A CIDADE DE FEIRA DE SANTANA-BA: UMA NOVA (RE)CONFIGURAÇÃO ESPACIAL PROPORCIONADA A PARTIR DA EXPANSÃO COMERCIAL

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Transcrição:

A CIDADE DE FEIRA DE SANTANA-BA: UMA NOVA (RE)CONFIGURAÇÃO ESPACIAL PROPORCIONADA A PARTIR DA EXPANSÃO COMERCIAL 1 Fábio Deraldo dos Santos, 2 Carine Fonseca Menezes Silva, 3 Aryane Sinval Alves, RESUMO O município de Feira de Santana está situado no agreste baiano, numa estreita de terra faixa situada entre a zona da mata e o sertão baiano. Assim o presente trabalho tem como principal objetivo analisar essa organização além de compreender a influência do comércio e da indústria como elementos chave na reconfiguração do espaço da cidade. Sendo necessária a realização de pesquisa bibliográfica e saída de campo, o que permitiu a compreensão dos processos que impulsionam a reconfiguração espacial da cidade. Atualmente, Feira de Santana é a segunda maior cidade da Bahia, com uma população de 556.642 habitantes de acordo com o último Censo (IBGE, 2010). Definida pela pesquisa REGIC Região de Influência das Cidades, como Capital Regional B (IBGE, 2008), o crescimento e expansão da cidade ocorre principalmente a partir do comércio, como sua principal atividade econômica. Apesar da importância da indústria é possível concluir que é atividade comercial a principal força econômica da cidade e que esta tem função importante na organização espacial da cidade. Palavras-chaves: Feira de Santana; comércio; indústria; reconfiguração espacial. ABSTRACT The Feira de Santana is located in the agreste Bahia, a narrow strip of land situated between the forest zone and the hinterland of Bahia. Thus, the present work has as main objective to analyze the organization in addition to understanding the influence of trade and industry as key elements in the reconfiguration of the city. Being necessary to carry out literature research and field trip, which allowed the understanding of the processes that drive the spatial reconfiguration of the city. Currently, Feira de Santana is the second largest city in Bahia, with a population of 556,642 inhabitants according to the last Census (IBGE, 2010). Defined by research REGIC - Region of Influence of Cities, Capital and Regional B (IBGE, 2008), the growth and expansion of the city is mainly from the trade as its main economic activity. Despite the importance of the industry it was concluded that commercial activity is the main economic force of the city and that it plays an important role in the spatial organization of the city. Key words: Feira de Santana trade, industry, spatial reconfiguration. 1 Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Feira de Santana BA. fabioderaldo@gmail.com 2 Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Feira de Santana - BA. carinemeneze@gmail.com, 3 Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Feira de Santana BA. ary.s.alves@hotmail.com

1. INTRODUÇÃO O município de Feira de Santana, assim como outras cidades baianas passou por um processo de transformação econômica e social a partir de uma nova organização espacial, proporcionada principalmente pela posição geográfica estratégica que favorece as atividades comerciais. Dessa forma é de fundamental importância estudos acerca da reconfiguração espacial, pois, é necessário uma compreensão das relações que ocorrem entre o espaço urbano e as necessidades do comércio e da indústria. Assim o presente trabalho tem como principal objetivo analisar essa organização além de compreender a influência do comércio e da indústria como elementos chave na reconfiguração do espaço da cidade. Já que o tema proposto proporciona uma nova reflexão sobre o uso do espaço urbano em Feira de Santana, destacando seus principais aspectos e sua funcionalidade promovendo uma visão critica acerca das transformações que vem ocorrendo na cidade. O espaço assim mostra-se em constante produção e reprodução, reflexo disso é a descentralização de uma área comercial para outra promovendo uma dinâmica econômicoespacial dentro município, questões estas trabalhadas em no decorrer deste artigo. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Para a realização da pesquisa, fez-se necessária, em primeiro lugar, a pesquisa bibliográfica em livros, sites textos e artigos. De posse dos materiais escritos necessários, pudemos compreender a gênese do processo de expansão comercial e as visões sobre o espaço urbano na cidade de Feira de Santana em diferentes contextos. A partir daí, foram realizadas visitas de campo, com o intuito de analisar a dinâmica dos bairros: Cidade Nova, Tomba e CASEB (área nos arredores do Shopping Boulevard) onde foi possível analisar a expansão do comércio, as consequências deste, bem como a absorção deste processo por parte da população. 3. DESENVOLVIMENTO O município de Feira de Santana está situado no agreste baiano, numa estreita de terra faixa situada entre a zona da mata e o sertão baiano. Até meados do século XIX, o pequeno

