TÍTULO: ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE LAGUNCULARIA RACEMOSA CULTIVADAS EM VIVEIROS COM DIFERENTES NÍVEIS DE SOMBREAMENTO

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Transcrição:

TÍTULO: ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE LAGUNCULARIA RACEMOSA CULTIVADAS EM VIVEIROS COM DIFERENTES NÍVEIS DE SOMBREAMENTO CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ECOLOGIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA AUTOR(ES): MATHEUS MANO CLARA ORIENTADOR(ES): FABIO GIORDANO

Resumo O manguezal é um ecossistema localizado em ambientes abrigados sujeitos ao regime das marés, estruturado por espécies arbóreas típicas. O presente estudo tem por objetivo pesquisar a taxa de crescimento de uma espécie arbórea do manguezal, Laguncularia racemosa, crescendo em viveiros telados em cultivos artificiais sob diferentes níveis de sombreamento, em busca de aprimorar os métodos para replantio em áreas degradadas. Para o experimento propágulos de Laguncularia racemosa foram coletados na região do Mar Pequeno no município de Praia Grande - SP, no mês de fevereiro de 2014, os quais foram separados em 4 tratamentos com diferentes níveis de sombreamento (sem sombra, 35%, 50% e 80% de sombra). Após 130 dias os dados de comprimento total da plântula, do hipocótilo, do epicótilo e o número de folhas, medidos a cada 10 dias, foram analisados estatisticamente. Os resultados do teste de ANOVA mostraram que o desenvolvimento total e do epicótilo são maiores no tratamento de 50% de sombreamento (p<0,05), já desenvolvimento do hipocótilo e número de folhas não apresentam diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes tratamentos. Podemos assim concluir que o desenvolvimento com 50% de sombreamento gera o melhor desenvolvimento das plântulas de Laguncularia racemosa (p<0,05), sendo os demais tratamentos muito semelhantes entre eles. Palavras chave: Laguncularia racemosa, Sombreamento, Crescimento de plântulas Introdução Os manguezais caracterizam-se por serem um ecossistema de transição terrestre e marinho formado por angiospermas resistentes às variações de salinidade, baixos teores de oxigênio e ao substrato predominantemente lodoso, ocorrendo em áreas protegidas influenciadas pelo regime de marés nas zonas tropicais e subtropicais (SCHAEFFER- NOVELLI, 1995). Os manguezais apresentam uma grande importância ambiental e socioeconômica para o Brasil desde tempos coloniais (VANNUCCI, 1999). Donato et al. (2011), consideraram que os manguezais desempenham importante papel no controle das emissões de carbono atmosférico. Por sua grande importância

ecológica e social os manguezais são considerados Áreas de Preservação Permanente (APP) pela legislação brasileira (BRASIL, 2012). No estado de São Paulo mais de 10% dos manguezais se encontram em estado de alteração ou degradação (HERZ, 1991). Nesse contexto de degradação ambiental, a recomposição de áreas de mangue degradadas com o transplante ou plantio de mudas de espécies que compõe a flora do local degradado é de grande importância (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995), sendo a espécie Laguncularia racemosa uma espécie pioneira em áreas degradadas (PERIA et al., 1990; BELTRAN, 2012), apresentando índices de sobrevivência superiores a 60% (CETESB, 1998; BONILLA et al., 2010) e crescimento rápido (BELTRAN, 2012; QUEIROZ et al., 2013) A produção de mudas de mangue em viveiros florestais é uma prática muito utilizada em outras partes do mundo por sua eficiência (CETESB, 1998), em especial pelo tempo curto em que as mudas atingem um tamanho satisfatório para o transplante, sendo de 2 a 3 meses (PAULA et al., 2012). Essa metodologia também está presente nas resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) como uma ferramenta para a recuperação de áreas desmatadas (BRASIL, 2011), contudo segundo Lopes et al. (2013), são escassos os estudos que visam desenvolver métodos de produção de mudas das espécies de mangue, em especial os que analisam o impacto da intensidade luminosa no crescimento dessas espécies. Por essa razão esse projeto visa à análise do desenvolvimento de mudas de Laguncularia racemosa em diferentes tratamentos de cultivo em viveiro. Objetivos Gerais O seguinte estudo busca pesquisar a taxa de crescimento de plântulas de Laguncularia racemosa em plantio em viveiro telado em diferentes níveis de sombreamento, para aprimoramento das técnicas de cultivo para replantio em áreas degradadas.

