UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA EFEITO DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS COM E SEM CARBOIDRATOS SOBRE O DESEMPENHO FÍSICO



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Transcrição:

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA EFEITO DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS COM E SEM CARBOIDRATOS SOBRE O DESEMPENHO FÍSICO Juscélia Cristina Pereira Magister Scientiae VIÇOSA MINAS GERAIS BRASIL 2013

JUSCÉLIA CRISTINA PEREIRA EFEITO DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS COM E SEM CARBOIDRATOS SOBRE O DESEMPENHO FÍSICO Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, para obtenção do título de Magister Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS BRASIL 2013

JUSCÉLIA CRISTINA PEREIRA EFEITO DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS COM E SEM CARBOIDRATOS SOBRE O DESEMPENHO FÍSICO Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, para obtenção do título de Magister Scientiae. APROVADA: 26 de março de 2013. Profª. Drª. Ana Paula Muniz Guttierres Profª. Dr.ª Luciana Moreira Lima (Coorientadora) Prof. Dr. João Carlos Bouzas Marins (Orientador)

ii A Deus, meus familiares, amigos, companheiros de todas as horas

iii AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ter traçado um destino maravilhoso para minha vida, colocando no meu caminho pessoas com as quais pude aprender muito e que ainda me ensinarão muitas coisas, contribuindo para meu crescimento pessoal e profissional. Agradeço à minha família, especialmente aos meus pais, que sempre dedicaram suas vidas a minha irmã e a mim, investindo no meu futuro, e me orientando sempre a seguir o caminho do bem. Obrigada pela paciência e confiança ao longo de todos esses anos. À minha irmã, pelas palavras de carinho e incentivo para a realização dos meus sonhos. Agradeço ao meu querido orientador prof Drº.João, que me incentivou desde o princípio a fazer o mestrado, que me proporcionou muitas oportunidades, que foi exemplo de competência e dedicação profissional e que contribuiu imensamente para a concretização deste trabalho. Agradeço à minha coorientadora profª Dr.ª Rita, pela atenção e pelas valiosas contribuições para realização deste trabalho. Agradeço à profª Dr.ª Ana e profª Dr.ª Luciana que aceitou gentilmente a participar da banca de defesa da minha dissertação. Agradeço à Priscila, Mário, Ana Paula, Valéria, Euler e aos enfermeiros Cida, Regiana e Luciano, todos foram essenciais para o sucesso do experimento, auxiliando na coleta de dados e dispostos a ajudar no que fosse preciso. Agradeço ao Cristiano pela ajuda na estatística com seus conhecimentos e sempre muito disposto a me ajudar. Agradeço à Universidade Federal de Viçosa, ao Departamento de Educação Física, especialmente ao LAPEH, pela oportunidade da realização do mestrado e pela disponibilidade de estrutura física e materiais. Agradeço à CAPES, pela concessão da bolsa de estudos para realização do mestrado. Agradeço aos voluntários que participaram dos experimentos com muito comprometimento e presteza, sem eles não teria sido possível a realização deste trabalho. Agradeço aos meus amigos de mestrado, de Viçosa, de Formiga, que torceram por mim e incentivaram nesta tão sonhada conquista. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, Muito Obrigado!

iv BIOGRAFIA Juscélia Cristina Pereira, filho de José Fonseca Pereira e Icléia Almeida Pereira, nasceu em 03 de março de 1987 em Formiga, MG. Em 2006, ingressou-se no curso de Educação Física da Universidade Federal de Viçosa, na qual em Janeiro de 2011 graduou-se Bacharel e Licenciada em Educação Física. Em março de 2011 ingressou-se no Programa de Pós-Graduação Stricto- Sensu em Educação Física na Universidade Federal de Viçosa, obtendo o título de Mestre em Março de 2013.

v SUMÁRIO LISTA DE TABELAS... vii LISTA DE FIGURAS... ix LISTA DE ABREVIATURAS... xi RESUMO...xiii ABSTRACT... xvivi 1. INTRODUÇÃO GERAL... 1 2. OBJETIVOS... 3 2.1. Objetivo Geral... 3 2.2 Objetivos Específicos... 3 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 4 ARTIGO 1: EFEITO DA INGESTÃO DE TAURINA NO DESEMPENHO FÍSICO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA.... 8 RESUMO... 9 ABSTRACT... 10 1. INTRODUÇÃO... 11 2. MÉTODOS... 12 3. RESULTADOS... 14 4. DISCUSSÃO... 20 5. CONCLUSÕES... 26 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 26 ARTIGO 2: BEBIDAS ENERGÉTICAS: POSSUEM EFEITOS ERGOGÊNICOS NO EXERCÍCIO FÍSICO?... 31 RESUMO... 32 ABSTRACT... 333 1. INTRODUÇÃO... 34

vi 2. MÉTODOS... 36 3. RESULTADOS... 37 4. DISCUSSÃO... 42 5. CONCLUSÕES... 48 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 48 CAPÍTULO 1: EFEITOS AGUDOS DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS SOBRE OS PARAMÊTROS CARDIOVASCULARES, METABÓLICOS E NO DESEMPENHO EM INDIVÍDUOS FISICAMENTE ATIVOS... 55 RESUMO... 55 ABSTRACT... 57 1. INTRODUÇÃO... 58 2. MATERIAL E MÉTODOS... 60 3. RESULTADOS... 69 4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO... 76 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 83 CAPÍTULO 2: EFEITOS DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS NO BALANÇO HÍDRICO-MINERAL EM EXERCÍCIO CONTÍNUO NO CICLOERGÔMETRO... 92 RESUMO... 92 ABSTRACT... 94 1. INTRODUÇÃO... 96 2. MATERIAIS E MÉTODOS... 98 3. RESULTADOS... 107 4. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO... 112 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 117 CONSIDERAÇÕS FINAIS... 125 ANEXOS... 126

vii LISTA DE TABELAS ARTIGO 1: EFEITO DA INGESTÃO DE TAURINA NO DESEMPENHO FÍSICO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Tabela 1. Efeitos da Taurina no desempenho físico aeróbico 16 Tabela 2. Efeitos da Taurina no desempenho físico anaeróbico 19 ARTIGO 2: BEBIDAS ENERGÉTICAS POSSUEM EFEITOS ERGOGÊNICOS NO EXERCÍCIO FÍSICO? Tabela 1. Efeitos das BE no desempenho físico aeróbico 39 Tabela 2. Efeitos das BE no desempenho físico anaeróbico 41 CAPÍTULO 1: EFEITOS AGUDOS DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS SOBRE OS PARAMÊTROS CARDIOVASCULARES, METABÓLICOS E NO DESEMPENHO EM INDIVÍDUOS FISICAMENTE ATIVOS Tabela 1. Rotação dos procedimentos da ingestão de bebidas energéticas empregados Tabela 2. Composição do café da manhã em termos calóricos e composição de macronutrientes Tabela 3. Composição nutricional das bebidas utilizadas nos ensaios experimentais em 250 ml Tabela 4. Média ± desvio padrão das respostas cardiovasculares apresentadas durante o repouso, exercício 65-75% do VO 2máxEs e o sprint Tabela 5. Média ± desvio padrão do consumo de oxigênio (VO 2 ), produção dióxido de carbono (VCO 2 ) e quociente respiratório (RQ) obtidos em cada tratamento aplicado durante o estudo 63 64 65 71 72 CAPÍTULO 2: EFEITOS DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS NO BALANÇO HÍDRICO-MINERAL EM EXERCÍCIO CONTÍNUO NO CICLOERGÔMETRO Tabela 1. Rotação dos procedimentos da ingestão de bebidas energéticas empregados 101

