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Transcrição:

Alterações morfológicas no dano celular reversível e irreversível MORTE CELULAR Juliana Vasconcelos microvilosidades perda de mv, blebs Membrana, picnose, mitocôndria Túbulo proximal (rim) Lesão celular irreversível: dinâmica Lesão celular irreversível: dinâmica Estágio 1: dilatação RER e discreta condensação cromatina nuclear, separação de alguns ribossomos do RER, edema celular (água no citoplasma) Estágio 4: degradação por autólise e desnaturação protéica (irregularidades grosseiras na membrana), lisossomas primários aumentados e inúmeros lisossomas secundários Estágio 2: condensação mitocôndrias, aumento edema celular, tumefações bolhosas irregulares ao longo da membrana celular Estágio 5: desaparecimento dos lisossomas primários e secundários, soluções de continuidade da membrana celular Estágio 3: Ponto de morte celular sem retorno fase de necrose. Mitocôndriqas marcadamente inchadas, aumento da dispersão dos ribossomos e do edema celular Estágio 6: estrutura normal da célula está irreconhecível - restos de membrana (fragmentação e distorção das organelas), sombras das estruturas celulares. Necrose Alterações morfológicas que seguem à morte celular Necrose pode atingir células isoladas, áreas de um tecido ou órgãos inteiros TECIDO NECRÓTICO = TECIDO MORTO A necrose celular pode ocorrer em consequência da atuação de enzimas: - da própria célula autólise - de macrófagos e leucócitos heterólise Características de uma célula necrótica em microscopia ótica PICNOSE NUCLEAR EOSINOFILIA DO CITOPLASMA Picnose: retração e adensamento do núcleo, com perda da individualidade dos grânulos de cromatina Cariorrexe: fragmentação do núcleo picnótico Cariólise: coloração nuclear pálida e fraca Eosinofilia: o citoplasma perde a leve basofilia que lhe é característica, passando a cor-de-rosa forte (digestão do RNA do citoplasma) 1

Padrões morfológicos Coagulação Liquefação Caseosa Gordurosa Gomosa Hemorrágica Fibrinóide Gangrenosa Necrose de coagulação Tipo mais comum de necrose Caracteriza-se pela permanência das células necróticas no tecido como restos fantasmas Causa mais frequente : isquemia. Ex- infarto do miocárdio, do rim, do baço Macroscopia: aspecto firme e pálido (ausência de circulação), Microscopia: perda da nitidez dos elementos nucleares - Acidofilia citoplasmática (ausência RNA) - Picnose cariorrexe cariólise Necrose isquêmica do miocárdio Necrose liquefativa Comum após anóxia no tecido nervoso, na supra-renal e na mucosa gástrica A liquefação é causada pela liberação de grande quantidade de enzimas lisossômicas Fibra eosinofílica e anucleada Observada também nas infecções por bactérias piogênicas (formação de pus) Abcesso: restrito a um ponto do órgão Flegmão: difuso, sem limites definidos Empiema: preenche uma cavidade pré-formada (Ex. torácica) Macroscopia: área necrótica de consistência mole, semifluida ou mesmo liquefeita Necrose coagulativa e liquefativa Necrose caseosa Causa mais comum: tuberculose Massa amorfa, sem brilho, consistência pastosa, friável e seca Macroscopia: área necrótica fica com aspecto de queijo fresco Microscopia: abcesso É designada de abcesso a acumulação de pus num tecido localizado, formando uma cavidade delimitada por uma membrana de tecido inflamatório cuja parede interior (membrana piogénica) exsuda o líquido purulento que a enche, em virtude da desintegração e morte (necrose) do tecido original Massa eosinofílica com muitos restos nucleares fragmentados (aparência suja ), perda dos contornos celulares. Aglomerado de material granular amorfo. Em casos característicos: circunscrita por células epitelióides, células gigantes, linfócitos e macrófagos comuns. 2

