Pensamento do século XIX

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Transcrição:

Pensamento do século XIX

SÉCULO XIX Expansão do capitalismo e novos ideais De acordo com a periodização tradicional, considera-se a Revolução Francesa o marco inicial da época contemporânea. Esse movimento político-social foi em grande parte liderado por grupos burgueses que reivindicaram participação no poder político e na construção de um novo modelo de sociedade. No plano econômico o capitalismo foi se consolidando em diversos países da Europa ocidental e mais tarde em outras regiões do mundo. Progresso versus desumanização Esse processo atingiu amplos setores da economia com grande impacto na sociedade. Então, se configurou um quadro geral que pode ser sintetizado em duas tendências contraditórias, como o avanço técnico e científico ou a exploração do trabalho humano.

Avanço técnico e científico Como tendência geral, as antigas oficinas dos artesões foram sendo substituídas pelas fábricas, e novas máquinas tomaram o lugar de muitas ferramentas. Ao longo do séc. XIX, somaram-se muitas outras inovações tecnológicas. Exploração do trabalho humano A expansão e a consolidação do capitalismo foi um processo que trouxe consigo novas formas de exploração do trabalho humano. Com isso, alterou-se o cenário das questões sociais, porque as repercussões da Revolução Francesa estimulavam as aspirações dos trabalhadores urbanos e rurais por melhores condições de vida. Essa exploração no contexto do capitalismo industrial gerou uma série de conflitos entre dois grandes grupos sociais e seus diversos segmentos: a burguesia e os trabalhadores das cidades e campos.

Romantismo O romantismo foi um movimento cultural que envolveu as artes e a filosofia, predominando durante a primeira metade do século XIX. De modo geral, foi uma reação ao espírito racionalista que pretendia abraçar o mundo e orientar a sociedade. Principais características Os românticos enfatizavam a importância das paixões e dos sentimentos valorosos. Era o renascimento da instituição e da emoção contra a supremacia da razão. Era a afirmação do amor contra a frieza da racionalidade. Juntamente com a intuição, a aventura e a fantasia, valorizaram a subjetividade. O sujeito era o centro da visão romântica do mundo. Romantismo na Filosofia Ele está presente na filosofia como um movimento ou corrente facilmente identificável, mas algumas de suas características poderão ser reconhecidas

em vários filósofos. Positivismo Paralelamente ao romantismo, desenvolve-se uma doutrina filosófica assentada na confiança no progresso científico, com grandes penetração em diversas sociedades ocidentais: o positivismo, criado por Auguste Comte. O termo positivismo exprime a diretriz principal de sua filosofia, marcada pelo culto da ciência e pela sacralização do método científico. O positivismo se caracteriza também por um tom geral de confiança nos benefícios da industrialização, bem como por um otimismo em relação ao progresso capitalista, guiado pela técnica e pela ciência. FRIEDRICH HEGEL O idealismo absoluto Uma vertente de pensamentos bastante disstinta do positivismo, mas estreitamente ligada ao romantismo, foi o idealismo alemão, que se desenvolveu entre o final do séc. XVIII e o início do séc XIX e teve Georg Wilhelm como seu máximo

expoente. Idealismo alemão Immanuael Kant, foi quem assentou as bases o que ficaria conhecido como idealismo alemão, pois dizer que das coisas só podemos conhecer a priori aquilo que nós mesmos colocamos nelas significa que só podemos conhecer o pensamento ou a consciência que temos nas coisas. Para esse filósofo, portanto, a condição última do processo de conhecer é a existência do eu como o princípio da consciência. Racionalidade do real Hegel entendia a realidade como um processo análogo ao pensamento. Ele dizia que o real é racional e o racional é real. Para ele, a realidade se identificaria totalmente com o espírito, enquanto a racionalidade seria o fundamento de tudo que existe. Movimento dialético Segundo o filósofo Hegel, o movimento da realidade

apresentaria momentos que se contradizem, sem perder a unidade do processo, que leva a um crescente auto enriquecimento. Trata-se do movimento dialético do real. Saber absoluto Para compreender a dialética da realidade é necessário que a razão se afaste do entendimento comum e se coloque no ponto de vista absoluto. A consciência que consegue atinge a razão ou o saber absoluto, que supera o entendimento finito e adquire a certeza de ser toda a realidade. KARL MARX O materialismo dialético e histórico Karl Marx e Friedrich Engels eram grandes amigos, e juntos participaram de diversas atividades políticas e escreveram várias obras, que lhes custaram duras perseguições dos governos constituídos. Crítica ao idealismo hegeliano O alemão Ludwiq Feuerbach defendia que a filosofia deveria partir do ser concreto, isto é, do

ser humano considerado como um ser natural e social. Materialismo histórico De acordo com Marx, os seres humanos não podem ser pensados de forma abstrata, nem na forma isolada. Para ele, não existe o indivíduo formado fora das relações sociais. FRIEDRICH NIETZSHE Escrita aforismática Nietzshe escreveu a maior parte de suas obras sob a forma de aforismos, isto é, uma sentença curta que exprime um conceito, um conselho ou um ensinamento. Influência de Schopenhauer Nietzshe sentiu-se atraído pelas reflexoes filosóficas a partir da leitura de O mundo como vontade e representação, do pensador alemão Artur Schopenhauer, e este se tornaria uma das influências mais importantes em sua filosofia. Schpenhauer dirigia seus ataques para Hegel, a

quem definiu como "charlatão" e "acadêmico mercenário", por ter construído uma filosofia que não servia aos interesses do Estado prussiano. Vontade de potência Shopenhauer entendia a felicidade verdadeira como um sentimento pleno, oque decepcionou Nietzshe. Algumas de suas concepções, guardaram certas semelhanças com as de Shopenhauer. Um exemplo disso é o conceito da vontade de potência, com o qual Nietzshe passa a explicar o mundo e a vida. Apolíneo e dionisíaco Em sua obra, Nietzshe criticou a tradição da filosofia ocidental a partir de Sócrates, quem acusa de ter negado a intuição criadora da filosofia anterior. Nessa análise, o filosofo alemão estabeleceu a distinção entre dois princípios: o apolíneo e o dionisíaco.

Genealogia da moral Nietzshe desenvolveu uma crítica intensa dos valores morais, propondo uma nova abordagem: genealogia da moral, que era o estudo da formação histórica dos valores morais. Sua conclusão foi de que o bem e o mal nao constituem noções absolutas, no entendimento de que as concepções morais são elaboradas pelos seres humanos a partir dos interesses humanos. Niilismo De acordo com a análise de Nietzshe, no momento em que o cristianismo deixou de ser a "única verdade" para se tornar uma das interpretações possíveis do mundo, toda a civilização ocidental e seus valores absolutos também foram postos em xeque. Nesse contexto ocorreu uma escala do niilismo, que "deve ser entendido como um sentido opressivo e difuso, próprio ás fases agudas do ocaso de uma cultura. O niilismo seria a expressão afetiva e intelectual da decadência. O niilismo moderno assenta-se na ideia da morte de Deus.