viii Tabela 2. Composição do café da manhã em termos calóricos e composição de macronutrientes Tabela 3. Composição nutricional das bebidas utilizadas nos ensaios experimentais em 250 ml Tabela 4. Média ± desvio padrão dos parâmetros relacionados ao balanço hídrico e estado de hidratação apresentados pelos participantes do estudo 102 103 107

ix LISTA DE FIGURAS ARTIGO 1: EFEITO DA INGESTÃO DE TAURINA NO DESEMPENHO FÍSICO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA Figura 1. Procedimentos de identificação, triagem e seleção dos estudos para análise. 13 ARTIGO 2: BEBIDAS ENERGÉTICAS POSSUEM EFEITOS ERGOGÊNICOS NO EXERCÍCIO FÍSICO? Figura 1. Procedimentos de identificação, triagem e seleção dos estudos para análise. 37 CAPÍTULO 1: EFEITOS AGUDOS DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS SOBRE OS PARAMÊTROS CARDIOVASCULARES, METABÓLICOS E NO DESEMPENHO EM INDIVÍDUOS FISICAMENTE ATIVOS Figura 1. Esquema representativo do protocolo adotado nos testes experimentais do presente estudo 68 Figura 2. Tempo de duração do sprint para os três tratamentos. 70 Figura 3. Oxidação de carboidratos e de gorduras durante os 60 minutos de exercício e durante o sprint para os três tratamentos. Figura 4. Média ± desvio-padrão da glicemia e do lactato plasmático nos momentos pré-exercício (-110 min, -40 min e 0 min) nos testes experimentais. Figura 5. Média ± desvio-padrão da glicemia e do lactato plasmático ao longo do exercício contínuo e após o sprint nos testes experimentais. 73 74 75 CAPÍTULO 2: EFEITOS DA INGESTÃO DE BEBIDAS ENERGÉTICAS NO BALANÇO HÍDRICO-MINERAL EM EXERCÍCIO CONTÍNUO NO CICLOERGÔMETRO Figura 1. Esquema representativo do protocolo adotado nos testes experimentais do presente estudo. 107

x Figura 2. Média ± desvio-padrão das concentrações de sódio, potássio e hematócrito nos momentos pré-exercício (-110 min, -40 min e 0 min) nos teste experimentais. 109 Figura 3. Média ± desvio-padrão das concentrações de sódio, potássio e hematócrito ao longo do exercício contínuo e após o sprint nos testes experimentais. 111

xi LISTA DE ABREVIATURAS ABIRB ACSM ANVISA BE Da Dr DU FC FCM IPE PA PAD PAS PC PCi PCf RQ SBME Tau VO 2 VCO 2 VO 2max VO 2maxEs Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não- Alcoólicas Colégio Americano de Medicina do Esporte Agência Nacional de Vigilância Sanitária Bebida Energética Desidratação absoluta Desidratação relative Densidade da urina Frequência cardiac Frequência cardíaca maxima Índice de percepção de esforço Pressão arterial Pressão arterial diastólica Pressão arterial sistólica Peso corporal Peso corporal inicial Peso corporal final Quociente respiratório Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte Taurina Consumo de oxigênio Consumo de gás carbônico Consumo máximo de oxigênio Consumo máximo de oxigênio estimado

xii RESUMO PEREIRA, Juscélia Cristina, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, março de 2013. Efeito de diferentes bebidas energéticas no desempenho físico. Orientador: João Carlos Bouzas Marins. Co-orientadora: Rita de Cássia Gonçalves Alfenas Esta dissertação é composta de dois artigos e de dois capítulos. O primeiro artigo já publicado na Revista Andaluza de Medicina del Deporte, objetivou-se descrever, através de revisão de literatura, os efeitos da taurina (Tau) no desempenho físico aeróbio e anaeróbio, além de apresentar os seus mecanismos de ação. Realizou-se uma revisão sistemática da literatura na base de dados PubMed/Medline e SportDiscus, tendo como critérios de inclusão estudos com humanos, publicados em língua inglesa, entre 1 de janeiro de 2000 e 1º de setembro de 2011. A forma de ingestão de Tau incluiu: Tau isolada ou como ingrediente das bebidas energéticas analisada com um suplemento placebo. Melhoras significativas foram observadas nas atividades aeróbicas e anaeróbicas após a ingestão de Tau vs. placebo. O principal efeito ergogênico observado do componente aeróbico está centrado no aumento da capacidade temporal de realização do exercício, enquanto que na atividade anaeróbica haveria uma melhor resposta dos íons de cálcio durante a contração muscular. Conclui-se que o consumo de apenas 1 g de Tau, independentemente do tempo prévio de ingestão, apresentou efeito benéfico tanto no desempenho físico aeróbio quanto no anaeróbio. O segundo artigo encaminhado para Revista Brasileira de Medicina do Esporte, investigou-se os possíveis efeitos ergogênicos das bebidas energéticas no desempenho físico aeróbio e anaeróbio e os seus mecanismos de ação. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura na base de dados PubMed/Medline e SportDiscus, tendo como critérios de inclusão estudos com humanos, entre 1 de janeiro de 2000 a 1º de abril de 2012. Em relação aos artigos sobre consequencias das bebidas energéticas nos exercícios aeróbios, houve melhoras no tempo total de exercício, na capacidade cardiorrespiratória e no índice de percepção de esforço. Para as atividades anaeróbias houve melhoras na resistência muscular e no tempo de sprints. Tendo em vista que os principais componentes das bebidas energéticas ão considerados legais pela

