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Transcrição:

MESTRES DAS ARTES LEONARDO DA VINCI De Mike Venezia (Formado em Belas-Artes pelo Instituto de Artes de Chicago, EUA. Desde 1978 escreve e ilustra livros sobre arte, música e história para crianças e jovens.) SUPLEMENTO DIDÁTICO Elaborado por Rosa Iavelberg Pós-graduada em Arte-educação pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Trabalhou na elaboração dos PCNs de Arte e atualmente leciona no Departamento de Metodologia de Ensino da Faculdade de Educação da USP. Luciana Arslan Mestre em Artes Visuais, leciona no ensino fundamental e médio da Escola de Aplicação da USP e em cursos de capacitação de professores. Professor Neste suplemento você encontrará duas sugestões de projetos pedagógicos para desenvolver com alunos do ensino fundamental: a primeira é destinada a turmas de 1 a a 4 a série do ensino fundamental; a segunda, a turmas a partir da 5 a série. Cada um desses projetos tem como base o conteúdo do livro estudado. Para apoiar o trabalho do professor são aprofundadas questões sobre o movimento a que pertence o artista, além da contextualização de uma de suas obras. Fica a critério do professor aproveitar as atividades para outros projetos, adaptando-as ao perfil de sua turma. A Editora

POR QUE TRABALHAR COM DA VINCI? Observando a produção de Leonardo da Vinci somos levados a pensar sobre a face investigativa da criação artística. Antes de mais nada, Da Vinci foi um criador. Cientista que dominava vários meios de investigação, ele acreditava na possibilidade de concretização de suas invenções: sonhava, criava, projetava, construía, e muitas vezes incluía essas pesquisas em seus trabalhos artísticos. Da Vinci estava muito à frente de seu tempo conforme o demonstram diversos estudos seus, como o helicóptero e o tanque de guerra, por exemplo, só retomados e concluídos no século XX. Suas obras mais populares, no entanto, são A última ceia e Mona Lisa, esta envolvida numa aura enigmática que até hoje suscita diversas interpretações. Estudar a vida e a obra de Leonardo da Vinci é travar conhecimento com um estudioso da natureza, da anatomia e da geometria, com um pesquisador dedicado, que realizou inúmeras experiências técnicas e científicas. Seus desenhos concentram curiosos projetos e estudos, desenhos do corpo humano e de animais, projetos de engenharia, anotações sobre perspectiva, o estudo do funcionamento do olho, o comportamento das sombras... Como Leonardo conseguia se dedicar a tantas coisas? Em Da Vinci pode-se perceber a frágil dicotomia entre emoção e razão, ou mesmo entre arte e ciência. Nas poucas pinturas que conhecemos observamos sua sensibilidade no tratamento do claro-escuro, na composição, na proporção e na relação entre os elementos da linguagem visual. Mike Venezia, com seu habitual senso de humor, nos apresenta esse artista visionário, que fez muito e foi muito além de seu tempo. 2

SUGESTÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO PARA TURMAS DE 1 a A 4 a SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL: O ARTISTA INVENTOR Objetivo Motivar o pensamento sobre o processo de criação artística: apresentar a vida e a obra de Leonardo, com atenção especial a suas invenções, e enfrentar o desafio de inventar e projetar algo inédito. Conteúdos gerais (com referência nos PCNs de Arte) Reconhecimento da importância das artes visuais na sociedade e na vida dos indivíduos. Identificação dos produtores em artes visuais como agentes sociais de diferentes épocas e culturas: aspectos de sua vida e alguns produtos artísticos. Identificação e reconhecimento de algumas técnicas e procedimentos artísticos presentes nas obras visuais. Conteúdos do projeto Desenho de anotação e desenho de projeto. Aspectos da profissão do artista (a invenção). Aspectos da vida e da obra de Leonardo da Vinci. Tema transversal: Trabalho e Consumo. Trabalho interdisciplinar: Ciências. ATIVIDADE PARA ANTES DA LEITURA Sensibilizando os