CARTÃO DA GESTANTE: um elo fundamental PREGNANT CARD: a fundamental elo Kívia Costa SALES 1 ; Priscilla Alekianne Soares do Nascimento SEMENTE 2, Eliana Regina Lima FERNANDES 3. 1-Especialização em Auditoria em Sistemas de Saúde/UnP; 2-Especialista em Auditoria em Sistemas de Saúde; 3-Auditoria em Sistemas de Saúde. Resumo: As necessidades de prevenção e promoção se tornam peças fundamentais para a construção da saúde. O pré-natal se torna relevante por se tratar de um cuidar que envolve principalmente o binômio mãe-filho. No período gravídico a mulher deverá ser orientada além de guiada, acolhida e examinada durante todo ciclo gestatório. O interesse pela temática surgiu por considerar a gestação como uma etapa de extrema importância para duas vidas - Mãe e concepto e mediante vivências profissionais se percebe que geralmente as gestantes não conhecem de fato a importância do uso do cartão da gestante. Enfatiza-se ainda a ausência de alguns registros necessários e obrigatórios que deveriam estar descritos pelos profissionais de saúde no cartão da gestante no decorrer das consultas do pré-natal. Palavras-chave: Cartão da gestante, Pré-natal, Qualidade em saúde Abstract: Prevention needs and promotion become cornerstones for building health. Prenatal care is relevant because it is a caring primarily involving the mother-child dyad. During pregnancy a woman should be guided plus guided, accepted and examined throughout obstetrical cycle. The interest in the subject arose by considering pregnancy as a very important step for two lives - Mother and fetus through professional experiences and realizes that pregnant women usually do not actually know the importance of using the pregnancy card. It also emphasizes the absence of some necessary records and required that they should be described by health professionals in the pregnancy card in the consultations of prenatal care. Keywords: Card Pregnant, Prenatal, Health Quality 1. INTRODUÇÃO Com o crescimento da população e as necessidades de promoção e prevenção a saúde cada vez mais presente, o Sistema Único de Saúde passou a adotar diretrizes para qualidade do atendimento além de medidas que visem otimizar a gestão. O principal objetivo dos serviços de atenção à saúde é o de atender com a melhor qualidade possível, ou seja, com efetividade, eficiência, equidade, aceitabilidade, acessibilidade e adequabilidade (BERTI, 2005). Entende-se que o início do ciclo de vida, 8
se principia na gestação, e é a partir desse momento que o cuidado em saúde se intensifica, não apenas com o feto, mas também com a mulher que o carrega. A gravidez é um momento importante e complexo vivenciado de forma distinta por cada mulher, se compreende que é de extrema importância a interação dessa gestante com o seu companheiro, com a família e que seja acompanhada integralmente pelos serviços de saúde, não apenas nesse período gravídico, mas como todos os ciclos de vida. O acompanhamento na consulta de pré-natal tem impacto diretamente na redução da mortalidade materna e perinatal, sendo fundamental para a saúde de ambos. O objetivo principal do pré-natal é acolher a mulher do inicio da gestação, assegurando a esta, um parto saudável e garantindo o bem estar materno-infantil (BRASIL, 2005). Dado início ao acompanhamento gestacional, na primeira consulta deverão ser preenchidos todas as fichas referentes ao atendimento: SISPRENATAL, Ficha B-GES do SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica), prontuário com correta evolução seja ela médica ou de enfermagem além do cartão da gestante que deverá ser completamente preenchido desde os dados socioeconômicos da gestante como: antecedentes pessoais, familiares, obstétricos, exames e gestação atual (BRASIL, 1998). Nessa linha e pensamento Costa, (2012) refere que a gestante deverá ser orientada além de guiada, acolhida e examinada durante todo período gravídico. Considerando a gestação como uma etapa de extrema importância para duas vidas - Mãe e concepto, percebe-se que geralmente há ausência de alguns registros necessários e obrigatórios que deveriam ser registrados pelos profissionais no cartão da gestante no decorrer do pré-natal objetivando subsidiar informações pertinentes a gestantes durante o ciclo gravídico e puerperal. É importante destacar que a assistência do pré-natal deve ser realizada de forma sistematizada, registrando no prontuário, no cartão da gestante e na ficha de pré-natal e deve estar associada à atenção à saúde da mulher, com ênfase no principio da integralidade tendo inicio no pré-natal até o nascimento e puerpério (NETO et al, 2012). Mediante esse contexto ressalta-se que o trabalho é relevante para as mulheres em idade fértil, usuárias do SUS, uma vez que propiciará conhecimento as gestantes quanto à importância do preenchimento correto dos dados clínicos e obstétricos no cartão da gestante pelos profissionais de saúde, objetivando o seu acompanhamento durante as 9
