DIFUSIVIDADE TÉRMICA DO EXTRATO DE TOMATE PARA DIFERENTES TEORES DE SÓLIDOS

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Transcrição:

XIV CONGRESSO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENGENHARIA MECÂNICA Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Mecânica DIFUSIVIDADE TÉRMICA DO EXTRATO DE TOMATE PARA DIFERENTES TEORES DE SÓLIDOS Eng a. Renata Paiva e Prof. Dr. Paulo Cezar Razuk UNESP - Avenida Eng. Luiz Edmundo C. Coube 14-01 CEP: 17033-360 Bauru - SP rntpaiva@hotmail.com/ pcrazuk@feb.unesp.br RESUMO O objetivo do trabalho foi determinar experimentalmente a difusividade térmica através de um aparato simples e da equação proposta por Dickerson (1965). Os valores obtidos foram comparados com as equações desenvolvidas por Riedel (1969), Martens, citado por Sigh (198) e Choi e Okos (1983) e com valores oferecidos pela literatura. Utilizou-se extrato de tomate de duas marcas disponíveis no mercado que apresentam teores diferentes de sólidos: o produto 1 com 16,8º Brix e o produto com 17,6º Brix. Pode-se concluir que o método proposto por Dickerson (1965) oferece resultados confiáveis. Os valores de difusividade obtidos através da temperatura e dos teores de água e sólidos correspondem aos determinados e àqueles apresentados na literatura. 1. INTRODUÇÃO A aplicação do calor como método de conservação necessita de um rigoroso controle, visto que a temperatura e o tempo de exposição ao calor, além de eliminar os microrganismos indesejáveis que se encontram no alimento, podem alterar, também, o valor nutritivo e modificar sua natureza histológica, física e química reduzindo suas qualidades organolépticas e nutricionais tornando-o inadequado ao consumo humano. Assim para a obtenção de alimentos adequados dois aspectos precisam ser considerados: a termobacteriologia, que engloba os conceitos de degradação térmica dos microrganismos e nutrientes e a transferência de calor, responsável pelo entendimento dos fatores que governam o aquecimento do produto durante o processo a que será submetido. O uso das equações de transferência de calor é condicionado à disponibilidade de dados sobre as características intrínsecas dos produtos envolvidos, em particular às propriedades termofísicas, difusividade térmica, calor específico, massa específica e condutividade térmica. Neste trabalho é determinada a difusividade do extrato de tomate, já que nos últimos dez anos vem ocorrendo uma grande evolução neste segmento. A agroindústria brasileira tem capacidade instalada para processar 17080 toneladas diárias em 6 unidades. Pela legislação brasileira de 1978, o extrato de tomate é definido como todo produto concentrado que tenha de 18 a 3 ºBrix. Este produto assumiu um papel importante no mercado dos restaurantes industriais, na preparação de molhos, por ter preço acessível.. REVISÃO DA LITERATURA Segundo Lewis (1993), a difusividade térmica é definida como a relação entre a condutividade térmica e o calor específico do produto multiplicado por sua massa específica. Em termos físicos, dá uma medida de como a temperatura pode variar quando um material é submetido a uma situação de aquecimento ou resfriamento. A difusividade térmica, descrita ainda como a razão entre a habilidade em transferir calor e a capacidade de armazená-lo em situações em que a transferência de calor ocorre em regime transiente, é a propriedade térmica mais utilizada e importante na