espaço que seria futuramente a cidade de Feira de Santana era habitado pelos colonizadores Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandão, proprietários da fazenda Olhos d Água. Devido à constante passagem de pessoas por essa região, principalmente tropeiros, vaqueiros e tocadores de boiadas advindos de várias regiões da Bahia e até de outros estados, direcionados ao Recôncavo baiano e a Salvador, este local passou a funcionar como ponto de pouso e descanso para as boiadas, aproveitando principalmente a margens das diversas lagoas que afloravam nesse local. Aos poucos foi se estabelecendo um entreposto comercial e a feira livre foi inicialmente organizada para atender a dinâmica comercial desses viajantes, com isso, surgem outras formas de comércio, dentre estas a feira de gado, que impulsionaram o crescimento e desenvolvimento econômico e o surgimento da cidade. Segundo POPINO (1968, p. 11) A posição geográfica de Feira de Santana, a meio caminho entre a costa e o interior, reflete-se na economia do município mesmo sem outras formas de conexão com o litoral além das estradas de boiadas o lugar ganha dinâmica própria. O comércio, portanto sempre foi uma atividade de grande importância e notoriedade o que é evidenciado no Decreto Lei provincial de 16 de Junho de 1873 que dispõe sobre a criação da cidade: Fica também elevada à categoria de cidade a Vila da Feira de Santana. Com a denominação de Cidade Comercial da Feira de Santana. (GALVÃO p. 201-202). Desde esse período nota-se a importância do comércio na consolidação da cidade. Figura 1. Mapa de Localização de Feira de Santana. Elaborado por GOMES, 2011. Atualmente, Feira de Santana é a segunda maior cidade da Bahia, com uma população de 556.642 habitantes de acordo com o último Censo (IBGE, 2010). Definida pela pesquisa

REGIC Região de Influência das Cidades, como Capital Regional B (IBGE, 2008), o crescimento e expansão da cidade ocorre principalmente a partir do comércio, como sua principal atividade econômica. Porém a influência exercida por Feira de Santana é algo notório já desde muito tempo, Conforme destaca FREITAS: Aa analisar o processo de urbanização de Feira de Santana, observa-se que, desde o final do século XIX, sua posição intermediária é decorrente do desenvolvimento das atividades produtivas, especialmente da pecuária; porém, tomando-se como parâmetro o tamanho demográfico, assume a condição de cidade média na década de 1970, quando alcança população urbana superior a 100 mil habitantes. A modernização industrial consolidada a partir da década de 1970, determina uma dinâmica territorial que confirma este lugar na hierarquia urbana do estado. (FREITAS, 2010, p. 127) Podendo-se observar a consolidação da hierarquia de Feira de Santana, sobretudo ao considerar a constante expansão da atividade comercial, oferta de serviços e desenvolvimento industrial. 3.1 A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL E A EXPANSÃO DO COMÉRCIO E DA INDÚSTRIA A atividade comercial é a principal essência do espaço urbano, sendo determinante para a ocorrência de diversos processos que impulsionam o desenvolvimento de uma cidade. Nesse sentido analisar o comércio envolve não apenas uma relação estritamente econômica entre diversos agentes, mas, conforme PINTAUDI (1999. p. 144) Assim entendermos que a análise do comércio permite uma melhor compressão do espaço urbano, na medida em que comércio e cidade são elementos indissociáveis. No caso de Feira de Santana essa dissociação e ainda mais difícil, considerando-se que o comércio como principal fator determinante de sua existência. O espaço urbano caracteriza-se pelo desenvolvimento de várias atividades, vale destacar o papel da indústria como condicionante para a organização espacial da cidade. Em Feira de Santana destaca-se a implantação do Centro Industrial do Subaé (CIS) e, de acordo com FREITAS: O Centro Industrial do Subaé é outro elemento marcante na formação territorial. Criado através da Lei Municipal nº 690, em 14 de Dezembro de 1970, é constituído por dois distritos industriais, um deles

