Escreva seu livro! Como começar. Por: Miguel Angel. Olá, vamos conversar um pouco sobre o texto narrativo, suas artimanhas e algumas dicas para começar seu livro. Não se iluda achando que os grandes escritores vivem de inspiração. Sentam diante do computador ou de sua velha maquina de escrever e o livro flui como um rio caudaloso. Como se diz 1% inspiração, 99% transpiração. Vamos falar um pouco sobre o texto narrativo. São elementos básicos da narração: Enredo (ação), personagem, tempo e espaço. Para tratar adequadamente esses elementos básicos, o autor deve responder as seguintes perguntas ao longo do texto: O QUÊ? o(s) fato(s) que determina(m) a história; QUEM? _ a personagem ou personagens; COMO? _ o enredo, o modo como se tecem os fatos; ONDE? _ o lugar ou lugares da ocorrência; QUANDO? _ o momento ou momentos em que se passam os fatos; POR QUÊ? _ a causa do acontecimento. Veja um exemplo de um esquema que se pode utilizar antes de começar propriamente a escrever, para depois manter a o fio da meada: O quê? Romance conturbado, que resulta em crime passional. Quem? Misael e Maria Elvira. Como? O envolvimento inconseqüente de um homem de 63 anos com uma prostituta. Onde? Lapa, Estácio, Rocha,Catete e vários outros lugares. Quando? Duração do relacionamento: três anos. Por quê? Promiscuidade de Maria Elvira. 1
Quanto à estrutura narrativa convencional, acompanhe a seqüência de ações que compõem o enredo: Exposição: a união de Misael, 63 anos, funcionário público, a Maria Elvira, prostituta; Composição: a infidelidade de Maria Elvira obriga Misael a buscar nova moradia para o casal; Clímax: as sucessivas mudanças de residência, provocadas pelo comportamento desregrado de Maria Elvira, acarretam o descontrole emocional de Misael; Desfecho: a polícia encontra Maria Elvira assassinada com seis tiros. Foco narrativo ou ponto de vista do narrador. Narrador personagem ou participante: foco narrativo em 1ª pessoa. Narrador observador: foco narrativo em 3ª pessoa. Narrador onisciente: foco narrativo em 3ª pessoa. Tipos de discurso. direto (diálogo): o narrador reproduz textualmente a fala da personagem. Mais forte e aproxima emocionalmente o leitor. indireto: o narrador conta o que a personagem fala, filtrando ou não a fala. Afasta o leitor das personagens e coloca uma barreira (o narrador) entre os dois. indireto livre: a fala da personagem funde-se com a fala do narrador (parecido com o anterior, porém com o narrador aparecendo mais). do narrador: o narrador conta a história e tece comentários sobre personagens e acontecimentos. Unidades narrativas básicas. Tempo: Real (que se passa para o leitor) e Ficcional (tempo que transcorre na história). Todos os recursos utilizados devem estar a serviço da história. Sena: se conta algo que acontece ao mesmo tempo que o tempo real, o leitor é testemunha direta dos fatos. O tempo pode ser manipulado, acelerado ou retardado para dar destaque a algo. A sena deve impactar ao leitor de forma especial. A sena informa ao leitor que algo importante está acontecendo. Importante não desperdiçá-las com acontecimentos sem importância. 2
Diálogo: é ele mesmo uma sena, pois se passa em tempo real. Também deve ser relevante, evitar diálogos banais. Se a fala é banal, aproveitar para usar a notas do narrador, ou intervenções de outros personagens, para dar informação valiosa. Resumo: o tempo fictício se acelera, conta-se fatos de forma resumida, usualmente os diálogos são indiretos. Uso do tempo narrativo: Elipse: omite informação fazendo um salto para a frente no tempo. Funcional: quando se omite informação não necessária, tipo o personagem deita e dorme e não precisamos contar