alunos Professor, apresente às crianças o projeto de uma das invenções de Leonardo. Sugira que observem, individual ou coletivamente, a reprodução do desenho Carro blindado (página 21): Peça que comentem o desenho e o relacionem com algo que já tenham visto antes. Faça o mesmo exercício com os outros desenhos: Máquina de guerra (página 20) e Besta gigante (página 21). Investigue com os alunos com que intenção eles teriam sido feitos. Mostre aos alunos uma foto ou uma ilustração de um aríete e de um tanque de guerra e peça que os comparem com os desenhos que acabaram de observar. Agora você pode apresentar os alunos ao autor dos desenhos: Leonardo da Vinci. Na época de Leonardo, alguns de seus desenhos foram considerados absurdos e impossíveis de ser realizados, mas posteriormente foram retomados por muitos inventores, que, afinal, conseguiram concretizar suas idéias. Acompanhe os alunos na elaboração de uma lista de coisas que eles gostariam que fossem inventadas ou desenvolvidas (algo como um sapato voador, por exemplo). Pergunte a eles qual seria a utilidade e a necessidade do invento. Em um papel grande, faça uma lista com essas possíveis invenções e fixe-a na parede da sala para uma atividade posterior. ATIVIDADES PARA DURANTE A LEITURA Orientações para ler o livro em sala de aula Durante a leitura do livro, que pode ser conduzida da maneira que você achar melhor (em duplas, individual ou coletivamente), os alunos devem observar com atenção o desenho Reconstrução das proporções humanas, de acordo com Vitruvius (página 6). Como esse desenho apresenta o corpo humano? O que o círculo em torno do corpo sugere? Quando abrimos os braços e as pernas, nosso corpo desenha um círculo no ar como mostra a figura? 3

Você pode realizar a experiência com as crianças: Com o auxílio de um compasso improvisado, feito de barbante e giz, faça um círculo no chão. Peça que uma criança deite dentro do círculo e posicione as pernas e os braços como no desenho analisado. Quais as conclusões da classe em relação a essa experiência? Quais teriam sido as intenções de Leonardo, ao fazer esse desenho? Roteiro de apreciação da obra reproduzida no livro: A última ceia (página 23) Algumas sugestões de perguntas para o professor conduzir a leitura da obra: Que cena é essa? Como é a arquitetura desse lugar? O que é possível ver pela janela? Como é a luz desse lugar? Qual é a área mais iluminada? E a mais escura? Como são as pessoas representadas? Que idade aparentam? De que maneira estão agrupadas? Observando os movimentos dos corpos, como é a relação entre as pessoas? Para onde seus olhos se voltam? E suas mãos? Quantas pessoas estão voltadas para a frente? O que podemos ver sobre a mesa? Alguém parece tocar ou olhar para o que está sobre a mesa? Comente com os alunos que Leonardo da Vinci nunca viu essa cena realmente, a não ser na sua imaginação. Mesmo se baseando em uma descrição da Bíblia, ele teve de inventar uma série de detalhes, como as roupas, o lugar, a posição dos apóstolos etc. E, para tornar a cena e os apóstolos visíveis, ele os reuniu de um só lado da mesa. Mas não foi só a imagem que Leonardo quis inventar. Nesse afresco ele decidiu experimentar um novo tipo de tinta, que não resistiu por muito tempo; por isso vemos algumas manchas na pintura. Contextualização (veja quadro na página 7 deste suplemento) ATIVIDADES PARA DEPOIS DA LEITURA Produção Retome com os alunos a lista das coisas que poderiam ser inventadas : Proponha que os alunos façam um estudo de como seria a construção de um objeto, sem se preocupar com a sua finalização imediata, mas pensando que talvez possa ser aprimorado posteriormente). Se puder, traga para os alunos cópias de outros projetos feitos por Leonardo. Os alunos podem também pesquisar como foram feitas outras invenções, ou mesmo estudar a vida de outros inventores. Assim como Leonardo, eles deverão se empenhar ao máximo para explicar o funcionamento da invenção. Após o desenho do projeto, proponha a