instalado no Bairro do Tomba, área que se situa na parte sul da cidade e é responsável pelo acesso à BR 101 e, o outro, às margens da BR 324, em contato direto com a capital; ocupa, portanto, Feira de Santana uma posição privilegiada, pois, além de ser considerado o maior entroncamento rodoviário do Norte-Nordeste do país, é o único município que, não sendo capital, detém um centro industrial de médio porte. (FREITAS, p. 129, 2010). Nota-se, portanto, que apesar da forte vocação comercial da cidade, a industrial apresenta-se como importante elemento da organização espacial em Feira de Santana. E que a instalação do CIS contribuiu para o fortalecimento do comércio. O gráfico abaixo, segundo o (IBGE, 2010) apresenta um panorama do Produto Interno Bruto (PIB) do município por atividade econômica, onde nota-se um desempenho pouco significativo da agropecuária, a atividade industrial ainda numa posição intermediária e o destaque para supremacia dos serviços que nesse caso envolve também atividade comercial. Figura 2. PIB no município de Feira de Santana - 2010 5000000 4000000 3000000 2000000 1000000 PIB - Município de Feira de Santana, por atividade econômica 0 Agropecuária Indústria Serviços Fonte: IBGE, 2010 Elaborado por SANTOS, 2013 A tabela a seguir, conforme dados da (CDL, 2009) apresenta dados relativos ao número de empresas e pessoal empregado, por atividade econômica. A análise de tais informações permite observar a prevalência do comércio e dos serviços. Frente às demais atividades, tanto em quantidade de estabelecimentos quanto em pessoal empregado; o permite comprovar a forte influência do comércio na dinâmica econômica da cidade, bem como a sua contribuição na organização espacial. Tabela 1. Número de empresas e pessoal ocupado por atividade econômica em Feira de Santana - 2009 ATIVIDADE ECONÔMICA NÚMERO DE EMPRESAS PESSOAL EMPREGADO Agropecuária 311 1.130 Comércio 4.871 30.380 Indústria de transformação 1.161 18.894 Indústria de construção civil 337 9.097 Serviços 2.578 33.231

