A DOR EM OBSTETRÍCIA

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Elaborado por: Carla Aveiro N.OE 02456 Email: carlaraveiro@gmail.com Telemóvel: 966558959 Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia - Serviço de Obstetrícia Poente do Hospital Dr. Nélio Mendonça Tatiana Velosa N.OE 65417 Email: tvelosa85@gmail.com Telemóvel: 968763113 Enfermeira Especialista em Enfermagem de Saúde Materna e Obstetrícia - Serviço de Obstetrícia Poente do Hospital Dr. Nélio Mendonça 1

SUMÁRIO Pg. 0 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------------ 03 1 IDENTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ------------------------------------------------ 04 2 - DIMENSÃO E PERCEPÇÃO DO PROBLEMA ------------------------------------------------------- 07 3 FORMULAÇÃO DE OBJECTIVOS ------------------------------------------------------------------- 08 3.1. Objetivo Geral -------------------------------------------------------------------------------------- 08 3.2. Objetivos Específicos ----------------------------------------------------------------------------- 08 4. PERCEBER AS CAUSAS --------------------------------------------------------------------------------- 09 5. PLANEAMENTO E EXECUÇÃO DE ACTIVIDADES ------------------------------------------------- 10 5.1 Melhoria Contínua ---------------------------------------------------------------------------------- 11 5.1.1. Dimensão Estudada ----------------------------------------------------------------------------- 11 5.1.2. Unidade de estudo ------------------------------------------------------------------------------ 11 5.1.3. Tipos de Dados - Indicadores ----------------------------------------------------------------- 12 5.1.3.1. Indicador de Estrutura ----------------------------------------------------------------------- 12 5.1.3.2. - Indicador de Processo ------------------------------------------------------------------------- 12 5.1.3.3. - Indicador de Resultado ----------------------------------------------------------------------- 12 5.1.4 Fonte de Dados ------------------------------------------------------------------------------------ 12 5.1.5. - Tipo de Avaliação --------------------------------------------------------------------------------- 13 5.1.6. Critérios de Avaliação --------------------------------------------------------------------------- 13 5.1.7. Colheita de Dados ------------------------------------------------------------------------------- 13 5.1.8. Relação Temporal ------------------------------------------------------------------------------- 13 5.1.9. Seleção da Amostra ----------------------------------------------------------------------------- 14 5.1.10. Medidas Corretivas ---------------------------------------------------------------------------- 14 5.2 Critérios de Implementação do Projeto ------------------------------------------------------ 14 6 - CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------------------- 15 BIBLIOGRAFIA ----------------------------------------------------------------------------------------------- 16 2

0 INTRODUÇÃO A dor do trabalho de parto, apesar de ser um processo fisiológico, quando intensa e persistente, provoca respostas neuro-endócrinas, metabólicas e inflamatórias prejudiciais ao bem-estar materno-fetal. Na origem dos tempos, a mulher recebeu o "castigo divino" (parirás com dor) da dor durante o trabalho de parto e o parto. Será que essa dor é mesmo real? A ciência comprova que a dor é de facto um fenómeno duplo, físico (objetivo) e individual (subjetivo) ou psicossomático. A dor do parto é assim, uma realidade com base somática, aliada ao componente subjetivo e influenciada por fatores socioculturais. Assim sendo, a dor do trabalho de parto e os métodos para aliviá-la são aspetos fundamentais para as parturientes e suas famílias, com implicações na sua evolução, qualidade, desfecho e custo da assistência ao parto. O alívio da dor do trabalho de parto promove conforto materno e controle do stress provocado pelo mesmo. Entre as alternativas disponíveis para controlar a dor do parto encontram-se os métodos não-farmacológicos, e os farmacológicos. No sentido de melhorar a qualidade da assistência aos utentes, a Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e a Sociedade Americana de Dor (APS) estabeleceram diretrizes que a mensuração e registo da dor devem ser realizados com o mesmo rigor e seriedade que a pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e temperatura, denominando assim a dor como 5º sinal vital. Os mesmos autores acrescentam que para realizar a avaliação, o enfermeiro terá de fazer uma análise da sua intervenção e, através dela, avaliar a reação do doente às ações de enfermagem que lhe foram executadas e alterá-las, se necessário, pois só assim podemos considerar satisfatória a assistência ao doente, face à problemática da dor. Com o objetivo de avaliar e melhorar a qualidade dos cuidados de Enfermagem, desenvolveremos um trabalho, com base na metodologia de Heather Palmer, que propõe um modelo de Checklist com dez itens: a Dimensão Estudada: Unidades de Estudo, Tipo de Dados, Fonte de Dados, Tipo de Avaliação, Critérios de Avaliação, Colheita de Dados, Relação Temporal, seleção da Amostra e Intervenção Prevista. Estes itens serão especificados de acordo com as orientações da Autora. Este projeto decorrerá a partir de Novembro do ano corrente até Maio de2016 no serviço de Obstetrícia Poente do Hospital Dr. Nélio Mendonça. 3