Objetivos Específicos -Testar um melhor método de cultivo inicial de propágulos de Laguncularia racemosa. -Avaliar a influência do sombreamento no crescimento de plantas de Laguncularia racemosa em viveiros. -Acompanhar o desenvolvimento das plantas no decorrer dos tratamentos. -Definir qual tratamento gera melhor desenvolvimento da espécie Laguncularia racemosa. Metodologia O presente estudo foi desenvolvido na cidade de Praia Grande, no litoral sul do Estado de São Paulo, coordenadas geográficas, 24º00 33.26 S, 46º23 44.52 O. Os propágulos foram coletados em uma área de mangue na região do Mar Pequeno. Após o cultivo inicial as plântulas de Laguncularia racemosa foram colocadas em viveiros com diferentes níveis de sombreamento. Os dados foram coletados com o decorrer do tratamento, sendo tabelados e analisados posteriormente. O tratamento estatístico foi realizado utilizando-se o software PAST. Desenvolvimento No presente estudo os propágulos de Laguncularia racemosa foram coletados na região do Mar Pequeno, coordenadas 23º59 11.97 S, 46º24 12.68 O, no mês de fevereiro de 2014, sendo os mesmos coletados diretamente da árvore mãe, quando se encontravam maduros. Posteriormente 145 propágulos foram cultivados em um recipiente com água do próprio estuário baseado em Lopes et al. (2013), para que houvesse o início do desenvolvimento do hipocótilo e da radícula. Após uma semana todos os propágulos

haviam desenvolvido suas radículas e hipocótilos, sendo assim, transferidos para copos plásticos perfurados contendo substrato do próprio manguezal que foram mantidos em uma estufa com telhado que continha uma fina camada de água para manter o substrato dos copos sempre úmidos. Assim que 80 plântulas apresentavam seus cotilédones abertos e possuíam altura média de 7 centímetros, estas foram transplantadas para recipientes feitos de garrafas PET perfuradas nas laterais contendo 1 litro de uma mistura de substrato feita de lodo do próprio manguezal com areia de construção, em uma proporção de 3:1 (PAULA, 2012). Foram construídos 4 recipientes forrados com plástico, que continham água para manter o substrato úmido e 3 estruturas de madeira para sustentar as telas sombrites níveis de sombreamento de 35%, 50% e 80% de sombra, assim formando 4 tratamentos (0%, 35%, 50% e 80%) de sombreamento com 20 plântulas em cada tratamento (Fig.1). A) B) C) D) E) F) 1 2 3 4 Figura 1: Fotos das plântulas, (A) Plântulas nos vasos iniciais; (B) Tratamento sem sombra; (C) 35% de sombra; (D) 50% de sombra; (E) 80% de sombra; (F) posicionamento dos viveiros (1-sem sombrite; 2-sombrite 80; 3-sombrite 35; 4-sombrite 50). O acompanhamento foi feito por 130 dias (26/03 a 03/08), sendo obtidos os valores do comprimento do hipocótilo, comprimento do epicótilo, comprimento total e número de folhas a cada 10 dias. Nesse período o nível de água nos recipiente foi mantido sempre o mesmo. Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente pelo uso da Análise de Variância (ANOVA) e pela comparação pareada de tratamentos, pelo teste de

Tukey, no software PAST, para todos os valores de comprimento e para o número de folhas apresentadas. Resultados Comprimento Total Os resultados da comparação estatística dos diferentes tratamentos para o comprimento total das plantas (distância da gema apical até o contato com o substrato), passados 130 dias de tratamento mostraram diferenças significativas pelo teste de ANOVA (F=10,98 e p<0,05). Na tabela 1 está demonstrado um quadro comparativo entre tratamentos utilizando-se o teste de Tukey, para as comparações entre os pares de tratamento. Tabela 1: Dados comparativos do crescimento total das plântulas de Laguncularia racemo em relação aos tratamentos com diferentes níveis de sombreamento, utilizando-se o teste de Tukey (Q). Em rosa verificam-se os tratamentos que apresentaram diferença estatística significante (p). A grande diferença foi observada no tratamento com 50% de sombreamento que apresentou um crescimento bem diferenciado aos demais tratamentos, ficando os demais tratamentos com crescimento muito semelhantes, não sendo significativamente diferentes. A distribuição dos resíduos realizados com o teste de Shapiro-Wilk mostrou que os tratamentos foram significativamente diferentes, por razão da diferença de luminosidade, mas que apresentaram algum outro fator de influência. A distribuição dos resíduos não apresentou variação significativa (W=0,9863 para um p=0,5507)