Total 9.278 92.732 Fonte: Tem/RAIS CDL Elaborado por SANTOS, 2013 3.2 BAIRROS QUE EXPANDIRAM EM FUNÇÃO DO COMÉRCIO: O CASO O DOS BAIRROS TOMBA, CASEB E CIDADE NOVA O Bairro do Tomba se originou com o processo de expansão urbana, conforme se originava novas edificações e áreas rurais eram incorporadas ao sítio desse bairro na década de 1980, o espaço físico do bairro ampliou-se. Principalmente, com a construção de alguns loteamentos e conjuntos habitacionais populares, estes localizados na parte externa do anel de contorno rodoviário. Em 1990, ocorreram algumas melhorias como pavimentação de ruas, transporte coletivo, iluminação pública, expansão de rede elétrica e água encanada, nas áreas mais afastadas ainda são observados a escassez desses benefícios sociais. É nesse espaço de melhoria na infraestrutura, cuja área e nas proximidades da Praça Macário Barreto, que se origina a Feira Livre do bairro. Em 1980 que os produtos comercializados na Feira Livre se diversificaram quando outros comerciantes passaram a se instalar no local foi observado que o Bairro Tomba assumiu a partir de 1990 um caráter residencial e comercial. No Bairro Caseb, a instalação do Boulevard Shopping deu uma nova configuração ao espaço, pois valorizou a área tanto no setor comercial e residencial. Com ele veio o símbolo de modernidade confirmando assim a cidade como um grande polo comercial. No bairro é também observado outro aspecto econômico, com a sua implantação veio também à necessidade de mão de obra, onde se preferência empregar trabalhadores que moram próximo ao shopping, principalmente do bairro. O bairro da Cidade Nova surgiu como uma das primeiras intervenções governamentais em Feira de Santana, com o intuito de planejar o crescimento urbano, primeiro conjunto do gênero na Cidade. Surgiu como um conglomerado de dois conjuntos habitacionais da URBIS: Feira I e Feira II. Mais tarde, ganhou o status de primeiro conjunto habitacional a transformarse em bairro. Atualmente, tem certa autossuficiência comercial e uma boa infraestrutura. Em 2005, esse bairro ganhou um terminal de integração de ônibus urbano. Nessas mudanças observa-se como a inserção do capital no processo da organização do espaço, surgindo assim várias formas de comércio. Foi a partir dos anos 50 do século XX que se é visto a mudança nas áreas comerciais onde o comércio se volta para bairros residenciais.

CARLOS (1999) Trata, porém, que esse processo consiste de um desdobramento de filiais de lojas do centro que, junto com pequenas lojas de vizinhança e de abastecimento de gêneros perecíveis comercial para atender às necessidades de consumo dos habitantes dos bairros mais afastados da área central. Essa expansão ocorre devido às mudanças na economia, principalmente no setor industrial. O surgimento dos estabelecimentos como supermercados, hipermercados e shoppings centers é outra mudança que se destaca, originando assim franquias. Tal analise sobre as formas de comércio implicam na organização espacial que determinam novas centralidades, ou seja, uma nova paisagem urbana. A expansão do comércio três bairros pode ser analisada por meio da descentralização econômica, caracterizada por uma menor dependência das áreas centrais e conforme explica Corrêa: Aparece em razão de vários fatores. De um lado, como uma medida das empresas visando eliminar as deseconomias geradas pela excessiva centralização na Área Central. De outro, resulta de uma menor rigidez locacional no âmbito da cidade, em razão do aparecimento de fatores de atração em áreas não-centrais. (CORRÊA, 1989, p. 45) Em Feira de Santana um desses processo é a expansão imobiliária, que apresenta-se em crescente atividade e junto com ela a atividade comercial tende a expandir-se, de modo que possa atingir áreas que estejam em franca expansão e além disso apresente atrativos para a sua instalação. 3.3 IMPACTOS CULTURAIS, SOCIAIS E AMBIENTAIS Feira de Santana por esta localizada em um ponto estratégico de comercialização desde ao seu anel de contorno até os próprios locais de comercio intenso e isso proporciona uma serie de consequências na dinâmica e organização espacial da cidade. Organização essa permitida por influencias políticas públicas e econômicas que auxiliaram na organização dessa expansão comercial, porem as políticas permitidas pelos governos apenas auxiliaram e privilegiaram o comércio e indústria esquecendo da sociedade e relações ambientais.