construção de uma maquete ou de um protótipo da invenção. Essa construção pode ser feita com sucata. Não se esqueça de pedir que o aluno nomeie a sua invenção. Provavelmente você terá que orientá-los individualmente quanto à possibilidade de funcionamento e à utilização dos materiais. Se possível, peça auxílio para algum engenheiro, eletricista ou mecânico que faça parte da comunidade escolar para fornecer uma ajuda mais específica aos alunos que necessitarem. O protótipo também pode mostrar apenas o aspecto externo do objeto, como formato e cores, deixando o funcionamento para um inventor do futuro. Avaliação Cada aluno apresenta sua idéia ou seu projeto para o grupo. As invenções podem ser guardadas ou arquivadas para um futuro inventor e os desenhos, arquivados na biblioteca da escola (ou escaneados e colocados em alguma página da Internet, se a escola possuir laboratório de informática). 4

SUGESTÃO DE PROJETO PEDAGÓGICO PARA TURMAS A PARTIR DA 5 a SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL: A REPRESENTAÇÃO DO ESPAÇO Objetivo Compreender a dificuldade de representar o espaço tridimensional no bidimensional, por meio da observação, da pesquisa e das obras de Leonardo e da vivência com algumas de suas experiências. Conteúdos gerais (com referência nos PCNs de Arte) Observação, análise e utilização dos elementos da linguagem visual e suas articulações com as imagens produzidas. Conhecimento, valorização de diversos sistemas de documentação, catalogação, preservação e divulgação de bens culturais presentes no entorno próximo e distante. Representação e comunicação das formas visuais, concretizando as próprias intenções e aprimorando o domínio dessas ações. Conteúdos do projeto Perspectiva. Representação do espaço tridimensional. Aspectos da vida e da obra de Da Vinci. Trabalho interdisciplinar: Matemática e História. ATIVIDADE PARA ANTES DA LEITURA Sensibilizando os alunos Proponha aos alunos que pensem na representação do espaço: como conseguir que a pintura provoque no observador a sensação de profundidade? Como representar um espaço semelhante ao que os olhos vêem? Distribua à classe uma cópia de A última ceia (página 23 do livro) para a realização do seguinte exercício: Localizar na pintura todas as linhas do teto. Peça que, com a régua, procurem traçar as linhas angulosas até o ponto em que elas convergem. Repetir o procedimento, dessa vez riscando o ponto de convergência das linhas da parede. Terminado o exercício, pergunte aos alunos onde está localizado o ponto de convergência das linhas. Explique a eles que este ponto, chamado ponto de fuga, faz parte de um sistema matemático de representação do espaço tridimensional: a perspectiva. Da Vinci pesquisou muito esse sistema, em conjunto com seus estudos de óptica. Seria muito conveniente que os alunos pudessem fazer um exercício, desenhando com um ponto de fuga, para poderem perceber como esse sistema causa a ilusão de profundidade. Para entender o funcionamento do olho humano, eles poderiam também construir uma câmara escura. ATIVIDADES PARA DURANTE A LEITURA Orientações para ler o livro em sala de aula. Sugerir que os alunos leiam o livro sobre Leonardo individualmente. Logo após a leitura eles devem localizar no livro outras obras que evidenciem o uso da perspectiva. Peça-lhes que releiam este trecho da página 30: Ele usou sombras escuras e cores luminosas para dar a impressão de que suas personagens iam ao encontro do observador, parecendo sair do quadro. Esse efeito chama-se sfumato, em que os sombreados de claro e escuro ocorrem de maneira sutil. Em que pontos isso ocorre? Peça aos alunos que em duplas mostrem algum outro quadro em que as personagens pareçam sair do quadro. 5