consultas de pré- natal e parto como forma de melhorar a assistência, tornando o atendimento mais humanescente. As informações armazenadas facilitarão esse atendimento uma vez que servirão como um elo entre os profissionais que realizarão a assistência de pré-natal, assim como aqueles que efetuarão os procedimentos para o parto na maternidade a qual esta seja acolhida no momento de parir, já que no cartão da gestante deverá está anotado todo estado de saúde da mulher, desde a concepção. A pesquisa teve como objetivo geral demonstrar a importância do cartão da gestante. objetivo específico averiguar a legislação vigente sobre o cartão da gestante; orientar os profissionais de saúde para necessidade do registro correto no cartão da gestante. 2. MATERIAL E MÉTODOS A coleta de dados imformativos se deu através de revisão bibliográfica, realizada a partir de 32 artigos para a construção do trabalho. Esses artigos foram publicados em endereços eletrônicos, com datas de publicações entre 1986 à 2013, sendo encontrados na Biblioteca Virtual de Saúde ( BVS), nos bancos de dados do Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e no Literatura Científica e Técnica da América Latina e Caribe, (LILACS), pesquisados entre dezembro de 2012 à junho de 2013. Nas buscas foram utlizadas as palavras-chave: Gestante, cartão da gestante, assistência de pré-natal. JUSTIFICA-SE a relevância do estudo, pois os resultados servirão para alertar as mulheres em idade fértil quanto à importância de ter consigo o cartão da gestante, além de nortear os profissionais de saúde quanto ao correto preenchimento dos dados clínicos e obstétricos que fornecerá segurança no acompanhamento pré-natal e subsidiará elementos informativos e necessários no momento de parir, como também despertar junto aos profissionais que as informações armazenadas servirão como elo entre os profissionais que realizaram o pré-natal e para os profissionais que realizarão os procedimentos do parto, pois os dados registrados fornecerão subsídios que facilitarão a condução de procedimentos seguros no momento de atenção ao parto e nascimento. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 10
O principal objetivo dos serviços de atenção à saúde é o de atender com a melhor qualidade possível, ou seja, com efetividade, eficiência, equidade, aceitabilidade, acessibilidade e adequabilidade (BERTI, 2005). Entende-se que o início do ciclo de vida, se principia na gestação, e é a partir desse momento que o cuidado em saúde se intensifica, não apenas com o feto, mas também com a mulher que o carrega. A gravidez é um momento importante e complexo vivenciado de forma distinta por cada mulher, se compreende que é de extrema importância a interação dessa gestante com o seu companheiro, com a família e que seja acompanhada integralmente pelos serviços de saúde, não apenas nesse período gravídico, mas como todos os ciclos de vida. O acompanhamento na consulta de pré-natal tem impacto diretamente na redução da mortalidade materna e perinatal, sendo fundamental para a saúde de ambos. Todas as leis que orientam os direitos das gestantes são consolidadas na Portaria 1.459, de 24 de Junho de 2011 que institui no âmbito do SUS a Rede Cegonha: A Rede Cegonha foi lançada em março de 2011 pelo Governo Federal, e é um programa que visa garantir o atendimento de qualidade a todas as brasileiras pelo SUS, desde a confirmação da gestação até os dois primeiros anos de vida do bebê. De acordo com as diretrizes do programa deve ser assegurado às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada durante a gravidez, o parto e o pós-parto, e às crianças o direito ao nascimento seguro, crescimento e desenvolvimento saudáveis (BRASIL, 2011). O objetivo dessa rede é implantar um novo modelo na atenção à saúde da mulher e da criança um parto e um nascimento com acesso a acolhimento; resolutividade e redução nos índices de mortalidade materna e infantil, com ênfase no neonato (BRASIL, 2011). A implantação desse componente da Rede Cegonha enquadra diversas ações que não foram incorporadas pelos outros programas, como a suficiência de leitos obstétricos e neonatais em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e Método Canguru, programa voltado para a humanização na assistência a recém-nascidos de baixo peso, respeitadas as necessidades regionais, ambiência das maternidades orientadas pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 36/2008 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A rede cegonha vem com vários componentes para beneficiar a mulher em todo 11
