DIAGNÓSTICO DO MANEJO FORNECIDO AOS OVINOS E CAPRINOS PRESENTES 61ª EXPOCRATO Vanessa Oliveira Teles 1 Jackson Teixeira Lobo 2 Witalo da Silva Sales 3 Solange dos Santos Justino 4 Irani Ribeiro Vieira Lopes 5 1 Introdução/ Desenvolvimento A produção mundial de carne ovina vem crescendo de forma acelerada, de 1990 a 2000 a produção aumentou 8,6%, e, de 2000 a 2008 cresceu 14,4%. O rebanho caprino aumentou cerca de 40% em 20 anos (BANCO DO BRASIL, 2010). De acordo com Neto et al. (2003) a criação de ovinos e caprinos representou uma boa alternativa de trabalho e renda. Nos últimos anos, a ovinocaprinocultura brasileira vem ocupando posição de destaque entre as desenvolvidas no setor agropecuário, com participação marcante em todos os segmentos da economia, tendo no setor primário, a criação dos animais, no setor secundário, a produção de carne, leite e pele, com produtos acabados e manufaturados e, no setor terciário, a venda de todos os produtos no mercado interno e externo (COUTO FILHO, 2002). 1 Graduanda do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri. Bolsista CNPq/PIBIC, Crato, Ceará, e-mail: teles@alu.ufc.br 2 Graduando do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri. Bolsista PET/UFC, Crato, Ceará, e-mail: jackson_lob@hotmail.com 3 Graduando do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri. Bolsista PET/UFC, Crato, Ceará, e-mail: witalocrato@hotmail.com 4 Graduanda do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri. Bolsista PROEXT/UFC, Crato, Ceará, e-mail: solange-justino@bol.com.br 5 Professora do curso de Eng. Agronômica - UFC Campus Cariri, Crato, Ceará e-mail: iranirvl@cariri.ufc.br 1
De acordo com Melo & Oliveira (2006), 90% do rebanho de ovinos e caprinos estão na região Nordeste, abrangendo uma área de 166,2 milhões de hectares, dos quais 95,2 milhões (57%) estão inseridos na zona semiárida. Couto (2001) também enfatiza a adaptabilidade desses animais aos ecossistemas semiáridos. A caprinovinocultura desenvolvida no Nordeste brasileiro teve sua origem com a importação de animais de raças européias trazidas pelos jesuítas e colonizadores portugueses por volta de 1535 (MAIA, 1997). Os animais, de modo geral, foram criados de forma extensiva e para se adaptarem às condições edafoclimáticas predominantes na região, desenvolveram mecanismos biológicos apropriados, resultando em vários grupos e/ou raças nativas da região. Apesar da seleção natural ter ocorrido no sentido negativo da produção, o NE possui hoje, para suas condições de semiárido, material genético de excelente qualidade para obtenção de pele, carne de baixo teor de gordura e uma adequada produção de leite, desde que seja adotado um nível mínimo de tecnologia (NORDESTE RURAL, 2004). A exploração de ovinos e caprinos na região Nordeste é uma opção viável e rentável não somente para pequenos e médios produtores, mas também para grandes pecuaristas que desejem explorar uma atividade que não exige altos investimentos em infra-estrutura e na aquisição de animais, além de apresentar rápido retorno do capital investido (IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 2003). O crescimento vertiginoso da exploração de pequenos ruminantes na região está transformando o cenário dos nossos sistemas produtivos (EMBRAPA, 2004). No município de Crato, estado do Ceará, anualmente, ocorre a Exposição Agropecuária EXPOCRATO, principal feira das regiões Norte e Nordeste. O presente trabalho teve como objetivo fazer um diagnóstico do manejo fornecido aos ovinos e caprinos presentes na 61ª edição da Exposição Agropecuária do Crato. 