xiii Agência Mundial Anti-Doping (WADA) e que existem indícios científicos de que essas bebidas podem produzir uma ação ergogênica, torna-se interessante sua utilização, aprimorando o desempenho do atleta em competição ou na qualidade do treino em atividades de perfil aeróbico e anaeróbica. Antes do estudo experimental foi realizado um estudo piloto com 2 voluntários, tendo a finalidade de desenvolver as técnicas de registro de dados, o treinamento do pessoal de apoio, a calibração dos aparelhos e avaliação dos procedimentos e métodos empregados. Os resultados obtidos deste estudo não serão considerados no estudo experimental. O primeiro capítulo e o segundo capítulo correspondem a estudos experimentais que objetivaram verificar os efeitos da ingestão préexercício de bebidas energéticas com e sem carboidratos em parâmetros cardiovasculares, metabólicos e no desempenho; e identificar como a ingestão dessas duas bebidas influenciam o equilíbrio eletrolítico no exercício contínuo em cicloergômetro, respectivamente. Ambos os capítulos adotaram a mesma metodologia. Foram avaliados doze indivíduos do sexo masculino com idade de 24,41 ± 6,68 anos e VO 2max estimado (VO 2MáxEs ) de 54,56 ± 4,85 ml.(kg.min) -1, praticantes regulares de ciclismo. O protocolo de exercício consistia de três sessões experimentais com duração de 60 minutos de exercício contínuo (65-75% VO 2MáxEs ), seguido por um sprint de 6 km, respeitando um intervalo de pelo menos 2 dias entre as sessões. O desenho experimental adotado foi duplo cego, em cross over randomizado, em que 40 minutos antes do início dos exercícios foram ingeridas uma das três bebidas: BE com (BE1) e sem carboidratos (BE2) ou bebida placebo. A quantidade de bebida consumida foi calculada individualmente, para fornecer uma dose de 2 mg de cafeína/kg de peso corporal (PC). Durante cada uma das situações experimentais, o procedimento de hidratação foi com água na proporção de 3 ml/kg de PC imediatamente antes do início do exercício, a cada 15 minutos, bem como após o final do sprint. As amostras sanguíneas foram coletadas nos seguintes momentos: antes do café da manhã (-110min), antes da ingestão da bebida (-40 min), imediatamente antes do início do exercício (0 min), a cada 20 minutos de exercício contínuo e ao final do sprint. Foram realizadas medições das taxas de trocas respiratórias, por um analisador de gases, ao início do exercício, nos mesmos intervalos de 20 minutos e durante o sprint. Para avaliar o balanço hídrico e o estado de hidratação dos avaliados, foram registrados o PC e a densidade da urina antes e após o

xiv exercício, o volume urinário após o exercício e o hematócrito. O registro do PC e do volume urinário permitiu o cálculo da perda hídrica (relativa e absoluta), do percentual de desidratação (relativa e absoluta e da taxa de sudorese). Todos os testes experimentais foram realizados em semelhantes condições experimentais de temperatura e umidade relativa do ar. Os principais resultados do primeiro capítulo apontam que o tempo gasto para completar o sprint foi significativamente maior para o placebo comparado as bebidas energéticas BE1 (p<0,001) e BE2 (p=0,003); entre os tratamentos (BE1 e BE2) houve redução significativa (p>0,001) no tempo de sprint após o consumo de BE1. Não foram observadas diferenças (p>0,05) entre os tratamentos para frequência cardíaca, pressão arterial sistólica e diastólica, VO 2, VCO 2, oxidação de gordura e concentração plasmática de glicose e de lactato. O quociente respiratório (QR) foi significativamente maior nos intervalos 40-45 minutos (p=0,005) e 55-60 minutos (p=0,022) no tratamento BE1 comparado ao placebo. Durante o sprint, a oxidação de carboidratos foi maior (p=0,017) no tratamento BE1 comparado ao placebo. O valor do IPE ao final do sprint foi maior no tratamento placebo comparado com BE1 (p=0,012) e com BE2 (p=0,022). Os principais resultados do segundo capítulo apontam que os parâmetros referentes ao balanço hídrico e do estado de hidratação não apresentaram diferença significativa entre os três testes experimentais (p>0,05). Contudo, houve redução estatisticamente significativa (p<0,001) do PC e da densidade da urina após o exercício (p<0,05) para todos os tratamentos. As concentrações plasmáticas de sódio não mudaram significativamente durante os 60 minutos de exercício contínuo e após o sprint para todos os tratamentos e não foram observadas diferenças entre os tratamentos. As concentrações de potássio foram significativamente maiores (p<0,05) durante o exercício contínuo e após o sprint quando comparadas ao repouso para todos os tratamentos. Após o sprint, no tratamento placebo, houve aumento significativo nos valores de potássio comparado as bebidas energéticas BE1 (p=0,017) e ao BE2 (p=0,012). Já a concentração de hematócrito se manteve estável ao longo dos 60 minutos de exercício e aumentaram significativamente (p<0,05) após o sprint para todos os tratamentos. Considerando as condições ambientais e de exercício propostas no presente estudo, é possível concluir que as bebidas energéticas ministradas numa quantidade que seja fornecida 2mg de cafeína / kg de PC, produzem semelhante efeito sobre o balanço hídrico-mineral

xv em relação ao placebo, para o grupo populacional estudado (praticantes regulares de ciclismo e com um baixo consumo diário de cafeína), não sendo assim observado efeito diurético durante o exercício. Contudo, a ingestão da BE1, foi mais efetiva para maximização da capacidade de sprint de 6 km, indicando o seu consumo antes do exercício, visto que não foi observado nenhum efeito ergolítico.

xvi ABSTRACT PEREIRA, Juscélia Cristina, M. Sc., Universidade Federal de Viçosa, march de 2013.. Effect of different energy drinks on physical performance. Adviser: João Carlos Bouzas Marins. Co-adviser: Rita de Cássia Gonçalves Alfenas. This dissertation consists of two articles and two chapters. The first article ever published in the Revista Andaluza de Medicina del Deporte aimed to describe, through literature review, the effects of taurine (Tau) on aerobic and anaerobic physical performance as well as its mechanisms of action.a systematic literature review on PubMed/Medline and SPORTDiscus was performed, including studies on humans which were published in English between January 1 st, 2000 and September 1 st, 2011.The forms of Tau intake were as the isolated compound (Tau) or as an ingredient in energy drinks analyzed with a placebo supplement. Significant improvements were observed in aerobic activities and in anaerobic activities after intake of Tau, compared to the placebo. The main ergogenic effect observed in the aerobic component was an increase on the temporal capacity of performing an exercise, whereas for the anaerobic activity there was a better response of calcium ions during muscle contraction. The consumption of only 1 g of Tau, regardless of the time prior to intake, showed a beneficial effect on aerobic and anaerobic physical performance.the second article submitted to Brazilian Journal of Sports Medicine, investigated the potential ergogenic effects of energy drinks on aerobic and anaerobic exercise performance and their mechanisms of action. We performed a systematic review of the literature in PubMed/Medline and SportDiscus, with the inclusion criteria of human studies, and published in English or Spanish between January 1 st, 2000 and April 1 st, 2012. Regarding articles about consequences of energy drinks in aerobic exercise, there were significant improvements in total exercise time, cardiorespiratory capacity and rate of perceived exertion. For anaerobic activities, there were improvements in endurance and sprint time. Considering that the main components of energy drinks are considered legal by the World Anti-Doping Agency (WADA) and that there is scientific evidence that these drinks can produce an ergogenic action, it becomes interesting to use, improving the athlete's performance in competition or

