Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 10., 2013, Belo Horizonte Levantamento populacional de nematoides fitoparasitas em genótipos de mandioca Aline Ferreira Rocha (1), Alniusa Maria de Jesus (2), Maria Geralda Vilela Rodrigues (2), Gizeli de Souza Santos (3), Jean Renovato Dias (1) (1) Bolsistas PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, aline.agro@yahoo.com.br, jean.renovato@hotmail.com; (2) Pesquisadoras/Bolsistas PIB FAPEMIG/EPAMIG - Nova Porteirinha, alniuza@epamig.br; magevr@epamig.br; (3) Graduanda UNIMONTES, souzagizeli@yahoo.com.br INTRODUÇÃO A mandioca (Manihot esculenta L.) possui grande relevância social e econômica e ocupa lugar de destaque no sistema culinário, nacional e regional, desempenhando em algumas regiões do País relevante papel na construção de identidades culturais (PINTO, 2011). No Norte de Minas Gerais, seu cultivo é tradicional, constituindo uma importante fonte de alimento. Plantas de mandioca infectadas por fitonematoides apresentam altura reduzida e folhas amareladas com perdas significativas na produtividade (MASSOLA; BEDENDO, 1997). O uso de plantas resistentes tem reduzido as populações de nematoides, proporcionando elevados ganhos de produção (ALMEIDA; CAMPOS, 1991). Apesar da importância da cultura, são raros os trabalhos que visam fontes de resistência de variedades de mandioca (FREITAS; MOURA, 1986). Com isso, objetivou-se estudar a reação de genótipos de mandioca a fitonematoides, no Norte de Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODO A parte agronômica do experimento foi conduzida na EPAMIG, no Perímetro Irrigado do Jaíba, município de Jaíba, MG. O material de propagação melhorado foi adquirido da Embrapa Mandioca e Fruticultura, de uma coleção antiga da EPAMIG, visto que o material regional foi obtido de um produtor local e cultivado sob irrigação. Utilizaram-se manivas com mais ou menos 20 cm de comprimento para o plantio. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com três repetições, totalizando 336 parcelas. O plantio foi
EPAMIG. Resumos expandidos 2 realizado em fileiras duplas. Os genótipos avaliados foram: T1-Japira, T2- Cacau, T3-Dourata, T4-Gema de Ovo, T5-Amarelinha, T6-IAC 12829, T7-Aipim Abacate, T8-142, T9-2818, T10-Mico, T11-IAC 127, T12-356, T13-IAC 712, T14 347, T15-Ufla, T16-Pinheira, T17-Ufla 22, T18-Ufla 42, T19-Umbamba, T20- Imbé, T21-Dona Rosa, T22-Rosa Branca, T23-Rosa, T24-168, T25-Saracura, T26-Marangojipe, T27-1169, T28-Paraguaia, T29-Casca Roxa, T30-Brasil, T31- Barro Vermelho, T32-Manteiga, T33-Ufla 48, T34-Mocotó, T35-Baiana, T3-Ufla 10, T37-Engana Ladrão, T38-361, T39-118, T40-Cidade rica, T41-IAC 1418, T42-Prato Cheio, T43-354, T44-Paulistinha, T45-Mantiqueira, T46-266, T47- PER 374, T48-Amarelinha 1. As amostras de rizosfera de mandioca foram processadas no Laboratório de Fitopatologia/Nematologia da EPAMIG Norte de Minas, em Nova Porteirinha, MG. De cada amostra retirou-se 200 cm 3 de solo, segundo Jenkins (1964), e 50 g de raízes pelo método de Coolen e D Herde (1972), para posterior identificação dos fitonematoides encontrados, de acordo com Mai e Mullin (1996), e determinação dos níveis populacionais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observada a incidência dos seguintes nematoides: Helicotylenchus spp., Meloidogyne spp., Criconemela spp., Radopholus similis, Pratylenchus spp., Rotylenchulus reniformes e Tylenchus spp. (Gráfico 1). A frequência do gênero Pratylenchus spp. em amostras de raízes evidencia maior população. As raízes de mandioca permitem a multiplicação de nematoides dos gêneros Pratylenchus e Meloidogyne (MASSOLA; BEDENDO, 1997). No entanto, a população de Pratylenchus spp. manteve-se relativamente baixa em amostras do solo, ao contrário da população de Meloidogyne spp. Esse resultado é semelhante ao verificado por Almeida, (2009) em seu estudo de dinâmica populacional de gêneros de fitonematoides associados às culturas do inhame e da mandioca. A maioria dos genótipos proporcionou a multiplicação de nematoides. Destaca-se o nematoide-anelado (Helicotylenchus spp.), com maior frequência de população, seguido do nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.) (Gráfico 2). Conforme Makumbi-Kidza, Speijer e Sinkora (2000), as nematoses causadas por Meloidogyne spp. podem reduzir em até 87% a produtividade de
