Repetição de indébito federal, estadual e municipal (STJ info. 394)

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Transcrição:

Repetição de indébito federal, estadual e municipal (STJ info. 394) Devido ao princípio da vedação ao enriquecimento sem causa, o Estado tem o dever de restituir o tributo, ou parcela de tributo, pago de forma errônea pelo contribuinte. Neste sentido, então, dispõe o CTN (lei 5172/66): Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo (...). Este montante a ser restituído, seja o tributo total ou parcial, deverá sofrer a incidência de juros não-capitalizáveis (juros simples) a partir do momento em que se torne definitiva a decisão, judicial ou administrativa, que ordenar tal restituição. Art. 167. Parágrafo único. A restituição vence juros não capitalizáveis, a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar. (STJ Súmula nº188) Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do trânsito em julgado da sentença. Tal montante, a partir do momento em que se pagou erroneamente o tributo, ainda antes da decisão definitiva, deveria ser corrigido monetariamente, conforme entendimento do STJ: (STJ Súmula nº162) Na repetição do indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido. www.editoraferreira.com.br 1 Vitor Cruz

Desta forma teríamos: Simples C.M. = Correção Monetária Mas, ficava no ar a pergunta: sabemos que são usados os juros simples, mas, qual taxa será usada? Recorria-se então ao 1º do art. 161 do CTN: Art. 161. 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. OK! Entendido, teremos então juros moratórios de 1%. Porém, perceba a expressão se a lei não dispuser de modo diverso. E foi justamente o que aconteceu. Em 1995 esse entendimento modificou-se, pois, entrou em cena a lei 9.250/1995 que dispôs em seu art. 39 4º: A partir de 1º de janeiro de 1996, a compensação ou restituição será acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. O STJ então vem ratificando sua jurisprudência (EResp 399.497, ERESP 225.300, ERESP 291.257, EResp 436.167, EResp 610.351): Relativamente a tributos federais, a jurisprudência da 1ª Seção está assentada no seguinte entendimento: na www.editoraferreira.com.br 2 Vitor Cruz

restituição de tributos, seja por repetição em pecúnia, seja por compensação, (a) são devidos juros de mora a partir do trânsito em julgado, nos termos do art.167, parágrafo único, do CTN e da Súmula 188/STJ, sendo que (b) os juros de 1% ao mês incidem sobre os valores reconhecidos em sentenças cujo trânsito em julgado ocorreu em data anterior a 1º.01.1996, porque, a partir de então, passou a ser aplicável apenas a taxa SELIC, instituída pela Lei 9.250/95, desde cada recolhimento indevido. Então temos uma nova regra para decisões transitadas em julgado após 01/01/1996: Pgto. Indevido SELIC Decisão definitiva SELIC (e 1% no mês do pgto.) Mas isso também vale para esfera estadual e municipal? O informativo 394 do STJ veio justamente atentar para este tema. Assim foi dito: Relativamente a tributos estaduais ou municipais, a matéria continua submetida ao princípio geral adotado pelo STF e pelo STJ, segundo o qual, em face da lacuna do art. 167, parágrafo único, do CTN, a taxa dos juros de mora na repetição de indébito deve, por analogia e isonomia, ser igual à que incide sobre os correspondentes débitos tributários estaduais ou municipais pagos com atraso. E a taxa de juros incidente sobre esses débitos deve ser de 1% ao mês, a não ser que o legislador, utilizando a reserva de competência prevista no 1º do art. 161 do CTN, disponha de modo diverso. Nessa linha de entendimento, a jurisprudência deste Superior Tribunal considera incidente a taxa Selic na repetição de indébito de tributos estaduais a partir da data de vigência da lei estadual que prevê a incidência de tal encargo sobre o pagamento atrasado de seus tributos. No Estado de São Paulo, o art. 1º da Lei estadual n. 10.175/1998 prevê a aplicação da taxa Selic sobre impostos estaduais www.editoraferreira.com.br 3 Vitor Cruz

pagos com atraso, o que impõe a adoção da mesma taxa na repetição do indébito. Ou seja, a regra da SELIC só vale para tributos FEDERAIS! Em se tratando de ESTADUAIS/MUNICIPAIS, se o legislador não dispuser de modo diverso continua-se aplicando a antiga regra. Diante disso, podemos fazer o seguinte resumo: ESFERA FEDERAL Decisões definitiva antes de 01/01/1996: Simples (1% a.m.) ESFERA FEDERAL Decisões definitiva após 01/01/1996: Pgto. Indevido SELIC Decisão definitiva SELIC (e 1% no mês do pgto.) ESFERA ESTADUAL/MUNICIPAL A não ser que o legislador disponha de forma diversa: Simples (1% a.m.) Grande Abraço a todos, Estou disponível para dúvidas e apontamentos, Vítor Cruz http://www.vitor-cruz.blogspot.com/ www.editoraferreira.com.br 4 Vitor Cruz

www.editoraferreira.com.br 5 Vitor Cruz