2 Metodologia/ Resultados A pesquisa foi realizada durante a 61ª EXPOCRATO, no Parque de Exposição Pedro Felício Cavalcante, na cidade de Crato - CE, que ocorreu no período de 8 à 15 de julho de 2012. Inicialmente foi elaborado um questionário com perguntas claras e objetivas, sobre os aspectos zootécnicos da criação, tais como raças, sexo, alimentação e manejo fornecido aos caprinos e ovinos durante o evento. Além disso, buscou-se informações sobre premiações, data de entrada e saída dos animais, preço médio, etc. Os questionários foram aplicados durante três dias consecutivos, entrevistandose o tratador responsável pelo manejo dos animais de cada propriedade. Os dados obtidos foram dispostos em planilha eletrônica (Excel-2007) para posterior análise dos resultados. Dentro de cada item, os percentuais foram calculados em relação ao número total de entrevistados que foram, ao todo, 16. Os criadores possuíam juntos 419 animais, dos quais 191 eram ovinos das raças Dorper, Santa Inês, Morada Nova, Cariri, Bergamácia e Somalis e 228 caprinos Boer, Savana e Anglonubiana. Do rebanho ovino caracterizado na presente pesquisa, 131 animais eram machos e 60 fêmeas enquanto que, os caprinos eram divididos em 177 machos e 51 fêmeas. Com exceção dos animais da raça Bergamácia, cuja aptidão 2
principal é a produção de lã, os demais ovinos e caprinos se destinavam a produção de carne. Como pode ser observado a seguir, mais de 60% dos animais chegaram antes do início do evento (Figura 1) e 87,50% deles saíram no último dia (Figura 2). O regulamento da feira estabelece que os animais a serem alojados nos galpões devem chegar antes e somente serem retirados ao término da feira. Criadores que trazem animais fora do prazo e/ou que se destinam apenas ao comércio são instalados em currais, cuja localização dá acesso livre a área externa do Parque. Ovinos e caprinos abrigados nessa área podem entrar e sair ao longo da exposição. Figura 1: Data de entrada de ovinos e caprinos durante a 61ª EXPOCRATO. Figura 2: Data de saída de ovinos e caprinos durante a 61ª EXPOCRATO. Do total de produtores entrevistados, 68,75% criam apenas ovinos, 6,25% somente caprinos e os demais (25%) possuem rebanho caprino e ovino (Figura 3). 87,5% dos criadores não tiveram problemas na fiscalização durante a entrada dos animais. Como mostra a Figura 3, 4,5% dos animas são do estado do Ceará, 37,5% do Pernambuco e os demais (12,5%) do Piauí. Figura 3: Tipos de criação. Figura 4: Estado de origem de ovinos e caprinos 3
O peso dos machos e das fêmeas em função da espécie pode ser observado nas Tabelas 1 e 2, respectivamente. Independente da espécie, os machos foram mais pesados que as fêmeas. O maior percentual dos machos ovinos e caprinos presentes na Expocrato-2012 pesaram entre 40 e 60 kg. Entre as fêmeas, verificou-se que as ovelhas apresentaram, em sua maioria (59,33%), peso superior ao das cabras. O maior percentual de fêmeas caprinas pesou entre 41 e 60 Kg. Tabela 1: Peso médio de machos ovinos e caprinos PESO (kg) MACHOS OVINOS CAPRINOS 40 60 64,12% 76,66% 61 80 25,19% 18,33% 81 100 10,69% 5,01% Tabela 2: Peso médio de fêmeas ovinas e caprinas PESO (kg) FÊMEAS OVINOS CAPRINOS 20 40 28,25% - 41 60 12,42% 98,04% > 60 59,33% 1,96% O preço dos machos caprinos variou de R$ 1.500,00 a 10.000,00 e as fêmeas de R$ 1.500,00 a 5.000,00. O valor médio dos ovinos foi inferior ao dos caprinos, sendo os machos comercializados por R$ 800,00 a 