nada sobre o que se passou, nem por resumo. Estrutural: quando se omite informação SIM necessária, tipo o personagem dorme e acorda em outro lugar em uma circunstancia confusa. Será necessário explicar o que aconteceul Analepse: (flashback) interromper o transcorrer da narrativa para contar algo do passado. Prolepse: (flachforward) um salto para contar algo do futuro da narrativa. Descrição: O tempo fictício fica lento em relação ao real. Serve para situar o leitor no espaço. Sempre TRANSMITIR mostrando mais que dizendo. Usar se possível os 5 sentidos. Estática: o tempo fictício para ou fica extremamente lento. Não há ação, somente os detalhes que se descrever. Boa para oferecer um descanso ao leitor, após um momento de grande intensidade dramática. Dinâmica: a narração segue enquanto se descreve o entorno. Integrada: quando a descrição serve além de descrever o entorno assim como para fazer a narrativa avançar. Preferíveis a integrada e a dinâmica. Mostrar e não dizer (melhor mostrar as reações dos personagens do que usar adjetivos. Melhor dizer que tal personagem chora, do que dizer que está triste). TUDO que se escreva com estas unidades narrativas básicas, deve cumprir uma destas tarefas: -Ajudar no avanço da história e que ela seja compreendida; -Ajudar a descrever aos personagens, as relações entre eles ou os fatos ocorridos; - Ajudar o leitor a submergir no universo ficcional. Se algo foi escrito que não cumpre a uma dessas tarefas, o autor deve estudar a possibilidade de suprimir a sena, diálogo ou mesmo um personagem completo. 3
LEMBRE-SE TUDO ESTÁ A SERVIÇO DA HISTÓRIA QUE SE CONTA. TODA HISTÓRIA TEM UM MOTIVO, UM PORQUÊ. TUDO QUE SE PASSA, É PARA LEVÁ-LA A SUA ULTIMA LINHA, AO DESFECHO! Edgar Allan Poe, autor, poeta, editor e crítico literário americano, mestre do conto, dizia: A maioria dos autores, senta-se para escrever sem um objetivo fixo, confiando na inspiração do momento. Não devemos portanto, nos surpreender com o fato de que a maioria dos livros, carecem de valor. Jamais deveria a pena roçar o papel antes que pelo menos, um propósito muito bem definido tenha sido estabelecido. Depois disso é só planejar, rascunhar, até chegar onde desejamos. 4
Em busca da inspiração. Para garantir inspiração, precisamos trabalhar. Vamos escolher um tema para nosso livro, sobre o qual gostaríamos de ler, caso contrário será um trabalho maçante e acredito, que não é esse o objetivo. Ai então começamos nossa busca. Existem vários truques para encontrar inspiração: Podemos recontar uma história, de maneira diferente. Você sabia que Romeu e Julieta escrita por William Shakespeare, é baseada em Tristão e Isolda, do poeta Arthur Brooke, que por sua vez, escreveu inspirado em antigas lendas Celtas do século IX? Títulos de outros livros ou trechos das sinopses. Veja se com o enredo de um, pode escrever um livro totalmente diferente. Encontre uma nova tendência, em qualquer área do conhecimento e imagine onde vai levar. Pergunte a si mesmo: E se? E se acontecesse isso ou aquilo, se alguém lançasse uma bomba nuclear sobre Londres? E se... Encontre um assunto polêmico, crie dois personagens, um de cada lado e conte a história. Procure não ser tendencioso. Crie um personagem obsercado com alguma coisa e entre na sua cabeça. Siga os seus passos nessa obsessão. Foque numa profissão perigosa, diferente ou excitante ou tudo junto, invente umas personagens e vá em frente. Faça um pequeno brainstorm, anote tudo que vier a sua cabeça, jogue de lado e releia outro dia. Você pode se surpreender com as coisa legais que surgem. Agora, depois de começar, siga em frente e escreva, todos os dias, com disciplina. Boa sorte! 5