1 - IDENTIFICAÇÃO E DESCRIÇÃO DO PROBLEMA O projeto da Mesa do Colégio de Especialidade em Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros salienta a importância para o alívio da dor durante o trabalho de parto, o que será crucial para o bem-estar holístico da parturiente e deve ser um dos cuidados prioritários do Enfermeiro Especialista em Saúde Materna e Obstétrica. O alívio farmacológico da dor do trabalho de parto no serviço de Obstetrícia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, já é efetuado de alguns anos a esta parte. No sentido de complementar esta situação foram implementados os métodos não farmacológicos de alívio da dor de trabalho de parto de modo a oferecer uma maior opção terapêutica às grávidas em início de trabalho de parto, de forma a poderem usufruir de algum conforto "analgésico" até poderem fazer a analgesia epidural. A Organização Mundial de Saúde também salienta que uma das intervenções prioritárias da enfermeira especialista em saúde materna e obstétrica é ajudar as mulheres a suportar a dor do trabalho de parto. Isto pode ser alcançado através de alívio da dor com métodos não farmacológicos, sendo muito importantes e com comprovação científica, utilizadas durante o trabalho de parto. Estas orientações devem se iniciar, durante as aulas de preparação para o parto, para que a grávida fique familiarizada com os métodos disponíveis para esta fase. Nesta ocasião deve ser enfatizada também a importância de um acompanhante, de escolha da parturiente, antes e durante o parto, para apoiá-la e, assim, contribuir para uma experiência positiva do parto e no alívio da dor. Os factores que podem influenciar a intensidade da dor poderão ser resumidos aos seguintes: Sentimentos como medo, ansiedade e tensão Motivação para o parto e maternidade Paridade Participação em cursos de preparação para o parto Idade da grávida Condições socioeconómicas Tamanho do feto Peso da grávida (IMC) 4

Experiências anteriores Indução do trabalho de parto Filosofia institucional Os métodos não farmacológicos disponíveis em início de trabalho de parto no serviço de Obstetrícia Poente, são: 1. Exercícios respiratórios: uma respiração adequada ajuda a reduzir a sensação dolorosa, melhorando os níveis de saturação sanguínea materna de O2, proporcionando relaxamento e diminuindo a ansiedade. Os exercícios respiratórios podem não ser suficientes na redução da sensação dolorosa durante o primeiro estágio do trabalho de parto, porém são eficazes na redução da ansiedade. Nesta fase, prioriza-se a respiração torácica lenta com inspiração e expiração profundas e longas em um ritmo natural, sendo realizada no momento das contracções uterinas. Estes exercícios não devem ser iniciados precocemente a fim de evitar hiperventilação da parturiente. 2. Hidroterapia - Banho morno: A água aquecida induz a vasodilatação periférica e redistribuição do fluxo sanguíneo, promovendo relaxamento muscular. O mecanismo de alívio da dor por este método é a redução da liberação de catecolaminas e elevação das endorfinas, reduzindo a ansiedade e promovendo a satisfação da parturiente. Apesar da existência de poucos estudos utilizando o banho de chuveiro durante o trabalho de parto, este recurso parece exercer influência positiva sobre a dor. 3. Bola de Pilates: Na bola a parturiente consegue ficar sentada com a coluna bem alinhada, sem desconforto, já que a bola "amolda" o corpo da grávida. Ela pode ficar simplesmente parada ou realizando movimentos verticais para cima e para baixo. Isto, além de ajudar na descida do bebé, também alivia a dor. A grávida pode ainda, fazer movimentos rotativos (básculas). A movimentação do quadril facilita a rotação do bebé, auxiliando-o a se deslocar para a posição correta. Outra opção é ficar encaixando e desencaixando o quadril (projetando a pélvis para frente e para trás). Em todos esses exercícios sobre a bola, é recomendável que a grávida segure as mãos do profissional de saúde ou do companheiro, para ficar com mais segurança. 4. Liberdade de movimentos - andar: Está comprovado cientificamente e de acordo 5