xvii the quality of training in activities of aerobic and anaerobic profile. Before the experimental study was carried out a pilot study and two volunteers, in order to develop technical data logging, training of support staff, of calibrating and evaluating the procedures and methods employed. The results of this study will not be considered in the experimental study. The first chapter and the second chapter correspond to experimental studies that aimed to assess the effects of pre-exercise ingestion of energy drinks with and without carbohydrates in cardiovascular parameters, metabolic and performance, and identify if intake of these beverages affect similarly the water balance in mineral-continuous exercise on a cycle ergometer, respectively. Both chapters have adopted the same methodology. Twelve males with age between 24,41 ± 6,68 years old and VO2max estimate (VO2MáxEs) of 54,56 ± 4,85 ml.(kg.min) -1, regular practitioners of cycling.the exercise s protocol consisted in three experimental sessions of min in continuous exercise (65-75%VO2MáxEs), followed for a 6km sprint, respecting the interval of at least two days between sessions. This is a double blind study, in cross over randomized, which 40 min before begin exercise was ingested one of the three drinks: ED with (ED1) and without carbohydrates (ED2) or placebo drink. The amount of drink consumed was calculated individually, for offer 2mg of caffeine/kg of body weight (BW). During each experimental procedure situation, the hydration was with water in the ratio of 3 ml / kg BW immediately before the exercise, every 15 minutes, and after the final sprint. Blood samples were collected at the following times: before breakfast (- 110min), before drink ingestion (-40 min), immediately before the start of exercise (0 min), every 20 minutes of continuous exercise and final sprint. Measurements were performed respiratory exchange rates for a gas analyzer, the beginning of exercise, at the same intervals of 20 minutes and during the sprint. To evaluate fluid balance and hydration status of the subjects was recorded BW and density of urine before and after exercise, urinary volume after exercise and hematocrit. To evaluate fluid balance and hydration status of the subjects was recorded BW and density of urine before and after exercise, urinary volume after exercise. These measures allowed the monitoring of the percentage of relative and absolute dehydration and sweat rate. All experimental tests were performed in similar experimental conditions of temperature and relative humidity air. The key findings from the first chapter indicate that the time taken to complete the sprint was

xviii significantly higher compared to placebo than the other energetic supplement ED1 (p<0,001) and ED2 (p=0,003); between treatments (ED 1 and ED 2) had a significant decrease (p>0,001) in the sprint time after ED1 consumption. Heart rate and arterial pressure systolic and diastolic were similar (p>0,05) between the treatments. There was observed any difference (p>0,05) between the treatments for VO2, and VCO2, fat oxidation and plasmatic concentration of glucose and lactate. The respiratory quotient was significantly larger to the intervals of 40-45min (p=0,005) and 55-60 min (p=0,022) ED1 treatment compared to placebo. During the sprint, the carbohydrates oxidation was larger (p=0,017) in the ED1 compared to placebo. The effort perception index in the sprint s end was larger in the placebo treatment compared to ED1 (p=0,012) and with ED2 (p= 0,022). The Key findings of second chapter indicate the parameters related to the water balance any significant difference was showed between the three experimental tests (p> 0.05). However, there was a significant statistically decrease (p<0.001) in the BW and in the urine density after exercise (p <0,05) for all treatments. Potassium concentrations were significantly higher (p <0,05) during exercise and continued after the sprint when compared to in a rest situation for all treatments. After the sprint, at the placebo treatment, a significant increase in the potassium values compared to ED1 supplements (p = 0,017) and ED2 (p = 0,012). The hematocrit concentration remained stable throughout the 60 minutes of exercise and increased significantly (p<0,05) after sprint for all treatments. Considering the environmental conditions and of exercise proposed in this study, is possible to conclude Considering the environmental conditions and of exercise proposed in this study, was possible to conclude, that energy drinks administered in an amount that provides 2mg of caffeine / kg BW, generated similar mineral-water balance over placebo for the study population group and thus not observed diuretic effect during exercise. However, ingestion of ED1, was more effective in maximizing the capacity of 6 km sprint, indicating that ED1 can be used before exercise, since there was no observable effect ergolitico.

1 1. INTRODUÇÃO GERAL Na última década, o consumo de bebida energética (BE) tornou-se popular entre estudantes (ATTILA; CAKIR, 2011), pessoas ativas (TSITSIMPIKOU et al., 2011) e principalmente atletas (BUXTON; HAGAN, 2012), devido à suposição de um possível efeito ergogênico (CAMPBELL et al., 2013; KAZEMI et al., 2009) o que seria especialmente interessante para esse último grupo durante a participação em competições. É importante diferenciar bebida esportiva de BE. As bebidas esportivas, como Gatorade e Powerade, são elaboradas para recuperar os níveis de glicogênio, de eletrólitos, de íons e evitar a desidratação dos atletas durante e após sua performance (KAZEMI et al., 2009; RAHNAMA; GAEINI; KAZEMI, 2010). Entretanto, BE estaria relacionada com outras respostas fisiológicas sendo associadas ao aumento da capacidade energética, da agilidade mental e ao desempenho físico, durante os treinamentos e as competições (BUXTON; HAGAN, 2012; IVY et al., 2009). A maioria das bebidas energéticas contém na sua composição cafeína, taurina (Tau), carboidratos e vitaminas (CAMPBELL et al., 2013). Em teoria, os ingredientes agem sinergicamente para melhorar o desempenho físico; no entanto, cafeína e Tau são apontadas como principais ingredientes ativos dessas bebidas, sendo responsáveis pelos principais efeitos ergogênicos (GWACHAM; WAGNER, 2012; RUTHERFORD; SPRIET; STELLINGWERFF, 2010). A Tau é o principal aminoácido intracelular livre da maior parte dos tecidos dos mamíferos (STURMAN; CHESNEY, 1995) e estudos mostraram efeito positivo da ingestão aguda de Tau na melhoria no desempenho físico, tanto em animais (MIYAZAKI et al., 2004; YATABE et al., 2003) quanto em seres humanos (BAUM; WEISS, 2001; ZHANG et al., 2004). Já a cafeína é utilizada com grande frequência como substância ergogênica de forma aguda, antes da realização de exercícios físicos, com o intuito de protelar a fadiga e, consequentemente, aprimorar a performance (BACKHOUSE et al., 2011; CANDOW et al., 2009). Apesar do seu efeito ergogênico, nutricionistas, médicos e fisiologistas do esporte têm advertido seus atletas a evitarem o consumo de cafeína ou de bebidas cafeinadas previamente ou durante o exercício, devido ao seu potencial

