INDICADORES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO DOS ALUNOS NO ESNINO FUNDAMENTAL (5º. AO 9º. ANO) DE UMA ESCOLA PÚBLICA MINEIRA Priscila Moreira Corrêa; Lavine Rocha Cardoso Ferreira; Maria Isabel de Araújo e Naiara Cristina de Sá Paiva Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia Eixo Temático: Identificação, encaminhamento, diagnóstico e inclusão escolar Palavras chaves: Educação Especial. Triagem. Altas habilidades/superdotação. 1. INTRODUÇÃO De acordo com a legislação vigente, os alunos público da Educação Especial são aqueles que possuem alguma deficiência, transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação (BRASIL, 2011; 2008). A indicação das necessidades dos alunos com deficiência ou transtorno global do desenvolvimento tem ocorrido por meio de diagnósticos, observações e avaliações conjuntas entre diferentes profissionais, prática que não tem sido muito utilizada para com os alunos com altas habilidades/superdotação. De acordo com Barreto e Mettrau (2011), o processo de indicação de alunos com altas habilidades deve estar inserido no trabalho docente das escolas de ensino regular. Concorda-se com Freitas e Pérez (2012, p. 11) que: O conhecimento das potencialidades e das necessidades educacionais dos alunos com altas habilidades/supeerdotação possibilita que se possa realizar a inclusão de maneira mais eficaz para estes alunos, permitindo-lhes avançar em seus conhecimentos, estimulando as suas potencialidades. O papel do Atendimento Educacional Especializado (AEE) para esses alunos é disponibilizar programas de enriquecimento curricular, que considerem as suas necessidades específicas, suas áreas de interesse e habilidades, articulados com a proposta pedagógica do ensino regular (FREITAS; PÉREZ, 2012). Além disso é necessário destacar que a escola e o meio em que esses alunos vivenciam possuem um papel muito importante no desenvolvimento de talentos excepcionais (WINNER, 1998). Para a indicação dos alunos com Altas Habilidades/Superdotação tem sido utilizado alguns instrumentos, como os que foram elaborado por Freitas e Pérez (2012) e que objetivam
identificar quem são os alunos que se destacam no ensino regular e quais são os seus indicadores de Altas Habilidades/Superdotação. Posteriormente a essa triagem, deve ser realizada avaliação com acompanhamento, atendimento e uso de instrumentos individuais para confirmar a presença ou ausência desses indicadores, bem com a sua intensidade e frequência. 2. OBJETIVO Identificar os alunos que se destavacam nas classes de 5º ao 9º ano de uma escola pública mineira e os seus indicadores de Altas Habilidades/Superdotação. 3. METODOLOGIA Esse trabalho faz parte de uma pesquisa maior que se encontra dividida em 7 (sete) fases: 1) início do atendimento (AEE) aos dois alunos cujas habilidades já haviam sido encaminhadas pela escola; 2) escolha das turmas para serem aplicados os instrumento de Freitas e Pérez (2012); 3) reunião junto à equipe da direção e professores para informação e esclarecimento sobre o que são altas habilidades e possíveis características de identificação; 4) entrega dos instrumentos utilizados para os alunos e os professores do 5º ao 9º anos; 5) análise dos resultados encontrados; 6) observação em sala de aula dos alunos indicados; 7) organização de grupos para acompanhamento e Atendimento Educacional Especializado. Nesse trabalho serão apresentados os resultados encontrados até a quinta etapa. Os instrumentos de triagem elaborados por Freitas e Perez (2012) utilizados nessa pesquisa foram: a) o LIVIAHSD (Lista de Verificação de Indicadores de Altas Habilidades Superdotação), que foi respondido pelos professores de cada disciplina de um mesmo ano de ensino; b) o LIVIAHSD-AA (Lista de Verificação de Indicadores de Altas Habilidades Superdotação - Área Artística), exclusivo para o professor de Educação Artística; c) o LIVIAHSD ACC (Lista de Verificação de Indicadores de Altas Habilidades Superdotação Area corporal), exclusivo para o professor de Educação Fisica; d) o questionário para identificação de indicadores de Altas Habilidades/ Superdotação, respondido pelos alunos de 5º ao 9º ano. De acordo com os estudos e pesquisas sobre a teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner (1995), a pessoa com Altas Habilidades/Superdotação pode mostrar uma combinação
de várias e diferentes inteligências. Assim, essa teoria foi utilizada como referência para análise dos resultados encontrados com os instrumentos utilizados. 4. RESULTADOS A quantidade de alunos que se destavacam podem ser visualizadas na Figura 1: Figura 1 Quantidade de alunos que se destavacam do 5º ao 9º ano. Nessa pesquisa foi constatado que dentre os 450 alunos matriculados do 5º ao 9º ano na escola pesquisada, 23 deles se destacavam. A turma do 6º ano A foi a sala que mais possuía alunos que se destacavam (quatro alunos) e as dos 6º anos B e C, as salas que menos possuíam alunos (um aluno em cada sala). Nas turmas do 5º B, 5º C, 8º B, 8º C e 9º A não foram identificados nenhum aluno. É necessário destacar que em cada turma pesquisada eram matriculados no máximo 30 alunos por sala e que cada ano de ensino é dividido em três turmas (A, B e C). Na Figura 2 podem ser visualizados os indicadores de Altas Habilidades/Superdotação de cada aluno que se destacava: Figura 2 Indicadores de Altas Habilidades/Superdotação dos alunos que se destavam.
