Energia em desenvolvimento. Relatório & Contas 2013

Documentos relacionados
Ebitda consolidado do grupo totalizou 844 milhões numa base replacement cost ajustada (RCA).

Energia em crescimento. Relatório & Contas 2012

RESULTADOS PRIMEIRO TRIMESTRE 2015


Energia em movimento. Relatório e Contas 2014

Energia, tecnologia e política climática: perspectivas mundiais para 2030 MENSAGENS-CHAVE

Corinthia Hotel Lisbon - Hotel Energeticamente Eficiente

1º Trimestre de Apresentação de Resultados

Informação à comunicação social

Ficha de informação 1 POR QUE RAZÃO NECESSITA A UE DE UM PLANO DE INVESTIMENTO?

DIRETRIZES PARA UM FORNECIMENTO SUSTENTÁVEL

Mais clima para todos

Sumário executivo. Em conjunto, as empresas que implementaram

Fundo de Pensões BESA OPÇÕES REFORMA

As nossas acções Sonaecom

GRANDES OPÇÕES DO PLANO 2008 PRINCIPAIS ASPECTOS

Redução da pegada carbónica dos clientes da PT Portugal

9 Meses de Apresentação de Resultados

RELATÓRIO E CONTAS BBVA BOLSA EURO

RESULTADOS QUARTO TRIMESTRE E DOZE MESES DE 2013

Hidrocarbonetos nos mares da lusofonia

Plano Estratégico Petrobras 2030 e Plano de Negócios e Gestão

Manuel Ferreira De Oliveira. Presidente Executivo 05/06/2012

INOVAR com SUSTENTABILIDADE ENERGIA IBERO-AMERICANA 2050

FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO

3. RELATÓRIO DE GESTÃO ANÁLISE ECONÓMICA E FINANCEIRA

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

PROPOSTA. Ponto 5 da ordem de trabalhos da assembleia geral de acionistas da Galp Energia, SGPS, S.A., Sociedade Aberta, de 7 de maio de 2012

Mais valias dos Relatórios de Sustentabilidade Um contributo da PT

A Economia das Línguas Portuguesa e Espanhola

Resultados PRIMEIRO SEMESTRE Julho Do sucesso para novos desafios

M ERCADO DE C A R. de captação de investimentos para os países em desenvolvimento.

w w w. y e l l o w s c i r e. p t

Resumo do Acordo de Parceria para Portugal,

adaptados às características e expectativas dos nossos Clientes, de modo a oferecer soluções adequadas às suas necessidades.

Plano de Negócios

PROJECTO DE RELATÓRIO

Projeções para a economia portuguesa:

RELATÓRIO & CONTAS PRIMEIRO SEMESTRE DE 2013

FEUP RELATÓRIO DE CONTAS BALANÇO

Liderança Empresarial A crise como alavanca de oportunidades. AEP Março.2012

POLÍTICA DE SEGURANÇA POLÍTICA DA QUALIDADE POLÍTICA AMBIENTAL POLÍTICA DE SEGURANÇA, SAÚDE E BEM-ESTAR NO TRABALHO

POLÍTICA DE AMBIENTE, QUALIDADE E SEGURANÇA

Síntese da Conjuntura do Sector Elétrico e Eletrónico

Serviços para empresas

Resultados de »» As vendas consolidadas do Grupo VAA cresceram 20,3% face ao ano anterior atingindo os 65,2 milhões de euros;

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO As Normas da família ISO 9000

RELATÓRIO E CONTAS BBVA MULTIFUNDO ALTERNATIVO

Programa de Desenvolvimento Rural do Continente para

EDIÇÃO : Reparação e substituição. de vidros para automóveis NESTA

Sonae Sierra regista um Resultado Líquido de 96,3 milhões em 2014

Calendário de Concursos

i9social Social Innovation Management Sobre

INTERNACIONALIZAR EM PARCERIA

COMO TORNAR-SE UM FRANQUEADOR

Situação Económico-Financeira Balanço e Contas

RESULTADOS TERCEIRO TRIMESTRE DE de outubro Um operador integrado de energia focado na exploração e produção

FrontWave Engenharia e Consultadoria, S.A.

Texto para Coluna do NRE-POLI Revista Construção e Mercado Pini Setembro 2012

Política de investimento na Comunidade

Prognos SMART OPTIMIZATION

Semapa - Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A. Sociedade Aberta

. evolução do conceito. Inspecção 3. Controlo da qualidade 4. Controlo da Qualidade Aula 05. Gestão da qualidade:

RESULTADOS 2T15 Teleconferência 10 de agosto de 2015

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

EFIÊNCIA DOS RECURSOS E ESTRATÉGIA ENERGIA E CLIMA

COMENTÁRIO DE DESEMPENHO

Excelência Sr. Presidente da Associação Angolana de Bancos, Distintos Membros dos Conselhos de Administração dos Bancos

Plano de Atividades 2015

Nota: texto da autoria do IAPMEI - UR PME, publicado na revista Ideias & Mercados, da NERSANT edição Setembro/Outubro 2005.

IV Fórum do Sector Segurador e Fundos de Pensões. Lisboa, 15 de Abril de 2009

Plano e Orçamento para Políticas de Promoção de Emprego e Empregabilidade

Boletim Mensal de Economia Portuguesa. N.º 11 Novembro Gabinete de Estratégia e Estudos Ministério da Economia

Sessão de Abertura Muito Bom dia, Senhores Secretários de Estado Senhor Presidente da FCT Senhoras e Senhores 1 - INTRODUÇÃO

O Mercado de Energias Renováveis e o Aumento da Geração de Energia Eólica no Brasil. Mario Lima Maio 2015

Petrobras aprova Plano de Negócios

2º CONGRESSO DA CIP E DAS ATIVIDADES ECONÓMICAS

A pergunta de um trilhão de dólares: Quem detém a dívida pública dos mercados emergentes

Permanente actualização tecnológica e de Recursos Humanos qualificados e motivados;

Press Release. Voith promove constantes mudanças

Brasil não pode emperrar pré-sal, diz presidente do World Petroleum Council Qua, 19 de Setembro de :08

O programa assenta em três eixos determinantes:

Oi e Portugal Telecom formalizam parceria e investimento estratégico

O que é o Portugal 2020?

METALOMECÂNICA RELATÓRIO DE CONJUNTURA

Consumo e geração de energia equilibrados

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

O indicador do clima econômico piorou na América Latina e o Brasil registrou o indicador mais baixo desde janeiro de 1999

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO

RELIABLE INNOVATION PERSONAL SOLUTIONS

Teleconferência de Resultados do 3T09

GRUPO ROLEAR. Porque há coisas que não podem parar!