Roteiro de apreciação da obra reproduzida no livro: A última ceia (página 23) Algumas sugestões de perguntas para o professor conduzir a leitura da obra: A pintura parece naturalista? A perspectiva e o ponto de fuga, utilizados por Leonardo, ajudaram a transmitir a noção de profundidade? Leonardo organizou as figuras e a luz de maneira que um ou mais elementos obtivessem destaque? Como? Podemos ver as marcas de pincel? Onde esse painel foi pintado? Observando o detalhe da imagem (página 24), por que em algumas partes não podemos ver a pintura com nitidez? Você sabe o que é um afresco? Contextualização (veja quadro na página 8 deste suplemento) ATIVIDADES PARA DEPOIS DA LEITURA Produção Distribua aos alunos uma cópia deste texto de Da Vinci: Sobre como desenhar um lugar sem corrigir Tome um vidro do tamanho de meia folha, isto é, na medida do espaço existente entre o olho e a coisa que você deseja desenhar. Situe-se então a uma distância de dois terços de braça de tal vidro e fixe sua cabeça com um instrumento, de modo que não possa movê-la nem um milímetro. A seguir feche ou cubra um olho e, com um pincel ou um lápis negro, trace sobre o vidro o que ali aparece [...] Se você quiser treinar nas corretas e excelentes poses das figuras, fabrique um bastidor, ou um tear quadriculado com fios, e coloque-o entre o seu olho e o [...] que você estiver desenhando. [...]. (Carreira, 2000: 176) Proponha inicialmente a leitura do texto. Uma primeira leitura, coletiva, feita de forma lenta e com interrupções para esclarecimentos de dúvidas, poderá ser de grande ajuda. Em trio, os alunos deverão reproduzir a experiência que é narrada por Da Vinci. Ofereça para os alunos os materiais: caneta retroprojetor e/ou giz pastel oleoso (para desenhar no vidro); linha, tesoura e papel cartão para a moldura de papelão quadriculada; folhas de papel e lápis para o desenho. Essa experiência pode ser realizada de duas maneiras bem simples: 1. Recortando uma moldura de papel, de cerca de 2 cm, e fazendo no seu interior um quadriculado com barbante. Quando o desenhista for desenhar ele deverá olhar o seu modelo, com apenas um olho, através do quadriculado. Nesse caso, o qudrilatero ajuda a observação das proporções do modelo. 2. Desenhando uma paisagem através do vidro da janela. O aluno poderá desenhar as linhas da paisagem, no próprio vidro, com a caneta de retroprojetor. Nessa atividade seria interessante que você não desse instruções, mas que os alunos procurassem reproduzir a experiência a partir da interpretação do texto de Da Vinci. A partir dos desenhos, que serão feitos no vidro (que pode ser uma janela), ou dos desenhos feitos através de moldura quadriculada, peça aos alunos que continuem o trabalho. Eles poderão usar o sfumato para dar uma impressão mais naturalista ao desenho. Avaliação A avaliação pode ser feita em duas etapas. Primeiro avalie como os alunos conseguiram incorporar e transformar o relato de Leonardo em uma experiência real de desenho. Nessa etapa a avaliação deve abordar quais foram as características dos desenhos resultantes da experiência. Um ponto a ser destacado é a relação entre essa experiência e a pesquisa de Leonardo sobre a perspectiva e a representação do espaço. Após os alunos darem continuidade aos desenhos produzidos da forma sugerida por Leonardo, uma apreciação coletiva pode ser feita, desta vez focando de que forma eles resolveram retrabalhar a imagem. Quais os resultados poéticos, qual o clima que imprimiram em seus desenhos? Incentive-os a comentar como foi a escolha do papel, das cores e do tratamento dado ao desenho. 6

CONTEXTUALIZAÇÃO: A ARTE E A CIÊNCIA DE LEONARDO O artista-cientista Leonardo da Vinci fez muitos projetos de máquinas que serviram de base para vários inventos contemporâneos, além de ter desenhado e estudado sombras, corpos, sistemas de abastecimento de água e esgoto e urbanismo. Merecem muita atenção seus estudos sobre anatomia, humana e animal, o que o levou também a estudar os pássaros para entender o mecanismo do vôo. Infelizmente as valiosas anotações e os desenhos de Leonardo foram separados e espalhados por diversos países e colecionadores, o que torna muito difícil afirmar qual teria sido sua organização original. No entanto, lendo suas