Assim a cidade se vê em frente a diversos problemas que se mostram presentes em outras cidades baianas e brasileiras, percebe-se no município um presente conflito entre população, meio ambiente e expansão comercial. Oliveira (2010) diz que as relações sociais de produção irão influenciar diretamente na ocupação do solo urbano, pois cada indivíduo ocupa o espaço de acordo com sua capacidade econômica e social, assim como os investimentos municipais priorizaram a moradia nas localidades próximas ao centro, os indivíduos cujo poder econômico não o permite comprar nesses espaços e ver-se obrigado a se distanciar das áreas comerciais mais dinâmicas e da inicio a um processo de periferização da cidade. Como reflexo dessa periferização da cidade percebe-se também a poluição agora não somente produzidas pela população em geral e principalmente pelo CIS (Centro Industrial Subaé) e sim intensificadas por essa população desfavorecida de recursos fundamentais para a moradia, como saneamento básico. Pois a poluição ambiental esta inteiramente relacionada à precária situação de saneamento básico da cidade, além, disso percebe-se que com a urbanização da mesma intensificou-se a especulação imobiliária e a construção de condomínios residenciais e isso acarretou ainda mais nos impactos ambientais em Feira de Santana. Lagoas são aterradas para a construção de condomínios, a população é obrigada a residirem dentro de algumas lagoas ao exemplo da Lagoa do Subaé onde moradores do bairro Parque Lagoa Subaé enfrentam diariamente as consequências da habitação irregular, isso permitido pelas autoridades municipais que não se responsabilizam e nem realizam alguma intervenção nessa ocupação desordenada. É necessário atentar-se para o papel que os governos públicos exercem nessa dinâmica da urbanização e suas consequências, para isso Rathener (1974) enfatiza que é necessário o planejamento urbano é de fundamental importância para a organização e reorganização dessa relação sócio-econômico-espacial que Feira de Santana e muitas cidades brasileiras passam, para assim encontrar condições ambientais e sociais mais adequadas de habitação.

4. CONCLUSÕES A realização deste trabalho possibilitou compreender o processo de reconfiguração espacial de Feira de Santana a partir da expansão comercial, bem como estabelecer perspectivas e consequências desse processo. Foi possível evidenciar que a cidade cresce de forma diversificada e com alta intensidade, impulsionado pela expansão da atividade comercial economia diversificada ao longo do tempo, crescimento populacional e facilidades de deslocamento como no caso dos bairros Cidade Nova, ou CASEB, no próprio surgimento do comércio em determinadas formas na área vizinha ao Shopping Boulevard. Apesar da importância da indústria é possível concluir que é atividade comercial a principal força econômica da cidade e que esta tem função importante na organização espacial da cidade. 5. REFERÊNCIAS CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.). Novos Caminhos da Geografia. São Paulo; Ed. Contexto, 1999. CDL. Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de Santana. Disponível em: http://www.cdlfs.com.br/feiradesantana.php. Acessado em 23/05/2013. CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Ática, 1989. FREITAS, Nacelice Barbosa. Urbanização e Modernização Industrial das Cidades Médias da Bahia: Um Olhar Sobre Feira de Santana. In: (Org.) LOPES, Diva Maria e HENRIQUE, Wendel. Cidades Médias e Pequenas: Teorias, Conceitos e Estudos de Caso. Salvador. SEI, 2010. GALVÃO, Renato de Andrade. Livro de Micelânea Nº 01: Lei Provincial que elevou à categoria de cidade a Vila de Feira de Santana. p. 201-202. IBGE. Cidades 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov/cidadesat/topwindow.htm?1. Acessado em 28/05/2013. IBGE. Regiões de Influência das Cidades - 2008. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/regic.shtm. Brasil. Acessado em: 28/04/2011.

IBGE. Resultados preliminares do Censo 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/ba2010.pdf. Brasil. Acessado em: 12/06/2011. OLIVEIRA, Maise Ferreira. O Fenômeno dos Condomínios Residenciais Fechados e sua Organização Espacial no Bairro Conceição, Feira de Santana BA. Dissertação de Mestrado, 2010. PINTAUDI, Silvana Maria. A Cidade e as Formas do Comércio. In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.). Novos Caminhos da Geografia. São Paulo; Ed. Contexto, 1999. POPINO, Rollie e. Feira de Santana. Ed. Itapoã, Salvador. 1968. RATHENER, H. Planejamento Urbano e Regional. São Paulo. Ed. Nacional, 1964.