Dinâmicas de exportação e de internacionalização

Identificação da empresa

Welcome Call em Financeiras. Categoria Setor de Mercado Seguros

Linhas Gerais de Orientação Estratégica Programa de Ação e Orçamento para 2016

RELATÓRIO DE EVOLUÇÃO

Conferência Alemanha Europeia / Europa Alemã. 26 de novembro de 2014

EDP. PREPARAR A ECONOMIA DO CARBONO Eficiência energética em alerta vermelho EMPRESA

Seminário APIMEC. Desafios da OGPar em um cenário de recuperação judicial e retração do preço do petróleo. Pedro Serio Gerente Jurídico

Transcrição:

Energia em desenvolvimento Relatório & Contas 2013

Energia em desenvolvimento Relatório & Contas 2013 www.galpenergia.com

Relatório & Contas 2013 01 1.1 1.2 1.3 1.4 A Galp Energia A Galp Energia no mundo Mensagem do Conselho de Administração Estratégia Principais indicadores 8 10 12 16 18 02 2.1 2.2 2.3 2.4 Atividades Envolvente de mercado Exploração & Produção Refinação & Distribuição Gas & Power 20 21 25 37 41 03 3.1 3.2 3.3 3.4 Desempenho financeiro Sumário executivo Análise de resultados Investimento Análise da estrutura de capital 44 45 45 47 47 04 4.1 4.2 Riscos principais Riscos enfrentados pela Galp Energia Gestão de riscos e sistema de controlo interno 49 50 57 05 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 Compromisso com a sociedade Governo corporativo Recursos humanos Desenvolvimento das comunidades locais Segurança, saúde e ambiente Qualidade Inovação, investigação e desenvolvimento 59 60 67 69 70 73 73 06 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 Anexos Proposta de aplicação de resultados Informação adicional Contas consolidadas Relatórios e pareceres Glossário e abreviaturas 74 75 75 78 169 176

Galp Energia: energia em desenvolvimento Quem somos Somos uma empresa integrada de energia focada no negócio de exploração e produção, com um portefólio de ativos que permitirá um crescimento rentável ímpar na indústria. Centramos a atividade de exploração e produção em três países de referência: Brasil, Moçambique e Angola. Temos negócios ibéricos rentáveis e resilientes que, com o seu cash flow, contribuirão para o crescimento na área de exploração e produção. A nossa visão e o nosso propósito Ser um operador integrado de energia de referência, reconhecido pela excelência nas atividades de exploração e produção que desenvolve, e que entrega valor de forma sustentável. Os nossos drivers estratégicos Maior foco na exploração. Desenvolvimento de projetos de produção de classe mundial. Capacidade financeira robusta. A nossa estratégia Reforçar as atividades de exploração e produção de forma a entregar um crescimento rentável e sustentável, apoiado por um negócio ibérico eficiente e competitivo, e com base numa capacidade financeira robusta e em práticas sustentáveis. As nossas vantagens competitivas Somos o portaestandarte nacional. Estabelecemos parcerias duradouras de sucesso. Oferecemos conhecimento integrado. Beneficiamos de uma organização robusta e flexível. Adquirimos competências em alguns dos mais promissores projetos mundiais. 16 países em que a Galp Energia está presente 6.968 colaboradores 9.881 m capitalização bolsista 310 m resultado líquido RCA 7,1 bcm vendas de gás natural 707 mboe reservas 3P 3.923 mboe recursos contingentes 3C 2.495 mboe recursos de exploração mean unrisked 330 kbopd capacidade de refinação 1.435 estações de serviço Valores relativos a 2013 ou final de 2013, consoante o caso. Para mais informações, consulte http://www.galpenergia.com. 7

01 A Galp Energia 1.1 1.2 1.3 1.4 A Galp Energia no mundo Mensagem do Conselho de Administração Estratégia Principais indicadores 8

A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 01 Exploração & Produção A Galp Energia está focada nas atividades de exploração e produção, nomeadamente após as descobertas de classe mundial no présal da bacia de Santos, no Brasil, e na bacia do Rovuma, em Moçambique. Com efeito, a atividade do negócio de Exploração & Produção (E&P), o vetor de crescimento da Empresa, está centrada naqueles países e também em Angola, não obstante o facto de ter um portefólio diversificado por 10 países, que inclui atualmente mais de 60 projetos. Com base em descobertas já realizadas, a Galp Energia preparase para apresentar um crescimento de produção ímpar na indústria, tendo o objetivo de atingir uma produção de 300 milhares de barris de petróleo equivalente por dia (kboepd) na próxima década, ou seja, uma produção mais de 10 vezes superior à atual. +60 projetos no portefólio 9,9 mt de vendas a clientes diretos Refinação & Distribuição O negócio de Refinação & Distribuição (R&D) está centrado na Península Ibérica, apesar de a Empresa continuar a expandir a sua atividade de comercialização de produtos petrolíferos em mercados selecionados no continente africano. A Galp Energia detém duas refinarias em Portugal com capacidade para processar, no total, 330 mil barris de petróleo por dia (kbopd). A atividade de refinação está integrada com a atividade de comercialização de produtos petrolíferos na Península Ibérica, onde a Empresa é um dos mais importantes players. Gas & Power A Galp Energia distribui e comercializa gás natural na Península Ibérica e tem vindo a apostar na atividade de supply & trading de gás natural liquefeito (GNL), tirando partido da atual dinâmica deste mercado a nível global. Na Península Ibérica, onde é o segundo maior comercializador de gás natural, a Empresa tem vindo também a consolidar o negócio de power, numa ótica de operador integrado de energia. 7,1 bcm de vendas de gás natural 9

01 A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 1.1 A Galp Energia no mundo PENÍNSULA IBÉRICA VENEZUELA 2 Oito projetos de E&P em Portugal. Sistema de refinação integrado constituído por duas refinarias. Comercialização de produtos petrolíferos com uma vasta rede de c.1.300 estações de serviço na Península Ibérica. Segundo maior operador de gás natural. OUTROS PAÍSES AFRICANOS 5 12,5 mt vendas de produtos refinados 2 4 bcm vendas de gás natural a clientes diretos 2 MARROCOS 8 Oito projetos de E&P. Dois projetos de E&P. BRASIL Distribuição de produtos petrolíferos em Cabo Verde, na Gâmbia, na GuinéBissau, no Malawi e na Suazilândia, através de uma rede de 68 estações de serviço. Presença em 28 projetos de E&P. Produção working interest de 12,5 kboepd em 2013. +70% reservas e recursos contingentes 1 28 projetos 1 GUINÉ EQUATORIAL URUGUAI 2 Dois projetos de E&P. Presença num projeto de liquefação de gás natural. 10

A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 01 Energia em desenvolvimento A Galp Energia tem vindo a expandir o seu portefólio de exploração e produção que conta, atualmente, com mais de 60 projetos. A Empresa está focada na execução dos projetos de desenvolvimento de Exploração & Produção, tendo como objetivo alcançar uma produção de 300 kboepd na próxima década. Este crescimento inigualável na indústria será suportado pela contribuição resiliente para cash flow dos negócios de Refinação & Distribuição e de Gas & Power, cujas atividades estão centradas na Península Ibérica, onde a Empresa é um operador de referência. NIGÉRIA E ARGÉLIA 6 bcm Contratos de fornecimento de longo prazo para 6 bcm de gás natural e GNL por ano. MOÇAMBIQUE EXTREMO ORIENTE 13 cargas de GNL Um dos principais destinos de 3 bcm de vendas anuais de GNL 3. ANGOLA 12,0 kbopd produção working interest 2 +80 tcf descobertas de gás natural Um projeto de E&P, nomeadamente para produção e liquefação de gás natural. Distribuição de produtos petrolíferos com uma rede de 33 estações de serviço. TIMORLESTE Um projeto de E&P. 1 7 NAMÍBIA Cinco projetos de E&P. Vendas anuais de produtos petrolíferos de 271 kt. Exploração & Produção Refinação & Distribuição Presença em sete blocos de E&P. Gas & Power 1 Considera as reservas 3P net entitlement e os recursos contingentes 3C working interest no final de 2013. 2 Valores relativos ao ano de 2013. 3 Vendas de gás natural/gnl através do segmento de trading em 2013. 11