modelagem de operações básicas de processamento de alimentos, como secagem, aquecimento, resfriamento e congelamento. Incropera (1996) menciona que materiais com alto valor de difusividade respondem rapidamente a mudanças térmicas em seu ambiente, enquanto materiais que apresentam baixo valores de difusividade respondem mais lentamente, demorando para alcançar um novo estado de equilíbrio. A difusividade térmica de um produto é influenciada pelo conteúdo de água, pela temperatura, composição e porosidade. Como em muitos processos, o conteúdo de água e a temperatura podem variar consideravelmente, o valor da difusividade térmica também varia. Além disso, como muitos alimentos não são homogêneos, a difusividade térmica apresenta diferenças de um local para outro dentro do mesmo produto. Para calcular o valor da difusividade térmica pode-se determinar experimentalmente as três propriedades que fazem parte da equação (1), a condutividade térmica (k), o calor específico (c p ) e a densidade (ρ). Ou, como citado por Singh (198), conduzir experimentos que permitam a medida direta desta propriedade. Vários modelos empíricos úteis na predição da difusividade térmica de alimentos existem na literatura. k α = (1) ρ. c p Dickerson (1965) descreveu o dispositivo da figura 1 que permite a determinação da difusividade térmica dos alimentos. As amostras são inseridas num cilindro de bronze cromado e imerso num banho de água sob agitação e aquecido a uma taxa constante. O cilindro é considerado de comprimento infinito e o fluxo de calor axial desprezível, desta forma a transferência de calor transiente é dada pela equação (). Aquecimento Termopares Agitador Cápsula Metálica Figura 1: Esquema do aparato utilizado por Dickerson (1965). T T T = A = α + 1 t r r r () Para as condições de contorno: r = R T=T R r = 0 T = 0 t Resulta a equação (3): α = A. R 4.( T R T C ) (3)

Onde: T C: temperatura no centro do cilindro; T R : temperatura na parede do cilindro; A: velocidade de aquecimento; α: difusividade térmica; r: coordenada radial; R: raio do cilindro e, t: tempo. O valor da velocidade de aquecimento (A) é o coeficiente angular da reta da obtida através da regressão linear quando a temperatura é colocada em função do tempo, a partir dos dados coletados. Dickerson (1965) comparou esta solução simples com a completa dada por Carslaw e Jaeger α. t (1959) e concluiu que a solução é aceitável quando o número de Fourier ( F o = ) for superior a l 0,55. Riedel (1969) apud Tavman et al. (1997) desenvolveu a equação (4) que permite determinar a difusividade térmica de uma grande variedade de produtos alimentícios em função da difusividade térmica da água e do conteúdo de água (base úmida) na temperatura desejada: α = 0,088.10 + ( α 0,088.10 ). (m /s) (4) 6 6 w X w Sendo: α w : difusividade térmica da água (m /s) e X w : conteúdo de água (%) Martens (1980) apud Singh (198) investigou a influência da água, da gordura, da proteína, do carboidrato e da temperatura na difusividade térmica de alimentos. Usando análises estatísticas, o autor verificou que a temperatura e o conteúdo de água são os fatores de maior influência. Variações nas frações sólidas de gordura, proteína e carboidrato pouco influem na difusividade. Regressões múltiplas foram aplicadas em 46 valores publicados de difusividade térmica e a equação (5) em função do conteúdo de água e da temperatura (T em ºC) foi obtida: 6 α = [0,057363. + 0,00088.( T + 73)].10 ) (5) X w Choi e Okos (1983) determinaram as propriedades térmicas do suco de tomate e desenvolveram as expressões (6), (7) e (8) para a calculo da difusividade térmica, sendo X s, o percentual de sólidos. α = α X + α X w W S S (6) 6 [ 0,1363 + 0,0004875T 0,00000163 ].10 α = T (7) w 6 [ ] 0,009508 + 0,0034T + 0,000001761. 10 α = T (8) S 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para a determinação da difusividade térmica do extrato de tomate foi utilizados um aparato composto por uma estufa, um cronômetro Thermometer, um Fluke 5 K/J com capacidade para duas leituras de temperaturas, termopares devidamente calibrados, um cilindro de alumínio, com 30mm de diâmetro, 100mm de altura e 1,5mm de espessura e extrato de tomate de duas marcas existentes no mercado, produto 1 (16,8º Brix) e produto (17,6º Brix). A difusividade térmica das amostras dos produtos foi determinada com o auxilio de um recipiente cilíndrico de alumínio com tampas de PVC rígido com dois termopares conectados: um na superfície interna e outro no centro da amostra. O cilindro ficou suspenso através de um arame para evitar a condução de calor a partir da base de apoio. As faces inferior e superior do recipiente foram isoladas termicamente, para se garantir uma transferência de calor unidimensional (somente radial). 3