2 diurético (ARMSTRONG et al., 2007), gerando assim uma maior desidratação e consequentemente redução da perfomance. Tem sido sugerido que a cafeína reduz o fluxo sanguíneo cutâneo, aumentando a temperatura interna durante o exercício que pode potencialmente levar a exaustão pelo calor (ARMSTRONG, 2002; ARMSTRONG et al., 2007). Desta forma é interessante investigar o efeito do consumo prévio de BE no balanço hídrico durante o exercício, uma vez que, a maioria dos estudos avalia o efeito diurético da cafeína quando consumida em dose isolada (DEL COSO; ESTEVEZ; MORA-RODRIGUEZ, 2009; FALK et al., 1990; GANIO et al., 2011; SIMMONDS; MINAHAN; SABAPATHY, 2010; WEMPLE; LAMB; MCKEEVER,1997) ou inserida nas bebidas esportivas (DEL COSO et al., 2009; MILLARD-STAFFORD et al., 2007; GUTTIERRES et al., 2008). Quanto à presença de carboidratos na BE, esses são fundamentais para fornecer energia exógena e auxiliar na absorção e retenção de líquidos (OSTERBERG et al., 2010). Além disso, alguns autores constataram que a adição de carboidratos à bebida cafeinada pode potencializar o efeito ergogênico durante o exercício físico (DEL COSO; ESTEVEZ; MORA-RODRIGUEZ, 2008; GANT; ALI; FOSKETT, 2010). Todavia, nos últimos anos, a ingestão de BE sem carboidratos (sugar free) aumentou entre os esportistas e praticantes de atividade física, possivelmente porque muitos indivíduos ativos optam por ser uma bebida cafeinada, sem açúcar e com baixo teor calórico (CANDOW et al., 2009). Diante da escassez de estudos que comparam o efeito da BE com e sem a presença de carboidratos (sugar free) nos parâmetros cardiovasculares, e metabólicos, no desempenho físico e no balanço hídrico-mineral, torna-se importante identificar qual das bebidas trazem mais benefícios ergogênicos.

3 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral Avaliar o efeito da ingestão de bebidas energéticas com e sem carboidratos no desempenho físico durante exercício em cicloergômetro. 2.2. Objetivos Específicos Descrever os efeitos da taurina no desempenho físico aeróbio e anaeróbico, além de apresentar os seus mecanismos de ação; Determinar os possíveis efeitos ergogênicos das bebidas energéticas no desempenho físico aeróbio e anaeróbio e descrever os seus mecanismos de ação; Comparar os efeitos das bebidas energéticas na frequência cardíaca, pressão arterial sistólica e diastólica; Comparar os efeitos das bebidas energéticas na oxidação de substratos; Comparar os efeitos das bebidas energéticos nas concentrações plasmáticas de glicose, lactato, hematócrito, sódio e potássio; Comparar os efeitos das bebidas energéticas nos parâmetros subjetivos, como sintomas gastrointestinais e índice de percepção de esforço; Comparar os efeitos das bebidas energéticas no equilíbrio eletrolítico;

4 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARMSTRONG, L. E. Caffeine, body fluid-electrolyte balance, and exercise performance. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, v. 12, n. 2, p. 189-206, 2002. ARMSTRONG, L. E.; CASA, D. J.; MARESH, C. M.; GANIO, M. S. Caffeine, fluidelectrolyte balance, temperature regulation, and exercise-heat tolerance. Exercise and Sport Sciences Reviews, v. 35, n. 3, p. 135-140, 2007. ATTILA, S.; CAKIR, B. Energy-drink consumption in college students and associated factors. Nutrition, v. 27, n. 3, p. 316-322, 2011. BACKHOUSE, S. H.; BIDDLE, S. J.; BISHOP, N. C.; WILLIAMS, C. Caffeine ingestion, affect and perceived exertion during prolonged cycling. Appetite, v. 57, n. 1, p. 247-252, 2011. BAUM, M.; WEISS, M. The influence of a taurine containing drink on cardiac parameters before and after exercise measured by echocardiography. Amino Acids, v. 20, n. 1, p. 75-82, 2001. BUXTON, C.; HAGAN, J. E. A survey of energy drinks consumption practices among student -athletes in Ghana: lessons for developing health education intervention programmes. Journal of the International Society of Sports Nutrition, v. 9, n. 1, p. 9, 2012. CAMPBELL, B., WILBORN, C.; LA BOUNTY, P.; TAYLOR, L.; NELSON, M.T.; GREENWOOD, M.; ZIEGENFUSS, T.N.; LOPEZ, H.L.; HOFFMAN, J.R.; STOUT, J.R.; SCHMITZ, S.; COLLINS, R.; KALMAN, D.S.; ANTONIO, J.; KREIDER, R.B. International Society of Sports Nutrition position stand: energy drinks. International Society of Sport Nutrition, v. 10, n. 1, p. 1-16, 2013. CANDOW, D. G.; KLEISINGER, A. K.; GRENIER, S.; DORSCH, K. D. Effect of sugar-free Red Bull energy drink on high-intensity run time-to-exhaustion in young

5 adults. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 23, n. 4, p. 1271-1275, 2009 DEL COSO, J.; ESTEVEZ, E.; MORA-RODRIGUEZ, R. Caffeine during exercise in the heat: thermoregulation and fluid-electrolyte balance. Medicine and Science of Sports Exercise, v. 41, n. 1, p. 164-173, 2009. DEL COSO, J.; ESTEVEZ, E.; MORA-RODRIGUEZ, R. Caffeine effects on shortterm performance during prolonged exercise in the heat. Medicine and Science of Sports Exercise, v. 40, n. 4, p. 744-751, 2008. FALK, B.; BURSTEIN, R.; ROSENBLUM, J.; SHAPIRO, Y.; ZYLBER-KATZ, E.; BASHAN, N. Effects of caffeine ingestion on body fluid balance and thermoregulation during exercise. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, v. 68, n. 7, p. 889-892,1990. GANIO, M. S.; JOHNSON, E. C.; KLAU, J. F.; ANDERSON, J. M.; CASA, D. J.; MARESH, C. M.; VOLEK, J. S.; ARMSTRONG, L. E. Effect of ambient temperature on caffeine ergogenicity during endurance exercise. European Journal of Applied Physiology, v. 111, n. 6, p. 1135-1146, 2011. GANT, N.; ALI, A.; FOSKETT, A. The influence of caffeine and carbohydrate coingestion on simulated soccer performance. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, v. 20, n. 3, p. 191-197, 2010. GWACHAM, N.; WAGNER, D. R. Acute effects of a caffeine-taurine energy drink on repeated sprint performance of American college football players. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, v. 22, n. 2, p. 109-116, 2012. GUTTIERRES, A.P.M.; GATTI, K.; LIMA, J.R.P.; NATALI, A.J.; ALFENAS, R.C.G; MARINS,J.C.B. Efeito de bebida esportica cafeinada sobre o estado de hidratação de jogadores de futebol. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 29,n.2, p.147-163, 2008.

