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Transcrição:

Períodos do treinamento esportivo: uma análise sobre o voleibol brasileiro masculino de alto nível durante o Mundial e a Olimpíada, 1956 a 2010 Los períodos de entrenamiento deportivo: un análisis sobre el voleibol masculino de alto rendimiento durante el Mundial y la Olimpíada, 1956-2010 Periods of the sporting training: an analysis about the Brazilian male volleyball of high level during the World and the Olympiad, 1956 to 2010 *Mestre em Ciência da Motricidade Humana (CMH) pela UCB do RJ Nelson Kautzner Marques Junior* **In memoriam 29/05/1939* a 19/12/2008 Mestrado em CMH da UCB do RJ Doutor em Educação Física pela Universidade Livre de Bruxelas Presidente Mundial da FIEP Manoel José Gomes Tubino** nk-junior@uol.com.br (Brasil) Resumo O objetivo do estudo foi de analisar o desempenho do voleibol brasileiro masculino em três períodos do treinamento esportivo (científico, tecnológico e marketing) durante o Mundial e a Olimpíada. A amostra foi identificada no site da CBV. A Anova de Kruskal-Wallis detectou diferença significativa (p 0,05) entre os períodos do treinamento esportivo durante a Olimpíada, H (2) = - 11,94. O teste Mann-Whitney identificou diferença significativa (p 0,05) entre o período tecnológico versus o período científico, U = 0,98. O teste Mann-Whitney identificou diferença significativa (p 0,05) entre o período de marketing versus o período científico, U = 0,99. Em conclusão, o estudo dos períodos do treinamento esportivo no voleibol masculino é importante para o leitor entender a evolução dessa modalidade no Brasil. Unitermos: Voleibol. História. Esporte. Abstract The objective of the study to was of analysis the performance of the Brazilian male volleyball in different periods of the sport training (scientific, technology and marketing) during the World and the Olympiad. Kruskal-Wallis Test determined significant difference (p 0,05) between the periods of the sporting training during the Olympiad, H (2) = - 11,94. Mann-Whitney test determined significant difference (p 0,05) between the technology period versus scientific period, U = 0,98. Mann-Whitney test determined significant difference (p 0,05) between the marketing period versus scientific period, U = 0,99. In conclusion, the study of the periods of the sport training in male volleyball is important for the student understand the evolution of the volleyball in Brazil. Keywords: Volleyball. History. Sport. Artigo desenvolvido com o Prof. Tubino no Mestrado da UCB na disciplina Esporte no Brasil em junho de 2008. Atualizado em janeiro de 2012 pelo 1º autor. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 165, Febrero de 2012. http://www.efdeportes.com/ 1 / 1 Introdução A evolução do treinamento esportivo é dividida em 5 períodos¹. Dantas 2 acrescenta mais 2 períodos, o tecnológico e o de marketing. O período científico (1948 a 1972), o período tecnológico (1973 a 1992) e o período de marketing (1993 a 2010) aconteceram os Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos do voleibol masculino de alto nível³. Portanto, são os momentos históricos de estudo dessa investigação.

