CURRICULO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (EP) INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO JOVENS E ADULTOS (EJA): A REALIDADE DO EDUCANDO COMO

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Transcrição:

CURRICULO NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL (EP) INTEGRADA À EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO JOVENS E ADULTOS (EJA): A REALIDADE DO EDUCANDO COMO PONTO DE PARTIDA

Dificuldade de diálogo entre as experiências vividas, os saberes anteriores dos educandos e os conteúdos escolares: currículo impróprio, sobretudo, para o aluno trabalhador, da EJA. 1 - Problemas cotidianos na EP/EJA Por que discutir sobre currículo? Evasão escolar, desinteresse. Inadequação das práticas ao perfil dos estudantes: infantilização. Currículos fragmentados e cientificistas, excessivamente tecnicista e disciplinarista. Os critérios de seleção e organização dos conteúdos significativos.

O que nos têm faltado, na reflexão e na ação?? Formação?? (formal/inicial; continuada/participativa; coletiva; em serviço...) Dedicação e interesse?? (Também não.) Diálogo?? (Também não...) E então??? Paulo Freire A coerência é o maior desafio do educador progressista.

Como ser mais coerente?? Como aproximar reflexão/ação? Discussão diagnóstica, leitura teórica, ação/reflexão/ação: fragmentação do conhecimento, organização do currículo A questão da infantilização e da significação dos conteúdos. As escolas para além das normas. Como pensar a potencialização do que tem sido bom?

2. O QUE É CURRÍCULO? 3. O QUE SIGNIFICA UMA REORIENTAÇÃO CURRICULAR NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR? CONCEPÇÃO DE CURRÍCULO CRÍTICO E POPULAR DIFERENÇAS ENTRE AS CONCEPÇÕES CURRICULARES (SUJEITOS, OBJETO DE ESTUDO, CONTEÚDO, METODOLOGIA) 3. CURRÍCULO CRÍTICO NA EDUCAÇÃO POPULAR DE ADOLESCENTES, JOVENS E ADULTOS CONSTRUÇÃO CURRICULAR PRÁXIS PEDAGÓGICA CONSTRUÇÃO CONCEITUAL

Currículo e conhecimento são duas idéias indissociáveis, pois o currículo tem a ver com o processo pelo qual o homem adquire, assimila, constrói e reconstrói saberes. Contudo necessita-se discutir: como os saberes são criados e recriados? Que saber/saberes cabe a escola difundir, como organizá-los, para que e sob que interesses? Idéia de árvore do conhecimento: pressupõe linearidade, sucessão e seqüenciamento obrigatório. Romper: hierarquização dos conhecimentos, fragmentação dos conteúdos. currículo expressa uma forma de conceber a sociedade, o ser humano e a educação. Ele indica como a escola tem assegurado a função socializadora e cultural dos(as) educandos(as): através da proposta político-pedagógica, explicitando intenções, bem como o grau de compromisso social das pessoas e instituição frente ao contexto histórico, social e ideológico no qual se inserem.

*Que sociedade temos e queremos construir? Qual o papel social que a escola deve desempenhar para contribuir com o compromisso de construção da sociedade que queremos? Que aluno temos e queremos formar?

ATIVIDADES A opção por uma DOS organização CPC DA UNE: curricular não pode estar pautada em uma concepção tradicional (currículo formal/ prescrito/academicista ou ainda pelos livros didáticos ou currículo humanista): estabelecido a priori, sem conhecer o aluno e a realidade em que se insere; um currículo reprodutivo que privilegia a cultura do silêncio, para contribuir com a manutenção da sociedade como está, tida como natural e imutável, cabendo a professores e alunos apenas adaptarem-se e reproduzirem, na lógica da dominação. Perpetua-se a tradição seletiva do conhecimento da cultura dominante que não questiona que: pensar um currículo está assentado na reflexão sobre por que se ensina isto e não aquilo? Quem produziu e a quem pertence esse conhecimento? Quem o selecionou? Porque é organizado e transmitido dessa forma? Atendendo a que interesses?