Necrose caseosa Necrose gordurosa Necrose enzimática do tecido adiposo Mais comum na pele (hipoderme) e mama Causas: lesões traumáticas, isquêmicas ou químicas Ex: Pancreatite aguda lipases pancreáticas Aspectos macro e microscópicos: Tuberculose Pingos de vela ou depósitos de giz branco sobre o tecido adiposo. Depósitos amorfos, esbranquiçados de consistência dura e basofílico por HE Contorno impreciso do adipócito podendo ser margeado por uma zona de inflamação Necrose gordurosa Necrose gomosa Observada na sífilis tardia ou terciária e na sífilis congênita (goma sifilítica) Área necrótica compacta, uniforme e elástica, como uma goma (borracha) Necrose hemorrágica Predomina na área necrótica uma grande quantidade de sangue Exemplos: tromboembolia pulmonar, acidente vascular cerebral, infarto hemorrágico cerebral, etc Necrose hemorrágica Necrose fibrinóide Pode acontecer: a) nas paredes dos vasos nos casos de hipertensão arterial maligna, na poliarterite nodosa e no lúpus eritematoso b) no tecido conjuntivo intersticial doenças do tecido conjuntivo ou colagenoses (febre reumática, artrite reumatóide, lúpus eritematoso) Tipo especial de necrose com pouca repercussão morfológica macroscópica Caracterizada por alteração granular e eosinofílica da parede vascular com fibrina ou imunocomplexos 3

Necrose gangrenosa Necrose gangrenosa Forma especial de necrose isquêmica em que o tecido necrótico sofre modificação por agentes externos como o ar ou bactérias Exemplos: cordão umbilical após o nascimento, extremidades inferiores após obstrução vascular por aterosclerose (diabéticos), traumatismos com lesão de vasos Gangrena seca área necrótica perde água para o ambiente, ficando seca, retraída e com aspecto mumificado Gangrena úmida tecido necrótico se contamina com bactérias saprófitas, que digerem o tecido, amolecendo-o. Necrose induzida por CCl 4 Apoptose Morte celular programada, é um fenômeno em que a célula é estimulada a acionar mecanismos que culminam com sua morte Sua importância se torna cada vez mais óbvia à medida que se percebe que um número muito grande de fenômenos biológicos se deve a este mecanismo de morte celular controlado pela própria célula Apoptose: morte celular programada Durante a embriogênese Como um mecanismo homeostático para manter as populações celulares nos tecidos Como um mecanismo de defesa, como nas reações imunes Apoptose: aspectos morfológicos Retração celular Condensação da cromatina Formação de bolhas citoplasmáticas e corpúsculos apoptóticos Fagocitose das células ou corpúsculos apoptóticos Quando as células são lesadas por uma doença ou agentes nocivos Envelhecimento Apoptose, em contraste com a necrose, não desperta reação inflamatória, sendo mais difícil a sua identificação histológica 4

Apoptose: aspectos morfológicos Apoptose: aspectos morfológicos Fragmentos nucleares Apoptose: mecanismos Características Estímulo Ocorrência Reversibilidade Ativação da Endonuclease Morfologia: Célula Adesões entre células e membrana basal Organelas citoplasmáticas Liberação de enzimas lisossômicas Núcleo APOPTOSE Morte Celular Programada Fisiológico (Ativação de um relógio bioquímico, geneticamente regulado) ou patológico Acomete células individuais, de maneira assincrônica. Eliminação seletiva de células Irreversível, depois da ativação da endonuclease Sim, aparentemente Ca+2 e Mg+2 dependente Enrugamento, projeções digitiformes da membrana celular e formação de corpos apoptóticos Perda (precoce) Tumefação tardia Ausente Convolução e fragmentação da membrana nuclear (cariorrexe) Patológico (Agressão ou ambiente hostil) Acomete um grupo de células. Fenômeno degenerativo, conseqüência de lesão celular severa e irreversível Irreversível, após o "ponto de não retorno"- Deposição de material floculento e amorfo na matriz mitocondrial Não Tumefação celular, perda da integridade da membrana e posterior desintegração Perda (tardia) Tumefação precoce Presente NECROSE Morte Celular Acidental Desaparecimento (picnose, cariorrexe e cariólise) Características Cromatina Nuclear APOPTOSE Morte Celular Programada Compactação em massas densas uniformes, alinhadas no lado interno da membrana nuclear (Crescentes). NECROSE Morte Celular Acidental Formação de grumos grosseiros e de limites imprecisos. Fagocitose pelas células da vizinhança Presente, antes mesmo da lise celular ("Canibalismo celular"). Ausente - Macrofagocitose pode ocorrer, após a lise celular. Inflamação Exsudativa Ausente. Não há liberação de componentes celulares para o espaço extracelular. Presente, induzida pela liberação de componentes celulares para o espaço extracelular. Formação de cicatrizes Ausente. Pode ocorrer, se a área de necrose for ampla. Fragmentação do DNA Internucleossômica, detectável em 1 ou 2 horas (máxima em 24 horas). Processo de "tudo ou nada ", de curta duração. Aleatória. Padrão na Eletroforese do DNA em gel Agarose Em fragmentos com 180-200 pares de base ou múltiplo integrais, produzindo o típico "Padrão em escada ". " Padrão em esfregaço". 5