CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA

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Transcrição:

CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - UniFMU CURSO DE DIREITO CONTRATO DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA Talita Casares Rodrigues da Cunha R.A. 456757-4 Turma 3109-B Telefone: 9656-3556 E-mail: talita@zeronet.com.br São Paulo 2006

CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - UniFMU CURSO DE DIREITO CONTRATO DE ALINAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA Talita Casares Rodrigues da Cunha R.A. 456757-4 Prof. Luiz Accácio Pereira Monografia apresentada à banca examinadora do Curso de Direito do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas UniFMU, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito, sob a orientação do Prof. Luiz Accácio Pereira. São Paulo 2006

Orientador: Prof. Luiz Accácio Pereira. Examinador : Examinador :

Aos meus amados pais Avelina e Vladimir, pelo esforço e paciência despendidos e a eterna e zelosa dedicação em todos os momentos. Ao meu querido Felipe, pela compreensão, carinho e pelo tempo na subtração de nosso convívio.

Agradeço primeiramente a Deus pela vida; Ao Professor Luiz Accácio Pereira, pelo exemplo de dedicação ao ensino do Direito, e pela orientação segura e decisiva no resultado final deste estudo; À minha preciosa amiga Graziela, pelo carinho, apoio e companheirismo; Aos meus amigos, que se mostraram muito prestativos e atenciosos, em momentos difíceis que enfrentei durante o período de elaboração deste trabalho.

SINOPSE A alienação fiduciária em garantia é o negócio jurídico mediante o qual o adquirente de um bem transfere o domínio do mesmo ao credor que emprestou o dinheiro para pagar-lhe o preço, continuando, entretanto, o alienante a possuí-lo pelo constituto possessorio, resolvendo-se o domínio do credor, quando for ele pago de seu crédito. O instituto em questão, introduzido no ordenamento jurídico brasileiro pela Lei 4.728/65, alterada nessa parte pelo Decreto-lei 911/69, tem sido largamente utilizado como instrumento de garantia de financiamentos bancários, acentuadamente no financiamento de automóveis. As características básicas do instituto da alienação fiduciária, estabelecidas pelo art. 66 da Lei 4728/65 com as alterações sobreditas, são idênticas às da propriedade fiduciária regulada pelo Novo Código Civil, nos artigos 1.361 a 1.368. Trata-se, em ambos os casos, da transferência da propriedade resolúvel de bens móveis pelo devedor ao credor, como garantia de obrigações assumidas por aquele junto a este. Com a constituição da propriedade fiduciária ocorre ainda o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa, enquanto o credor permanece com a posse indireta. Apesar de ser muito utilizada nos financiamentos de bens de consumo, a alienação fiduciária também se configura como um instrumento de garantia nas operações de financiamento a empresas. No entanto, sua utilização em referidos financiamentos quando o credor não era uma instituição financeira nacional sofreu questionamentos nos tribunais com o passar dos anos.

Tendo em vista as vantagens oferecidas ao credor na alienação fiduciária, o STF acabou por determinar que esta somente poderia ser utilizada por instituições financeiras sujeitas à fiscalização do Banco Central do Brasil, o que limitava a utilização do instituto, inclusive nos casos de financiamentos concedidos por instituições estrangeiras. Além disso, o parágrafo 1º do art. 66 da Lei 4728/65 estabelecia que o instrumento de constituição da alienação fiduciária devia ser registrado no domicílio do credor, o que seria impraticável caso referido credor fosse uma instituição com sede no exterior. Na regulamentação dada pelo Novo Código Civil, a propriedade fiduciária pode ser livremente utilizada em quaisquer financiamentos, independentemente do credor ser brasileiro ou estrangeiro, tendo em vista que o novel Codex é de aplicação genérica e não traz qualquer tipo de diferenciação ou restrição. Caso ocorra o vencimento da dívida garantida pela propriedade fiduciária sem o devido pagamento por parte do devedor, o credor fica obrigado a vender, seja judicial ou extrajudicialmente a coisa a terceiros, aplicando o preço no pagamento de seu crédito e das despesas por ele incorridas com sua cobrança, restituindo o saldo, se houver, ao devedor. Cumpre ressaltar que o Decreto-lei 911/69, ao alterar as disposições da Lei 4728/65 sobre a alienação fiduciária, assim dispõe com relação à falência do fiduciante: "Art. 7º: Na falência do devedor alienante, fica assegurado ao credor ou proprietário fiduciário o direito de pedir, na forma prevista na lei, a restituição do bem alienado fiduciariamente."

Assim, no caso de falência do devedor fiduciante, o credor fiduciário tem o direito de exigir a restituição dos bens objeto da alienação fiduciária. Nesse caso, o credor fiduciário não precisará habilitar seu crédito e aguardar o pagamento da dívida nos termos da Lei de Falências, mas sim solicitar a imediata restituição dos bens dados em garantia, para posteriormente vendêlos para saldar seu crédito. No tocante aos bens imóveis, o instituto é disciplinado pela Lei n 9.514/97 com as alterações da Medida Provisória 2.223, de 4 de setembro de 2.001..

SUMÁRIO INTRODUÇÃO 1 CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS 3 CAPÍTULO 2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 4 2.1 O surgimento da fidúcia no direito romano 5 2.2 O surgimento da fidúcia no direito germânico 6 2.3 O surgimento da fidúcia no direito inglês 9 2.4 O surgimento da fidúcia no direito português 11 2.5 O surgimento da fidúcia no direito espanhol 12 CAPÍTULO 3 ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM MÓVEL NO DIREITO BRASILEIRO 3.1 Noções Gerais 14 3.2 O artigo 66 na Lei 4. 728 de 14/07/1965 21 3.3 A propriedade fiduciária no Código Civil 29 3.4 Natureza Jurídica da alienação fiduciária de bem móvel 31 3.5 Alienação fiduciária e constituição da propriedade fiduciária 35 3.6 A constituição da alienação fiduciária em garantia 39 3.7 Ações decorrentes da alienação fiduciária de bem móvel 44 3.8 Breves aspectos processuais da ação de busca e apreensão 48 3.9 Breves notas sobre a Ação de depósito 55 3.9.1 Conseqüências advindas da ação de depósito 56 3.10 A prisão Civil na alienação fiduciária 60 3.11 A influência do Pacto de San José da Costa Rica nas normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais, bem como na prisão civil na alienação fiduciária 64

3.12 Breves notas sobre a Ação Possessória 67 3.13 Breves notas sobre a Ação de Execução 68 CAPÍTULO 4 ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL 72 CONCLUSÃO 77 BIBLIOGRAFIA 79