Uma opção crítica, sócio-histórico-construtivista, voltada para a humanização e pautada nos princípios da Educação Popular (intencionalidade política, pesquisa em educação, valorização dos conhecimentos populares e científicos, prática educativa baseada na totalidade concreta, consciência crítica) de construção do currículo no processo, tem o professor (pesquisador) e alunos como sujeitos ativos desde a sua construção, desenvolvimento e avaliação. Trata-se de uma concepção de currículo cuja prática pedagógica tem como princípios norteadores: O direito à educação para todos os jovens e adultos;

Todo ser humano é capaz de aprender / tomar a aprendizagem como um continuum; Alunos e professores são sujeitos históricos e do processo educativo; Autonomia para a proposição do projeto políticopedagógico; Voltar-se para a formação humana: valores, princípios morais e éticos (cooperação, solidariedade, compromisso ético-social etc.) no processo de construção da identidade (auto-estima); Contribuir para a formação do cidadão crítico e participativo, autônomo (inclusive de auto-aprendizagem contínua), criativo; Trabalho como princípio educativo - preparar para o mundo do trabalho;

Integrar/articular conhecimentos gerais e específicos (profissionalizantes) foco: formação integral do educando (integração EP-EJA); Processo contínuo (não linear) ;e articulado de formação; Socialização na perspectiva de totalidade dos homens; Diálogo como princípio educativo ; Relação significativa entre conhecimento e realidade: tomar os desafios da realidade local como ponto de partida, recurso significador do currículo: apreensão, análise crítica com vistas à transformação social (re) construção da história;

Contextualização sócio-cultural do processo ensinoaprendizagem: ler as palavras e o mundo, construir significados; valorizar os saberes dos alunos (cotidianos) e garantir o acesso e apreensão de saberes/conhecimentos técnico-científicos, sistematizados, críticos e significativos numa perspectiva interdisciplinar; Conteúdos escolares compreendidos em seu significado social para que a aprendizagem seja potencializada; Unidade dialética teoria-prática integração/articulação das áreas; Práticas interdisciplinares: metodologia de projetos e/ou temas geradores/eixos temáticos.

Professor: pesquisador mediador professor reflexivo Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador, [em professor reflexivo]. No meu entender o que há de pesquisador no professor não é uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a pesquisa. O de que se precisa é que, em sua formação permanente, o professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador (Paulo Freire, 1997, p. 32).

ELEMENTOS DE UM PROJETO: ENSINO-APRENDIZAGEM PESQUISA Análise da realidade (Conhecimento dos - Título (Tema) sujeitos, objeto, contexto, necessidades e Problema interesses). - Objetivos e/ou questões de estudo - Tema/Título (Assunto?) Justificativa (Qual a importância - Objetivos (Geral e específico. Para quê? Ponto de chegada, projeção das finalidades, meta final, a contribuição do projeto ao conhecimento do do tema? Ele é relevante? Por tema). quê? Trata-se da defesa com argumentos convincentes da - Justificativa (Qual a importância do tema? Ele importância do projeto, é relevante? Por quê? Trata-se da defesa fundamentação teórica). com argumentos convincentes da importância do projeto, fundamentação teórica). - Fundamentação teórica (quadro teórico sobre o assunto) - Conteúdos (O quê?) Metodologia/recursos - Metodologia/recursos materiais, didáticos (Como obterá os dados da (Como obterá os dados da pesquisa? Onde? pesquisa? Como será a análise Com o quê?) Instrumentos da pesquisa dos dados) Instrumentos da etnográfica: observação participante, pesquisa etnográfica: observação entrevista, análise documental, questionários, participante, entrevista, análise histórias de vida, questionários, dentre outros. documental, questionários, - Produto final (Qual será a culminância do histórias de vida, questionários, projeto -> Com sentido social e não apenas dentre outros. para o professor ler). - - Conclusão - Avaliação (ao longo do processo e ao final) - Cronograma - Cronograma (Cada etapa do desenvolvimento - Fontes de consulta (Bibliografia) do projeto? Quem realizará? Quando?) - Anexos (se houver) - Fontes de consulta (Bibliografia) - Anexos (se houver)

Como organizar o currículo que parta da realidade do aluno da EJA, valorizando os saberes dos educandos produzidos no cotidiano e indo além, abrindo espaço na escola para a luta social e a resistência à dominação? Que saberes precisamos trabalhar na escola? Como organizar e seqüenciar estes saberes? Como viabilizar para que as aprendizagens significativas efetivamente ocorram?