01 A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 1.2 Mensagem do Conselho de Administração Mensagem do presidente Senhores acionistas, O ano de 2013 caracterizouse por um contexto económico difícil, nomeadamente na Península Ibérica, onde as medidas de austeridade implementadas continuaram a ter impacto no crescimento económico. Assim, as atividades da Galp Energia expostas àquela região foram novamente afetadas, apesar de começar a ser evidente a estabilização económica em Portugal ao longo do ano. Por outro lado, a Galp Energia, estando exposta às dinâmicas dos mercados de petróleo e gás natural, tem vindo a beneficiar do crescimento das economias emergentes e tem evidenciado a sua capacidade de captação de oportunidades no mercado internacional, nomeadamente de GNL. Com efeito, a estratégia da Empresa está orientada para tirar partido do crescimento esperado da procura daquelas commodities, nomeadamente através do foco no negócio de Exploração & Produção. A excelência na execução dos projetos de desenvolvimento e a maximização do valor do portefólio de E&P contribuirão para a entrega de valor sustentável aos seus stakeholders e, em particular, aos acionistas. As atividades desenvolvidas ao longo do ano reforçaram os alicerces em que a estratégia da Galp Energia assenta. Refirome em particular ao grandioso projeto de desenvolvimento do campo de petróleo Lula/Iracema, no Brasil, que está ainda na sua fase inicial de desenvolvimento. Destaco também o projeto de GNL na Área 4 na bacia do Rovuma, em Moçambique, uma das maiores descobertas de gás natural das últimas décadas. Estes projetos, a par de outros já identificados, serão fundamentais para o crescimento da produção de petróleo e gás natural da Empresa ao longo desta década. Saliento ainda a importância dos negócios de downstream e gás, que constituirão uma importante fonte de cash flow que será direcionada para o desenvolvimento dos projetos de E&P. Na atividade de refinação em particular, tenho de referir em 2013 o arranque bemsucedido do complexo de hydrocracking, que contribuiu já para a maior rentabilidade do negócio de Refinação & Distribuição e permitiu que a Empresa enfrentasse um ano extremamente difícil para a indústria refinadora na Europa. Relativamente ao negócio de Gas & Power, atingimos um novo máximo de vendas de gás natural em 2013, suportado essencialmente por uma robusta atividade de supply & trading no mercado internacional de GNL. A estratégia para estes negócios passa pela melhoria da eficiência operacional, através da otimização de custos e da captura de sinergias internas, com impacto no retorno sobre o capital investido. Por ser fundamental para a sua sustentabilidade, a Galp Energia assume o compromisso para com a solidez financeira. Tenho de referir a este nível que a Empresa procedeu em 2013 à primeira emissão de dívida no mercado de capitais, aumentando a diversificação das fontes de financiamento e o escrutínio face à sua política financeira. Américo Amorim, presidente do Conselho de Administração da Galp Energia Nos processos de formulação e execução da estratégia, assumimos o cumprimento de exigentes práticas de governo corporativo e a promoção de políticas responsáveis que garantam a criação de valor a longo prazo. Atendendo ao sector em que a Empresa opera, a implementação de práticas de segurança adequadas e o desenvolvimento das competências do seu capital humano assumem especial importância para o sucesso da estratégia. O Conselho de Administração irá propor à Assembleia Geral o pagamento de um dividendo de 0,288 por ação referente ao exercício de 2013, refletindo um crescimento anual de 20%, em consonância com a política de dividendos comunicada em 2012, que visa alinhar a remuneração dos acionistas com o crescimento dos resultados da Empresa. Quero agradecer a todos os que contribuem para o sucesso da Empresa neste período transformacional. Por último, agradeço aos nossos stakeholders, especialmente acionistas, colaboradores, parceiros e credores, clientes e fornecedores, pelo empenho e compromisso para com a Galp Energia ao longo de 2013. Américo Amorim Presidente do Conselho de Administração da Galp Energia 12

A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 01 Mensagem do presidente executivo Senhores acionistas, É com satisfação que afirmo que em 2013 alcançámos importantes marcos na nossa história, que reforçaram os alicerces em que a nossa estratégia assenta, contribuindo para a geração de valor no futuro. A estratégia da Galp Energia está delineada para que a nossa Empresa venha a beneficiar do crescimento esperado da procura mundial de petróleo e gás natural nas próximas décadas. Os nossos objetivos são claros: entregar um extraordinário crescimento da produção de petróleo e gás natural, com níveis de rentabilidade atrativos, enquanto suportados por um negócio ibérico eficiente, uma situação financeira robusta e práticas sustentáveis. Os ativos da Empresa, especialmente no negócio de E&P, posicionamna já num patamar de crescimento potencial ímpar na indústria. Mas para que este se concretize na entrega de valor, temos de assegurar a execução dos projetos de desenvolvimento e produção, que nos permitam atingir uma produção diária de 300 mil barris de óleo equivalente (boe) na próxima década. É esta a prioridade da Galp Energia. Nesse sentido, durante o ano de 2013, intensificámos as atividades de exploração e produção, enquanto efetuámos importantes esforços para maximizar a rentabilidade das atividades de downstream e gás. E o caminho estratégico prosseguido refletiuse na performance operacional da Empresa. Com efeito, em 2013 assistimos a um aumento da produção proveniente do Brasil, o que suportou um aumento dos resultados do negócio de E&P. Paralelamente, o início das operações do complexo de hydrocracking, no âmbito do negócio de Refinação & Distribuição, e a intensificação da atividade de supply & trading de GNL no mercado internacional, no negócio de Gas & Power, contribuíram positivamente para o desempenho daqueles negócios. Os nossos resultados operacionais confirmam essa evolução, com o Ebitda ajustado e a custos de substituição a ascender a 1.141 milhões (m) em 2013, 11% acima do registado em 2012, apesar de o resultado líquido ser de 310 m, menos 14% do que no período homólogo, impactado por custos noncash, principalmente relacionados com o arranque do complexo de hydrocracking, tal como era esperado. Também o nosso portefólio de reservas e recursos registou uma evolução positiva no ano. Relativamente à base de reservas, apesar das reservas provadas, prováveis e possíveis (3P) terem descido para os 707 mboe, as reservas provadas (1P) aumentaram 15%, refletindo um maior nível de confiança sobre as mesmas. Este aumento resultou das atividades de desenvolvimento realizadas no campo Lula/Iracema no Brasil, um dos maiores projetos de desenvolvimento de petróleo a nível mundial. Relativamente à base de recursos contingentes 3C, esta aumentou 20% em 2013 para os 3.923 mboe, o que resultou do derisk do portefólio exploratório, nomeadamente com Manuel Ferreira De Oliveira, presidente executivo da Galp Energia o sucesso das atividades que realizámos durante o ano em Moçambique e no Brasil. Por outro lado, a campanha de perfuração resultou na descida natural dos recursos de exploração (mean unrisked), que se situavam em 2.495 mboe no final de 2013, não obstante o reforço do portefólio exploratório com a entrada em novas áreas no Brasil. No que respeita às atividades de desenvolvimento e produção executadas no ano, primeiramente tenho de destacar a entrada em operação da segunda unidade de produção definitiva instalada na área de Lula Nordeste, a FPSO Cidade de Paraty, que entrou em produção na data prevista. Mais importante, temos assistido a uma excelente performance dos reservatórios dessa área do campo Lula, com uma produtividade média por poço de 30 kbopd, a exceder as nossas expectativas. Paralelamente, a FPSO Cidade de Angra dos Reis, operou de forma estável, com uma taxa média de utilização a rondar os 90%. O desenvolvimento do campo Lula/Iracema tem se confirmado como um projeto grandioso e que, apesar de extremamente complexo, tem vindo consistentemente a superar expectativas, tanto em termos das características naturais dos reservatórios, como no que respeita à qualidade das operações, e esta última só possível pelo máximo empenho de todas as equipas envolvidas. Das ações realizadas em 2013 destacamse a conclusão da contratação de toda a infraestrutura e equipamentos necessários, de forma a garantir a implementação do projeto dentro do prazo e do orçamento definido. Com efeito, o consórcio que integra a Galp Energia tem já contratado um total de oito unidades FPSO para o desenvolvimento do campo Lula/Iracema, que se somam às duas já em operação, e cujo início de produção terá lugar até ao final de 2017. O projeto Lula/Iracema assumese como o primeiro grande projeto no présal 13