Para cada produto realizaram-se três ensaios. No instante em que o termostato da estufa era ligado, iniciavam-se as leituras das temperaturas do produto no centro (T C ) e na superfície (T R ), em intervalos de minutos, até o termopar no interior do cilindro indicar 90ºC. Além dos valores obtidos experimentalmente, através da equação (3), a difusividade térmica foi calculada utilizando-se as equações desenvolvidas por Riedel (1969), Martens, citado por Singh (198) e Choi e Okos (1983). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 1 e a figura 3 apresentam a evolução das temperaturas da superfície e do centro da amostra com o tempo obtida no ensaio com o produto 1. Tabela 1 Evolução das temperaturas com o tempo ensaio, produto 1. Tempo (min) Temperatura da Temperatura no parede interna (ºC) centro do produto (ºC) 6 6,1 3,6 8 8,5 4,7 10 31,6 6,1 1 34,8 8,1 14 38,7 30,6 16 43,1 33,5 18 47,6 37,0 0 5, 40,8 57,4 45,0 4 6,7 49,6 6 68, 54,5 8 73,8 59,7 30 79,9 64,8 3 85,6 70, 34 91,6 75,7 36 97,4 81,7 38 10,5 87,5 40 107,9 9,6 50 00 150 100 50 temperatura da estufa (ºC) temperatura da parede interna (ºC) temperatura do centro do produto (ºC) 0 6 10 14 18 6 30 34 38 Figura 3 - Evolução das temperaturas com o tempo ensaio, produto 1. 4

Na figura 4 tem-se a regressão linear da variação da temperatura no centro do produto 1, obtida no ensaio, com o tempo. 100 80 60 40 0 T = - 7,17 +,44.t A =,44 (ºC/min) 0 14 18 6 30 34 38 Figura 4 Regressão linear da temperatura no centro do produto com o tempo (R = 99,3%). A tabela traz o comportamento da difusividade térmica com a temperatura, desprezandose os minutos iniciais em que a taxa de aquecimento não era constante. Tabela. Evolução da difusividade térmica em relação à temperatura ensaio, produto 1. Tempo (min.) T R - T c (ºC) Difusividade térmica (x 10-7 m/s) 14 8,1,8 16 9,6,38 18 10,6,16 0 11,4,01 1,4 1,84 4 13,1 1,75 6 13,7 1,67 8 14,1 1,6 30 15,1 1,51 3 15,4 1,49 34 15,9 1,44 36 15,7 1,46 38 18,0 1,7 40 15,3 1,50 Média 1,78 Como indica a tabela, a difusividade térmica do extrato de tomate se altera com a temperatura, mas, na faixa entre 5 e 100ºC, o valor médio pode ser utilizado nos cálculos. A tabela 3 mostra os valores médios obtidos para a difusividade térmica para todos os ensaios realizados. A comparação entre as medias, utilizando o teste estatístico Student s t-test ou o Teste t, não mostrou, com 95% de confiança, diferença entre os valores obtidos, portanto, os teores de sólidos dos produtos 1 e não influenciaram de forma significativa a difusividade térmica. 5