A REDE TEMÁTICA Os saberes que a escola trabalha na perspectiva crítica, se constroem a partir das redes de relações estabelecidas entre os vários sujeitos que compõem a comunidade escolar, ampliando-se da realidade local, regional, estadual, nacional e internacional e retornando à localidade compreendida em suas contradições, limites e possibilidades de superação dos problemas que esta comunidade enfrenta. registro e sistematização pesquisaação Para a construção de um currículo inovador, dinâmico, humanizador que possibilite à/ ao educanda/o interferir de forma crítica na realidade, o ponto de partida necessita ser o diálogo com a realidade dos educandos(as).

PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA REDE TEMÁTICA a)diagnóstico da realidade local, levantamento das falas dos alunos/comunidade sobre os problemas comunitários recorrentes e o que pensam sobre eles; b) análise dos dados obtidos com: 1) seleção das falas significativas que representem problemas e contradições na visão da comunidade e na perspectiva dos educandos (aquelas cujas explicações dadas os educadores não concordam e que podem intervir para mudar), 2) problematização das falas selecionadas em diferentes planos da realidade (nível local, micro, macro, local), - nesse momento os educadores indagam as falas explicitando os conflitos presentes na visão de mundo da comunidade/ educandos (limites conceituais), e apresentam a visão dos educadores contrapondo-se à visão dos educandos - de onde advém a lista de conceitos analíticos e tópicos de conhecimento(s) a serem trabalhados a partir de cada fala; 3) seleção da fala síntese destacando a fala que consiga agregar todas as

demais consideradas significativas, sendo aquela que apresentar um maior grau de aceitação do grupo eleita para representar um possível tema gerador (pré-tema), sobre o qual ocorrerá o processo ensino-aprendizagem; 4) organização dos dados obtidos; c) devolução à comunidade do(s) pré-tema(s): é o momento de confirmar se o pré-tema selecionado é significativo e necessário àquela comunidade; d) escolha do tema gerador (que é a tese de partida, o problema) e construção do contratema (antítese) considerando a perspectiva dos educandos e dos educadores, quando são levantadas as necessidades de saberes e conteúdos para verticalização e superação do tema (levantando as informações e conceitos/ conhecimentos a serem trabalhados por diferentes áreas e disciplinas) e busca-se apontar o objetivo final do processo, o ponto de chegada;

f) redução temática: só após o trabalho coletivo as áreas levantarão (dentre os saberes necessários para possibilitar a apreensão, análise e interpretação da realidade, para nela intervir) os conteúdos que cada uma trabalhará, negociando as interfaces para não ficarem repetindo o que o outro trabalhou - e possibilitando ampliações e ações interdisciplinares; nesse momento, os conteúdos são seqüenciados respeitando-se a faixa etária, os princípios de estruturação de cada disciplina (visão de área) e a adequação ao nível de cada turma; e) elaboração da rede temática: o grupo de professores passa a desdobrar subtemas articulando os núcleos centrais dos conhecimentos/conceitos e conteúdos (os quais se fazem necessário dominar, para possibilitar a compreensão e análise da realidade local, micro, macro, local), estabelecendo uma seqüência programática entre si e dando uma visão geral do tema, subtemas e seus desdobramentos sendo organizados em uma rede interdisciplinar, compondo o programa a ser trabalhado;

g) planejamento e execução das aulas e atividades: a partir do TG, Rede Temática, contratema e questão geradora geral do tema gerador, cada professor programa as aulas envolvendo as relações presentes na rede temática e considerando três momentos: estudo da realidade, aprofundamento teórico/ organização do conhecimento e plano de ação/ aplicação na realidade. Essa proposta para ser alcançada necessita de reuniões semanais e/ou quinzenais, previstas no projeto político pedagógico da escola, com momentos de intercâmbio das práticas referentes aos trabalhos desenvolvidos dentro das temáticas. Dimensão coletiva da organização do trabalho pedagógico, cuja integração dialógica com os demais profissionais converge para uma organização do ensino que possibilita inter-relacionar os conhecimentos em suas várias dimensões: cultural, científica, histórica, social, religiosa, estética, política, econômica, filosófica e ética, numa perspectiva interdisciplinar.