com Mamede e outros (O EFEITO DA DEAMBULAÇÃO NA DURAÇÃO DA FASE ATIVA DO TRABALHO DE PARTO) que, "fisiologicamente, é muito melhor para a grávida e para o feto quando a mulher se mantém em movimento durante o trabalho de parto, pois o útero contrai-se muito mais eficazmente, o fluxo sanguíneo que chega ao bebé através da placenta é mais abundante, o trabalho de parto fica mais curto e a dor é menos intensa 2-7. Acresce-se o fato de que, na posição supina, a adaptação da apresentação fetal ao estreito da bacia estará facilitada pela postura materna, e, assim, pode-se prevenir complicações do trajeto". 5. Musicoterapia - de acordo com Neto (Sónia Isabel Horta Neto - Musicoterapia e Maternidade, Rev. Nursing), durante toda a nossa vida ouvimos música nas mais variadas ocasiões. Desde muito cedo, na nossa vida, ainda in útero, começamos a estar familiarizados com os sons e a música e continuaremos até ao final da nossa vida. Ouvimos música quando estamos tristes e queremos pensar. Ouvimos música quando estamos alegres e dançamos. Ouvimos música quando queremos concentrar-nos para estudar e etc. Destaco alguns benefícios da musicoterapia: A música é um meio muito eficaz como foco de atenção A música é um meio de distração que não reduz a experiência subjetiva do mesmo A música é um estímulo agradável A música como estímulo condicionado para o relaxamento Permite utilizar mais facilmente o método de imaginação guiada 6

2 - DIMENSÃO E PERCEPÇÃO DO PROBLEMA As ações voltadas à humanização do parto e nascimento proporcionam reflexão sobre a assistência obstétrica adotada no passado, quando um menor número de intervenções era realizado. A literatura tem registrado avanços notáveis no conhecimento sobre os recursos não-farmacológicos para o alívio da dor durante o trabalho de parto, proporcionando melhor evolução desta fase, que é um reflexo do maior conforto para a parturiente. O grande desafio do controlo da dor inicia-se com a mensuração, já que a dor é subjetiva e de carácter individual variando em função de vivências culturais, emocionais e ambientais. Fontes, K. B. e Jaques A, E. afirmam que a dor como 5º sinal vital gera alterações em toda a equipa multidisciplinar, assim como na própria organização de saúde, exigindo a elaboração de protocolos de avaliação ( ), e salientam ainda a importância da educação e treinamento contínuo para modificar comportamentos e práticas arraigadas dos profissionais. 7

3 - FORMULAÇÃO DE OBJETIVOS De acordo com o projeto da Mesa do Colégio de Especialidade em Saúde Materna e Obstétrica da Ordem dos Enfermeiros, como já foi referido, este salienta que o alívio da dor durante o trabalho de parto contribui para o bem-estar físico e emocional da grávida, e deve ser um dos cuidados prioritários da enfermeira especialista em saúde materna e obstétrica. Uma boa experiência de parto significa, entre outras coisas, lidar com a dor normal inerente ao processo de abertura do colo do útero e aliviar ou eliminar as dores desnecessárias, provenientes de tensões, medos, ambientes impróprios, manobras clínicas discutíveis ou presença de pessoas indesejadas. 3.1 - OBJETIVO GERAL Identificar ganhos em saúde relativamente ao controlo da dor com as medidas não farmacológicas Avaliar os registos de enfermagem Avaliar a satisfação das grávidas relativamente à aplicação das medidas não farmacológicas 3.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS Monitorizar os registos de dor Identificar as medidas não farmacológicas implementadas Identificar dificuldades das enfermeiras na aplicação destas medidas não farmacológicas 8