8.000,00 e as fêmeas a R$ 350,00 a 4.000,00. Essa variação de preço se deve, principalmente, a genética dos animais; reprodutores e matrizes de alto potencial genético são mais caros do que animais de genética inferior ou que se destinam ao abate. Dos machos, 51,14% ovinos e 51,66% caprinos possuíam idade entre 6 e 12 meses (Tabela 3), Quanto as fêmeas (Tabela 4), observou-se que 45,2% das raças ovinas e 56,86% caprinas tinham idade entre 6 e 12 meses. Tabela 3: Idade média de machos ovinos e caprinos IDADE DOS MACHOS ANIMAIS (kg) OVINOS CAPRINOS 6 a 12 meses 51,14% 51,66% 13 a 24 meses 25,19% 48,34% Mais de 25 meses 23,67% - Tabela 4: Idade média de fêmeas ovinas e caprinas IDADE DOS FÊMEAS ANIMAIS (kg) OVINOS CAPRINOS 6 a 12 meses 45,20% 56,86% 13 a 24 meses 14,12% 43,14% Mais de 25 meses 40,68% - Durante o EXPOCRATO, 43,75% dos animais foram alimentados com capim in natura, feno e concentrado, 25% com capim e feno, 18,75%, apenas receberam feno e 12,5%, feno e concentrado. O capim in natura fornecido aos animais era oferecido pela organização do evento. Apenas 6,25% dos animais estavam recebendo sal mineral na alimentação. Questionados sobre o intuito de participar do evento, ficou claro que os criadores trouxeram seus animais com o principal objetivo de Expor, vender e levar animais para o julgamento (43,75%), 12,5% levaram os apenas para expor e 18,75% apenas para venda. Dos animais destinados a julgamento foram premiados 29 caprinos, sendo 16 fêmeas e 13 machos e 15 ovinos (5 fêmeas e 10 machos). 4
3 Considerações Finais A EXPOCRATO é a feira agropecuária regional que oferece maior oportunidade para a realização de grandes negócios. Identificou-se durante o evento um maior número de ovinos, sendo a maioria dos animais fêmea. Grande parte era jovem, de grande potencial genético, tem a alimentação balanceada e foram levados ao evento para além de ser expostos e comercializados, participarem de julgamentos. 4 Referências BANCO DO BRASIL. Desenvolvimento Regional Sustentável: Série cadernos de propostas para atuação em cadeias produtivas. Ovinocaprinocultura, vol. 7, 2010. COUTO, F. A. A. Dimensionamento do mercado de carne ovina e caprina no Brasil. In: CNPq. Apoio à cadeia produtiva da ovinocaprinocultura brasileira. Brasília, DF, 2001. EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Ovinocaprinocultura no Nordeste: organização e crescimento, 2004. Disponível em: < http://www.embrapa.br/imprensa/artigos/2000/artigo.2004-12-07.2538681592/> Acesso em: 28 out. 2012. FILHO, C.C. Plataforma regional de pele de caprinos e ovinos. Fortaleza: 2002. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Pecuária Municipal, 2003. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/> Acesso em: 01 nov. 2012. MELO, A. M.; OLIVEIRA, A. B. R. Caprinocultura na Bahia. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/sureg/ba/caprinocultura_na_bahia.pdf >. Acesso em: 26 nov. 2012. NETO, O.T.M.; RODRIGUES, A.; ALBUQUERQUE, A.C. A.; MAYER, S. 2003. Manual de capacitação de agentes de desenvolvimento. Archivos de zootecnia vol. 57,218 p. NORDESTE RURAL. A caprinovinocultura no nordeste brasileiro. 2004. Disponível em: < http://www.nordesterural.com.br/nordesterural/matler.asp?newsid=1916 > Acesso em: 28 out. 2012. RODRIGUES, Ricardo (2008). A ovinocaprinocultura do nordeste e sua inserção no país. Disponível em: <http://www.farmpoint.com.br/cadeia-produtiva/espacoaberto/aovinocaprinoc ultura- do-nordeste-e-sua-insercao-no-pais-44151n.aspx> Acesso em: 21 jul. 2012. 5