01 A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS da bacia de Santos e todas as atividades ali realizadas serão extremamente importantes para o desenvolvimento daquela que é hoje uma das mais prolíficas regiões no mundo. É igualmente de salientar que, em 2013, continuámos com a implementação de um conjunto de técnicas inovadoras no campo Lula/Iracema, particularmente com vista ao aumento do fator de recuperação de petróleo, que está atualmente estimado em 28% do volume total nos reservatórios. Destaco os testes in situ de injeção alternada de água e gás, uma técnica com resultados comprovados noutras regiões do mundo, que decidimos implementar desde o início da fase de produção para assim maximizar a extração de valor. Paralelamente, durante o ano de 2013 prosseguimos com uma campanha de avaliação intensiva, nomeadamente sobre os outros ativos em desenvolvimento no nosso portefólio de E&P, os quais também contribuirão de forma relevante para o crescimento de produção previsto. Refirome aos ativos de elevada qualidade que detemos na bacia de Santos no Brasil, em particular os campos Iara, Júpiter e Carcará, bem como na bacia do Rovuma, em Moçambique. Na bacia de Santos, os poços de avaliação e os testes de produção realizados na área de Iara revelaram reservatórios com melhores características do que as anteriormente encontradas, o que veio reforçar o potencial daquele campo, que se estima começar a produzir já em 2017. Ainda naquela bacia, continuámos a delinear os trabalhos de avaliação nas áreas de Carcará e de Júpiter, duas descobertas relevantes que deverão iniciar produção de petróleo em 2018 e 2019, respetivamente. No campo Júpiter em particular, tenho de destacar o sucesso do poço Bracuhy, em 2013, que veio aumentar o volume de óleo a desenvolver no bloco BMS24, onde aquelas descobertas estão localizadas, tendo contribuído para a intensificação das atividades planeadas para o bloco. Relativamente aos trabalhos na bacia do Rovuma, continuámos com as atividades de desenvolvimento para o arranque do projeto de GNL que deverá iniciar produção em 2019. Tratase de um projeto complexo, devido à sua dimensão e por ser pioneiro em Moçambique, mas em conjunto com os nossos parceiros temos vindo a acompanhar as autoridades locais neste processo. Paralelamente, continuámos com as atividades no bloco e com os esforços comerciais, ao mesmo tempo que prosseguimos com a maturação de cenários de desenvolvimento e respetivos estudos de engenharia, nomeadamente para os trains de liquefação onshore e para a utilização potencial de unidades FLNG. Paralelamente, estudamos soluções como a implementação de um projeto gas to liquids (GTL), alargando as nossas opções para monetização do gás. De salientar que, em 2013, descobrimos ainda um novo play exploratório no país e encontrámos mais recursos de gás natural no nosso bloco, diversificando as opções de desenvolvimento. O ano de 2013 também se destaca pela atividade intensiva de exploração na bacia de Potiguar, uma área fronteira no offshore brasileiro, onde o poço Pitú se concretizou na primeira descoberta de petróleo e gás natural naquela região de elevado potencial. Por outro lado, a campanha realizada na Namíbia não resultou em nenhuma descoberta comercial, apesar de ter sido provado o potencial para petróleo na área. Como balanço da campanha de perfuração realizada em 2013, destacamos a adição de mais de 300 mboe de recursos contingentes, em linha com o objetivo que havíamos traçado, e tendo reforçado o potencial de produção de diferentes áreas no nosso portefólio. É nosso objetivo continuar nos próximos anos com uma campanha de exploração que garanta a adição de novos recursos ao portefólio, de forma a suportar um nível de produção material no futuro. No entanto, quero deixar claro que prosseguiremos este investimento com elevada disciplina, considerando que estamos numa fase de crescimento de produção, que a necessidade de entrada em produção de novos projetos deverá surgir apenas em meados da próxima década e que devemos atender à atual dimensão da Empresa e ao perfil de geração de cash flow. Para a geração de cash flow continuarão a contribuir, de forma resiliente, os nossos legacy businesses. Neste contexto, tenho de destacar a contribuição positiva do nosso sistema de refinação. O ano de 2013 marcou o início das operações, de forma integrada, do projeto de conversão das refinarias, com o extraordinário arranque do complexo de hydrocracking, que operou perto da sua capacidade total. Este foi um fator determinante para o desempenho operacional da atividade de refinação, o qual foi, no entanto, afetado pela situação adversa que caracteriza a refinação europeia, com as margens de refinação a atingirem mínimos históricos. Um aparelho refinador mais complexo e flexível, capaz de satisfazer melhor a procura do seu mercado natural, a Península Ibérica, permitenos enfrentar em melhores condições o atual desequilíbrio estrutural de excesso de capacidade instalada na Europa. Quanto à atividade de comercialização de produtos petrolíferos, apesar de continuar a ser negativamente afetada pelo contexto económico na Península Ibérica, esta atividade começou já a apresentar indicadores positivos com a estabilização da procura no final do ano. Paralelamente, a Galp Energia focou os seus esforços no alcance de uma maior eficácia operacional, com vista ao aumento da rentabilidade, sendo este um dos objetivos prioritários da Empresa neste negócio. Já no negócio de Gas & Power, tenho de destacar a performance excecional da atividade de supply & trading de GNL, que contribuiu para que em 2013 atingíssemos um novo máximo histórico de vendas de 7,1 bcm. Num cenário em que o consumo de gás natural na Península Ibérica tem sido afetado pela redução acentuada da procura pelo sector elétrico, nomeadamente devido à maior competitividade de recursos alternativos como o carvão, temos dado provas da nossa capacidade em captar oportunidades em mercados com maior valor acrescentado, como a Ásia e a América Latina. Tenho de referir que este redirecionamento de cargas de GNL só é possível devido à gestão eficaz do cabaz de aprovisionamento, por sua vez facilitada pela base de procura estável de gás natural que temos na Península Ibérica. É nosso objetivo continuar a atuar de forma a maximizar a rentabilidade do negócio de Gas & Power, em particular através da sustentabilidade da atividade de trading. 14