4 PERCEBER AS CAUSAS A dor durante o trabalho de parto é descrita desde a antiguidade, no entanto, mesmo com os recursos não farmacológicas atuais de alívio, ainda constitui uma realidade nos serviços de obstetrícia. As medidas e os recursos para o controle da dor durante o trabalho de parto, tem sido tema de estudos e debates. De acordo com a Organização Mundial de Saúde é essencial que métodos nãofarmacológicos de alívio da dor do trabalho de parto sejam explorados, pois são métodos mais seguros e com menos intervenções, os quais incluem: a livre movimentação, os exercícios respiratórios e a utilização de água em banho (duche ou imersão). Estas intervenções podem influenciar o padrão das contrações uterinas e a duração do trabalho de parto. No entanto, a utilização de estratégias não farmacológicas para o controle da dor no trabalho de parto ainda é presente no cotidiano das discussões entre os profissionais, o que pressupõe que provavelmente existam ainda algumas dúvidas sobre a eficácia destas técnicas. Assim sendo, este projeto pretende evidenciar também a efetividade das estratégias não farmacológicas de alívio à dor durante o trabalho de parto, por forma a terem um uso mais rotineiro no Serviço de Obstetrícia do Hospital Dr. Nélio Mendonça. 9

5 - PLANEMANETO E EXECUÇÃO DE ACTIVIDADES Para além da formação profissional, as atualizações contínuas de conhecimentos são de extrema importância, permitindo em primeiro lugar a qualificação pessoal, e posteriormente possibilitam um aumento da produtividade, melhoria, segurança e qualidade dos cuidados prestados, assim como contribuem para o aumento dos ganhos em saúde. De acordo com o Regulamento dos Padrões de Qualidade dos Cuidados Especializados de Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica da Ordem dos Enfermeiros, o conhecimento está em permanente desenvolvimento, e as competências estão subjacentes a esta evolução. Assim sendo, os Padrões de Qualidade definidos constituem um ponto de partida para a construção e implementação de programas de melhoria contínua da qualidade dos cuidados de enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, devendo ser sistematicamente aperfeiçoados. Os Padrões de Qualidade subjacentes a este projeto são: Autocuidado, Autocontrolo e Mestria, o qual salienta que na procura permanente da excelência no exercício profissional, o Enfermeiro Especialista em Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica diagnostica as necessidades em cuidados e implementa as intervenções adequadas para a promoção do autocuidado, promoção do autocontrolo e mestria no exercício parental, estando incluído o autocontrolo durante o trabalho de parto. A satisfação do cliente no qual o Enfermeiro Especialista em Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica persegue os mais elevados níveis de satisfação do cliente na procura permanente da excelência das suas intervenções, nomeadamente: - O respeito pelas expectativas relacionadas com o trabalho de parto - O empenho do Enfermeiro Especialista em Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica em criar condições ambientais favoráveis e acolhedoras ao longo do processo de assistência de saúde. O saber e o fazer estão em constante mudança exigindo por isso por parte dos enfermeiros um aperfeiçoamento contínuo, daí que a exigência de atualização e reciclagem das informações é cada vez mais necessária de modo a aprofundar competências já adquiridas 10

tendo como finalidade a prestação de cuidados de enfermagem com maior segurança, e a melhoria da qualidade de cuidados prestados. 5.1 - MELHORIA CONTÍNUA A assistência obstétrica humanizada visa à promoção do respeito aos direitos da mulher e da criança, com condutas baseadas em evidência científica, garantindo o acesso da parturiente a recursos farmacológicos e não-farmacológicos para alívio de dor no trabalho de parto. A principal vantagem na utilização de recursos não-farmacológicos é o reforço da autonomia da parturiente, proporcionando sua participação ativa e de seu acompanhante durante o parto e nascimento, estando associados a poucas às contraindicações ou aos efeitos colaterais. Neste contexto, os recursos não-farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto, como o suporte contínuo, mobilidade materna, deambulação, exercícios respiratórios, bola suíça, banho de chuveiro, técnicas de relaxamento promovem benefícios tanto para a instituição quanto para a parturiente. Em seguida descrevemos a Checklist para uma avaliação da qualidade, de acordo com preconizado pela autora Heather Palmer: 5.1.1. Dimensão Estudada O alívio da dor no trabalho de parto com recurso aos métodos não farmacológicos constitui assim a nossa preocupação, no sentido de perceber se as grávidas internadas no serviço de Obstetrícia Poente têm ganhos efetivos em saúde com estes métodos. Só podemos melhorar a qualidade dos cuidados prestados, analisando a efetividade das nossas intervenções, a adequação técnico científica e a satisfação das utentes com as medidas implementadas. 5.1.2 Unidade de Estudo Estão incluídas nesta avaliação todas as grávidas internadas no Serviço de Obstetrícia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, durante o período compreendido entre Novembro do ano corrente a Abril de 2016. Os profissionais em avaliação serão os Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica do serviço de Obstetrícia Poente. 11