O período científico foi onde ocorreu um significativo avanço da metodologia de treino, da tecnologia e da bioquímica e fisiologia do exercício. Podendo ser observada uma maior quebra dos recordes, passou-se a ser prescrita a preparação física nos esportes coletivos, o uso da periodização tornou-se obrigatório na estruturação do treino 4. O período tecnológico a metodologia de treino melhorou ainda mais, como também a tecnologia esportiva, sapatos, roupas, laboratórios se tornaram mais sofisticados. O período de marketing foi onde a divulgação das marcas esportivas mais cresceu, acarretando num aumento dos meetings e de disputas ao longo do ano com o intuito de promover o atleta e seus patrocinadores 3. Melo 5 informou que o conhecimento sobre os fatos históricos de um esporte serve para o professor entender o momento atual daquela modalidade. Por exemplo, permite ao leitor compreender porque determinados meios e métodos de treino do voleibol eram utilizados nos anos 80 e se tornaram ultrapassados a partir do ano 2000. O voleibol masculino brasileiro de 48 a 72 (momento do período científico) não tinha resultados expressivos, a melhor colocação foi um 5º lugar no Mundial de 60. Uma das causas dos resultados inexpressivos foram o pouco intercâmbio que a seleção masculina tinha com as principais escolas (socialista e asiática) 6 e o baixo conhecimento científico da Educação Física brasileira, a maioria dos Doutores do Brasil foi formada nos anos 80 7. Os primeiros resultados expressivos do voleibol brasileiro masculino começaram aparecer nos anos 80 (época do período tecnológico), como o vice-campeonato Mundial em 82 e a conquista da medalha de prata na Olimpíada de 84 8. O período de marketing (1993 a 2010) foi onde as seleções brasileiras masculinas obtiveram mais vitórias, inclusive sagrando-se campeã olímpica em 2004 e tricampeã Mundial em 2002, 2006 e 2010. Entretanto, baseado em qual parâmetro pode-se afirmar com exatidão que um dos três períodos do treinamento esportivo aplicados ao voleibol foi superior do que o outro? Consultando as referências dessa modalidade 9-11, não foi encontrado nenhum estudo sobre esse tema. Logo, torna-se uma pesquisa importante para esse esporte. O objetivo do estudo foi de analisar o desempenho do voleibol brasileiro masculino em três períodos do treinamento esportivo (científico, tecnológico e marketing) durante o Mundial e a Olimpíada. Método Amostra A amostra do estudo foi coletada no site da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Foram identificadas as colocações da seleção brasileira masculina de voleibol no Campeonato Mundial e nos Jogos Olímpicos. Após esse procedimento, foi consultada no site da CBV a

pontuação que a Federação Internacional de Voleibol estabelece conforme a colocação do país no Mundial e na Olimpíada. Em seguida, foi ordenada a colocação com a respectiva pontuação de acordo com o período científico (48 a 72), o período tecnológico (73 a 92) e o período de marketing (93 a 10). Esta investigação foi centrada no Mundial e na Olimpíada porque são os dois campeonatos mais importantes dessa modalidade. A tabela 1 mostra a colocação e a pontuação do voleibol masculino conforme a disputa: Tabela 1. Desempenho do voleibol masculino ao longo dos períodos. Tratamento estatístico Os resultados foram apresentados pela média e desvio padrão. Foi verificada a normalidade dos dados pelo teste de Shapiro-Wilk, sendo identificada uma distribuição não normal. Então, a estatística não paramétrica que calculou a diferença dos pontos dos períodos do treinamento esportivo, sendo através do teste H da Anova de Kruskal-Wallis. Quando necessário, o teste U de Mann-Whitney foi utilizado como post hoc e também foi calculado o tamanho do efeito. Todos os resultados foram aceitos com o nível de significância de p 0,05. Os dados desse estudo foram calculados conforme os ensinamentos de Marques Junior 12. Resultados e discussão A tabela 2 expõe a estatística descritiva da pontuação dos períodos do treinamento esportivo referente ao Campeonato Mundial e aos Jogos Olímpicos.

Tabela 2. Média e desvio padrão dos pontos dos períodos no Mundial e na Olimpíada. A Anova de Kruskal-Wallis não detectou diferença significativa (p>0,05) entre os períodos do treinamento esportivo durante o desempenho do voleibol brasileiro masculino no Campeonato Mundial, H (2) = - 0,55. A Anova de Kruskal-Wallis detectou diferença significativa (p 0,05) entre os períodos do treinamento esportivo durante o desempenho do voleibol brasileiro masculino nas Olimpíadas, H (2) = - 11,94. O teste Mann-Whitney identificou diferença significativa (p 0,05) entre o período tecnológico versus o período científico na Olimpíada, U = 0,98, tamanho do efeito = 1,94 grande. O teste Mann-Whitney identificou diferença significativa (p 0,05) entre o período de marketing versus o período científico na Olimpíada, U = 0,99, tamanho do efeito = 1,95 grande. A figura 1 ilustra esse ocorrido. Figura 1. Média e desvio padrão dos pontos dos períodos do treino esportivo na Olimpíada A pontuação do período tecnológico e do período de marketing foi superior ao do período científico (48 a 72) na Olimpíada porque o treino do voleibol brasileiro evoluiu muito durante essas épocas.