A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 01 Quero também reafirmar o nosso compromisso para com uma estrutura de capital sólida, que consideramos essencial para uma execução bemsucedida do plano estratégico e que garante a sustentabilidade da Empresa a longo prazo. E é por isso que temos em prática uma rigorosa disciplina financeira. Em 2013, prosseguimos com a execução da nossa estratégia de financiamento, tendo assegurado a extensão da maturidade da dívida e a redução do custo médio de financiamento. Destaco ainda que continuámos a diversificar as nossas fontes de financiamento, nomeadamente com o acesso, pela primeira vez, ao mercado de capitais de dívida. Esta primeira emissão de dívida no mercado traduz e reforça o compromisso da Empresa para com a transparência, o rigor e o escrutínio exigidos pelos nossos investidores, agora também no lado da dívida. Uma das variáveischave para a concretização da estratégia da Galp Energia é o seu capital humano, e por essa razão continuamos a reforçar as competências e a promover o desenvolvimento dos nossos colaboradores, nomeadamente com a promoção de cursos de formação avançada, de que é reflexo a Academia Galp Energia, bem como a alocação de recursos a Investigação & Desenvolvimento, essencial à competitividade da nossa Empresa. Tenho de destacar a este nível a parceria com a HeriotWatt University, na Escócia, um dos centros de referência a nível mundial para a formação avançada e para o desenvolvimento de soluções no âmbito da exploração e da produção. Neste contexto, quero agradecer o compromisso das nossas equipas e dos nossos parceiros para com a cultura de permanente inovação e o trabalho que têm vindo a desenvolver com o objetivo último de maximizar a criação de valor. Em particular no negócio de E&P, a procura por novas e melhores soluções é constante, nomeadamente o estudo da viabilidade de utilização de novas tecnologias em ambientes de elevada complexidade, como o présal, e de que é exemplo a possibilidade de separação de fluidos ao nível do leito do mar, por oposição ao atual processamento nas unidades FPSO, ou a utilização de risers com maior durabilidade em futuras unidades de produção. Quero ainda evidenciar a este nível a importância das relações sólidas que temos vindo a estabelecer com os nossos parceiros, sendo a nossa Empresa reconhecida como detentora de conhecimento integrado e diversificado, o qual partilhamos e com o qual influenciamos a execução das várias etapas dos projetos. Tendo em conta o sector onde a Galp Energia opera, tornase fundamental a importância das envolventes social, ambiental e de segurança, pois apenas com o sucesso nestas vertentes poderá a Galp Energia continuar a cumprir os seus objetivos estratégicos. Reafirmo o nosso compromisso com a segurança das nossas operações, bem como a necessidade do envolvimento mútuo com as comunidades nos locais onde operamos. Em 2013, as políticas de responsabilidade corporativa da Empresa voltaram a ser reconhecidas, com a inclusão pelo segundo ano consecutivo, no Dow Jones Sustainability Index (DJSI) World e no DJSI Europe. Quero deixar uma palavra de reconhecimento aos membros dos órgãos sociais da Galp Energia, pelo seu compromisso e importante contributo para o sucesso da nossa estratégia. Por último, agradeço a todos os nossos colaboradores, fornecedores, parceiros de negócio e a todos os clientes, a colaboração neste momento transformacional da Galp Energia. Aos nossos investidores, e em particular aos nossos acionistas, agradeço o apoio e a confiança que em nós têm depositado. Manuel Ferreira De Oliveira Presidente executivo da Galp Energia 15

01 A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 1.3 Estratégia A estratégia da Galp Energia foi definida de forma a beneficiar do contexto favorável do sector do petróleo e do gás natural esperado a longo prazo. Com base neste pressuposto, a visão estratégica da Empresa passa por se tornar um operador integrado de referência, com foco na área de exploração e produção. Apesar de considerar que é através do negócio de E&P que melhor conseguirá tirar partido da maior procura esperada de petróleo e gás natural, a Empresa considera essencial a presença nos negócios de downstream e gás, centrados na Península Ibérica, onde é um operador de referência. Além de gerarem cash flow positivo, estes negócios dotam a Empresa de conhecimento e experiência relevantes em atividades como o aprovisionamento, o trading e a logística, que são valorizados pelos players do sector e essenciais para o sucesso do negócio de E&P. Tirando partido do seu posicionamento integrado, a estratégia deverá traduzirse na entrega de crescimento no negócio de E&P, suportado pelo cash flow dos negócios de downstream e gás, e pela atividade de produção de petróleo e gás natural, que deverá ter um crescimento rápido nos próximos anos. A gestão ativa do portefólio, através da eventual monetização de ativos, poderá servir também como fonte de cash flow. Uma estrutura de capital robusta é crucial para a execução do plano estratégico, e para isso contribui de forma relevante a elevada disciplina financeira. Proteção de valor através do foco na execução dos projetos de E&P em desenvolvimento A Galp Energia detém um portefólio de ativos de E&P que lhe permitirão alcançar um crescimento rentável de produção na próxima década, sendo seu objetivo manter um nível de produção material a longo prazo. Para assegurar o crescimento de produção, e subsequente entrega de valor aos acionistas, é essencial que a Empresa garanta a excelente execução dos seus projetos de desenvolvimento e produção, assegurando o estrito cumprimento dos planos de desenvolvimento definidos que deverão, entre outros, contemplar a solução tecnológica ótima, e ser executados de acordo com os prazos e os custos definidos. A Galp Energia está envolvida no desenvolvimento das duas maiores e mais promissoras descobertas de petróleo e gás natural das últimas décadas o campo Lula/Iracema, no Brasil, e a Área 4 da bacia do Rovuma, em Moçambique. Estas constituem os principais vetores de crescimento de produção a longo prazo, que se traduzirá na maior geração de cash flow. Assim, nestes ativos reside a maioria da sua capacidade de geração de valor, pelo que é essencial que a Empresa assegure a sua materialização e entrega aos acionistas. Além destes importantes projetos, a Empresa tem já identificadas outras áreas, nomeadamente Iara, Carcará e Júpiter na bacia de Santos, no Brasil, que também contribuirão para o aumento de produção nos próximos anos. Com efeito, a Galp Energia detém um portefólio de ativos de elevada qualidade, em diferentes fases de desenvolvimento, que lhe permitirão atingir uma produção de 300 kboepd na próxima década, face à produção de 25 kboepd em 2013. Considerando o estatuto de nãooperador que a Empresa tem nestes projetos, o controlo e a monitorização dos mesmos revestemse de grande importância. A influência que exerce sobre os seus parceiros nos consórcios é vital para reduzir o risco de execução. Por sua vez, a capacidade de influência depende das suas capacidades técnicas e de gestão, das soft skills das equipas alocadas a cada projeto, e do knowhow e experiência adquiridos nos projetos de classe mundial onde participa. Extrair mais valor do portefólio atual de projetos de E&P em desenvolvimento A Galp Energia está focada no derisk do seu portefólio de projetos em desenvolvimento, nomeadamente na bacia de Santos. É nestes projetos que a Empresa pode beneficiar mais da curva de experiência adquirida com o desenvolvimento do projeto Lula/Iracema, bem como da existência de infraestruturas já instaladas ou planeadas, o que poderá acelerar a entrada em produção de recursos adicionais, com risco reduzido e menores custos associados, logo com impacto positivo no retorno e no valor desses projetos. Assim, a Galp Energia continua a apostar numa intensa atividade de avaliação naqueles projetos em desenvolvimento, nomeadamente as áreas de Iara, Júpiter e Carcará, de forma a aumentar os recursos recuperáveis destes projetos e, consequentemente, conseguir aprovar de forma mais célere e fundamentada os seus planos de desenvolvimento. Paralelamente, a Galp Energia atua nos projetos em desenvolvimento e produção com vista a extrair mais valor ao longo do ciclo de vida. São disto exemplo as atividades que desenvolve para aumentar a produção, como sejam a implementação de diferentes tecnologias para maximizar a extração de recursos do reservatório e para maximizar a produção, por via da redução de constrangimentos à produção e da extensão do período de produção ao nível máximo (plateau). A Galp Energia tem vindo já a investir na análise de viabilidade de variadas soluções, como a injeção alternada de água e gás (WAG), a separação de fluidos no leito do mar ou a utilização de risers com maior durabilidade em futuras unidades de produção. A Empresa considera crucial o investimento em investigação e tecnologia (I&T), para o desenvolvimento de novas competências e soluções para a maximização do valor nos seus projetos. A Galp Energia está por isso empenhada na criação de um centro de excelência de I&T, a ser desenvolvido no Brasil, que fornecerá soluções inovadoras para as suas necessidades tecnológicas, e relevantes no contexto da indústria de E&P. A Empresa privilegia a ligação com o sistema científico, nomeadamente através de parcerias com universidades de renome internacional, como é o caso da HeriotWatt University, com uma forte vertente de engenharia e especialização na atividade de E&P. Uma atividade de exploração disciplinada Analisando o ciclo de vida do negócio de E&P, é nas fases de exploração e avaliação que reside o maior potencial de criação de valor, as quais estão, por sua vez, associadas a um maior risco. É por isso que a Galp Energia pretende continuar a apostar em exploração, enquanto assegura uma exposição 16