anotações, mesmo desmembradas, podemos ter uma idéia de sua rotina e de seu processo de trabalho. Os escritos e os desenhos de Leonardo, mesmo dispersos, preservam sua característica expressiva: o traço incerto e investigativo são a representação gráfica de sua curiosidade e daquele momento de inspirada concentração. O caráter experimental acabava aparecendo também em suas pinturas. A última ceia é um exemplo das experiências de Leonardo com tintas. Ele tentou trabalhar o afresco com uma mistura de óleo, possivelmente para retardar a secagem do trabalho. O resultado, no entanto, não foi feliz. A pintura começou a desfazer-se quando Leonardo ainda era vivo. Nesse quadro também se percebe sua preocupação em expressar o aspecto psicológico de cada apóstolo, cuidadosamente pesado através de expressões e posturas corporais. Infelizmente a pintura sofreu uma mutilação: a marca que existe abaixo da mesa é conseqüência da batida de uma porta. A Renascença O Renascimento foi um período histórico que se desenvolveu na Itália a partir de 1330. O nome sugere que a Idade Média tenha sido um período de adormecimento intelectual e artístico, visão hoje contestada pelos historiadores. Na Renascença, a reforma protestante diminuiu gradativamente o poder da Igreja, e os artistas passaram a estudar o homem por intermédio da arte. O divino passa a ceder lugar aos estudos da natureza. Os artistas, retomando a cultura clássica (greco-romana), estudam a proporção dos corpos humanos, anatomia, engenharia, matemática e a representação de espaço. É a partir daí que eles adquirem status e projeção social, passando, então, a assinar seus trabalhos. Muitas das idéias desenvolvidas na Renascença influenciam até hoje a produção artística. PARA SABER MAIS Afresco Método de pintura mural que consiste na aplicação de pigmentos puros, misturados somente com água, sobre uma base de gesso ou cal ainda úmida. Câmara escura Aparelho que projeta através da luz a imagem de um objeto ou de uma cena sobre uma superfície de papel, possibilitando traçar os contornos da imagem. Naturalista Estilo de pintura em que elementos da natureza são retratados o mais próximo possível da realidade. Perspectiva Técnica de representação em uma superfície plana de um objeto tridimensional. 7

BIBLIOGRAFIA Leonardo da Vinci ARGAN. G. C. Clássico anticlássico: o Renascimento de Brunelleschi a Bruegel. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. CARREIRA, E. (org.). Escritos de Leonardo da Vinci sobre a arte da pintura. Brasília: Universidade de Brasilia, 2000. PETER, W. Leonardo da Vinci. Oxford: Phaidon,1972. Arte-educação ARGAN, G. C. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. BARBOSA, A. M. Arte-educação: conflitos / acertos. São Paulo: Ateliê Editorial, 1997.. A imagem do ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo / Porto Alegre: Perspectiva / Fundação Iochpe, 1981.. Arte-educação no Brasil: das origens ao modernismo. São Paulo: Perspectiva, 1997. GOMBRICH, E. H. Arte e ilusão. São Paulo: Edusp, 1992. IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender arte: sala de aula e formação de professores. Porto Alegre: Artmed, 2002. JANSON, H. W. Iniciação à História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996. MARTINS, M. C. et alii. Didática do ensino da arte: a língua do mundo Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998. PARSONS, M. J. Compreender a arte. 1. ed. Lisboa: Presença, 1992. ROSSI, M. H. W. A compreensão das imagens da arte. Arte & Educação em revista. Porto Alegre: UFRGS / Iochpe. I: 27-35, out. 1995. DICIONÁRIOS DICIONÁRIO DA PINTURA MODERNA. São Paulo: Hemus, 1981. DICIONÁRIO OXFORD DE ARTE. São Paulo: Martins Fontes, 1996. MARCONDES, Luís Fernando (org.). Dicionário de termos artísticos. Rio de Janeiro: Pinakotheke,1988. READ, Herbert (org.). Dicionário da arte e dos artistas. Lisboa: Edições 70, 1989. ENCICLOPÉDIA ENCICLOPÉDIA DOS MUSEUS. Museu de Arte de São Paulo. São Paulo: Melhoramentos, 1978.