Talvez, o melhor desempenho do período tecnológico (73 a 92) e do período de marketing (93 a 10) esteja relacionado com o aumento da estatura dos jogadores brasileiros 13, um maior conhecimento dos preparadores físicos sobre os esforços do voleibol 14 podendo identificar a carga do treino físico 15 e da sessão técnica e/ou situacional 16 conforme a quantidade de fundamentos. Portanto, as sessões se tornaram mais específicas no alto rendimento, o atleta só treina a função que vai exercer dentro da quadra. Outro quesito que teve significativo avanço foram os instrumentos sobre análise do jogo do oponente e da sua equipe. Atualmente é conclusivo na literatura do voleibol e utilizado pelo selecionado brasileiro o ataque de bolas de velocidade com o intuito de dificultar as ações do bloqueio e da defesa 17. O saque também é um fundamento que as seleções brasileiras dão muito atenção 18, uma das causas foi demonstrado em pesquisa que o saque forçado gera um ataque mais fácil para o bloqueio porque a armação ofensiva torna-se mais previsível ou acontece um ponto 19. A periodização também contribuiu para a alta performance do voleibol do Brasil no período tecnológico e no período de marketing porque atualmente os técnicos utilizam vários modelos de periodização 20-22, evitando a estagnação do atleta em termos físicos 23 e técnico e tático. Antigamente, até a década de 80, era mais comum a prescrição da periodização de Matveev 24,25, da iniciação ao alto rendimento, podendo comprometer a performance dos voleibolistas. Isso começou a mudar a partir dos anos 90, quando Oliveira 26 mostrou o incremento da força em jovens voleibolistas através da periodização em bloco. O período científico (48 a 72) o voleibol brasileiro obteve a pior média da pontuação na Olimpíada e no Mundial. A causa exata sobre esse fenômeno não pode ser determinada, mas consultando as referências dessa modalidade pode-se evidenciar alguns aspectos. O voleibol de alto rendimento jogado no Brasil era muito atrasado em relação às principais escolas desse esporte, por exemplo, de acordo com Rizola Neto 6, um dia antes do Mundial de 62, a seleção brasileira masculina conheceu a manchete, num amistoso contra a Finlândia. O conhecimento científico dos treinadores, a maneira de estruturar e prescrever o treino, a altura dos atletas, a elaboração da periodização (muitas vezes não era realizada) e outros, eram muitos rudimentares. Inclusive os jogadores não faziam treino físico, toda a sessão era baseada no treino técnico e tático 27. O período tecnológico (73 a 92) foi um momento histórico para o voleibol masculino do Brasil porque ele obteve a sua primeira medalha em Mundial e as primeiras conquistas em Olimpíada (vice-campeão no mundial de 82, prata na olimpíada de 84 e ouro na olimpíada de 92). Uma das causas da evolução do voleibol brasileiro foi a elaboração de um plano de expectativa a partir de 1978, com o intuito das seleções atingirem resultados expressivos nos mundiais e nas