A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 01 balanceada ao ciclo de vida de projetos, o que se reflete nas diferentes fases de maturidade dos seus projetos de E&P. Uma vez que se antecipa que o portefólio de projetos em desenvolvimento permita um forte crescimento de produção nos próximos anos, as necessidades de recursos adicionais surgem apenas em meados da próxima década. Assim, a Empresa pretende focar os seus esforços na execução daqueles projetos, enquanto mantém uma atividade de exploração menos intensiva do que, por exemplo, em 2013. Adicionalmente, a dimensão atual da Empresa, ao nível dos resultados e da geração de cash flow, limitam a sua capacidade para acomodar possíveis insucessos exploratórios. É por isso expectável que a dimensão da campanha anual de perfuração aumente apenas quando comece a gerar cash flow positivo, ou seja, após 2017. Nos próximos anos, a atividade de exploração da Empresa deverá pois assegurar o aprofundamento do conhecimento e a extração de valor do seu portefólio de exploração, através da identificação de novos alvos de perfuração. Todavia, a Empresa continuará a avaliar novas oportunidades de entrada em ativos de exploração, atendendo aos critérios estabelecidos, que permitam assegurar um portefólio balanceado de exploração e uma atividade disciplinada, por exemplo, através da entrada em projetos cujas obrigações de perfuração se prolonguem durante a próxima década. Outros critérios passam pela entrada em projetos com participações mais relevantes, por ganhar posição como operador em projetos onshore e em águas rasas, e por concentrar as novas entradas nas regiões dos atuais hubs, de forma a gerar sinergias. O facto da Galp Energia se tornar operadora será fundamental para o desenvolvimento de competências, para a retenção de talento e, sobretudo, para um maior controlo sobre a execução dos projetos. Um negócio ibérico resiliente e rentável As atividades de downstream e gás, centradas na Península Ibérica, geram cash flow resiliente que será alocado aos investimentos no negócio de E&P, nomeadamente no desenvolvimento de projetos de produção, considerando o foco estratégico neste negócio. Dado o contexto económico da Península Ibérica, e do sector de downstream na Europa, a preservação de valor destes negócios, através da maximização da eficiência e rentabilidade, constitui um objetivo estratégico sobre o qual a Empresa tem vindo a atuar. Relativamente ao negócio de R&D, e atendendo ao desequilíbrio estrutural no sector da refinação europeu, a Empresa está empenhada na maximização da rentabilidade dos seus ativos. Além do projeto de conversão das refinarias que lhe permitiu obter uma maior taxa de conversão do barril em produtos mais leves e de maior valor acrescentado, com um impacto direto na rentabilidade da atividade de refinação a Empresa pretende aumentar a utilização do aparelho refinador, nomeadamente através de uma maior fiabilidade e disponibilidade dos equipamentos. Fundamentais serão também os projetos para aumentar a eficiência energética e de processo, uma vez que os consumos e quebras das refinarias pesam na sua estrutura de custos operacionais. Paralelamente, a Galp Energia procura promover uma maior rentabilização dos ativos de comercialização de produtos petrolíferos através dos esforços para aumentar as vendas em mercados de maior valor acrescentado, nomeadamente na Península Ibérica e em África, em detrimento do mercado de exportação, com impacto positivo no cash flow gerado. No negócio de G&P, fonte estável de cash flow positivo, a estratégia da Empresa passa por manter a posição de referência no mercado ibérico de comercialização, enquanto garante a sustentabilidade das vendas de GNL em mercados internacionais de valor acrescentado, como a América Latina e a Ásia, tirando partido do crescimento esperado da procura naquelas regiões. Para o sucesso desta estratégia, será crucial manter uma base de procura estável de gás natural na Península Ibérica, nomeadamente através da integração e alavancagem aos consumos da atividade de power. Por sua vez, aquela base facilita a tomada de risco de aprovisionamento, suportando a criação de um portefólio competitivo e flexível. Uma estrutura de capital sólida Na execução da estratégia, a Galp Energia considera crucial uma estrita disciplina financeira, a qual se traduz na manutenção de um nível adequado de liquidez e de investimento, mas também no alinhamento da maturidade da dívida com o perfil esperado de cash flow. A manutenção de uma estrutura de capital sólida permite o acesso a opções de financiamento diversificadas, a um custo considerado competitivo, que facilitam o processo de execução estratégica. Exemplo disso foi a estreia da Empresa no mercado de capitais de dívida em 2013. Paralelamente, a gestão ativa do portefólio deverá ser encarada como fonte adicional de geração de cash flow, bem como de potencial materialização de valor. Práticas responsáveis para proteger valor acionista Uma estratégia sustentável garante maior competitividade, permite antecipar e gerir oportunidades e riscos, assim como proteger valor a longo prazo. A Galp Energia está focada no desenvolvimento do seu capital humano, nomeadamente no E&P, no que respeita à captação e retenção dos melhores talentos ao nível nacional e internacional, e no que respeita ao desenvolvimento de competências técnicas, de gestão e soft skills, essenciais no que concerne a influência junto dos consórcios em que participa no negócio de E&P. Com vista a assegurar a segurança e a minimizar o impacto ambiental das suas operações, a Empresa está empenhada em aplicar as melhores práticas. Consciente do impacto e dos desafios que as alterações climáticas colocam ao seu negócio, a Empresa assume o compromisso de promover as melhores soluções na minimização da intensidade de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e, consequentemente, uma maior eficiência energética, nomeadamente num contexto de mais intensas atividades de E&P. Por fim, a estratégia da Galp Energia prevê o conceito de valor partilhado, ou seja, a criação simultânea de valor para as comunidades locais e para a Empresa, o que considera essencial para salvaguardar as suas operações nos países onde está presente, ao mesmo tempo que aumenta a sua influência nessas regiões. 17