6 KAZEMI, F.; GAEINI, A. A.; KORDI, M. R.; RAHNAMA, N. The acute effects of two energy drinks on endurance performance in female athlete students. Sport Sciences for Health, v. 5, p. 55-60, 2009. MILLARD-STAFFORD, M. L.; CURETON, K. J.; WINGO, J. E.; TRILK, J.; WARREN, G. L.; BUYCKX, M. Hydration during exercise in warm, humid conditions: effect of a caffeinated sports drink. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, v. 17, n. 2, p. 163-177, 2007. MIYAZAKI T, MATSUZAKI Y, IKEGAMI T, MIYAKAWA S, DOY M, TANAKA N, BOUSCAREL B. Optimal and effective oral dose of taurine to prolong exercise performance in rat. Amino Acids, v. 27, n. 3-4, p. 291-8, 2004 OSTERBERG, K. L.; PALLARDY, S. E.; JOHNSON, R. J.; HORSWILL, C. A. Carbohydrate exerts a mild influence on fluid retention following exercise-induced dehydration. Journal of Applied Physiology, v. 108, n. 2, p. 245-250, 2010. RAHNAMA, N.; GAEINI, A. A.; KAZEMI, F. The effectiveness of two energy drinks on selected indices of maximal cardiorespiratory fitness and blood lactate levels in male athletes. Journal of Research in Medical Sciences, v. 15, n. 3, p. 127-132, 2010. RUTHERFORD, J. A.; SPRIET, L. L.; STELLINGWERFF, T. The effect of acute taurine ingestion on endurance performance and metabolism in well-trained cyclists. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, v. 20, n. 4, p. 322-329, 2010. SIMMONDS, M. J.; MINAHAN, C. L.; SABAPATHY, S. Caffeine improves supramaximal cycling but not the rate of anaerobic energy release. European Journal of Applied Physiology, v. 109, n. 2, p. 287-295, 2010. STURMAN, J. A.; CHESNEY, R. W. Taurine in pediatric nutrition. Pediatric Nutrition, v.42, p. 879-897, 1995. TSITSIMPIKOU, C.; CHRISOSTOMOU, N.; PAPALEXIS, P.; TSAROUHAS, K.; TSATSAKIS, A.; JAMURTAS, A. The use of nutritional supplements among

7 recreational athletes in Athens, Greece. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, v. 21, n. 5, p. 377-384, 2011. YATABE, Y.; MIYAKAWA, S.; MIYAZAKI, T.; MATSUZAKI, Y.; OCHIAI, N. Effects of taurine administration in rat skeletal muscles on exercise. Journal of Orthopaedic Science, v. 8, n. 3, p. 415-419, 2003. ZHANG, M.; IZUMI, I.; KAGAMIMORI, S.; SOKEJIMA, S.; YAMAGAMI, T.; LIU, Z.; QI, B. Role of taurine supplementation to prevent exercise-induced oxidative stress in healthy young men. Amino Acids, v. 26, n. 2, p. 203-207, 2004.

8 ARTIGO 1: EFEITO DA INGESTÃO DE TAURINA NO DESEMPENHO FÍSICO: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA. Juscélia Cristina Pereira 1 Rafael Goncalves Silva 1 Alex Andrade Fernandes 1 João Carlos Bouzas Marins 1 1 Grupo de Estudos em Perfomance Humana, Departamento de Educação Física, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Brasil. ARTIGO PUBLICADO: J.C. Pereira, R. G. Silva, A.A. Fernandes e J.C.B. Marins. Efeito da ingestão de taurina no desempenho físico: uma revisão sistemática. Rev Andal Med Deporte. 2012;5(4):156-162.

9 RESUMO Objetivos: Descrever os efeitos da taurina (Tau) no desempenho físico aeróbio e anaeróbio, além de apresentar os seus mecanismos de ação. Métodos: Realizouse uma revisão sistemática da literatura na base de dados PubMed/Medline e SportDiscus, tendo como critérios de inclusão estudos com humanos, publicados em língua inglesa, entre 1 de janeiro de 2000 e 1º de setembro de 2011. A forma de ingestão de Tau incluiu: Tau isolada ou como ingrediente das bebidas energéticas analisada com um suplemento placebo. A qualidade dos estudos selecionados foi avaliada pela escala de PEDro e incluídos os artigos com pontuação superior a 5. Resultados: Foram selecionados, após o processo de filtragem, 14 estudos, sendo 11 com alterações no desempenho físico aeróbio e 3 no desempenho físico anaeróbio. Melhoras significativas foram observadas nas atividades aeróbicas (8 dos 11 artigos) e nas atividades anaeróbicas (2 dos 3 estudos) após a ingestão de Tau vs. placebo. Conclusão: O consumo de apenas 1 g de Tau, independentemente do tempo prévio de ingestão, apresentou efeito benéfico no desempenho físico aeróbio e anaeróbio. O principal efeito ergogênico observado do componente aeróbio está centrado no aumento da capacidade temporal de realização do exercício, enquanto que na atividade anaeróbia haveria melhor resposta dos íons de cálcio durante a contração muscular. Palavras-chave: Taurina. Recursos ergogênicos. Bebida energética. Esportes.

10 ABSTRACT Objectives: Describe the effects of taurine (Tau) on aerobic and anaerobic physical performance as well as its mechanisms of action. Methods: A systematic literature review on PubMed/Medline and SPORTDiscus was performed, including studies on humans which were published in English between January 1 st, 2000 and September 1 st, 2011.The forms of Tau intake were as the isolated compound (Tau) or as an ingredient in energy drinks analyzed with a placebo supplement. The quality of the selected articles was assessed using the PEDro scale and included articles with at least 5 points. Results: After the filtering process, 14 studies were selected from which 11 presented changes in aerobic physical performance and 3 in anaerobic physical performance. Significant improvements were observed in aerobic activities (8 out of 11 articles) and in anaerobic activities (2 out of 3 studies) after intake of Tau, compared to the placebo. Conclusion: The consumption of only 1 g of Tau, regardless of the time prior to intake, showed a beneficial effect on aerobic and anaerobic physical performance. The main ergogenic effect observed in the aerobic component was an increase on the temporal capacity of performing an exercise, whereas for the anaerobic activity there was a better response of calcium ions during muscle contraction. Keywords: Taurine. Ergogenic resources. Energy drinks. Sports.

