógrado (ortodrômica) ou anterógrado (antidrômica). VAC, via acessória; NAV, nó atrioventricular. O alargamento inicial do QRS em ritmo 11,12 sinusal corresponde à onda delta (Síndrome de Wolff-Parkinson-White). P P P TAQUICARDIA ATRIAL FLUTTER ATRIAL VIA ACESSÓRIA TAQUICARDIA ORTODRÔMICA TRN Figura 4. Arritmias supraventriculares e os principais substratos anatômicos nos distúrbios de condução elétrica. Flutter atrial típico anti-horário no átrio direito;trn, taquicardia por reentrada nodal; taquicardia atrial esquerda ou direita; via acessória esquerda sustentando a taquicardia ortodrômica. N Engl J Med. 2006; 354:1039-51. 8

Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 8, n. 4, p. 6-17, 2006 TAQUICARDIAS DE QRS ESTREITO a onda P no segmento ST com intervalo > 70 ms (RP ). Nas taquicardias com o intervalo RP > PR, o diagnóstico mais A taquicardia por reentrada nodal apresenta intervalo provável é taquicardia por reentrada nodal atípica, taquicardia RR regular e ausência de onda P ou sua atividade pode mediada por via acessória forma juncional permanente ou deformar o complexo QRS, originando a onda pseudo-r em taquicardia atrial (Figura 6). V1 ou pseudo-s nas derivações inferiores do As drogas que promovem o bloqueio nodal eletrocardiograma (D2, D3, avf). A freqüência cardíaca atrioventricular, como adenosina ou manobra vagal permanece entre 140 a 250 batimentos/min (Figuras 5 e 6). (massagem no seio carotídeo), podem reverter ou evidenciar A taquicardia por reentrada atrioventricular evidencia características específicas para o diagnóstico da arritmia. Figura 5. Taquicardia por reentrada nodal, QRS estreito, intervalo RP < 70 ms. Estudo eletrofisiológico realizado no Hospital Santa Lucinda, Faculdade de Medicina de Sorocaba / PUC-SP. 9

Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba Taquicardia de QRS ESTREITO (<120 ms) Taquicardia com RR Regular? Onda P visível? Fibrilação atrial, taq. atrial/flutter com condução AV variável, taq. atrial multifocal Freq. atrial > Freq. ventr.? Flutter ou taq. atrial Análise do intervalo RP Curto (RP < PR) Longo (RP > PR) RP < 70 ms RP > 70 ms Taq. atrial, TRN atípica, TJRP TRN TRAV TRN atípica Taq. atrial Figura 6. Diagnóstico diferencial de taquicardia de QRS estreito. TRAV, taquicardia por reentrada atrioventricular; TRN, taquicardia por reentrada nodal; TJRP, taquicardia juncional reciprocante permanente. Circulation 2003; 108:1871-909. TAQUICARDIAS DE QRS LARGO b) Duração do complexo QRS (favorecem o diagnóstico de TV): maior que 0,14 s com morfologia de Taquicardias de complexo QRS largo (> 120 ms) BRD, maior que 0,16 s com morfologia de BRE, exceto em (Figura 7): casos de condução antidrômica, bloqueios preexistentes ou 1) Taquicardia supraventricular com condução uso de antiarrítmicos da classe Ia e Ic. aberrante (bloqueio de ramo), o bloqueio pode ser c) Características do complexo QRS nas derivações preexistente ou somente durante a taquicardia. precordiais: 2) Taquicardia supraventricular com condução - complexos RS de V1 a V6 favorecem o diagnóstico atrioventricular sobre uma via acessória: taquicardia atrial, de TPSV. flutter atrial, fibrilação atrial, taquicardia por reentrada nodal, - intervalo RS (início da onda R até o ponto mais antidrômica ou tratos nodofasciculares, atriofasciculares e negativo da onda S-nadir) maior que 100 ms favorece o nodoventriculares. diagnóstico de TV. 3) Taquicardia ventricular (TV) é referida com alguns - concordância negativa dos complexos QRS de V1 a critérios diagnósticos: V6 é compatível com TV; a concordância positiva não exclui a) Dissociação atrioventricular (AV) - batimentos taquicardia antidrômica. atriais independentes dos complexos QRS em somente 30% - presença de fusão ventricular indica TV. das taquicardias ventriculares. Pode-se utilizar de eletrodos - complexos QR estão presentes em 40% dos pacientes esofageanos para a visualização da onda P (Figura 8). com taquicardia ventricular após infarto do miocárdio. 10

Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 8, n. 4, p. 6-17, 2006 Taquicardia de QRS LARGO (> 120 ms) Regular Irregular Manobra vagal ou adenosina Relação AV 1:1 QRS = ritmo sinusal considerar TPSV + bloqueio de ramo ou taq. antidrômica - Infarto prévio/cardiopatia, considerar TV. Fibrilação atrial, flutter atrial, taq. atrial e bloqueio de ramo ou condução anterógrada por via acessória SIM ou desconhecido NÃO Freq. ventr. > Freq. atrial Freq. atrial > Freq. ventr. Morfologia do QRS nas precordiais TV Taq. atrial Flutter atrial TV TV TV TPSV Típico BRE/BRD = TPSV Derivações precordiais: - concordância do QRS - sem R/S - início do R até nadir do S > 100 ms Padrão BRD qr, rs ou Rr em V1 eixo plano frontal entre + 90 e - 90 Padrão BRE - R em V1 > 30 ms - R ao nadir do S em V1 > 60 ms - qr ou qs em V6 Figura 7. Diagnóstico diferencial de taquicardia de QRS largo. TPSV, taquicardia paroxística supraventricular; TV, taquicardia ventricular; BRE, bloqueio de ramo esquerdo; BRD, bloqueio de ramo direito. Circulation 2003; 108:1871-909. 11

Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba II III avr avl avf Figura 8. Taquicardia de QRS largo mostrando dissociação atrioventricular comprovando o diagnóstico de taquicardia ventricular. As ondas P estão marcadas com setas. Circulation 2003; 108:1871-909. Ecocardiograma exclui o diagnóstico de circuitos arritmogênicos e se os Importante método não-invasivo na investigação de sintomas são freqüentes o estudo eletrofisiológico invasivo cardiopatia estrutural e a sua repercussão na função deve ser considerado. ventricular auxiliando na estratificação de risco de morte súbita e terapêutica adequada das taquicardias. A presença de TRATAMENTO DAS TAQUICARDIAS miocardiopatias, valvopatias ou cardiopatias congênitas SUPRAVENTRICULARES 14 colabora no diagnóstico e profilaxia das arritmias cardíacas. Fase aguda Teste ergométrico A maioria das taquicardias paroxísticas Algumas arritmias cardíacas estão relacionadas ao supraventriculares dependem da condução pelo nó esforço físico e podem se manifestar durante o teste ergométrico atrioventricular para a manutenção do circuito reentrante, e ou na fase de repouso, podendo-se sugerir um comportamento podem ser interrompidas por manobra vagal ou maligno ou benigno, e a associação com cardiopatia isquêmica medicamentos que lentificam a condução nodal como, por deve ser descartada. 15 exemplo, a adenosina (Figura 9). Eletrocardiografia dinâmica (sistema Holter 24 h) Manobra vagal Nas taquicardias supraventriculares paroxísticas a sua A estimulação de barorreceptores pela massagem do seio utilidade é questionável devido à sintomatologia não ser carotídeo aumenta a atividade do nervo vago, inibindo a atividade muito freqüente. 16,17 simpática e reduzindo a condução nodal atrioventricular. Após a verificação da ausência de doença vascular carotídea, Gravador de eventos (sistema Looper) pressionamos próximo à cartilagem cricóide durante cinco Aparelho que permanece com o paciente monitorizado segundos em movimento circular e firme. durante dias e é acionado somente na presença de sintomas. É 18 um método cujo custo-benefício pode ser inconsistente. Adenosina O uso intravenoso é vantajoso pelo início rápido de ação Cardioestimulação transesofágica e curta meia vida, revertendo a TPSV em 60 a 80% com 6 mg (1 Método não-invasivo. Diagnóstico realizado por meio de ampola) e 90 a 95% com 12 mg. É contra-indicada para estimulação atrial via esofageana com cateter passado por sonda pacientes com asma, taquicardia de QRS largo, pacientes nasal na tentativa de indução de taquicardia supraventricular. transplantados cardíacos e usado com cautela em pacientes com Utilizado principalmente nas palpitações sem documentação doença pulmonar obstrutiva crônica. O término da taquicardia eletrocardiográfica, entretanto, é um procedimento bastante com onda P após o último QRS favorece o diagnóstico de desconfortável para o paciente. O resultado negativo não TRNAV ou TRAV e o término com QRS sugere o diagnóstico 12

Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 8, n. 4, p. 6-17, 2006 hipotensão arterial ou insuficiência cardíaca, quando devemos 21 administrar amiodarona endovenosa. Os pacientes portadores da Síndrome de Wolff- Parkinson-White podem apresentar espontaneamente fibrilação atrial com rápida condução ventricular e degenerar para fibrilação ventricular se a via acessória tiver um período refratário menor que 250 ms. Portanto, é necessário o equipamento de emergência e ressuscitação para cardioversão elétrica quando indicada. Se este paciente encontra-se estável hemodinamicamente, pode-se usar procainamida, ibutilide, propafenona ou flecainida para a 22 reversão da fibrilação atrial. de taquicardia atrial. A continuidade da taquicardia após a adenosina com bloqueio AV diagnostica taquicardia atrial ou flutter atrial. Durante uma taquicardia de QRS largo está contraindicado o uso de adenosina ou outros agentes bloqueadores nodais por serem inefetivos e potencialmente deletérios numa 19,20 taquicardia ventricular. Outros medicamentos A cardioversão elétrica no atendimento emergencial está reservada para casos com instabilidade hemodinâmica. Nas taquicardias de QRS largo podemos utilizar procainamida ou sotalol, exceto nos pacientes com disfunção ventricular, Tratamento Agudo de taquicardia Regular Estável Hemodinamicamente QRS estreito QRS Largo TPSV TPSV + bloqueio de ramo TPSV TV ou mecanismo desconhecido Manobra vagal Adenosina (6 a 12 mg) Verapamil/diltizabem Betabloqueador TPSV pré-excitada Procainamida Sotalol Lidocaína Amiodarona (FE < 40%) Término Término Persiste a taq. com BAV - Ibutilide - Procainamida - Flecainida - associados a bloq. nodais ou supraestimulação ou CVE e/ou controle de freqüência. CVE Figura 9. Tratamento agudo de pacientes portadores de taquicardia regular e estáveis hemodinamicamente. Adenosina deve ser usada com cautela em coronariopatas e contra-indicado para asmáticos. Ibutilide não deve ser usado com FE < 0,30 pelo risco de TV polimórfica. Circulation 2003; 108: 1871-909. 13

Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba TRATAMENTO A LONGO PRAZO TERAPIA DEFINITIVA COM ABLAÇÃO POR CATETER O tratamento definitivo para episódios sustentados e recorrentes de taquicardia por reentrada nodal ou mediado O estudo eletrofisiológico invasivo e a ablação por por via acessória proporcionando a cura do paciente é cateter, a partir da década de 1990, tornou-se uma revolução realizado por meio do estudo eletrofisiológico e ablação por no tratamento curativo das arritmias cardíacas devido à eficácia 23 cateter com radiofreqüência. e segurança deste procedimento. Além disso, promoveu um As seguintes situações são potencialmente de maior maior entendimento dos mecanismos arritmogênicos, risco e prioritárias para a avaliação do eletrofisiologista: interferindo na terapêutica específica, na estratificação de risco a) taquicardias com complexo QRS largo, 27,28 de morte súbita e no prognóstico dos pacientes. b) taquicardias supraventriculares com síncope ou O procedimento é realizado em sala de hemodinâmica sintomas severos, com o paciente submetido a uma sedação leve ou anestesia c) pacientes com intolerância ou resistência geral. Inicialmente, são colocados os campos cirúrgicos e farmacológica, realizadas as punções venosas ou arteriais com introdutores 6 d) pacientes com preferência em não usar medicamentos, ou 7 French, geralmente na veia jugular interna direita e veia e) síndrome de pré-excitação com ou sem taquicardia e/ou artéria femoral direita. Posteriormente, introduzimos supraventricular. cateteres diagnósticos decapolares para seio coronário e quadripolares para registro dos eletrogramas intracavitários e TERAPIA FARMACOLÓGICA estimulação das câmaras cardíacas. Assim, procedemos o estudo do sistema de condução do coração utilizando-se Os pacientes com taquicardia por reentrada nodal ou técnicas de estimulação elétrica para a indução e diagnóstico mediada por via acessória oculta (o eletrocardiograma de das arritmias. Identificado o mecanismo arritmogênico, repouso não apresenta pré-excitação) podem ser tratados partimos para o mapeamento e aplicação de radiofreqüência por primariamente com bloqueadores nodais, como beta- 29 cateter no local estudado (Figura 11). bloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio (verapamil e A abordagem na taquicardia por reentrada nodal diltiazem) ou digoxina. Estes agentes podem reduzir de 30 a objetiva a ablação da via lenta localizada na região pôstero- 60% a severidade dos sintomas; outras drogas antiarrítmicas septal do anel tricuspídeo. As taxas de sucesso são maiores da classe IC ou III podem ser associadas, prevenindo a que 95% e as complicações são raras, como embolia recorrência em até 80% dos pacientes. A propafenona está pulmonar (< 0,2%) e necessidade de marcapassos (< 1%). As contra-indicada em pacientes com cardiopatias, recorrências são em torno de 3 a 7% dos pacientes (Figura principalmente isquêmicas, pelo efeito inotrópico negativo, 10). 30 aumento da condução nodal atrioventricular e associação A ablação das taquicardias mediadas por vias acessórias com taquicardia ventricular. Nos casos com episódios apresenta uma taxa de sucesso de 95% e uma recorrência menor infreqüentes, mas prolongados e bem tolerados que 5% nos primeiros meses após o procedimento; a 31 hemodinamicamente pode-se tomar uma dose única no recorrência tardia é rara. Caso a via acessória esteja próxima evento arrítmico ( pill-in-the-pocket ), por exemplo, do feixe de His, existe um risco maior de bloqueio diltiazem (120mg), beta-bloqueadores (80mg), flecainida atrioventricular total. As complicações são menores que 2% dos 24,25 (200 mg) e propafenona (450mg). pacientes, incluindo lesão arterial, sangramentos, fístulas Em portadores da Síndrome de Wolff-Parkinson- arteriovenosas, trombose venosa, embolia pulmonar, lesão 32 White estão contra-indicados verapamil, beta-bloqueadores e valvar, perfuração miocárdica e, raramente, morte. digoxina pelo risco de ocorrer um bloqueio nodal e em casos Estudos comparativos com a terapia farmacológica de fibrilação atrial aumentar a rápida resposta ventricular pela sugerem que a ablação melhora a qualidade de vida e o custovia acessória, degenerando para fibrilação ventricular. Nesta benefício dos pacientes a longo prazo. 33,34 situação, o tratamento de escolha é de ablação, porém, pode- Em geral, pacientes portadores da Síndrome de Wolffse utilizar medicamentos da classe I, que deprimem a Parkinson-White, taquicardia por reentrada nodal e, condução pela via acessória, como a disopiramida, flecainida particularmente, com instabilidade hemodinâmica deveriam ou propafenona (150 a 450 mg) e os antiarrítmicos da classe se submeter a estudo eletrofisiológico e ablação como terapia 26 III, como amiodarona, ibutilide e sotalol. de primeira linha. 35,36,37 De acordo com Bathina, MN e cols., os pacientes que apresentavam mensalmente episódios de taquicardia supraventricular e foram submetidos à ablação tornaram-se assintomáticos em 74% versus 33% do grupo em uso de antiarrítmicos em seguimento de cinco anos, além da maior taxa de hospitalização e efeitos colaterais nos indivíduos 38 tratados com medicamentos. 14

Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba, v. 8, n. 4, p. 6-17, 2006 Figura 10. Região anatômica da ablação de via lenta em taquicardia por reentrada nodal. NAV, nó atrioventricular. Figura 11. Ablação por radiofreqüência de via acessória lateral esquerda por cateter e punção transeptal. Lerman BB et al. N Engl J Med. 2003; 349:1787-9. 15

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