Considerações finais É possível ser otimista É possível pensar e agir sobre a realidade cotidiana que vivemos: transformando-a através de pequenas ações e mudanças, tecidas coletivamente com nossos pares, buscando tornar nossos fazeres e saberes mais apropriados aos nossos objetivos e perseverando, sempre, com consciência das dificuldades, mas acreditando que há possibilidades de fazer sempre melhor.

Vale ressaltar que não tivemos aqui a pretensão de esgotar o assunto, deixando claro que a análise que nos propomos a desenvolver é uma das facetas da(s) verdade(s), pois como toda análise tem seus limites. Contudo, cientes desta limitação, buscamos o sentido que o diálogo permanente com os sujeitos presentes na escola aponta para as questões aqui propostas, a fim de confirmarmos os princípios relativos à concepção de organização curricular, a qual pretendemos/estamos vivenciar/ando.

Assim concluímos indagando: Que dificuldades/avanços observamos no currículo atual da escola? Como você explica tais dificuldades e avanços? O que pretendemos ensinar, quando e como? O quê, como e quando avaliar? Portanto, que características deve ter o currículo integrado da EP/EJA voltado para o cumprimento do papel social da sociedade que almejamos? MARIA EMILIA DE CASTRO RODRIGUES - Faculdade de Educação/UFG - agosto/2008

BIBLIOGRAFIA BARBOSA, Ivone Garcia. A alfabetização na perspectiva sócio-histórico-dialética. Goiânia, s/d. (mimeo.) FREIRE, Paulo. & Shor, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano do professor. RJ, Paz e Terra, 1987. À Sombra desta mangueira. São Paulo, Olho D Água, 1995.. Conscientização: teoria e prática da libertação. 3ª ed. SP, Moraes, 1980.. Educação como prática da liberdade. 8ª ed. RJ, Paz e Terra, 1978.. Extensão ou comunicação? 10ª ed. RJ, Paz e Terra, 1992.. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. SP, Paz e Terra, 1997.. Pedagogia da Esperança. 3ª ed. RJ, Paz e Terra, 1994.. Pedagogia do oprimido. 18ª ed. RJ, Paz e Terra, 1988. MACHADO, Maria Margarida & RODRIGUES, Maria Emilia de Castro. Interdisciplinaridade e a Construção da Rede Temática na Educação de Jovens e Adultos. Goiânia, 1998 (mimeo). OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Tendências recentes dos estudos e das práticas curriculares. In: Revista de Educação de Jovens e Adultos. n. 11, p. 21-31, abr/2001. [Alfabetização e Cidadania: Práticas educativas e a construção do currículo-raaab]. O currículo na EJA: tempos, espaços, saberes e sujeitos. Palestra proferida no IX ENEJA. Pinhão,PR, 20/09/2007. PORTO ALEGRE, Secretaria Municipal de Educação de. Em busca da unidade perdida totalidades de conhecimento: um currículo em Educação Popular. 3ª ed. Porto Alegre, RS: Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, 1997. Cadernos Pedagógicos, nº 8. SAVIANI, Nereide. Saber Escolar, Currículo e Didática: problemas da unidade conteúdo/ método no processo pedagógico. 3 ed. Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2000.

MACHADO, Lucília. Ensino Médio e Ensino Técnico com Currículos Integrados: propostas de ação didática para relação não fantasiosa. In: Ensino Médio Integrado à Educação Profissional: integrar para quê? Brasília, DF: Ministério da Educação: Secretaria da Educação Básica, 2006. (p. 41-65). MOURA, Dante Henrique. EJA: formação técnica integrada ao ensino médio. In: EJA: formação técnica integrada ao ensino médio. Boletim 16, set. 2006. Secretaria da Educação à Distância, MEC. OLIVEIRA, Inês Barbosa de. Pensando o Currículo na Educação de Jovens e Adultos. In: OLIVEIRA, Inês Barbosa de & PAIVA, Jane (orgs.). Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro:DP&A, 2004.PAIVA, Jane. Concepção curricular para o ensino médio na modalidade de jovens e adultos: experiências como fundamento. In: FRIGOTTO, Gaudêncio, CIAVATTA, Maria. Ensino médio: ciência, cultura e trabalho. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.Brasília, SEMTEC, 2004.