11 1. INTRODUÇÃO Taurina (Tau) (ácido 2-aminoetanossulfônico) é o principal aminoácido intracelular livre da maior parte dos tecidos dos mamíferos 1,2. A Tau está presente em quantidade relativamente alta na retina e nos tecidos muscular esquelético e cardíaco 3. É derivada do metabolismo da cisteína e sintetizada no fígado através de várias etapas enzimáticas e, por conseguinte, é considerada não essencial ou condicionalmente essencial 4,5. Sua maior concentração ocorre naturalmente em frutos do mar, peixes, carne escura de aves e leite materno 6,7. A Tau proveniente da dieta é prontamente absorvida pelo trato gastrointestinal e sua captação contribui de forma significativa para o seu equilíbrio no organismo humano, podendo ser decisiva quando sua síntese se mostrar debilitada 8,9. A administração oral alcança o seu pico no soro uma hora após a sua ingestão e demonstra meia-vida de 1 a 2 horas 10. Experimentos clínicos têm sugerido que o ácido 2-aminoetanossulfônico exerce ação osmorreguladora, deixando células expostas ao estímulo hipotônico através de diferentes canais permeáveis a Tau e ânions 11,12. Estudos sobre a Tau no músculo esquelético revelaram papel poderoso na estabilização de fosfolipídios de membrana 13,14 e na regulação da concentração de Ca +2 intracelular, aumentando a taxa de absorção do retículo sarcoplasmático (RS) e a capacidade de armazenamento total das vesículas do RS 15,16. Existe uma ação scavenger (sequestradora) da Tau sobre os radicais livres e na regulação da taxa de geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) por mitocôndria 17. Isto é importante, porque elevada geração de superóxido por mitocôndria é capaz de iniciar a transição de permeabilidade mitocondrial, que, por sua vez, aciona a cascata apoptótica 18. Dessa forma, levou à proposição de que a suplementação de Tau pode ser benéfica em condições que impliquem aumento da susceptibilidade à lesão muscular e estresse oxidativo, como envelhecimento 19 e exercício físico exaustivo 20,21. Devido a essas funções fisiológicas da Tau, este aminoácido tornou-se ingrediente funcional (aproximadamente 1.000-2.000 mg por porção) das bebidas energéticas (BE), com a alegação de efeitos ergogênicos por parte dos fabricantes 22. O recorde de 7 bilhões de vendas em 2005 e o elevado consumo

12 das BE por atletas treinados 23-25 e pessoas ativas 23,24 levaram a um aumento nas pesquisas com BE contendo Tau 23,24,26-30. Existe uma literatura extensa apoiando a ingestão de Tau para melhorar o desempenho físico aeróbio 2,22-24,27,29-36 e anaeróbio 20,27,29,33,35,37,38. Contudo, alguns estudos não apresentaram evidências de um efeito ergogênico 22,28,39,40. Além disso, não há um consenso na literatura em relação às doses necessárias de Tau para a prática esportiva, havendo sugestão de 1 g /dia 27,41, 1,66 g /dia 22,42, 2g/dia 29,32 ou 6 g/dia 2. Há muitas lacunas quando se discutem os efeitos da Tau, tanto quando consumida de forma isolada ou quando se encontra contida em uma BE em relação ao dano muscular e ao desempenho físico em diferentes indivíduos e modalidades de exercícios. Assim, o objetivo desta revisão sistemática é explorar os efeitos da Tau no desempenho físico aeróbio e anaeróbio e descrever os seus mecanismos de ação. 2. MÉTODOS Estudos foram identificados através de uma revisão sistemática da literatura, via PubMed/Medline e SportDiscus em setembro de 2011, utilizando-se uma combinação das seguintes palavras-chave: taurine and exercise, taurine and strength, taurine and power, taurine and resistance training, taurine and endurance. As referências bibliográficas dos estudos identificados pela pesquisa eletrônica foram revisadas para detectar estudos adicionais. Critérios de Exclusão: Artigos com foco de pesquisa em doenças genéticas, reabilitação e,ou, terapias cognitivas e estudos realizados em animais. Critérios de Inclusão: Estudos nos quais foram relatadas alterações no desempenho físico de endurance e,ou, exercícios de alta intensidade e curta duração após o consumo de Tau. A forma de ingestão de Tau incluiu: Tau isolada ou como ingrediente das BE, analisada com um suplemento placebo. As BE foram incluídas pelo fato de a Tau ser considerada um dos compostos

13 responsáveis pelos possíveis efeitos ergogênicos. A pesquisa bibliográfica foi limitada a artigos disponíveis e publicados em língua inglesa entre 1 de janeiro de 2000 e 1º de setembro de 2011. Escala de PEDro: A escala de PEDro (Physiotherapy Evidence Database) foi utilizada como critério para pontuar os artigos. Esta escala foi desenvolvida pelo Centro de Fisioterapia Baseada em Evidências 43 e projetada para avaliar objetivamente a validade interna do estudo. Cada artigo foi avaliado em vários critérios previamente estabelecidos para produzir pontuação máxima de 10 pontos. Dois pesquisadores (autores) aplicaram a escala de forma independente, sendo as discordâncias entre eles resolvidas mediante discussão e consenso. Os artigos que apresentaram pontuação superior a cinco, na escala, foram considerados de alta expressividade metodológica (Figura 1). Pesquisa com as palavraschave (n=99) Excluídos (n=60) estudos envolvendo animais Selecionados os artigos de acordo com os críterios de inclusão (n=15) Análise e escores dos estudos pela Escala de PEDro Escala com escore menor que 6 2 Estudos para análise (n=14) 11 envolvendo atividades aeróbicas e 3 anaeróbicas Figura 1- Procedimentos de identificação, triagem e seleção dos estudos para análise.

14 3. RESULTADOS A média da escala de PEDro foi 8,50 ± 1,01 pontos; três dos 14 estudos receberam pontuação igual a 10. Os artigos selecionados apresentaram critérios de elegibilidade especificados, distribuição aleatória dos tratamentos e design duplo-cego. A ausência destes critérios pode acarretar interferências nos resultados e na relevância dos estudos. Alterações no desempenho físico aeróbio envolvendo 11 estudos podem ser vistos na Tabela 1, enquanto que a Tabela 2 apresenta três estudos com desempenho anaeróbio. Ambas as tabelas trazem um resumo do desenho das pesquisas, por exemplo, número de avaliados, dose e tempo de ingestão de Tau empregados, protocolo de exercício, principais resultados, percentual de melhora e a pontuação da escala de PEDro. Em relação aos artigos envolvendo exercícios aeróbicos (Tabela 1), oito dos 11 artigos revelaram melhoras significativas na performance após a ingestão de Tau vs. placebo. Alguns trabalhos relataram aumento no tempo (minutos) total de exercício 23,24,27,33, na capacidade cardiorrespiratória 23,24, na oxidação de gordura 22, no volume de ejeção 29 e na velocidade do fluxo diastólico final; diminuição do índice de percepção de esforço 24,31 e do tempo (minutos) de exercício 30. Em sete estudos a Tau foi administrada em forma de BE, com doses de 1g 23,27,44, 1,5 g 45, 2g 29,30 e 2,05g 33. Em dois estudos 24,31 a média do consumo de Tau (6mL/kg de peso corporal) dos avaliados não foi mencionada. Um estudo 22 apresentou aumento significativo na oxidação de gordura durante exercício contínuo, após a ingestão de 1,66 g de Tau dissolvida em suco light. Em relação ao tempo de consumo de Tau antes do exercício físico aeróbio, estudos apresentaram melhora significativa com 40 minutos 23,24,29,30, 30 minutos 27,31, 60 minutos 22 e 10 minutos 33. Na Tabela 2 são apresentados os resultados do desempenho físico após o consumo de Tau. Em relação aos artigos selecionados, dois dos três revelaram melhoras significativas na performance após a ingestão de Tau vs. placebo para os seguintes aspectos: aumento do tempo (minutos) de sprint 27 e do número de repetições 46 de 1 repetição máxima (RM). Em todos os artigos analisados, a

15 administração de Tau foi através de BE, variando-se a concentração de gramas entre os estudos: 1 g 27 e 25 mg/kg de peso corporal 46. Não foi mencionada qual a média de ingestão de Tau dos avaliados, o que dificulta a comparação com outros estudos. Em relação ao tempo de consumo de Tau antes do exercício físico anaeróbio, estudos apresentaram melhora significativa com 30 minutos 27 e 60 minutos 46. As atividades envolvidas nestes estudos foram sprint (ciclismo) 27 e repetições máximas no bench press 46.