seu ciclo gravídico garantindo acolhimento com classificação de risco, ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal. O foco do programa é garantir consultas com boa quantidade e eficácia; ampliação de exames para essa gestante e gerando retorno em tempo hábil; estimulando a visita ao local do parto. Um ponto primordial é garantia da vinculação da gestante à unidade de referência garantindo assim, boas práticas e segurança na atenção ao parto e nascimento, gerando qualidade e resolutividade para as usuárias do SUS. Outro fator que merece destaque é garantia de direitos sexuais e reprodutivos com implementação de programas educativos relacionados à saúde sexual e reprodutiva; promoção, prevenção e tratamento das DST/AIDS; orientação e oferta de métodos contraceptivos (PORTARIA nº 1.459, 2011). O Ministério da Saúde regulamentou no ano 2000 as atividades primordiais que devem ser preconizadas dentre as consultas e o acompanhamento do pré-natal, a ser oferecido em todo Território Nacional, visando manter a integridade das condições de saúde materno e neonatal, dentro da assistência do pré-natal e para isto, devem-se realizar as primeiras consultas o mais precoce possível, antes da décima segunda semana de gestação, tendo um intervalo de 04 semanas entre as consultas até trinta e seis semanas e intervalos menores de 15 dias, após essa data chegando até o parto, com o objetivo de prevenir e identificar qualquer intercorrência clínica, cirúrgica ou até mesmo obstétrica, que possam ocasionar agravos a gestante ou ao feto (BRASIL, 2007). Uma das condições para se considerar organizado um serviço é a existência de registros da assistência que está sendo oferecida, portanto a documentação médica é um fator de qualidade (BRASIL, 1998). É importante destacar que a assistência do pré-natal deve ser realizada de forma sistematizada, registrando no prontuário, no cartão da gestante e na ficha de pré-natal e deve estar associada à atenção à saúde da mulher, com ênfase no principio da integralidade tendo inicio no pré-natal até o nascimento e puerpério (NETO, 2012). Logo na primeira consulta, deverão ser solicitados os exames habituais normatizados pelo MS: ABO Rh, Hb/Ht, Glicemia de jejum, um exame na primeira consulta e outro próximo à trigésima semana da gestação, Sorologia para sífilis (VDRL), um exame na primeira consulta e outro próximo à trigésima semana da gestação, Urina tipo 01, um exame na primeira consulta e outro próximo à trigésima semana da gestação, 12
Anti-HIV, HbsAg com um exame de preferência próximo à trigésima semana da gestação, Toxoplasmose, Combs. Indireto, e algum outro exame que se julgar necessário. Dado início ao acompanhamento gestacional, na primeira consulta deverão ser preenchidos todas as fichas referentes ao atendimento: SISPRENATAL, Ficha B-GES do SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica), prontuário com correta evolução seja ela médica ou de enfermagem além do cartão da gestante que deverá ser completamente preenchido desde os dados socioeconômicos das gestantes, antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos, obstétricos, exames e queixas atuais (BRASIL, 1998). A Rede Cegonha (2011) em seu anexo III garante as UBS os testes rápidos de sífilis, HIV e a cultura de bactérias para identificação (urina), garantindo a realização dos exames de pré-natal em tempo oportuno. Além de ser calculada a Data Provável do Parto (DPP), Dia da última Menstruação (DUM), verificado Altura Uterina (AU), bem como peso, altura, pressão arterial, e em consultas subseqüentes a presença de Batimentos Cardio- Fetais (BCF) e o registro dos Movimentos Fetais Mobilograma, além da prescrição do sulfato ferro profilático partir da 20ª semana de gestação (300 mg, 1 dg/dia) (SOUZA, 2004). A situação vacinal também deverá ser avaliada, e em caso de necessidade, iniciar o esquema imediatamente para profilaxia do tétano neonatal. O tétano neonatal é uma doença que pode acometer o recém-nascido entre dois a 28 dias de vida, decorrente do contágio por mães não imunizadas, cuja porta de entrada da contaminação pode ser durante o parto (por ocasião da secção do cordão umbilical com instrumentos inadequados e contaminados) ou após o parto (pelo uso de substâncias contaminadas no coto umbilical). As condições de anaerobiose (necrose do coto, corpo estranho, infecção secundária) fazem com que o bacilo do C. tetani produza as toxinas e cause a sintomatologia da doença (FISCHMANN, 2000). O Cartão da Gestante foi criado no Brasil no ano de 1988, com o objetivo de armazenar as informações relacionadas às gestantes, facilitando assim um elo entre os profissionais que realizavam a assistência pré-natal e os que realizavam o parto nas maternidades. Seu uso hoje se popularizou de maneira indispensável nos serviços de saúde pública, funcionando como um mecanismo de comunicação entre os diferentes níveis de atenção. 13