Altura (mm) 180 160 140 120 100 80 Sem Sombrite Sombrite 35 Sombrite 50 Sombrite 80 60 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 Tempo (dias) Gráfico 1: Crescimento médio das plantas nos diferentes tratamentos de sombreamento. O tratamento de 50% de sombreamento apresenta crescimento bem diferenciado dos demais tratamentos. Comprimento do Epicótilo O comprimento do epicótilo (distância da gema apical até a inserção dos cotilédones) apresentou um comportamento muito semelhante ao do comprimento total em todos os tratamentos. Após 130 dias de acompanhamento nos tratamentos com diferentes níveis de sombreamento, a comparação pela analise de ANOVA mostrou diferenças significativas entre os tratamentos (F=11,2 e p<0,05). A tabela 2 apresenta o quadro comparativo entre os tratamentos, utilizando-se o teste de Tukey, para as comparações entre os pares de tratamento. Tabela 2: Dados comparativos do crescimento do epicótilo das plântulas de Laguncularia racemo em relação aos tratamentos com diferentes níveis de sombreamento, utilizando-se o teste de Tukey (Q). Em rosa verificam-se os tratamentos que apresentaram diferença estatística significante (p).

Da mesma forma que ocorreu com o crescimento total da plântula, o crescimento do hipocótilo foi maior no tratamento com 50% de sombreamento, tendo os demais tratamentos crescimentos muito semelhantes entre eles. A distribuição dos resíduos realizados com o teste de Shapiro-Wilk mostrou que os tratamentos foram significativamente diferentes, por razão da diferença de luminosidade, mas que apresentaram algum outro fator de influência. A distribuição dos resíduos não apresentou variação significativa (W=0,9893 para um p=0,7519). Comprimento do hipocótilo O comprimento do hipocótilo (distância da inserção do cotilédone até o substrato) apresentou um comportamento diferenciado do que ocorreu para o comprimento total e comprimento do epicótilo. Após 130 dias de acompanhamento a comparação pela analise de ANOVA nos diferentes tratamentos mostrou diferenças significativas entre os tratamentos (F=3,727 e p<0,05). A tabela 3 apresenta o quadro comparativo entre os tratamentos, utilizando-se o teste de Tukey, para as comparações entre os pares de tratamento. Tabela 3: Dados comparativos do crescimento do hipocótilo das plântulas de Laguncularia racemo em relação aos tratamentos com diferentes níveis de sombreamento, utilizando-se o teste de Tukey (Q). Em rosa verificam-se os tratamentos que apresentaram diferença estatística significante (p). O crescimento do hipocótilo apresentou um crescimento maior no tratamento com 0% de sombreamento, sendo os tratamentos que apresentaram melhor desenvolvimento os com 0% e 50% de sombreamento, mas não foi observado uma tendência definida com a diferença de luminosidade.

A distribuição dos resíduos realizados com o teste de Shapiro-Wilk mostrou que os tratamentos não apresentaram diferenças significantes por razão da diferença de luminosidade para o crescimento do hipocótilo. A distribuição dos resíduos apresentou variação significativa (W=0,9503 para um p=0,003601). Problemas no transplante das mudas, dos vasos onde foram inicialmente cultivadas para os vasos onde ficaram nos viveiros, pode ser a causa dessa dispersão dos resultados, pois as plântulas foram medidas inicialmente nos vasos onde tiveram o crescimento inicial e somente após 10 dias de transplantadas para os novos vasos foram medidas novamente, nessa ocasião foi observado que houve um leve recalque do solo no vaso de algumas plântulas, que apresentavam valores de comprimento do hipocótilo menores que os iniciais. Ganho de folhas O ganho de folhas apresentou um comportamento diferenciado do que ocorreu para os demais parâmetros analisados. Após 130 dias de acompanhamento a comparação pela analise de ANOVA nos diferentes tratamentos não mostrou diferenças significativas entre os tratamentos (F=0,904 e p>0,05). A tabela 4 apresenta o quadro comparativo entre os tratamentos, utilizando-se o teste de Tukey, para as comparações entre os pares de tratamento. Tabela 4: Dados comparativos do ganho de folhas das plântulas de Laguncularia racemo em relação aos tratamentos com diferentes níveis de sombreamento, utilizando-se o teste de Tukey (Q). Não houve diferença significativa entre os tratamentos para esse parâmetro. O ganho de folhas não apresentou uma diferença significativa entre os tratamentos, ficando muito semelhante em todos os tratamentos, mostrando que a quantidade de sombra não é um fator importante no ganho de folhas. Foi observado que a perda do meristema apical ou a produção de ramos laterais naturalmente foi o