16 Tabela 1 - Efeitos da Taurina no desempenho físico aeróbico Autor Amostra Doses TI (minutos) Protocolo Resultados Percentual de melhora vs. placebo Escala De PEDro Alford et al. 27 7M / 7 F (18-35 anos) 1g 30 Pedalar a 65-75% da FCM Tempo total de exercício 9 8 Baum e Weib 29 13 M (26 ± 4 anos) 2g 40 Pedalar: 6 min (2 mmol/l) 6 min (3 mmol/l) 6min(5-6 mmol/l) 6 min (acima de 8 mmol/l) Volume de ejeção Velocidade do fluxo diastólico final NR* NR* 9 Gallowey et al 42 8 M (22 ± 1 anos) 4,98 g/dia (7 dias) Pedalar 120 min 60% VO pico Não houve efeito: FC, V O2, RER e taxas de oxidação de CHO e de gordura NR 7 Ivy et al 30 6 M /6 F (27,3 ± 1,7 anos) 2g 40 Pedalar uma quantidade de trabalho padronizado correspondente a 60 min de bicicleta o mais rápido possível Tempo total de exercício - 4,7 10 Kazemi et al 24 12 F (22± 0,63 anos) 6ml/Kg PC (1 g/250 ml) 40 Teste de esteira (Bruce) Tempo total de exercício VO 2MÁX IPE 9,3* 6,9* -4,5* 9

17 Nienhueser et al 44 10 M (21.4 ± 1.6 anos) 1,25 g (B1) 1g (B2) 1g (B3) 60 Caminhar / correr 50% do VO 2MÁX por 15 min Não houve efeito novo 2, FC e RER 7 Rahnama et al. 23 10 M (22,4 ± 2,1 1 g ( B1) 1g (B2) 40 Teste de esteira (Bruce) Tempo total de VO 2MÁX B1: 10,5 B2: 9,7 B1: 1,53 B2: 9,9 9 Rutherford et al 22 11 M ( 27,2 ± 1,5anos) 1,66 g 60 Pedalar 90 min a 65% do VO 2MÁX / seguido por 5 Kj de Watt/kg de PC, o mais rápido possível. Não houve efeito no tempo total de exercício, FC e IPE Oxidação de gordura (90 minutos) NR 16 10 Sheehan e Hartzler 45 9M/ 3F (20.6 ±1.6 anos) 1,5 g 30 Teste de esteira Ellestad modificado Não houve efeito: VO 2MÁX, FCM, RER NR 8

18 Umana- Alvarado e Moncada- Jimenez 31 11M (30,18±11,50 anos) 6ml/ Kg PC (400 mg/ 100ml ) 30 Corrida 10 km (cross country) Não houve efeito no SG e no tempo total de exercício IPE NR NR* 8 Walsh et al 33 9M/6F (20,9 ± 1,0 anos) 2,05g 10 Corrida na esteira (70 % VO 2MÁX ) até à exaustão Tempo total de exercício 12,5* 10 M= Masculino; F = Feminino; TI= Tempo de ingestão; B1= Bebida 1;B2= Bebida 2; B3= Bebida 3; FCM= Frequência Cardíaca Máxima; VO 2MÁX= Consumo Máximo de Oxigênio; PC= Peso Corporal; FC= Fequência Cardíaca; IPE: Índice de Percepção de Esforço; V O2 = Consumo de Oxigênio; RER= Razão de Troca Respiratória; CHO= Carboidratos; NR= Não Relatado; SG= Sintomas Gastrointestinais; Tau Contida em Bebida Energética; Melhora Significativa (p<0,05) vs. Placebo.

19 Tabela 2 - Efeitos da taurina no desempenho físico anaeróbico TI Autor Amostra Doses (minutos) Protocolo Resultados Percentual de melhora vs. placebo Escala de Pedro Alford et al. 27 7M / 5F 20-21 anos) 1g 30 Pedalar na carga máxima de trabalho Tempo total de exercício 24 8 Astorino et al. 28 15F (19,5 ± 1,1 anos) 1g 60 Três séries de oito sprints no T-test modificado Não houve efeito no tempo do teste, FC e IPE NR 8 Forbes et al. 46 11M/ 4 F (21 ± 5 anos) 25 mg/kg PC 60 Três séries a 70% 1RM (bench press) + Três testes de Wingate Número de repetições; Não houve efeito na potência (Watts) 6 * NR 8

20 4. DISCUSSÃO Devido a sua estrutura molecular, a Tau apresenta diversas ações: osmorreguladora, antioxidante, reguladora do fluxo de cálcio intracelular e estabilização da membrana celular 15. Portanto, é razoável supor que a Tau pode exercer um efeito benéfico sobre o desempenho físico. Dessa forma uma análise dos possíveis efeitos ergogênicos levantados na Tabela 1 e 2 serão apresentados em dois grandes grupos: efeitos ergogênicos sobre o sistema aeróbio e anaeróbio, respectivamente. Em cada um existem mecanismos específicos que serão abordados em sub-tópicos. 4.1. Efeito da taurina no desempenho físico aeróbio Os resultados revelaram que de um total de 11 dos estudos analisados nesta revisão para o componente aeróbico, 8 (72,8%) apontaram um efeito positivo na performance após o consumo de Tau em forma isolada ou como ingrediente de BE (Tabela1). Esses benefícios estiveram concentrados sobre o aumento do tempo total de exercício e da oxidação de gorduras. Também foram mencionados achados positivos quanto ao sistema cardiovascular destacando-se: um aumento no volume de ejeção, na velocidade do fluxo diastólico final, e no VO 2max. Por último, foram encontrados indícios de uma menor percepção de esforço. A seguir serão apresentados mais detalhes de cada um desses fatores. a) Tempo total de exercício Dentre os onze artigos analisados seis destes fizeram um acompanhamento sobre a questão do tempo total de exercício. Foram encontrados efeitos positivos, quanto o aumento na capacidade temporal de execução de exercício 23,24,27,30,33, enquanto que outros 31,47, não obtiveram vantagens significativas. Esse possível efeito ergogênico foi testado em animais, havendo também uma sinalização de um efeito ergogênico quanto a capacidade temporal de exercício 34,38.