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 10., 2013, Belo Horizonte 3 variedades de mandioca suscetíveis. Nesse sentido, Almeida (2009), relata que os nematoides constituem um dos maiores problemas da mandioca no Recôncavo da Bahia. Os genótipos T15, T23 e T46 são apontados como os mais suscetíveis ao parasitismo de Helicotylenchus sp., evidenciando maiores populações dentre as cultivares avaliadas (Gráfico 2). Apesar da grande influência da cultura, ainda são escassas as informações sobre a dinâmica populacional das espécies de nematoides patogênicos. Por outro lado, os genótipos T8, T2, T35, T37 e T45 foram os menos suscetíveis aos fitonematoides (Gráfico 3). Provavelmente, esses genótipos podem apresentar certa resistência ao parasitismo de nematoides. Entretanto, se não manejados de forma adequada, podem-se tornar, em um curto espaço de tempo, numerosos e de difícil controle (KWOSEH; PLOWRIGHT; BRIDGE, 2002). O cultivo de variedades resistentes é o método mais recomendado ao produtor, pois, além de não implicar em custos adicionais, não provoca impactos ambientais porque, mesmo em áreas já infestadas, dispensa o uso de produtos químicos. CONCLUSÃO Todos os genótipos avaliados proporcionaram a multiplicação de nematoides. Helicotylenchus spp. foi o nematoide que apresentou a maior população. Os genótipos T15 (Ufla), T23 (Rosa) e T46 (266) foram os mais atacados por Helicotylenchus spp. Já os genótipos T8 (142), T21 (Dona Rosa), T35 (Baiana), T37 (Engana Ladrão) e T45 (Mantiqueira) mostraram tolerância aos fitonematoides. AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas. REFERÊNCIAS ALMEIDA, N.S. de. Dinâmica populacional de nematóides patogênicos ao inhame e à mandioca no Recôncavo da Bahia. 2009. 68f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas.
EPAMIG. Resumos expandidos 4 ALMEIDA,V.F. de; CAMPOS, V.P. Alternância de culturas e sobrevivência de Meloidogyne exigua em áreas de cafezal infestado e erredicado. Nematologia Brasileira, v.15, n.1, p.30-42, 1991. COOLEN, W.A.; D HERDE, C.J. A meted for the quantitative extraction of nematodes from plant tissue. Ghrent, Belgian: State of Nematology and Entomology Research Station, 1972. 77p. FREITAS, O. M.B.L. de; MOURA, R.M. Comportamento de cultivares de mandioca (Manihot esculenta L.) em relação ao parasitismo de Meloidogyne incognita e M. javanica (Nematoda : Heteroderidae) e comparações com os teores de ácido cianídrico. Nematologia Brasileira, v.10, p.109-131, 1986. JENKINS, W.R. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Reporter, Saint Paul, v.48, n.4, p.692, 1964. KWOSEH, C.; PLOWRIGHT, R.A.; BRIDGE, J. The yam nematode: Scutellonema bradys. In: STARR, J.L.; COOK, R.J.; BRIDGE, J. (Ed.). Plant resistence to parasitic nematode. Wallingford: CABI, 2002. v.1, p.221-228. MAI, W.F.; MULLIN, P.G. Plant-parasitic nematodes: a pictorial key to genera. 5th ed. Ithaca: Cornell University, 1996. p.277. MAKUMBI-KIDZA, N.N.; SPEIJER, P.R.; SINKORA, R.A. Effects of Meloidogyne incognita on growth and storage-root formation of cassava (Manihot esculenta). The Journal of Nematology, Lawrence, v.32, n.45, p.475-477, Dec. 2000. Supplement. MASSOLA, J.R.N.S.; BEDENDO, I.P. Doenças da mandioca (Manihot esculenta Crantz). In: KIMATI, H. et al. (Ed.). Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 3.ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1997. v.2, p.501-510. PINTO, A. et al. Diagnóstico socioeconômico e florestal do município de Paragominas: relatório técnico. Belém: Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, 2011. 65p.
Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 10., 2013, Belo Horizonte 5 População de nematoide no solo 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 Helicotylenchus spp. Meloidogyne spp. Criconemela spp. Radopholus similis Pratylenchus spp. Tylenchus spp. Rotylenchulus reniformis População de nematoide na raiz Pratylenchus spp. Helicotylenchus spp. Meloidogyne spp. Gráfico 1 - População total de nematoides no solo (250 cm 3 ) e na raiz (20g) de genótipos de mandioca População total de nematoides 450 400 Helicotylenchus spp. Meloidogyne spp. 350 300 250 200 150 100 50 0 T1 T4 T7 T10 Tt13 T16 T19 T22 T25 T28 T31 T34 T37 T40 T43 T46 Genótipo de mandioca Gráfico 2 - População média de Helicotylenchus spp. e Meloidogyne spp. no solo de diferentes genótipos de mandioca 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 T8 T21 T35 T37 T45 Genótipo de mandioca Helicotylenchus spp. Meloidogyne spp. Criconemela spp. Radopholus similis Pratylenchus spp. Gráfico 3 - Médias das populações de nematoides em genótipos de mandioca