fator que mais influenciou no número de folhas, estando esse último também não relacionado ao nível de sombreamento. A distribuição dos resíduos realizados com o teste de Shapiro-Wilk mostrou que os tratamentos não apresentaram diferenças significantes por razão da diferença de luminosidade para o crescimento do hipocótilo. A distribuição dos resíduos foi significativa (W=0,9503 para um p=0,003601). Considerações finais Podemos considerar que o cultivo inicial em água para o inicio do desenvolvimento da planta é eficiente e rápido, possibilitando boa sobrevivência. Pode-se considerar também que o cultivo Laguncularia racemosa em condições de 50% de sombreamento demonstra um melhor desenvolvimento que os demais tratamentos com maior ou menor sombreamento, mostrando diferença no comprimento total, mas com pouca influencia na produção de folhas. Também se mostrou possível o desenvolvimento com níveis de sombreamento de até 80%. Referências Bibliográficas BELTRAN, E. V. Avaliação da regeneração e testes de plantio em um manguezal aterrado no Rio Boturoca como medida compensatória para o licenciamento ambiental São Vicente-SP. 2012. Dissertação de mestrado Universidade Santa Cecília, Santos-SP, 88p. BONILLA, O. H. et al. Técnicas de plantio de espécies de mangue num fragmento florestal degradado na reserva ecológica particular em Sapiranga Fortaleza Ceará, Brasil. Revista da Gestão Costeira Integrada, 2010. BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 mai. 2012. Seção 1, p. 1-8, 2012. BRASIL, CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução nº 429, de 28 de fevereiro de 2011. Dispõe sobre a metodologia de recuperação das Áreas de

Preservação Permanente - APPs. Diário Oficial da União, CONAMA, 02 mar. 2011. Seção 1, p. 76, 2011. DONATO, D. C. et al. Mangroves among the most carbon-rich forests in the tropics. Nature Geoscience, n. 4, p. 293-297, 2011. HERZ, R. Manguezais do Brasil. São Paulo: USP; IO, 1991, 227p. LOPES, E. C.; ARAUJO, E. C. de; COSTA, R. S.; DAHER, R. F. & FERNANDES, M. E. B. Acta Amazonica, Vol. 43(3), p. 291-296, 2013. PAULA, A. L. S. et al. Experiência com a produção de mudas de Laguncularia racemosa e Avicennia sp. para recuperação de manguezal degradado no estuário do rio Acaraú CE. In: VII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação, 2012, Palmas TO. Anais do VII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação: Palmas TO. 2012. Disponível em: <http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/ vii/paper/viewfile/4620/1716>. Acesso em: 27 abr. 2014. PERIA, L. C. S.; FERNANDES, P. P. C. P.; MENEZES, G. V.; GRASSO, M. & TOGNELLA, M. M. P. 1990. Estudos estruturais comparativos entre bosques de manguezais impactados (Canal de Bertioga) e não impactados (Ilha do Cardoso), estado de São Paulo. Segundo Simpósio de Ecossistemas da Costa Brasileira. Estrutura, função e manejo. Aciesp. Vol. 2. Águas de Lindóia-SP. QUEIROZ, M. C. S.; VILHENA, T. S.; MELHIG, U. & MENEZES, M. P. M. 2013. Analise de crescimento de Laguncularia racemosa (combrataceae) em manguezal da RESEX Caeté-Taperaçu. 64º Congresso Nacional de Botânica. Belo Horizonte- MG. SCHAEFFER-NOVELLI, Y. (Coord.). Manguezal ecossistema entre a terra e o mar. São Paulo: Caribbean Ecological Research, 1995. 64p. SILVA, I. X.; MORAES, R. P. de; SANTOS R. P. dos et al. Avaliação do estado de degradação dos ecossistemas da Baixada Santista SP. São Paulo: CETESB, 1991. 45p. (Relatório Técnico CETESB). VANNUCCI, M. Os manguezais e nós: uma síntese de percepções. São Paulo: Edusp, 1999. 233p.