01 A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 1.4 Principais indicadores INDICADORES OPERACIONAIS 2010 2011 2012 2013 Exploração & Produção Reservas 3P 1 (mboe) 574 709 783 707 Recursos contingentes 3C 1 (mboe) 2.356 2.672 3.262 3.923 Recursos de exploração mean unrisked 1 (mboe) 2.550 2.821 3.203 2.495 Produção média working interest (kboepd) 19,5 20,8 24,4 24,5 Produção média net entitlement (kboepd) 11,8 12,1 18,1 20,8 Preço médio de venda ($/boe) 75,3 107,2 101,3 100,8 Refinação & Distribuição Crude processado (kbbl) 84.720 76.186 81.792 87.528 Margem de refinação ($/bbl) 2,6 0,6 2,2 2,2 Vendas a clientes diretos (mt) 11,0 10,5 9,8 9,9 Número de estações de serviço 1.539 1.502 1.486 1.435 Gas & Power Vendas de gás natural a clientes diretos (mm 3 ) 4.432 4.628 4.011 4.056 Vendas de GN/GNL em trading (mm³) 494 738 2.242 3.034 Rede de distribuição de gás natural (km) 11.342 11.655 11.948 12.159 Vendas de eletricidade à rede (GWh) 1.202 1.201 1.298 1.904 Reservas 3P 1 (mboe) 2013: 707 Produção média working interest (kboepd) 2013: 24,5 2010 2011 2012 2013 574 709 707 783 2010 2011 2012 2013 19,5 20,8 24,4 24,5 Crude processado (kbbl) 2013: 87.528 Vendas a clientes diretos (mt) 2013: 9,9 2010 2011 2012 2013 84.720 76.186 81.792 87.528 2010 2011 2012 2013 11,0 10,5 9,8 9,9 Vendas de gás natural a clientes diretos (mm³) 2013: 4.056 Vendas de GN/GNL em trading (mm³) 2013: 3.034 2010 2011 2012 2013 4.011 4.056 4.432 4.628 2010 2011 2012 2013 494 738 2.242 3.034 ¹ Reservas numa base net entitlement. Recursos contingentes e recursos de exploração numa base working interest. 18

A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 01 INDICADORES FINANCEIROS Milhões de euros (exceto indicação em contrário) 2010 2011 2012 2013 Vendas e prestações de serviços RCA 14.028 16.804 18.507 19.620 Ebitda RCA 864 797 1.032 1.141 Ebitda IFRS 1.064 1.090 1.054 1.041 Ebit RCA 464 395 602 590 Ebit IFRS 649 642 559 401 Resultado líquido RCA 316 251 360 310 Resultado líquido IFRS 452 433 343 189 Investimento 1 1.233 1.000 862 963 Free cash flow (912) (667) 1.807 (476) Dívida líquida 2.837 3.504 1.697 2.173 Dívida líquida incl. empréstimo à Sinopec 2 2.837 3.504 766 1.302 Dívida líquida para Ebitda RCA 3,3x 4,4x 1,7x 1,9x Dívida líquida incl. empréstimo à Sinopec 2 para Ebitda RCA 3,3x 4,4x 0,7x 1,1x Resultado por ação RCA ( /ação) 0,381 0,303 0,434 0,374 Dividendo por ação ( /ação) 0,200 0,200 0,240 0,288 Rácio de payout 52% 66% 55% 77% ROACE RCA 8% 6% 5% 5% Capitalização bolsista a 31 de dezembro 11.891 9.437 9.752 9.881 Ebit RCA ( m) 2013: 590 Resultado líquido RCA ( m) 2013: 310 2010 464 2010 316 2011 395 2011 251 2012 602 2012 360 2013 590 2013 310 Investimento 1 ( m) 2013: 963 Dívida líquida incluindo empréstimo à Sinopec 2 ( m) 2013: 1.302 2010 1.233 2010 2.837 2011 1.000 2011 3.504 2012 862 2012 766 2013 963 2013 1.302 Dividendo por ação ( /ação) 2013: 0,288 Capitalização bolsista a 31 dezembro ( m) 2013: 9.881 2010 0,200 2010 11.891 2011 0,200 2011 9.437 2012 0,240 2012 9.752 2013 0,288 2013 9.881 1 Valores relativos aos anos de 2010 e 2011 incluem juros capitalizados, não sendo comparáveis com os valores a partir de 2012. 2 Empréstimo à Sinopec de parte do encaixe de $4,8 bn resultante do aumento de capital na subsidiária Petrogal Brasil, concedido à taxa Libor+1,5%. Nota: os resultados apresentados neste relatório identificados como replacement cost ajustado (RCA) excluem ganhos ou perdas com efeito stock e eventos nãorecorrentes ou, no caso de resultados replacement cost (RC), apenas o efeito stock. Estes resultados não foram sujeitos a auditoria. 19