Tabela 3: Difusividade térmica do extrato de tomate. Produto A (ºC/min) Valor médio da difusividade térmica (m /s) 1,6 1,76.10-7,8 1,69.10-7 Estes valores de difusividade térmica determinados experimentalmente encontram-se de conformidade com aqueles apresentados por autores como Bhowmik e Hayakawa (1979), que trabalharam com polpas de maçã e tomate e cujos resultados variaram de 1.10-7 a.10-7 m /s. Na tabela 4 são apresentados os valores de difusividade térmica obtidos a partir de equações da literatura, calculados considerando-se a difusividade da água igual a 1,48.10-7 m /s, temperatura de 30ºC e umidades de 84,4 e 8,79 para as amostras do produto 1 e, respectivamente. Comparando os valores da difusividade térmica obtidos pelas equações de Riedel (1969), Choi e Okos (1983) e Martens, citado por Singh (198) com os dados experimentais, verifica-se que os resultados preditos pelas equações apresentam valores inferiores, exceto para a difusividade térmica calculada pela equação de Riedel(1969). Tabela 4. Valores da difusividade térmica preditos, experimentais e erros. Equação Alimentos em geral (RIEDEL, 1969) Alimentos em geral (MARTENS, citado por SINGH, 198) Suco de tomate (CHOI e OKOS, 1983) Difusividade Térmica (x 10-7 m/s) Produto 1 Produto α predito α exp ε p (%) α predito α exp ε p (%) 1,79 1,76 1,70 1,8 1,69 6,51 1,48 1,76 15,91 1,46 1,69 13,61 1,4 1,76 19,3 1,41 1,69 14,9 Utilizando as equações (4), (5) e (6), verifica-se que os erros, em relação a media obtida experimentalmente, variaram de 1,70 a 19,3%. O erro para o produto 1 de maior Brix, resultante da utilização da equação de Riedel (1969) foi menor do que os demais. O maior erro ocorreu, também para o produto 1, com a utilização da equação Choi e Okos (1983). 5. CONCLUSÕES As equações apresentadas por Riedel (1969), Choi e Okos (1983) e Martens, citado por Singh (198) apresentaram bons resultados, permitindo que, uma vez conhecida à composição do produto, possa-se estimar o valor da difusividade térmica sem necessidade de medi-la experimentalmente. A equação proposta por Dickerson (1965) pode ser utilizada por sua simplicidade e por indicar valores compatíveis com aqueles mencionados na literatura. Para teor de sólidos entre 16 e 18 Brix e operações na faixa de temperatura entre 5 e 100 C, os resultados obtidos não apresentaram diferença considerada significativa. Assim, o valor médio encontrado para a difusividade térmica (1,7.10-7 m /s) pode ser empregado nos cálculos para o extrato de tomate. 6

6. REFERÊNCIAS 14 CREEM. FEMEC/UFU, Uberlândia-MG, 007. BHOWMIK, S. R.and HAYAKAWA, K. I. A new method for determining the apparent thermal diffusivity of thermally conductive food. Journal of Food Science, Chicago, v. 44, n., p. 469-474, 1979. CARSLAW, H. S.; JAEGER, J. C. Conduction of Heat in Solids. London, Oxford University Press, (1959). CHOI, Y.; OKOS, M. R. The thermal properties of tomato juice concentrates. Transactions of the ASAE, Saint Joseph, v. 6, n. 1, p. 305-311, (1983). DICKERSON, R. W. An apparatus for the measurement of thermal diffusivity of foods. Food Techology, Chicago, v. 19, n. 5, p. 198-04, (1965). RIEDEL, L. Measurements of termal diffusivity of foodstuffs rich in water. Kaltetechnik- Klimatisierung, v. 1, n.11, p. 315, (1969). RINALDI, M.; TRIFIRÒ, A.; RAINERI, S.; BOZZOLI, F.; MASSINI, R. An experimental approach for the estimation of apparent thermal diffusivity in frozen food. Università degli Studi di Parma Dipartimento di Ingegneria Industriale (005). SINGH, P. Thermal diffusivity in food processing. Food Technology, Chicago, v.36, n., p. 87-91, (198). TAVMAN, S.; TAVMAN, I. H.; EVCIN, S. Measurement of thermal diffusivity of granular food materials. International Communications in heat and Mass Transfer, v. 4, p. 945-953, (1997). 7