Por isso, se recomenda que nele deva conter o máximo de informações possíveis sobre o período gravídico atual como os anteriores. A ausência de informações sobre a saúde materno-infantil nos cartões pode expressar diretamente a qualidade dos serviços de assistência de pré-natal e limitar a produção de dados para gerar informações fundamentais a organização e ao planejamento dos serviços de pré-natais (BRANCO 2001). O Cartão da Gestante contribui para que: Os dados fundamentais relativos ao controle pré-natal, ao serem registrados sistematicamente em cada consulta, cheguem às mãos de quem atende posteriormente a gestante seja em nível de outro serviço ambulatorial, seja no nível de hospitalização. Os dados mais relevantes da hospitalização durante a gestação, partos e pós-parto cheguem ao conhecimento de quem tem ao seu encargo o controle do puerpério (BRASIL, 1998). 5. CONCLUSÕES A ausência de registro não significa exatamente a ausência de realização de procedimentos pré-natais, embora o seu registro permita inferir diretamente sobre a qualidade da assistência prestada nos serviços de saúde. As anotações das consultas no cartão revelam o acesso a assistência de pré-natal entendido como a entrada das usuárias nos serviços de saúde e a continuidade do cuidado, tornando a assistência ao parto completa, trazendo o histórico gestacional, facilitando a tomada de decisões, como em situações de eclampsia, transfusões, dentre outros. No que se refere ao processo de assistência que possui um arcabouço tecnológico bem definido não se pode pensar apenas que a passagem burocrática pelos serviços de saúde promove qualidade da atenção. No entanto as avaliações sobre o preenchimento dos cartões de pré-natal podem desvendar se as gestantes estão sendo atendidas conforme os aspectos preconizados pelo Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN) que se traduzem em quantidades de consultas, exames clínicos, físicos e laboratoriais, além da administração medicamentosa. 6. REFERÊNCIAS BERTI, H. W. Almeida ES. Percepção dos gestores municipais de saúde sobre qualidade da assistência e controle social. Revista Nursing. v.88, n. 8, p. 425-31, 2005 14
BRANCO, M. A. F. Informação em saúde como elemento estratégico para a gestão. In: Ministério da Saúde, organizador. Gestão municipal de saúde: textos básicos. Brasília: Ministério da Saúde, p. 163-9, 2001. BRASIL, MINISTERIO DA SAÚDE. Assistência pré-natal: normas e manuais técnicos / equipe de colaboração: Martha Ligia Fajardo... [et al.]. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada manual técnico/ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas Brasília: Ministério da Saúde, 2005. FONSECA, A. S, YAMANAKA, N. M. A.; BARISON, T. H. A. S.; LUZ, S. F. Auditoria e o uso de indicadores assistenciais: uma relação mais que necessária para a gestão assistencial na atividade hospitalar. Revista O Mundo da Saúde, v. 29, n. 2, p.161-8, 2005. FREITAS, F. et al. Rotinas em obstetrícias. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gabinete do Ministro. Portaria n.º 4.279, de 30 de dezembro de 2010. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gabinete do Ministro. Portaria n.º 68, de 11 de janeiro de 2011. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Gabinete do Ministro. Portaria n.º 77, de 12 de janeiro de 2012. NETO, E. T. S. et al. O que os cartões de pré-natal das gestantes revelam sobre a assistência nos serviços do SUS da Região Metropolitana da Grande Vitória, Espírito Santo, Brasil? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 28, n. 9, p.1650-1662, set., 2012. REIS, E. J. F. B. et al. Avaliação da qualidade dos serviços de saúde: notas bibliográficas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 6, n. 1, Mar. 1990. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-311x1990000100006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 31 Jan. 2013. UNICEF, Fundo das Nações Unidas para a Infância. Guia dos Direitos da Gestante e do Bebê. [ilustrações de Ziraldo]. - São Paulo: Globo, 2011. 15