02 Atividades 2.1 2.2 2.3 2.4 Envolvente de mercado Exploração & Produção Refinação & Distribuição Gas & Power 20

A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS 02 2.1 Envolvente de mercado Mercado de petróleo dinamizado pelo crescimento dos países emergentes Em 2013, a procura mundial de petróleo manteve a tendência de subida dos últimos quatro anos, tendo registado um consumo médio diário de 91,2 milhões de barris por dia (mbbl/d), equivalente a um aumento anual de 1,2 mbbl/d, ou seja, mais 1% que em 2012. O principal impulsionador deste aumento foi o crescimento do produto interno bruto (PIB) global de 3%, essencialmente suportado pelo desenvolvimento dos países emergentes, como a China e a Índia, cujas economias cresceram 8% e 4%, respetivamente. Com efeito, foram os países que não pertencem à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (nonocde) que mais contribuíram para o incremento da procura de petróleo em 2013, com um aumento de 3% comparativamente a 2012. Este grupo de países representa já cerca de 50% da procura global de petróleo. Relativamente aos países pertencentes à OCDE, assistiuse a um ligeiro incremento de 0,2% no consumo de petróleo em 2013 face a 2012. Destaque para o aumento do consumo nos Estados Unidos da América (EUA), de 2%, fruto da nova vaga de industrialização no país proporcionada pelo desenvolvimento de shale gas e tight oil, que foi, no entanto, absorvido pela redução da procura verificada no Japão e na Europa, de 4% e 1%, respetivamente, penalizada pelo contexto económico adverso e pelo aumento da eficiência energética nestas regiões. É expectável que, em 2014, a procura mundial de petróleo continue a aumentar, sustentada pelo desenvolvimento dos países emergentes, sendo possível que a procura dos países nonocde ultrapasse o consumo do grupo da OCDE. Evolução mensal da procura mundial de petróleo (mbbl/d) 94 92 90 88 86 84 82 80 jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez. 2013 2012 Intervalo 20082012 Fonte: IEA Do lado da oferta, o nível de produção médio, em 2013, foi de 91,6 mbbl/d, o que equivaleu a um incremento de 0,6 mbbl/d comparativamente a 2012. Este aumento teve origem na produção de países que não pertencem à Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que subiu cerca de 1,4 mbbl/d. Do lado da OPEP, assistiuse a uma descida da produção de petróleo de 0,9 mbbl/d para 30,4 mbbl/d, não se tendo registado grandes oscilações no excesso da sua capacidade efetiva, que se mantinha em cerca de 3,3 mbbl/d no final do ano. Influenciado pelas dinâmicas da procura e da oferta, assim como pela estabilidade do nível do excesso de capacidade efetiva da OPEP, o valor médio anual do preço do dated Brent situouse perto dos $110/bbl, pelo terceiro ano consecutivo, apresentando, no entanto, alguma volatilidade ao longo do ano, tendo a média mensal variado entre $102/bbl e $116/bbl. A cotação do dated Brent atingiu o valor máximo nos primeiros meses do ano, influenciada pelas tensões geopolíticas no Médio Oriente, nomeadamente o golpe de Estado no Egito e as restrições na oferta da Líbia. Por outro lado, as incertezas em relação à economia europeia, o receio do abrandamento do programa de quantitative easing, nos EUA, e uma eventual desaceleração do crescimento da economia chinesa, fizeram com que a cotação voltasse a registar valores próximos dos $100/bbl. Evolução mensal da cotação do dated Brent ($/bbl) 140 120 100 80 60 40 20 0 jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez. 2013 2012 Intervalo 20082012 Fonte: Platts Para 2014, estimase que a produção média da OPEP se mantenha em aproximadamente 30 mbbl/d e que o crescimento esperado da procura de petróleo seja compensado pelo aumento da produção de tight oil nos EUA e de oil sands no Canadá, pelo que é expectável que o nível do excesso de capacidade instalada efetiva permaneça estável e suporte o preço do dated Brent. Diferentes dinâmicas regionais suportam os preços do gás natural Em 2013, a procura global de gás natural aumentou cerca de 0,4% comparativamente a 2012. Este aumento foi essencialmente suportado pelos países emergentes, nomeadamente Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC), onde o consumo cresceu 3% face ao ano anterior. Quanto aos países membros da OCDE, assistiuse a uma redução de 1% no consumo de gás natural. De facto, é de notar a evolução da procura de gás natural na China e no Brasil, onde o consumo aumentou 9% e 8%, respetivamente. No caso do Brasil, este incremento deveuse ao aumento da produção de energia termoelétrica, em detrimento da energia hídrica, dada a pouca pluviosidade na região. Na China, o aumento resultou da maior taxa de urbanização no país, assim como da crescente utilização de gás natural em substituição do carvão, no seguimento das políticas delineadas para equilibrar as fontes energéticas e reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO 2 ) na região. 21

02 A GALP ENERGIA ATIVIDADES DESEMPENHO FINANCEIRO RISCOS PRINCIPAIS COMPROMISSO COM A SOCIEDADE ANEXOS Embora a evolução da procura global seja um fator de relevo para determinar a tendência do consumo de gás natural, é importante realçar que o mercado de gás natural se caracteriza atualmente pela existência de três áreas de consumo distintas: América do Norte, Europa e Ásia, cada uma com preços de referência e dinâmicas diferentes o Henry Hub (HH), o National Balancing Point (NBP) e o Japan LNG, respetivamente. No caso do HH, em 2013, o preço médio regressou aos níveis de $3,7/mmbtu representando uma subida de 34% face ao ano anterior, devido ao incremento da procura de gás natural, nomeadamente no sector industrial que começa agora a explorar as novas oportunidades criadas pela maior competitividade dos preços do gás natural nos EUA, e ao aumento da procura no final do ano, influenciada pela vaga de frio que se fez sentir na América do Norte. De salientar que o preço do HH havia atingido mínimos em 2012 devido ao aumento de produção do shale gas na região. A procura de gás natural nos EUA deverá continuar a aumentar, criando um maior balanço entre a procura e a oferta, proporcionando um ambiente de suporte e de expectável subida para o preço do HH. Evolução mensal da cotação do Henry Hub ($/mmbtu) 14 12 10 8 6 4 2 0 jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez. 2013 2012 Intervalo 20082012 Fonte: Bloomberg Quanto ao NBP, o preço médio em 2013 situouse nos $10,7/mmbtu, mais 12% do que em 2012, tendo refletido uma maior volatilidade devido à crescente dependência das importações. Com efeito, a vaga de frio sentida no Reino Unido em fevereiro e março resultou no aumento da procura e à quase exaustão do armazenamento de gás do país, projetando, em março, o preço médio mensal do NBP para $14,1/mmbtu, valor máximo registado nos últimos cinco anos. Em 2014, o declínio natural da produção de gás natural no Reino Unido deverá levar a um aumento das importações de gás natural, o que poderá pressionar ainda mais a cotação do NBP. Evolução mensal da cotação do NBP ($/mmbtu) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez. 2013 2012 Intervalo 20082012 Fonte: Bloomberg Relativamente ao consumo de GNL a nível mundial, este cresceu 2% face ao ano anterior, voltando a registar um aumento superior ao do gás natural. A procura de GNL concentrouse essencialmente na região da Ásia Pacífico, nomeadamente no Japão e na Coreia do Sul, os maiores consumidores de GNL a nível mundial, sendo responsáveis por mais de 50% da procura global em 2013. A Coreia do Sul registou um acréscimo superior a 10% no consumo de GNL, devido ao encerramento de cerca de 25% da sua capacidade de energia nuclear. Paralelamente, o Japão sofre ainda as consequências do desastre de Fukushima, com a globalidade dos seus reatores a permanecerem encerrados sem data prevista de reativação. Simultaneamente, outros países estarão a rever a sua estratégia a longo prazo, com intuito de reduzir a sua exposição à energia nuclear. Em 2013, o preço médio do Japan LNG foi de $16,1/mmbtu, menos 4% do que no ano anterior, mas voltando a registar dos valores mais elevados dos últimos cinco anos. Estes valores devemse à escassez da oferta para satisfazer a procura de GNL na Ásia, situação que tenderá a manterse a médio prazo com o aumento esperado da procura global de GNL, nomeadamente na China e na Índia. Evolução mensal da cotação do Japan LNG ($/mmbtu) 20 18 16 14 12 10 8 6 jan. fev. mar. abr. mai. jun. jul. ago. set. out. nov. dez. 2013 2012 Intervalo 20082012 Fonte: Bloomberg 22