Na figura 2 pode ser constatado o que a política já tem apontado, que os alunos com Altas Habilidades/Superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das áreas intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, de forma isoladas ou de forma combinadas (BRASIL, 2011; 2008). É necessário destacar que a maioria dos alunos apresentou como indicadores as inteligências lógico matemática, linguagem, interpessoal e intrapessoal. Nenhum dos 23 alunos indicados apresentaram como indicadores as inteligências musical, espacial, naturalista ou existencialista. Os alunos 8 e 13 foram os que mais apresentaram indicadores de Altas Habilidades/Superdotação relacionadas a inteligência lógico matemática, linguagem, cinestésica, interpessoal, intrapessoal e existencialista. Para atender a esse grupo de alunos indicados será necessário utilizar algumas das sugestões de estratégias para intervenção pedagógica e de Grupos de Enriquecimento do AEE no contexto da escola apontadas pela literatura: Flexibilização do processo de ensino e aprendizagem, como dos critérios e dos procedimentos pedagógicos, favorecendo a diferenciação na metodologia, e a organização de serviços educacionais suplementares. É necessário que a didática escolar priorize e favoreça mais o pensar dos seus alunos do que o reprodução de conceitos, de forma que trabalhe com acréscimo de conteúdos mais abrangentes e aprofundados; ou por meio da projetos de trabalho e de iniciação científica de acordo com os indicadores apresentados pelos alunos. Participação em cursos; atividades exploratórias; congressos; eventos científicos e parcerias com instituições de ensino superior e/ou profissionalizantes para ampliação de oportunidades de desenvolvimento e divulgação dos talentos. Avaliação constante do conhecimento do aluno (CUPERTINO, 2008; FREITAZ; PERÉZ, 2012; DEUNER, VIEIRA; 2012). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Acredita-se que o levantamento de alunos que se destacavam nas classes de 5º ano ao 9º ano e os seus indicadores de Altas Habilidades/Superdotação é de suma importância para a escola, pois através das informações obtidas os profissionais da escola terão mais clareza sobre as reais capacidades de seus alunos e com isso construir uma prática pedagógica que ofereça oportunidades para que haja sincronia entre o seu desenvolvimento cognitivo, motor,
social, emocional e acadêmico; evitando problemas futuros como evasão escolar, baixo desempenho escolar e problemas emocionais. Os resultados encontrados devem ser compreendidos como ponto de partida para outras investigações que necessitam ocorrer, como, por exemplo, avaliação dos indicadores de Altas Habilidades/Superdotação dos 23 alunos indicados. É necessário que a escola investigada invista em ações educativas de enriquecimento curricular através da promoção de projetos interdisciplinares e interinstitucionais, para que os alunos indicados nessa pesquisa possam usufruir de uma proposta inclusiva. Além disso, reforçamos a importância de ampliação da discussão do tema de Altas Habilidades/Superdotação no espaço escolar afim de que possamos dar visibilidade a um tema que ainda é pouco discutido. REFERÊNCIAS BARRETO, C. M. P.; METTRAU, M. B. Altas Habilidades: uma questão escolar. Revista Brasileira Educação Especial, Marília, v.17, n.3, p.413-426, 2011. BRASIL. Decreto Nº 7.611, de 17 de Novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília: MEC/SEESP, 2011. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. CUPERTINO, C. M. B. Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos. São Paulo: FDE, 2008. DEUNER. M.; VIEIRA, N, J, W.O. Atendimento Educacional Especializado para alunos com altas habilidades/superdotação. In: SILVA, L. C.; DECHICHI, C.; SOUZA, V. A. (Orgs). Algumas reflexões considerando a perspectiva da educação inclusiva. Inclusão educacional, do discurso á realidade: construções e potencialidades nos diferentes contextos educacionais. Uberlândia: EDUFU, 2012. FREITAS, S. N.; PÉREZ, S. G. P. B. Altas habilidades/superdotação: atendimento especializado. Marília: ABPEE, 2012. GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995. WINNER, E. Crianças superdotadas: mitos e realidades. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.