olimpíadas 2. Consultando Guimarães e Matta 28, não foi apenas o plano expectativa o responsável pelos primeiro pódios do voleibol masculino, no fim dos anos 70 o voleibol brasileiro começou a praticar preparação física, também o conhecimento científico dos treinadores sobre fisiologia, biomecânica e treinamento melhorou muito. Na prescrição do treino físico já era sabido que o voleibol era um esporte intermitente, acíclico e o metabolismo energético predominante no rali era a ATP-CP 29, facilitando os treinadores em estruturar o treino cardiorrespiratório através do treino intervalado ou pelo fartlek. Porém, como nessa época, principalmente nos anos 70 e 80, era muito utilizado o modelo de Matveev 30, as sessões físicas davam muita atenção ao treino aeróbio no início da temporada. Contudo, alguns treinadores não conseguiram interpretar sobre os estudos de esforços, por exemplo, um jogador de voleibol percorre 5 km numa partida, então o preparador físico acabava prescrevendo 5 km de corrida contínua. A seleção masculina que foi medalha de prata na Olimpíada de 84 praticou treino de corrida contínua 25. O ideal para a sessão dos voleibolistas é o fartlek porque esses 5 km consistem em deslocamentos velozes para efetuar os saltos, corrida para trás, deslocamento lateral e outras ações. Portanto, a ênfase do treino físico durante o período tecnológico (73 a 92) era o trabalho aeróbio, mas no estudo de McGown et alii 31 foi evidenciado que um atleta de voleibol não necessita de excelente VO2máx porque ele consegue jogar com qualidade se a potência aeróbia máxima for mediana, o mais importante do treino físico é o trabalho de força rápida na musculação e força reativa no salto em profundidade. Esses dados para época eram muito novos, levando alguns treinadores a não concordar. Atualmente sabe-se que o treino de força é fundamental para o voleibolista porque otimiza os componentes neuromusculares e causa um incremento no VO2máx 22,32. Durante o período tecnológico a estatura do selecionado brasileiro, principalmente do masculino nos anos 80, aumentou 33, talvez esse ocorrido tenha proporcionado uma melhora no bloqueio e na cortada. Em relação ao aspecto técnico e tático do voleibol masculino nos anos 80, a seleção jogava com uma alta variação ofensiva e com muitas bolas de velocidade porque era o único meio de compensar a baixa estatura, quando comparada com a União Soviética e os Estados Unidos 34. Também foi o momento que foi difundido o saque em suspensão (denominado de Viagem ao Fundo do Mar) e o saque por baixo com elevada trajetória da bola (Jornada nas Estrelas) (Obs.: Existem informações na literatura do voleibol, que nos anos 50 e 60, ambos os tipos de saque já eram praticados.). O ponto fraco dessa geração era o bloqueio, provavelmente por causa da estatura inferior as principais escolas.

Conclusão O período tecnológico (73 a 92) e o período de marketing (93 a 10) obtiveram mais pontos do que o período científico (48 a 72), talvez uma das causas dessa evolução do voleibol brasileiro foi o maior conhecimento científico dos treinadores e a partir de 93 essa modalidade se tornou mais tradicional no país, contribuindo com uma massificação ainda maior desse esporte. Em conclusão, o estudo dos períodos do treinamento esportivo no voleibol masculino é importante para o leitor entender a evolução dessa modalidade no Brasil. Referências 1. Tubino M, Moreira S (2003). Metodologia científica do treinamento desportivo. 13ª ed. Rio de Janeiro: Shape. 2. Dantas E (1995). A prática da preparação física. 3ª ed. Rio de Janeiro: Shape. 3. Almeida H, Almeida D, Gomes A (2000). Uma ótica evolutiva do treinamento desportivo através da história. Rev Trein Desp 5(1):. 40-52, 2000. 4. Tubino M (1993). Metodologia científica do treinamento desportivo. 11ª ed. São Paulo: Ibrasa. 5. Melo V (2006). História da educação física e do esporte no Brasil. 3ª ed. São Paulo: Ibrasa. 6. Rizola Neto A (2003). Uma proposta de preparação para equipes jovens de voleibol feminino. 114 f. Dissertação, UNICAMP, Campinas. 7. Barbanti V, Tricoli V, Ugrinowitsch C (2004). Relevância do conhecimento físico na prática do treinamento físico. Rev Paul Educ Fís 18 (nº esp.): 101-9. 8. Zary J, Fernandes Filho J (2007). Identificação do perfil dermatoglífico e somatotípico dos atletas de voleibol masculino adulto, juvenil e infanto-juvenil, de alto rendimento no Brasil. Rev Bras Ciên Mov 15(1):53-60. 9. Cabral B et alii (2011). Efeito discriminante da morfologia e alcance de ataque no nível de desempenho em voleibolista. Rev Bras Cineantopom Desempenho Hum 13(3):223-9. 10. Neves T et al (2011). Comparison of the traditional, swing, and chicken wing volleyball blocking techniques in NCAA division I female athletes. J Sports Sci Med 10(3):452-7. 11. Almeida R et alii (2010). Descrição qualitativa da técnica de deslocamento do jogador de meio de rede no voleibol em situação de contra-ataque. Rev Mackenzie Educ Fís Esp 9(2):21-39. 12. Marques Junior N (2012). Estatística aplicada ao esporte e a atividade física. Rio de Janeiro: s.ed. 13. Arruda M, Hespanhol (2008). Fisiologia do voleibol. São Paulo: Manole, 2008.

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