5.1.3 Tipos de Dados - Indicadores 5.1.3.1 Indicador de Estrutura Número de auditorias efetuadas ao processo clínico das utentes. 5.1.3.2 Indicador de Processo Percentagem de grávidas com dor que utilizaram os métodos não farmacológicos de alívio da dor do trabalho de parto Percentagem de medidas não farmacológicas de alívio da dor, utilizadas no trabalho de parto Número de processos com registos de monitorização da dor face ao trabalho de parto Número de processos com registos de monitorização da dor após utilização de métodos não farmacológicos de alívio da dor do trabalho de parto 5.1.3.3 Indicador de Resultado Taxa de uso de métodos não farmacológicos de alívio da dor do trabalho de parto Ganhos em capacidades sobre estratégias não farmacológicas de alívio da dor do trabalho de parto Taxa de aumento / 2º semestre de estudo (comparando com os dados do 1º semestre) Taxa de cumprimento da equipa de enfermagem do serviço de obstetrícia poente de acordo com as metas do indicador: o Se < a 30% - insuficiente o Entre 40% e 50% - suficiente o Se > a 50% - bom o Se > a 70% - muito bom Índice de satisfação das utentes que utilizaram métodos não farmacológicos de alívio à dor no trabalho de parto 5.1.4 Fonte de Dados Processo clínico e questionário de satisfação a aplicar às utentes. 12

5.1.5 Tipo de Avaliação A avaliação será de carácter interno, uma vez que será discutida com a equipa de enfermagem. 5.1.6 Critérios de Avaliação - Explícitos CRITÉRIOS EXCEPÇÕES ESCLARECIMENTOS À utente internada no serviço, o enfermeiro deve: 1 Identificar o nível de dor 2- Registar o nível de dor no sistema informático 3 Definir plano de intervenção/medida não farmacológica 4 Registar a medida implementada 5 Avaliar a eficácia da medida 1 - Utente que não apresenta critério para aplicação de medida não farmacológica 2 - Recusa por parte da utente na utilização destes métodos É utilizada a escala numérica para avaliação da dor às utentes no serviço de Obstetrícia Poente 5.1.7 Colheita de Dados A colheita de dados será realizada pelas duas colegas responsáveis por este projeto, na primeira semana de cada mês a 25% das grávidas internadas e durante o período compreendido entre Novembro do ano corrente a Abril de 2016. 5.1.8 Relação Temporal Será prospetiva, uma vez que investiga o que irá acontecer no futuro em relação ao que se pretende estudar. 13

5.1.9 Seleção da Amostra Para a seleção da amostra vamos utilizar a técnica de amostragem aleatória simples, selecionando aleatoriamente 25% das grávidas internadas no Serviço de Obstetrícia Poente do Hospital Dr. Nélio Mendonça no período compreendido entre Novembro do ano corrente a Abril de 2016. 5.1.10 Medidas Corretivas Análise e discussão de dados com a equipa de enfermagem do serviço de obstetrícia poente para assim podermos em conjunto rever as nossas intervenções, e melhorar procedimentos no sentido de poder oferecer cada vez mais e melhores cuidados de enfermagem especializados em saúde materna e obstétrica. Propõe-se medidas educacionais com formação à equipa. 5.2 - CRITÉRIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO Este projeto será aplicado a todas as grávidas internadas no serviço de obstetrícia poente durante o período entre Novembro do ano corrente a Abril de 2016. Serão monitorizados os registos de enfermagem relativos à dor de trabalho de parto pré e pós aplicação de métodos não farmacológicos de alívio da dor do trabalho de parto. O tratamento dos dados será realizado pelas colegas responsáveis por este projeto (Enfª Carla Aveiro elemento de ligação Dor em Obstetrícia Poente, e Enfª Tatiana Velosa). 14

6 CONCLUSÃO A dor é uma das principais causas de sofrimento humano, comprometendo a qualidade de vida das pessoas influenciando o estado físico e psicossocial. Embora uma pessoa consiga sobreviver com dor, ela interfere no seu bem-estar, nas relações sociais e familiares, no desempenho do seu trabalho, influenciando assim a sua qualidade de vida. A intensidade da dor sentida pelas mulheres no trabalho de parto e parto é muito variável, e está sujeita a vários fatores: sensoriais, afetivos e cognitivos, sociais e comportamentais. O comportamento da mulher em trabalho de parto nem sempre é um bom parâmetro para avaliar a dor, tendo em vista que as mulheres buscam controlar suas emoções para que não sejam vistas pela equipe como descontroladas e descompensadas. Tendo em vista as características multidimensionais e individuais da dor, todas as variáveis envolvidas na experiência do nascimento devem ser levadas em conta na escolha do método a ser utilizado durante o trabalho de parto, já que o uso de medidas não farmacológicas exige da mulher um maior senso de controlo sobre seu corpo e suas emoções, fatores que nem sempre estão presentes. Considerando a individualidade de cada parturiente e que muitos sentimentos se exacerbam durante o trabalho de parto, além de conhecer os efeitos das medidas não farmacológicas, é imprescindível que pesquisas sejam realizadas com o objetivo de conhecer as preferências das parturientes em relação ao tipo de método a ser utilizado. 15

BIBLIOGRAFIA Bismarck, Dr. José António - Analgesia em Obstetrícia - 2003 Permanyer Portugal Mafetoni, Reginaldo Roque; Shimo, Antonieta Keiko Kakuda - MÉTODOS NÃO FARMACOLÓGICOS PARA ALÍVIO DA DOR NO TRABALHO DE PARTO:REVISÃO INTEGRATIVA S.Paulo 2014. Michele Edianez Gayeski, Odaléa Maria Brüggemann - Métodos não farmacológicos para alívio da dor no trabalho de parto: uma revisão sistemática, Florianópolis, 2010. Ordem dos Enfermeiros 2008 DOR: guia orientador de boa prática clínica Cadernos de Enfermagem, Série I, Número 1. Ordem dos enfermeiros 2015 Livro de bolso Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstétrica / Parteiras. Ordem dos Enfermeiros Padrões de Qualidade dos cuidados de enfermagem: enquadramento conceptual, enunciados descritivos. Ordem dos Enfermeiros 2012 Pelo direito ao parto normal: uma visão partilhada. Ordem dos Enfermeiros Projecto da Mesa do Concelho de Especialidade em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica: Influência da posição de parto na mãe e no recém-nascido. Ordem dos Enfermeiros Projecto da Mesa do Concelho de Especialidade em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica: Promover e aplicar medidas não farmacológicas no alívio da dor no trabalho de parto e parto. Ordem dos Enfermeiros 2011 Regulamento dos Padrões de Qualidade dos Cuidados Especializados em Enfermagem de Saúde Materna, Obstétrica e Ginecológica. Organização Mundial de Saúde, 1996 - Assistência ao Parto Normal: Um Guia Prático. Organização Mundial de Saúde, 2007 Gravidez, Parto, Pós Parto e Cuidados com o Recém-nascido Guia para a prática fundamental. Silva, Aline; Nogueira, Lilian Donizete Pimenta - A importância das estratégias nãofarmacológicas de alívio da dor no trabalho de parto: uma revisão bibliográfica S. 16

Paulo, 2014. Rocha, Jaqueline Alvarenga; Novaes, Paulo Batistuta Revisão sistematizada: Uma reflexão após 23 anos das recomendações da Organização Mundial da Saúde para parto normal Brasil 2010. 17